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terça-feira, abril 16, 2019

Liberdade

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Costuma dizer-se que a Liberdade é algo de tão precioso que só quem não a tem lhe consegue dar o devido valor.
E é verdade.
Portugal, felizmente, é um país onde se vive em Liberdade desde 25 de Abril de 1974 e em democracia plena desde 25 de Novembro de 1975 pelo que há sucessivas gerações que não conheceram a ditadura e não fazem nem ideia do que é viverem provados da Liberdade.
Mas é um bem que tem de ser defendido todos os dias!
Recordo-me, porque já tenho idade para isso, dos tempos a seguir ao 25 de Abril em que Portugal que acabava de se livrar de uma ditadura de direita correu sérios riscos de mergulhar numa ditadura de esquerda ao sabor do assalto ao poder do PCP e das forças da extrema esquerda, então com alguma implantação popular, que tomaram conta de parte do aparelho de Estado, de grande parte da comunicação social e conduziram o país para uma quase guerra civil.
Valeu o 25 de Novembro, valeu a luta de muitos milhares de portugueses que não tinham medo, valeram as lideranças de homens que acreditavam na democracia como Mário Soares e Francisco Sá Carneiro que à frente de dois grandes partidos democráticos foram uma barreira inultrapassável para os totalitários de esquerda.
Foram tempos difíceis.
Tempos em que os comícios e sessões de esclarecimento do PPD e do CDS, e nalguns locais também do PS, enfrentaram ameaças de boicote, viram os seus militantes serem agredidos por gente da esquerda não democrática e forçaram os seus dirigentes e militantes a organizarem a segurança dos seus próprios comícios numa acção de legítima defesa adequada aos tempos que então se viviam.
Isso acontecia essencialmente no sul do país, onde PCP e extrema esquerda (UDP, PSR, FEC-ML, MRPP, OCMLP, etc) tinham maior implantação, mas também a norte se registaram graves incidentes em comícios dos partidos democráticos tendo em Guimarães ocorrido um dos mais graves de todos com o famoso cerco ao comício do CDS no Teatro Jordão que só por muito pouco não acabou num banho de sangue.
Mas também num comício do PPD, em Janeiro de 1975, houve incidentes graves que só não foram piores porque a segurança do partido foi extremamente eficaz na contenção e expulsão do mesmo Teatro Jordão da turba esquerdista que o tentara invadir.
Foi uma luta difícil, um processo revolucionário que acabou num Estado de Direito (mas podia ter acabado numa ditadura marxista) e a implantação da democracia plena começou em 25 de Novembro de 1975 mas só terminaria vários anos depois numa revisão constitucional em que entre outras reformas se acabou, finalmente, com o Conselho da Revolução e a tutela que este exercia sobre o sistema político.
Mas a construção da Democracia e a preservação da Liberdade não são nunca processos acabados.
A Democracia pode ser sempre aperfeiçoada fomentando a participação no processo democrático de cada vez mais cidadãos e forças políticas e a Liberdade deve ser sempre defendida contra todas as ameaças ainda que elas, por vezes, venham de onde menos se espera.
Em Portugal há hoje um clube relativamente restrito, e que envida todos os esforços para que assim continue a ser, de partidos que por vezes parecem achar serem donos da democracia e os únicos a terem direito a em nome dela elegerem representantes para qualquer tipo de orgão nacional ou internacional.
PS, PSD, CDS, PCP, BE são esse quinteto que diferindo em muita coisa , e algumas delas particularmente distintas, há contudo uma em que estão de acordo absoluto e na qual a cumplicidade é total.
Não querem mais partidos a elegerem deputados para o Parlamento, nem para o Parlamento Europeu nem para as autarquias.
E não querem por razões de conveniência política fáceis de entender,mas impossíveis de aceitar em termos democráticos, mas também por por razões de ordem económica dado que a eleição de parlamentares por outros partidos os obriga a dividirem com eles as subvenções estatais.
E por isso fazendo da comunicação social uma coutada sua, com a dócil aquiescência da própria Comunicação Social diga-se de passagem, bloqueiam a participação dos partidos que não tem representação parlamentar em Bruxelas nos debates sobre as eleições para o Parlamento Europeu tentando com isso impedi-los de fazerem chegar as suas mensagens a um grande número de eleitores.
É de uma pobreza democrática confrangedora.
Especialmente quando vem de partidos que fizeram da luta pela Liberdade uma das formas da sua implantação e afirmação no nosso panorama político.
As atitudes ficam com quem as toma.
Na Aliança, pese embora todos os bloqueios e boicotes vindos dos “velhos” “donos disto tudo”, continuaremos a lutar pela Liberdade, pela Democracia e pelo direito de os portugueses terem uma Liberdade de escolha informada na hora de votarem.
A Liberdade está no nosso ADN e não  apenas nas nossas conveniências como parece ser o actual paradigma de outras forças políticas que outrora valorizavam a verdadeira Liberdade.
Aquela que é para todos por igual!

3 comentários:

  1. Para sermos o que somos hoje contribuíram muitas pessoas, é certo, mas umas mais do que outras. Destaco uma em especial: o Coronel Jaime Neves.

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  2. Caro LCB:
    Digamos que Salgueiro Maia foram os heróis da Liberdade e da Democracia

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