Nos últimos vinte e nove anos apenas não estive em dois congressos do PSD.
O de 1985 e o de 1992.
De resto estive em todos.
Como delegado, como observador, como participante.
E por isso já consigo olhar para os congressos, como o deste fim de semana em que nada decisivo estava em jogo, com o distanciamento necessário a uma avaliação criteriosa da forma como ele correu e do que se pode esperar dos seus resultados.
E assim sendo divido a análise em três partes (sim, não e talvez) e deixo uma conclusão final.
Sim a quê?
Sim á maior ovação do congresso (perante o anuncio da continuação de José Matos Rosa como secretário geral) que traduzia o apreço do partido pela pessoa em causa mas também o enorme alivio face a nomes postos a correr como possíveis substitutos.
Sim ao discurso de Virgínia Estorninho contra a criação do estatuto de “simpatizante” representando bem o pensar profundo de um partido farto de ser desconsiderado.
Já não bastavam os independentes e agora ainda tínhamos de aturar os simpatizantes…
Sim ao discurso de Luis Filipe Menezes de longe o melhor de todo o congresso.
Sim à pluralidade de listas para o CN e CJ traduzindo que, apesar de tudo, ainda há vida dentro do PSD…
Sim ao reforço político da CPN com a chamada de Pedro Pinto a uma vice-presidência.
Sim á sensatez e “sentido de estado” da JSD na votação dos estatutos. Tivessem feito uma opção contestatária e podia ter sido o cabo dos trabalhos.
E os nãos?
Não ao tempo que se perdeu a discutir votar estatutos. De nós, PSD, o pais espera politicas não regulamentos.
Não à forma como Passos Coelho se referiu a Virgínia Estorninho e ao chumbo do estatuto de simpatizante. Não foi a Virgínia que não quis; a Virgínia disse alto o que a esmagadora maioria
Pensava baixo. Depois foi o congresso que chumbou a proposta. É muito mau que Passos Coelho não tenha percebido isso!
Não á forma atabalhoada e incompreensível como os estatutos foram votados. OPSD não pode dar aquela imagem ao país.
Não á “nova” CPN muito longe do que o partido precisava. Por um lado porque se mantém praticamente a “velha” e desaparecida CPN. Por outro porque apesar do reforço Pedro Pinto a equipa me parece aquém do necessário para estes tempos tão difíceis para o partido.
Não às pobres declarações do líder parlamentar do PS (Carlos Zorrinho) no final da sessão de encerramento. Compreende-se que o PS esteja pouco interessado que se fale do “seu” governo. Não se compreende é que tenha feito umas declarações que já trazia de casa e que nada tinham a ver com o congresso. Zorrinho diria sempre aquilo em qualquer circunstância!
E os talvez?
Jorge Moreira da Silva foi uma boa escolha para gerir o partido.
Esperemos é que face às suas obrigações internacionais não o faça por ipad ou telemóvel.
Porque isso talvez não fosse boa solução…
Talvez a estratégia de a direcção não estar no palco durante todo o congresso (coisa nunca vista…) seja em termos de marketing avançado uma boa ideia. Sinceramente não me pareceu. Até me pareceu, isso sim, outra coisa…
Talvez Teresa Leal Coelho tenha (espero que sim) os méritos necessários a tão fulgurante ascensão partidária em apenas um ano.
Do anonimato a vice-presidente do partido e a vice-presidente do grupo parlamentar é obra para alguém que nunca fez parte de uma concelhia, de uma distrital, nunca interveio num congresso ou tem registo de qualquer actividade partidária minimamente relevante.
Conclusão?
Um congresso difícil de definir.
Em que ficou a sensação forte de que ficou muita coisa por dizer, muita insatisfação por demonstrar, muito desânimo que não foi vencido.
Um congresso de que saí com a curiosa sensação de “remake” de um filme já visto e que se dispensava ver repetido.
Que no passado teve no principal papel um “actor” a “cavalo” em três vitória eleitorais (duas por maioria absoluta) dez anos de poder e um país profundamente modificado para melhor.
O que explicava (?) que o “actor”, e essencialmente os seus “actores secundários”, tivessem perante o partido uma sobranceria que depois viemos a pagar todos muito cara.
Agora fica-se com a sensação de “filme” ao contrário.
Não houve ainda (esperemos que se chegue lá) as três vitórias eleitorais, os dez anos de poder ou um país mudado para melhor.
Mas a sobranceria já por “lá “anda.
E como a história do cinema nos diz que dificilmente os “remakes” dão boas receitas de “bilheteira” saí do congresso preocupado.
Porque me parece que a direcção não percebeu o partido.
Mas, mais ainda, porque me parece que a dificílima batalha das autárquicas do próximo ano não está a ser levada tão a sério quanto merecia pelos principais responsáveis do PSD.
E há erros que não tem remédio.
António Guterres que o diga…
Depois Falamos
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7 comentários:
Caro Dr.Cirilo, um SIM forte inteligente para discurso e mensagem de Pedro Pinto dos ASD, em que o congresso respondeu e bem.
uma boa leitura do que foi o congresso. acompanhei intermitentemente pela televisão mas creio ter visto os principais discursos.
E fica realmente um sentimento de desilusão e muitas duvidas sobre os proximos anos do PSD.
A comissão politica é fraquinha até dizer basta quer a nível de vices quer de vogais com a excepção do jorge moreira da silva e vá lá do pedro pinto. a promoção da mulher do chefe de gabinete do passos coelho a vice presidente é mais uma daquelas acções que desanimam os militantes e fazem afastar as pessoas da politica. creio que o exemplo que o Luis cita do Guterres é excelente. Mas em boa verdade creio que o psd caminha para um desastre nas autárquicas.
Caro Anónimo:
Infelizmente só ouvi a parte final desse discurso.
Mas entretanto informei-me e creio que merece esse SIM de que fala.
Aliás considero o dr Pedro Pinto, para além de um excelente presidente da cãmara de Paços de Ferreira,um dos valores mais sólidos do PSD actual.
Saibam aproveitá-lo!
Cara Rita:
Vim do congresso convencido que as próximas autárquicas vão ser muito más para o PSD. Pelças razões que aponta e pelo facto de muitos autarcas estarem profundamente desiludidos com o partido por causa da anunciada reforma administrativa.
Espero que a sensatez e conhecimento do PSD do SG MAtos Rosa e dos seus SG adjuntos possa atenuar isso. Ma snão estou optimista
«Sobranceria»: Pois...há alguns que nem põem os pés no chão.
Autárquicas: a concelhia da Mouraria está a ser boicotada pela distrital moura. O Presidente desta (Oeiras/Cascais) quer por os amigos a presidentes de junta. Já há 'dúzias' de candidatos a candidatos, mas quem não for amigo do dito, pode dizer adeus. Desde bêbados, a polidores de esquina e a gestores de casinos clandestinos, há de tudo: uma amostra igual aos internos do IPL...
Hoje há reunião dos presidentes de junta com o dito "big boss"; mandada convocar por um polidor de esquina -presidente de junta inventado pelo grupo Preto/Mendes.
É que muitos (Pre. de Junta) andam a convocar comícios nas 'suas' freguesias contra a extinção -leia-se do seu 'taxo', visto que são desempregados.
Se eu já via um hecatombe, agora vejo uma catástrofe.
Eu lá o vi. Eu estava bem escondida com a minha capu(t)cha e por isso não me viu -eheheheheh. Mas eu também cantei os parabéns ao seu amigo no «italiano»
Como vê o SIS está sempre presente-ihihihihihih. Já agora, a cor do seu pulover condiz bem com o seu tom de pele.
Cara il:
Que grande maldade.Estar no mesmo espaço e não se apresentar. Também o SIS não precisa ser tão secreto...
Quanto ao resto tem toda a razão. Como de costume.
É que eu, ao contrário do outro SIS sou mesmo secreta :) chchchchchchchch!
Cara il:
Assim parece.
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