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domingo, abril 28, 2019

Tozé

Ao que se vai lendo, que pode não corresponder à verdade, Tozé prepara-se para deixar o Vitória no final da época rumando ao futebol turco onde o poder do dinheiro terá falado mais alto e convencido o jogador a trocar a relativa visibilidade do nosso futebol pela relativa invisibilidade da liga turca.
Desejando que não seja verdade parece-me serem poucas as hipóteses de não o ser.
Tenho pena.
Porque Tozé tem sido o melhor jogador do Vitória ao longo desta época, porque vai fazer falta num plantel que não é nada rico de valores a este nível  e porque vai sair a custo zero o que é difícil de compreender nos tempos que correm.
Até porque a carreira de Tozé no Vitória foi bem gerida.
Fez dois anos de pouca afirmação, foi bem emprestado ao Moreirense na época passada fazendo um belo campeonato (e 11 golos) e no regresso confirmou todas as qualidade que tinham levado à sua contratação assumindo papel de relevo na equipa.
Razões haverá para não renovar.
Não as conheço para lá da explicação "chapa quatro" de que vai ganhar mais dinheiro na Turquia.
Mas sei que se for embora, como tudo indica, será um passo atrás na construção do plantel para 2019/2020 e mais uma dificuldade no caminho de termos um Vitória à altura da sua História e do que o seu presente merece.
Depois Falamos.

Futebol

O meu artigo desta semana no zerozero.

Gosto muito de futebol!
E gosto de futebol praticamente desde que me conheço a mim próprio e desde que o conheço enquanto a mais entusiasmante de todas as modalidades desportivas.
Ou seja desde meados dos anos sessenta do século passado quando pela mão do meu pai e do meu avô comecei a ir ver jogos do Vitória, ainda no saudoso campo da Amorosa, com o entusiasmo próprio de uma criança que entrava pela primeira vez num novo mundo do qual (ainda não o imaginava na altura) nunca mais sairia.
Passados mais de cinquenta anos, vistos milhares de jogos em estádios e na televisão, continuo a gostar muito de futebol e a adorar o “meu” Vitória mas essas são as duas únicas certezas que ainda mantenho quanto à modalidade.
Gosto de futebol.
Do futebol dos grandes jogadores, das equipas de sonho, dos grandes jogos e das competições de excelência onde a modalidade verte aquilo que tem de melhor e que fez dela a mais popular do planeta.
Do futebol de Cristiano Ronaldo e Messi, de Pelé e Eusébio, de Cruyff e Maradona, de Ronaldinho e Ronaldo, de Beckenbauer e Marco Van Basten entre tantos outros que poderia citar para ilustrar o meu pensamento.
Do futebol das grandes jogadas, dos golos memoráveis, da emoção e incerteza no resultado, da inteligência posta ao serviço do jogo.
Das grandes equipas que contribuíram para a lenda do futebol desde a “laranja mecânica” holandesa de 1974 ao Barcelona do “tiki taka” passando pelo espantosa selecção brasileira de 1970 no México sem esquecer outra selecção brasileira, a de Espanha 1982, campeã sem título de um Mundial inesquecível.
Gosto do futebol das grandes competições.
Dos Mundiais, dos Europeus, da Liga dos Campeões que são competições onde é fácil encontrar memórias fantásticas de jogos e jogadores fabulosos.
Mas também gosto de campeonatos nacionais.
Da fabulosa Liga inglesa, para mim a melhor do mundo, com os seus jogos imprevisíveis, o seu compromisso com a verdade desportiva, o fair play como regra e não como excepção, a rapidez e independência da Justiça desportiva, a sua História mais que centenária.
Como gosto da Liga espanhola.
Da sua emotividade, da rivalidade tantas vezes cavalheiresca entre Barcelona e Real Madrid e quase sem limites entre Sevilha e Bétis, das especificidades exemplares do Atlético de Bilbau, da luta titânica do Atlético de Madrid para ombrear com Barça e Real Madrid, de uma realidade que nos diz existirem nove clubes que já venceram a Liga.
Como gosto da Liga alemã com a sua organização exemplar, os seus estádios cheios, a competitividade do campeonato ao longo dos anos e uma louvável certeza de através da organização evitarem complicações e suspeições.
Como vejo, embora com menos interesse, a liga italiana que depois de muitos anos de grande competitividade entrou nesta última década numa monotonia que deve preocupar os seus responsáveis porque não é bom para o futebol ver numa das suas principais ligas o mesmo clube ganhar consecutivamente oito campeonatos.
Infelizmente não gosto do futebol português.
E tenho imensa pena que o “meu” Vitória tenha de competir num campeonato, e mais do que isso numa realidade futebolística global, em que alguns dos principais valores que prestigiam as grandes Ligas europeias estão completamente arredados.
O futebol português não tem verdade desportiva.
Não a tem nos relvados, não a tem nas novas tecnologias que supostamente para ela deveriam contribuir decisivamente, não a tem no relato que dela faz uma comunicação social que em grande parte não é isenta, não é rigorosa e quantas vezes não é verdadeira.
Pior.
O futebol português, que interessa a milhões de portugueses entre os quais muitos jovens, não é um bom exemplo para a sociedade, não é um modelo a seguir pelos jovens em formação, não é motivo de orgulho para todos quantos gostando de futebol e dos seus clubes não sofram em simultâneo de uma clubite cega e incapacitante em termos de raciocínio.
Porque é um futebol de conflitos, de suspeição, de maus exemplos vindos de quem mais devia zelar pela sua imagem (a maioria dos dirigentes clubísticos), de constantes querelas e zaragatas, de nenhum ou quase nenhum “fair play”.
É um futebol em que o dirigismo inculcou a ideia de que o mais importante é ganhar não importando como, em que grande parte dos adeptos de quem ganha mais só se preocupam em vencer não parando um minuto para pensar em como algumas dessas vitórias foram obtidas, um futebol que consagra o principio do “vale tudo” compensador face a uma justiça desportiva caricata e que apenas tem como prioridade ser fraca com os fortes e forte com todos os outros.
No futebol português vale tudo para alguns ganharem.
Porque o futebol português é um “Estado” dentro do Estado a quem todos os poderes tem medo, com quem nenhum poder ousa confrontar-se a sério, e que consegue fruto da tal clubite cega e incapacitante em termos de raciocínio fazer com que tanta gente absolutamente séria na sua vida pessoal e profissional pactue (nem que seja pelo silêncio cúmplice) com os maiores atropelos, desonestidades e aldrabices desde que o seu clube ganhe campeonatos e taças.
Porque no futebol português há milhões que são adeptos de quem ganha mais vezes, apenas e só por isso, em vez de apoiarem os clubes das suas terras e assim contribuírem para um maior equilíbrio e competitividade das competições.
Em Portugal o futebol é cada vez menos um desporto e cada vez mais um sério caso de polícia.
E pese embora o pavor do poder político (desde sempre em boa verdade) em afrontar os podres do futebol, com medo que isso tenha repercussões eleitorais, lá terá de vir o dia em que alguém terá de ter a coragem para dizer que os “reizinhos” vão nus e fazendo a Justiça funcionar de forma implacável obrigue o futebol a seguir as leis da República a que todas as outras áreas sociais estão obrigadas.
Infelizmente esse dia não será amanhã.
E creio que só chegará (infelizmente uma vez mais) quando um destes dias, num estádio próximo de nós, acontecer uma inevitável desgraça motivada pelo estado de permanente “guerra civil” de uns, na ânsia de ganharem sempre ainda que de qualquer maneira, e de crescente indignação de outros, fartos de serem “filhos de um Deus menor” e constantemente prejudicados pelo “vale tudo “ instalado (e televisivamente incentivado de todas as maneiras e feitos) em proveito dos tais que ganham sempre.
Por mim continuo a gostar de Futebol e a adorar o Vitória.
“Deste” futebol português é que não consigo gostar mesmo.
Não é possível!

sexta-feira, abril 26, 2019

Sugestão de Leitura

Há livros, pensamentos e políticos que são intemporais.
Começam por ter razão antes do tempo, no caso dos políticos, e depois tem tanta razão que ela se torna eterna mantendo-se mesmo depois de os políticos terminarem o seu ciclo de vida terrena.
Este livro tem essa rara virtude.
Tornou-se intemporal por perpetuar pensamentos políticos que também o são porque oriundos de um dos tais raros políticos que começou por ter razão antes do tempo e depois a manteve para lá da própria morte.
Para mim, que ainda sou do seu tempo, Francisco Sá Carneiro será sempre a referência política maior e o grande "responsável" pelas quatro décadas que militei no partido que fundou.
E recordar o seu pensamento, hoje, é relembrar que com ele Portugal podia ser bem melhor se o atentado de Camarate não o tivesse roubado ao nosso país.
Um livro para ler, reler e voltar a ler.
Depois Falamos.

terça-feira, abril 23, 2019

Construir vs Destruir

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

É sabido que na vida pública, seja política, desportiva ,associativa ou qualquer outra é muito mais difícil construir , mostrar ideias, projectos, definir objectivos e alcançar metas do que pura e simplesmente destruir tudo aquilo que outros se proponham fazer.
E no destruir não me refiro literalmente a arrasar, demolir, “dar cabo de...”, não deixar pedra sobre pedra mas “apenas” a outro tipo de destruição que é aquele que se consubstancia em dizer mal, criticar sem fundamento, falar por falar e  até caluniar  quando o resto falha.
São formas de estar.
Que em Portugal, por questões de tradição, “cultura” e ADN tem uma larga aplicação em todos os sectores ao ponto de se entender como vulgar que exista muito mais gente a destruir do que aquela que está realmente empenhada em construir.
As razões são várias, as motivações da mais diversa ordem, mas o fim é que não varia muito e traduz-se, regra geral, num enfraquecer daquilo que sem esse tipo de atitude podia ser bem mais forte.
Na gíria desportiva aqueles que tem opinião sobre quase tudo sem perceberem de quase nada costuma chamar-se os “treinadores de bancada” que é uma espécie que pulula não só nas bancadas dos estádios (mas aí,vá lá, com algum propósito) como em todos os outros sectores da vida social.
Nas empresas, nos partidos políticos, nas associações, na comunicação social (então aí...)não faltam profissionais da opinião que regra geral não conseguem ter opinião profissional como seria exígivel a quem gosta tanto de se pronunciar sobre tudo.
Não se põe aqui em causa, minimamente, o direito inalienável de as pessoas terem opinião e de a tornarem conhecida seja ela elogiosa seja critica em relação seja ao que for.
Numa sociedade livre e democrática não pode existir qualquer ónus ao direito de criticar, de divergir, de exercer o contraditório em relação seja ao que for e em especial relativamente a quem detém poder.
Mal estávamos!
Mas acho razoável que se peça, para não dizer exija, que a critica, a discordância, a divergência venham sempre acompanhadas de uma solução alternativa, de uma proposta construtiva, da oferta de uma possibilidade de escolha.
Num pequeno aparte, mas para exemplificar, lembro que o partido Aliança discorda da solução Montijo para o novo aeroporto de Lisboa mas propôs em alternativa, devidamente estudada e fundamentada, a solução Alverca.
Discordou mas apresentou alternativa.
No fundo o importante é não transformar o acto critico, a postura divergente, num simples “dizer mal” inconsequente que mais não visa do que desvalorizar e desqualificar quem tem opinião diferente sem que se saiba o que pensa de facto aquele que exerce o acto critico.
Até porque como defendo desde sempre a única forma de ser credível na crítica é ser justo no elogio.
Quem só critica, quem só sabe pôr defeitos, quem prefere a denúncia de um pequeno erro à valorização de mil grandes acertos nunca terá credibilidade nas suas críticas nem poderá ser levado minimamente a sério por que ande minimamente informado.
Infelizmente sempre assim foi e assim continua a ser em muitos sectores da sociedade portuguesa.
Fenómeno defeituoso que as redes sociais vieram agravar de forma exponencial.
Porque para lá das qualidades e benefícios que trazem, e são inegáveis, acarretam de igual forma a maximização desses defeitos “genéticos” de uma certa “cultura” portuguesa que passam por um “voyeurismo” desenfreado, por uma irresistível tentação da critica fácil, por um gosto deplorável pela denúncia , por uma irreprimivel necessidade de “contar novidades” , por um dedo permanentemente esticado apontando em direcção aos erros dos outros ou aquilo que o dono do dedo acha que são.
Muito mais isso em boa verdade.
Já para não falarmos daquilo que parece ser uma nova doença “profissional” cujo principal sintoma é um formigueiro nos dedos perante um teclado!
A concluir diria que esta forma de ser traduz, essencialmente, dois vícios intoleráveis em quem age desta forma: O pensarem que  tem conhecimentos abalizados sobre tudo e está toda a gente ansiosa por os conhecer e o acharem-se no direito de julgar permanentemente atitudes e comportamentos dos outros.
Continuo a pensar, e não mudarei de ideias, que se está bem melhor do lado de construir.
Ideias, projectos, instituições.
Dá muito mais trabalho, acarreta muito mais preocupações, arrosta incompreensões e injustiças mas o “produto” final vale a pena porque se traduz na construção de algo que vai perdurar e que deixa marca.
Ao contrário da critica fácil, do apontar obsessivo de possíveis falhas e possíveis erros, do achar que os outros fazem tudo mal, porque isso embora incomode ligeiramente mais do que uma melga no Verão acaba por se esvair na inconsequência e na falta de sustentação.
Vale a pena Construir.
E é a força dessa convicção que dá alento a todos aqueles que andam na vida com uma atitude positiva e empenhados em deixarem uma marca duradoura e não sopros que a primeira brisa leva para longe.

quinta-feira, abril 18, 2019

Meias Finais

Barcelona, Liverpool, Tottenham e Ajax estarão nas meias finais da Liga dos Campeões.
Tinha previsto aqui que os dois primeiros se apurariam, o que aconteceu com a naturalidade expressa nos resultados, mas nos outros dois casos funcionou a eterna imprevisibilidade do futebol com o apuramento das equipas à partida menos favoritas.
Barcelona e Liverpool eram claramente favoritos.
A equipa catalã venceu os dois jogos sem problemas de maior face a um Manchester United sem andamento para contrariar aquela que, em teoria, é a mais forte candidata a vencer a presente edição da prova.
Os homens de Liverpool eram favoritos e confirmaram-no plenamente perante uma boa equipa do Porto mas de um patamar competitivo inferior e que nunca chegou a pôr em causa o resultado da eliminatória.
Em Manchester, num dos melhores jogos desta edição da Champions, incerteza até final (até no tempo de descontos houve incerteza quanto a quem passava) com o Tottenham a ser mais forte e a provar que nem sempre um orçamento (bem) maior é garantia de sucesso.
Finalmente o Ajax.
Que vi jogar na Luz e me pareceu uma boa equipa mas não tão boa que conseguisse chegar às meias finais da prova.
A verdade é que chegou.
Eliminando Real Madrid e Juventus o que dá a clara dimensão da sua valia competitiva e o quanto a equipa foi evoluindo ao longo da época.
E agora?
É lugar comum, mas aqui perfeitamente aplicável, dizer-se que qualquer uma das quatro pode vencer a prova tal a valia das equipas ainda em prova e a capacidade que qualquer uma delas inegavelmente possui.
Pessoalmente aposto numa final entre Barcelona e Ajax.
Veremos...
Depois Falamos

Sugestão de Leitura

Sempre tive uma enorme admiração por Eusébio.
Dos grandes jogadores do futebol mundial foi seguramente aquele que mais vezes vi jogar ao vivo , especialmente pelo Benfica mas também duas ou três vezes pela selecção e uma pelo Beira Mar, porque só depois do seu tempo (e de Pelé, Cruyff, etc) é que as transmissões televisivas se tornaram vulgares permitindo que, por exemplo, todas as semanas possamos ver Ronaldo e Messi os dois melhores da actualidade.
Eusébio, como Pelé, nasceu antes do tempo!
Hoje seria um jogador sem preço face à sua extraordinária qualidade futebolística mas também a  uma capacidade de sofrimento igualmente extraordinária e que lhe permitiu fazer a carreira que fez massacrado por lesões.
Nos anos 60 e 70 sem os relvados, as bolas, as botas e equipamentos, a medicina desportiva, o conceito de profissionalismo, as metodologias de treino, a liberdade de transferência que existem hoje ainda assim Eusébio fez uma fantástica carreira que só não foi ainda melhor porque a infame "lei de opção" (os clubes eram donos dos jogadores que estes até para casar tinham de pedir licença à direcção) mais o salazarismo não o deixaram ir para Itália onde podia ter atingido patamares ainda mais altos.
Ainda assim foi extraordinário.
E terá certamente o seu lugar inamovível na galeria dos melhores de sempre.
O livro de Sónia Louro , uma biografia romanceada mas com grande aproximação à realidade, narra todo esse percurso do menino pobre nascido em Moçambique que se tornou uma grande estrela do futebol mundial.
Lê-se com muito agrado.
Depois Falamos.

10 Grandes

O meu artigo desta semana no zerozero.

No futebol, grandes, são os jogadores.
Quando muito também os treinadores que conjuntamente com os jogadores são quem ganha jogos, competições, troféus e assim contribuem para que os clubes que representam tenham um palmarés que vá fazendo a diferença entre eles.
É certo que em Portugal há um gosto, mesclado de subserviência, em chamar “grandes” a uns clubes em detrimento de outros mas a expressão prática disso apenas resulta no favoritismo de que esses clubes gozam a todos os níveis e que ajuda a empolar diferenças que a realidade das coisas devia fazem bem menores.
Vamos ao que interessa.
Os grandes jogadores.
Escrevendo isto na noite em que os dois maiores da actualidade tiveram sortes bem diferentes na Liga dos Campeões, com Messi a seguir em frente e Ronaldo  a ficar pelo caminho, parece-me oportuna uma peque na reflexão sobre o que tem sido os grandes jogadores da História do futebol e a velha polémica (em que nunca entrarei) sobre quem foi o melhor de sempre ou quem é o melhor da actualidade.
Mais de cem anos de futebol, mas com enfoque nos últimos sessenta, dizem-nos que houve um número razoável de jogadores de excepcional qualidade mas muito pouco ao nível da genialidade pura aquela que permite fazer a diferença com absoluta regularidade.
Falo dos que vi jogar.
Nunca vi Di Stéfano jogar mas todas as opiniões convergem no sentido de o declarar como um dos melhores de sempre o que ,aliás, o seu palmarés individual confirma na plenitude.
Génios que vi jogar?
Pelé, Eusébio, Maradona, Cruyff, Beckenbauer, Ronaldo, Ronaldinho, Messi , Cristiano Ronaldo e Zico.
Para mim os dez melhores jogadores que vi num relvado.
Infelizmente boa parte deles (Pelé, Maradona , Zico) muito menos vezes do que gostaria porque nos seus tempos as trasnmissões televisivas não eram tão frequentes e diversificadas como nos tempos que correm.
Os brasileiros praticamente apenas nos mundiais (Pelé vi uma vez ao vivo no estádio das Antas num Portugal-Brasil) e o argentino pouco mais do que isso embora o seu tempo já tenha sido um tempo televisivo.
Foram os melhores que vi e dois deles, Messi e Ronaldo, ainda vejo e espero ver por mais alguns anos.
O melhor dos dez?
Nem me atrevo a dar opinião porque jogadores tão diferentes, em tempos tão diferentes, não permitem que se façam comparações justas dadas as diferenças abissais em termos de qualidade dos relvados, qualidade dos equipamentos e especialmente das botas, diferença das bolas, dos métodos de treino, da medicina desportiva , dos próprios conceitos de profissionalismo.
Imagino, por vezes, aonde teria chegado Maradona sem o vicio da droga que lhe arruinou os últimos anos de carreira.
Imagino o que seria Pelé nos tempos de hoje.
Mas imagino, essencialmente, até onde chegaria Eusébio com os métodos de treino actuais, com bolas e botas muito mais leves, com uma medicina desportiva que lhe teria evitado sete operações aos joelhos, sem ter de jogar em pelados, sem alinhar infiltrado em jogos particulares porque o cachet para o clube seria menos se ele não jogasse, com uma consciencialização bem maior dos árbitros para defenderem os grandes jogadores do jogo “sujo”, tendo oportunidade de fazer carreira num grande clube europeu onde pudesse ganhar Ligas dos Campeões.
Nunca saberei , e em bom rigor pouco me interessa, qual dos dez em igualdade absoluta de condições e jogando no futebol actual seria o melhor de sempre.
Mas não me custaria a crer que fosse Eusébio.

terça-feira, abril 16, 2019

Liberdade

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Costuma dizer-se que a Liberdade é algo de tão precioso que só quem não a tem lhe consegue dar o devido valor.
E é verdade.
Portugal, felizmente, é um país onde se vive em Liberdade desde 25 de Abril de 1974 e em democracia plena desde 25 de Novembro de 1975 pelo que há sucessivas gerações que não conheceram a ditadura e não fazem nem ideia do que é viverem provados da Liberdade.
Mas é um bem que tem de ser defendido todos os dias!
Recordo-me, porque já tenho idade para isso, dos tempos a seguir ao 25 de Abril em que Portugal que acabava de se livrar de uma ditadura de direita correu sérios riscos de mergulhar numa ditadura de esquerda ao sabor do assalto ao poder do PCP e das forças da extrema esquerda, então com alguma implantação popular, que tomaram conta de parte do aparelho de Estado, de grande parte da comunicação social e conduziram o país para uma quase guerra civil.
Valeu o 25 de Novembro, valeu a luta de muitos milhares de portugueses que não tinham medo, valeram as lideranças de homens que acreditavam na democracia como Mário Soares e Francisco Sá Carneiro que à frente de dois grandes partidos democráticos foram uma barreira inultrapassável para os totalitários de esquerda.
Foram tempos difíceis.
Tempos em que os comícios e sessões de esclarecimento do PPD e do CDS, e nalguns locais também do PS, enfrentaram ameaças de boicote, viram os seus militantes serem agredidos por gente da esquerda não democrática e forçaram os seus dirigentes e militantes a organizarem a segurança dos seus próprios comícios numa acção de legítima defesa adequada aos tempos que então se viviam.
Isso acontecia essencialmente no sul do país, onde PCP e extrema esquerda (UDP, PSR, FEC-ML, MRPP, OCMLP, etc) tinham maior implantação, mas também a norte se registaram graves incidentes em comícios dos partidos democráticos tendo em Guimarães ocorrido um dos mais graves de todos com o famoso cerco ao comício do CDS no Teatro Jordão que só por muito pouco não acabou num banho de sangue.
Mas também num comício do PPD, em Janeiro de 1975, houve incidentes graves que só não foram piores porque a segurança do partido foi extremamente eficaz na contenção e expulsão do mesmo Teatro Jordão da turba esquerdista que o tentara invadir.
Foi uma luta difícil, um processo revolucionário que acabou num Estado de Direito (mas podia ter acabado numa ditadura marxista) e a implantação da democracia plena começou em 25 de Novembro de 1975 mas só terminaria vários anos depois numa revisão constitucional em que entre outras reformas se acabou, finalmente, com o Conselho da Revolução e a tutela que este exercia sobre o sistema político.
Mas a construção da Democracia e a preservação da Liberdade não são nunca processos acabados.
A Democracia pode ser sempre aperfeiçoada fomentando a participação no processo democrático de cada vez mais cidadãos e forças políticas e a Liberdade deve ser sempre defendida contra todas as ameaças ainda que elas, por vezes, venham de onde menos se espera.
Em Portugal há hoje um clube relativamente restrito, e que envida todos os esforços para que assim continue a ser, de partidos que por vezes parecem achar serem donos da democracia e os únicos a terem direito a em nome dela elegerem representantes para qualquer tipo de orgão nacional ou internacional.
PS, PSD, CDS, PCP, BE são esse quinteto que diferindo em muita coisa , e algumas delas particularmente distintas, há contudo uma em que estão de acordo absoluto e na qual a cumplicidade é total.
Não querem mais partidos a elegerem deputados para o Parlamento, nem para o Parlamento Europeu nem para as autarquias.
E não querem por razões de conveniência política fáceis de entender,mas impossíveis de aceitar em termos democráticos, mas também por por razões de ordem económica dado que a eleição de parlamentares por outros partidos os obriga a dividirem com eles as subvenções estatais.
E por isso fazendo da comunicação social uma coutada sua, com a dócil aquiescência da própria Comunicação Social diga-se de passagem, bloqueiam a participação dos partidos que não tem representação parlamentar em Bruxelas nos debates sobre as eleições para o Parlamento Europeu tentando com isso impedi-los de fazerem chegar as suas mensagens a um grande número de eleitores.
É de uma pobreza democrática confrangedora.
Especialmente quando vem de partidos que fizeram da luta pela Liberdade uma das formas da sua implantação e afirmação no nosso panorama político.
As atitudes ficam com quem as toma.
Na Aliança, pese embora todos os bloqueios e boicotes vindos dos “velhos” “donos disto tudo”, continuaremos a lutar pela Liberdade, pela Democracia e pelo direito de os portugueses terem uma Liberdade de escolha informada na hora de votarem.
A Liberdade está no nosso ADN e não  apenas nas nossas conveniências como parece ser o actual paradigma de outras forças políticas que outrora valorizavam a verdadeira Liberdade.
Aquela que é para todos por igual!

domingo, abril 14, 2019

Enfim...

Hoje , em Vila do Conde, o Vitória jogou com a camisola branca!
E esse facto, que devia ser normalíssimo mas não é, constitui mesmo o único facto positivo que se encontra na desoladora tarde do estádio dos Arcos.
O resto foi mais do mesmo.
Um adversário que fez pela vida (não ganhava em casa desde Outubro mas a generosidade vitoriana nessa matéria é já lendária) , uma equipa amorfa que ainda começou bem mas depois de sofrer o primeiro golo se "apagou" e um treinador que fez (mais uma vez) substituições difíceis de perceber e que em nada melhoraram o desempenho global do onze vitoriano.
Devo dizer que não sendo treinador ,mas vendo futebol há mais de cinquenta anos, não percebo como estando a equipa a perder por 0-2 e não estando  Guedes lesionado nem a jogar pior que a generalidade dos colegas seja o ponta de lança precisamente o primeiro a sair para dar lugar a outro ponta de lança (que nada acrescentou bem pelo contrário...) ao invés de jogar com dois homens na área e tentar assim desequilibrar a defesa adversária.
Mas quase tão lendária como a generosidade vitoriana em dar pontos a quem precisa é a teimosia do treinador em não mudar o sistema táctico, mesmo quando entra pelos olhos dentro que o devia fazer, para em determinadas situações jogar com dois pontas de lança em simultâneo.
Teimosias que tem ajudado a perder pontos diga-se de passagem.
Em suma mais uma derrota e o quinto lugar mais longe (agora a quatro pontos) quando faltam cinco jornadas e o Vitória termina a Liga com uma visita ao...Moreirense.
O árbitro Manuel Oliveira teve uma tarde infeliz, com prejuízo do Vitória, mas nem isso serve de desculpa nem estar a falar de arbitragem seria adequado face ao que é essencial.
E essencial é assumir que o Vitória perdeu por culpa própria fruto de erros cometidos no campo e no banco.
Depois Falamos

Sugestão de Leitura

Shimon Peres , falecido em 2016 aos 93 anos, foi uma das mais influentes personalidades de História do Estado de Israel onde desempenhou vários cargos de grande responsabilidade como ministro da defesa, dos negócios estrangeiros, primeiro ministro e presidente da república.
Em quase de 70 anos de vida pública assistiu (e participou) em grandes momentos não só do seu país como também do Médio Oriente e da própria política mundial como o foram a criação do Estado de Israel, as guerras de 1967 e 1973, o assassinato dos atletas olímpicos israelitas em Munique, o raide a Entebbe, os acordos de Oslo com a OLP (viria a ganhar o Nobel da Paz em conjunto com Arafat e Rabin) , o tratado de paz com a Jordânia, os acordos de Camp David e tantos outros em que foi participante.
Colaborador de David Ben Gurion, o lendário fundador do Estado de Israel e seu mentor político, Shimon Peres foi um visionário que dedicou os seus últimos anos de vida, depois de abandonar cargos governativos, a lutar por uma paz duradoura no Médio Oriente que permita a Israel viver em coexistência pacífica com os seus vizinhos árabes.
Este livro é uma visão do próprio sobre os seus setenta anos de vida pública e simultaneamente um contributo para um melhor conhecimento da História de Israel e do Médio Oriente.
Depois Falamos

Curiosidade

Há histórias curiosas.
No final dos anos oitenta, inicio dos anos 90, do século passado trabalhava na Companhia de Seguros Ocidental, pertencente ao grupo Banco Comercial Português então a dar ainda os seus primeiros passos (o Banco tinha sido fundado em 1985 e as empresas de seguros,leasing, factoring,etc , posteriormente), cuja sede era na Avenida Elias Garcia em Lisboa.
E embora o meu local de trabalho fosse no Porto, na Rua Sá da Bandeira ao lado do teatro com o mesmo nome e por cima de uma sucursal do BCP, estava frequentemente em Lisboa para reuniões diversas na sede da Companhia.
Nesse contexto os almoços eram em restaurantes da zona (a um deles , o "Funil", ainda continuo a ir de vez em quando) entre os quais um que ficava situado quase ao lado da sede chamado, ao tempo, "Big Apple" se não estou em erro.
O logótipo era este:
 Hambúrgueres eram o forte embora houvessem outras opções.
Fui lá várias vezes com os colegas de trabalho de então mas uma vez terminado o meu ciclo na Ocidental,em 1992, nunca mais lá voltei.
Quis o destino que agora trabalhando por perto tenha lá voltado hoje.
Vinte e sete depois!
Agora chama-se "Apple House" mas quer a ementa quer a decoração interior não são substancialmente diferentes de há vinte e sete anos atrás pelo que não deixou de ser um súbito regresso ao...passado.
Depois Falamos.

quarta-feira, abril 10, 2019

Incompreensível

Nos últimos meses tenho escrito pouco sobre o Vitória A e menos ainda sobre o Vitória B.
Por falta de tempo, é verdade, mas também por falta de vontade misturada com algum desalento face ao rumo que vejo ambas as equipas seguirem com uma a tentar apanhar o Moreirense no quinto lugar e a outra com a descida de divisão num horizonte infelizmente cada vez mais provável de acontecer.
Mas pese embora a minha capacidade de me surpreender com o Vitória seja cada vez menor não consigo deixar de estranhar que neste último jogo da equipa B, em casa com o Penafiel, estivéssemos a ganhar por 4-1 a 15 minutos do fim e ainda conseguíssemos perder por 4-5!
Mesmo reduzidos a dez elementos não deixa de ser estranho uma equipa profissional sofrer quatro golos num quarto de hora e, ainda por cima, a jogar em casa.
Enfim...
Por agora não me parece que haja outra coisa a dizer que não seja manifestar a esperança que , apesar do cenário negro actual,  a equipa ainda consiga dar a volta ao posicionamento classificativo e manter-se na II Liga.
E deixar duas notas finais.
Uma para constatar , uma vez mais, que a praga das camisolas negras não se afasta do Vitória.
É na A, é na B, é nos jogos fora e no segundo caso também nos jogos em casa.
Porquê?
Segunda nota para uma curiosidade.
Neste jogo no banco do Vitória B estava, como sempre, Alex Costa que se arrisca a ser o segundo treinador a descer com a equipa B.
No banco do Penafiel estava Armando Evangelista que foi o primeiro !
Na bancada a assistir estava Vítor Campelos que fez três anos à frente da equipa B com classificações a meio da tabela e jogadores promovidos para a equipa A.
Curiosidades...
Depois Falamos.

Treze Anos

Hoje o "Depois Falamos" faz treze anos.
Treze anos de muitos textos, muitas fotografias, muitas opiniões e comentários.
Política, desporto, cinema, literatura, espectáculos, gastronomia , monumentos, viagens e tantos outros assuntos tem sido aqui tratados ao longo dos anos ao sabor da inspiração e da disponibilidade para escrever do autor.
Sofrendo a concorrência das redes sociais, por onde também ando com frequência, o blogue tem sido apesar disso um espaço estável de formulação e expressão das minhas opiniões e assim continuará ser no futuro.
Na certeza de que nunca poderá ser substituído por facebook, whatsApp,twitter, instagram ou qualquer outra rede social dos tempos que correm e onde a tentação do imediatismo da opinião nunca superará o prazer da reflexão que leva à escrita aqui.
Sem festas, sem bolo de anos , o "Depois Falamos" completou o seu décimo terceiro aniversário.
A caminho do décimo quarto.
Depois Falamos.

terça-feira, abril 09, 2019

Europa Nossa

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

As eleições europeias são, reconhecidamente, o acto eleitoral mais difícil para os partidos políticos portugueses face ao acentuado desinteresse que os cidadãos vão demonstrando pelas questões europeias e por esse tipo de eleição.
Pese embora sermos um país de emigrantes, que como se gosta de dizer deu novos mundos ao mundo, a verdade é que os que por cá ficaram nunca demonstraram um interesse por aí além pelo que se passava para lá das fronteiras.
Mesmo com o regresso de muitos emigrantes, com as migrações para Portugal de tanta gente de outras nacionalidades, os portugueses sempre olharam a Europa como algo que está para lá dos Pirenéus (porque Espanha, enfim, sempre se ia e continua  a ir ) lá comprar uns caramelos e uma ...gasolinazinha para quem mora perto da fronteira)e a que se dá pouca atenção e ainda menos importância.
É certo que os milhões que vem de Bruxelas, de que tanto se ouve falar mas de cuja aplicação prática muitos desconhecem os efeitos, despertam sempre alguma atenção mas em boa verdade há muito português bem mais atento aos milhões que ganha o Ronaldo do que aqueles que vem para Portugal para supostamente (já lá vamos) contribuírem para o desenvolvimento de todo o país.
E por isso os portugueses olham para a Europa como uma questão distante a que apenas o futebol (ups...) via Liga dos Campeões e Liga Europa vai aproximando.
Se a isso somarmos uma das componentes mais presentes no ADN português que é a inveja (até ela fecha os Lusíadas) e sabendo-se que os lugares na Europa, de deputados a comissários, são os mais bem remunerados da política não admira que muitos portugueses não só vivam de costas voltadas para a Europa como nem queiram ouvir falar de eleições europeias convictos de que votando estariam a ajudar os “do costume” a irem encher-se de dinheiro.
É triste mas é assim em muito lado e em muita cabeça.
E por isso as eleições europeias tem uma taxa de abstenção que não cessa de subir traduzindo o tal desinteresse em crescendo dos portugueses pelas questões para lá dos Pirenéus e pela própria participação de Portugal no processo de construção europeia que faça da Europa um  espaço cada vez mais forte de Liberdade , de desenvolvimento económico e de solidariedade.
Um caminho a que não há alternativa para uma Europa que continua entalada entre dois blocos, entre uma Rússia que com esse nome ou de União Soviética como até 1990 continua a ter uma ambição imperialista e uns Estados Unidos que periodicamente tendem para o isolacionismo ao sabor de lideranças sem visão e sem memória de passados a que não convém voltar.
E por isso a Europa é , e tem de continuar a ser, uma Causa nossa.
Nossa.
De todos os portugueses independentemente de maior ou menor fé na União Europeia, de maior ou menor reconhecimento dos benefícios de pertencermos a esse espaço de liberdade e desenvolvimento, de maior ou menor simpatia pelas instituições de Bruxelas e Estrasburgo.
A Aliança defende o projecto europeu, acredita no quanto Portugal ganhou desde a adesão em 1985 mas não deixa de em simultâneo defender uma nova atitude na Europa baseada na aprendizagem com os erros cometidos, na recusa de dogmas sobre a construção europeia e na afirmação de posições que contribuam para um refundamento da Europa.
Temos Causas.
O crescimento económico , a convergência de rendimentos dos portugueses com a média europeia, a focagem dos fundos comunitários num investimento que potencie o tal crescimento económico, o reforço dos fundos de coesão, a existência de um “cartão vermelho” dos parlamentos nacionais ao processo legislativo ordinário europeu, a aposta no Mar na inovação e na investigação são algumas das Causas que os deputados eleitos pela Aliança defenderão intransigentemente.
A Europa vale a pena.
Eleger deputados da Aliança para darem voz a Portugal também vale a pena.
Porque também é Nossa!

segunda-feira, abril 08, 2019

Sugestão de Leitura

Há livros que ajudam a perceber os tempos em que vivemos e que, para além disso, também elucidam sobre a vida dos seus autores.
É o caso desta autobiografia de Michelle Obama.
Onde a par do percurso de vida de uma menina nascida numa família negra, de recursos modestos, na periferia de Chicago que à custa dos esforços dos pais e de muito trabalho pessoal conseguiu licenciar-se numa das melhores universidades americanas e trabalhar em grandes empresas de advogados se narra também o seu papel enquanto primeira dama dos Estados Unidos e mulher de Barak Obama.
A família Obama que foi, recorde-se porque não é questão menor, a primeira família de raça negra a chegar à Casa Branca com o presidente a cumprir dois mandatos nos quais deixou algumas marcas importantes.
É também uma visão da Casa Branca por dentro, narrada por quem lá viveu momentos importantes da vida mundial entre 2008 e 2016, que perpassa num livro cheio de interesse e cuja leitura se recomenda.
Depois Falamos

sexta-feira, abril 05, 2019

Bullying

Ela é quadro superior de uma empresa pública numa região há muito dominada pela mesma cor partidária.
No exercício dos seus direitos de cidadania resolveu aderir, e dar a cara, por uma nova formação política surgida em tempos recentes.
Desde esse momento nunca mais teve paz no local de trabalho.
Ele é um jovem e talentoso profissional na área da informática.
Um dos melhores do seu curso tem um currículo inatacável que, à partida, lhe daria colocação garantida num concurso promovido por uma autarquia para profissionais da sua especialidade em número superior à dezena.
Foi preterido.
Porque o pai é dirigente uma nova força política surgida em tempos recentes.
E fizeram questão de lhe vincar isso.
Ela é funcionária de uma pequena autarquia.
No gozo dos seus direitos de cidadania resolveu aderir a uma nova formação política surgida em tempos recentes.
Foi o fim da sua tranquilidade. De lá para cá tem sido sujeita a autêntico bullying profissional por esse único e exclusivo motivo.
Ele é um jovem estudante.
Dirigente da respectiva associação de estudantes resolveu, também ele, dar a cara por uma nova formação política surgida em tempos recentes acreditando que é a melhor forma de lutar civicamente pelo seu futuro.
O estabelecimento de ensino em que estuda está relacionado com uma autarquia cujo presidente já lhe fez saber que por ter dado a cara por uma nova formação política surgida em tempos recentes teria de deixar a direcção da associação de estudantes.
Sim, o bullying existe.
Praticado por gente que eleita em representação de um  partido democrático não hesita em usar práticas típicas de ditaduras, tipo Coreia do Norte, para reprimir e "castigar" quem tem a ousadia de no exercício dos seus direitos políticos aderir e dar a cara por uma nova formação política surgida em tempos recentes.
São quatro exemplos.
Há mais e com o aproximar de actos eleitorais mais haverá.
Indignam mas não amedrontam e o futuro próximo o demonstrará.
Depois Falamos.

terça-feira, abril 02, 2019

O "Flopzinho"

O meu artigo desta semana no "Duas Caras".

Querer é poder diz um velho ditado popular que ao contrário de muitos outros ditados provindos da sabedoria das nossas gentes nem sempre tem na realidade a confirmação que muitos gostariam que tivesse.
É que muitas vezes, quase sempre diria, ao “querer” é preciso juntar outros componentes que são essenciais ao “poder” como o saber, o persistir, o perseverar, o trabalhar afincadamente, etc, etc, etc.
Sem isso nada feito!
Vem isto a propósito de uma entrevista falhada, chamemos-lhe assim, de um personagem do nosso palco político que é muito mais uma construção de uma certa comunicação social sempre atenta, veneradora e obrigada aquilo que considera uns (pseudo) gurus de esquerda que por alinhavarem duas ou três frases, de vez em quando, que soam bem passam logo a ser referências políticas mais pelo facto de as tais frases soarem bem do que pelo seu conteúdo que tantas vezes é aflitivamente oco.
Pois esse personagem, com relativo impacto nos dois quilómetros quadrados em redor do Terreiro do Paço, mas olimpicamente desconhecido no resto do país, em busca de um protagonismo que não consegue decididamente alcançar por méritos próprios resolveu atacar o partido Aliança e o seu líder ao invés de se pronunciar sobre tantos outros assuntos que poderiam ter merecido a sua atenção.
Importará dizer que o referido personagem, cujo ego é decididamente bem maior que a sua expressão eleitoral (o chamado azar dos Távoras...), antes de liderar a actual agremiação  por ele fundada já deambulou por outras forças partidárias nomeadamente o Bloco de Esquerda de onde um dia saiu porque tal como a mãe que foi assistir ao juramento de bandeira do filho e achava que o seu rebento era o único que marchava direito também ele se achava dono de uma razão que não tinha expressão dentro dessa força política.
E saiu.
Do Bloco de Esquerda que não do Parlamento Europeu, para onde tinha sido eleito por esse partido, e onde ficou até ao último minuto ou até ao último cêntimo interprete o leitor como muito bem entender.
Pois ,como atrás dizíamos, resolveu a excelsa personagem virar a sua atenção, ou a sua bílis mais uma vez o leitor escolherá, para a Aliança com o pobre argumento de que a sua agremiação devia merecer mais atenção mediática do que esta dado ser liderada por alguém que já tinha sido deputado europeu (peço o favor de não se rirem) e em Bruxelas tinha deixado “...relatórios que são os que a Europa fala hoje(sic)...” o que reiterando o pedido para não se rirem revela bem a altíssima conta em que o personagem se tem a ele próprio.
Matéria em que, aliás, presumo que será mesmo o único!
A par de algumas criticas ao presidente da Aliança que não vou repetir, nem comentar, porque acho que para se rirem já basta o que basta dos outros dislates do personagem.
Indo ao centro da questão.
É verdade que a Aliança tem muito mais atenção mediática do que o “Livre” não só porque o líder da Aliança tem de facto um currículo político muitíssimo mais vasto (também já foi deputado europeu, já foi primeiro ministro, secretário de estado,deputado em várias legislaturas,líder parlamentar, presidente de duas câmaras municipais entre outros cargos políticos, associativos e da área social que desempenhou) mas também porque a Aliança é um partido nacional, implantado nos dezoito distritos , nas duas regiões autónomas e na diáspora, que foi capaz de recolher doze mil assinaturas num mês, merecer a aprovação do Tribunal Constitucional noutro, ter organização territorial nacional em três meses e ao fim de quatro realizar um congresso onde estiveram presentes quase mil militantes.
E essa é a diferença que faz toda a diferença.
Porque para além de uma diferença brutal na popularidade e reconhecimento de cada líder a Aliança é um partido implantado no país ao contrário do “Livre” que como partido nacional existirá apenas na imaginação de quem o lidera.
E a prova está no facto de que todos os actos eleitorais a que concorreu desde 2014 se saldaram por um completo fracasso nos resultados alcançados.
Por isso bem melhor andaria o seu líder se metesse a mão na consciência e reconhecesse que o défice de notoriedade está na exacta proporção da sua inexistência como partido nacional e fizesse a única coisa adequada a resolver o assunto: Trabalhar!
Trabalhar no terreno, criar organização nacional, filiar militantes, ter resultados eleitorais e se o conseguir (já é outra questão...) então verá que um dia talvez possa merecer a mesma atenção que os partidos que tem existência real .
Porque caso contrário nunca deixará de ser o “flopzinho” que tem sido desde a sua fundação!