Páginas

segunda-feira, julho 31, 2017

Anuários

Sou um regular comprador dos anuários desportivos editados pelos jornais portugueses da especialidade.
Cadernos de "A Bola" e guias de "O Jogo" e "Record que leio atentamente quando saem e depois são fonte de consulta ao longo da época pese embora  o serem publicados pouco antes do início da Liga faça com que a 1 de Setembro (fecho do mercado) já estejam razoavelmente desactualizados face às movimentações de jogadores ao longo do mês de Agosto.
Mesmo assim são interessantes e pese embora versarem o mesmo tema (as ligas profissionais de futebol) tenho por hábito comprar os três porque há sempre abordagens diferente a várias matérias que acabam por os tornar complementares.
Naturalmente que sempre os comprei pelo conteúdo e não pela capa porque o que me interessa é mesmo o que lá está inserto e não aquilo que dá em primeiro lugar nas vistas.
Mas este ano mudei o critério.
Que admito que no futuro, azar o meu, me impeça de comprar qualquer um deles.
Mas tantas vezes o "cântaro vai à fonte que acaba por quebrar" que este ano "quebrou" mesmo e resolvi não mais pactuar com a enorme falta de respeito que os jornais desportivos tem para com todos os clubes que não os filhos do "sistema".
Mesmo que seja nas capas dos seus anuários desportivos.
Como em anos anteriores comprei o guia de "O Jogo".
Cuja capa está centrada no "treinador português" e apresenta fotografias dos dezoito treinadores que vão iniciar o campeonato da primeira liga ao serviços dos 18 clubes participantes.
É um critério que trata todos por igual e por isso o comprei.
E também comprei o guia de o "Record".
Que na capa tem um futebolista equipado com as cores da selecção e por baixo do titulo os emblemas dos 18 clubes participantes no campeonato.
Um tratamento por igual que não colidiu com o meu critério.
Mas claro que não comprei os "Cadernos de A Bola".
Nunca o poderia fazer olhando para uma capa que representa tudo que mais detesto na comunicação social em termos desportivos.
A parcialidade, o favoritismo, a falta de isenção e de ética jornalística.
A política de "filhos e enteados" que há muitos anos a esta parte, e não só por causa dos jornais e jornalistas, desgraça a verdade desportiva das nossas competições.
Eu sei que no passado quer O Jogo quer Record já publicaram anuários com capas idênticas em que só apareciam os três clubes do "sistema".
Mas quanto a isso nada a fazer porque o que está para trás não tem remédio.
Mas doravante, tal como não compro as edições em papel de Bola e Record e raramente as de O Jogo, também não voltarei a comprar anuários em que na capa exista uma discriminação clara entre uns e outros.
Já basta o que basta.
Depois Falamos

P.S: Comprarei sempre, isso sim, o guia do jornal "Marca". Anos após ano mais de 400 páginas de grande qualidade sobre o futebol espanhol, europeu e mundial. Aí sim é dinheiro bem gasto pela certa.

Riscos

O meu artigo desta semana no zerozero.

Quem tem a paciência de me ler para concordar ou discordar, e não apenas para um “bota abaixo” que apenas o “conforto” do anonimato estimula, já de há muito terá percebido que não gosto de muitos dos rumos que o futebol actual tem seguido e que do meu ponto de vista  o levarão, mais dia menos dia, a uma crise de consequências imprevisíveis mas certamente muito nefastas.
Na semana passada tive a oportunidade de me referir às loucuras que alguns clubes, apoiados no dinheiro estranho que invadiu o futebol actual , fazem em termos de contratações de jogadores por valores absolutamente absurdos.
E que nos próximos dias, a confirmar-se a ida de Neymar para o PSG, atingirão um novo máximo.
Noutra crónica anterior referi-me ao perigo das apostas que invadiram o futebol de forma abissal e se tornaram porventura no perigo maior para a verdade desportiva das competições e para a manutenção do futebol como um desporto credível sem que até agora quer as entidades que superintendem à modalidade quer os próprios Estados tenham encontrado a resposta adequada.
Existe hoje, é inegável, uma tendência que nada tem a ver com o futebol como modalidade para o transformar num negócio em que giram milhões de um lado para o outro e em que aquilo que é a sua essência, a paixão dos adeptos e a identidade dos clubes, está reduzido a um papel cada vez mais secundário por força do dinheiro em circulação.
E por isso, aqui e ali, se vão vendo tentativas cada vez mais insistentes de adaptarem o futebol aos interesses económicos, especialmente televisivos, tentando introduzir-se nas suas regras e regulamentos novas disposições que facilitem o negócio das televisões.
Como por exemplo dois intervalos em vez de um e descontos de tempo (como no andebol ou basquetebol) que permitiram às televisões inserirem mais espaços publicitários e por consequência facturarem mais dinheiro aos seus anunciantes.
Entre outras menos evidentes.
Vale que o “International Board” é suficientemente conservador para ir travando essas mudanças que tão mal fariam (farão?) à modalidade e lhe retirariam uma das razões do seu sucesso que é em mais de 100 anos as suas principais regras se terem mantido sem alterações de fundo mantendo a simplicidade e a facilidade de serem compreendidas que os seus autores lhes quiseram incutir desde o início.
Mas há outros riscos latentes.
Um deles, que em Portugal fruto dos tolerantes regulamentos que temos é cada vez mais evidente, passa por uma cada vez maior descaracterização dos clubes em termos de uma identidade “local” dos seus planteis face à autêntica invasão de jogadores vindos dos quatro cantos do planeta que chegam todos os dias (passe ao exagero) aos clubes profissionais portugueses.
Ao contrário do que acontece,por exemplo, em Inglaterra em que para se ter uma licença de trabalho é preciso ostentar determinados requisitos profissionais em Portugal qualquer jogador vindo de qualquer lado pode ser imediatamente inscrito e começar a jogar.
E isso leva a que no plantel de clubes da primeira liga, como por exemplo o “meu” Vitória, coexistam um elevado número de atletas de diferentes nacionalidades com todos os problemas de harmonização linguística, cultural, alimentar, “escola” de jogo e por aí fora o que em nada facilita a vida aos treinadores na hora de construirem uma equipa.
Pensou-se, e essa foi uma das razões fundamentais da sua criação, que as equipas B seriam um travão a isso porque constituiriam um espaço de finalização da formação dos jovens jogadores formados nos clubes e o seu primeiro espaço de afirmação em termos de alta competição profissional.
Infelizmente a experiência diz-nos que não tem sido bem assim.
Por um lado porque há ainda um número significativo de clubes das duas ligas profissionais que não tem equipa B e preferem, ao invés de criarem esse espaço essencial aos jovens da respectiva formação, continuar a apostar na importação de jogadores de todo o lado.
Por outro porque nos clubes que tem equipas B a competirem na II Liga (Vitória-Sporting-Benfica-Braga-Porto) depois de uma fase inicial em que de facto essas equipas foram um espaço de afirmação quase exclusivo dos jovens talentos portugueses formados nesses clubes a partir de certa altura tornaram-se espaço privilegiado para a importação de jovens jogadores estrangeiros deixando cada vez menos espaço aos portugueses.
É verdade que isso não impediu que alguns jovens de grande qualidade tenham aparecido (Miguel Silva-Gelson Martins-Renato Sanches-Bruno Xadas-André Silva entre outros)mas a manter-se a actual tendência serão cada vez menos os jovens talentos portugueses que terão oportunidade de se revelarem porque uma vez terminada a formação verão o seu espaço ocupado por esses jovens estrangeiros que,regra geral, em nada lhes são superiores.
É o dinheiro, sempre o dinheiro (e quase sempre apenas a perspectiva dele…) que comandam estas opções dos clubes que “sonham” encontrarem em cada jovem importação uma mina de ouro e correm atrás dessa ilusão ao invés de percorrem o caminho certo que é apostarem naqueles jovens que formaram, que conhecem e que são apostas muito mais seguras embora requeiram mais paciência e mais trabalho.
E se há riscos que os clubes não conseguem combater sozinhos, como o dinheiro estranho que inunda o futebol actual ou as apostas que colocam em sério risco a sua verdade desportiva, há outros que compete apenas e só aos clubes combaterem desde que se convençam dos malefícios do imediatismo e deixem de lado o dinheiro fácil que parece jorrar no actual contexto.
Basta fazerem uma análise correcta do que é a realidade do futebol, terem uma visão estruturada do médio prazo e fazerem as opções estratégicas em função de tudo isso.
Na certeza de que o tempo de tomar decisões certas não espera!

domingo, julho 30, 2017

Neymar

Neymar é um extraordinário futebolista, todos o sabemos, e provavelmente aquele que em termos de classe pura aparece logo a seguir aos ainda inatingiveis Ronaldo e Messi que para já continuam solitários no patamar mais elevado.
Ao serviço do Barcelona e do Brasil, mais do clube que da selecção em boa verdade, tem rubricado grandes exibições, marcado extraordinários golos e deslumbrado quem acorre aos estádios para ver jogar aqueles que o futebol tem de melhor.
Mas não vale 220 milhões de euros!
Nem ele nem futebolista nenhum do mundo, mesmo os "tais" dois, e o facto de o negócio por esse valor absurdo estar prestas a consumar-se apenas confirma a desregulação actual do futebol e a sua permeabilidade a loucuras com origem em país de estranho dinheiro.
Devo dizer que se fosse dirigente do Barcelona, e concordando com a posição do seu presidente que afirma que o clube catalão não baixará um cêntimo à clausula de rescisão, rezaria a todos os anjinhos para que o negócio se realizasse e o mais depressa possível.
Porque perdendo um jogador de categoria mundial a verba que o clube vai receber dá para ir ao mercado e contratar dois ou três jogadores de altíssimo nível que não só suprirão a partida do brasileiro como tornarão o plantel ainda mais forte.
Se pensamos que de nomes como Griezman, Hazard, Dybala, Mbappé ou Coutinho, entre outros desse patamar, o Barcelona poderá contratar dois ou três de uma assentada percebe-se bem que a direcção do clube e os próprios adeptos (o que é significativo) estejam pouco ou nada preocupados com a saída de Neymar.
Fica apenas o problema deste estranho dinheiro que anda pelo futebol mas esse não é problema que os clubes possam resolver face à realidade das coisas.
É um problema da UEFA, da FIFA e dos próprios Estados.
E convém que o resolvam.
Porque o excesso de dinheiro também pode matar o futebol.
Depois Falamos

sexta-feira, julho 28, 2017

A Melhor Opção

Aceitei o convite do meu partido para em sua representação integrar a lista da coligação "Juntos por Guimarães" candidata à Assembleia Municipal.
Será a sétima vez que me candidato (1985-1989-1993-1997-2009-2013 e agora) e nas cinco anteriores fui eleito tal como espero voltar a ser nas de 1 de Outubro próximo se for essa a vontade dos eleitores vimaranenses.
Faço-o por três razões:
Em primeiro lugar porque como vimaranense sempre tive imenso gosto em estar presente nos orgãos autárquicos da minha Terra e neles (curiosamente sempre na Assembleia Municipal) dar o meu modesto contributo a Guimarães.
Em segundo lugar porque acredito profundamente no projecto da coligação.
Nas suas ideias, nas suas propostas, na visão que tem do futuro de Guimarães.
Projectos e ideias laboriosamente trabalhados, estudados em todas as suas componentes e alternativas, assentes em muitas centenas de visitas e conversas com as instituições e pessoas da nossa Terra ao longo desta última meia dúzia de anos.
Nada resulta do improviso, não há propostas elaboradas em cima do joelho nem ideias atiradas ao acaso a ver se pegam.
O programa de governo de Guimarães a apresentar pela coligação , dando sequência às várias propostas já apresentadas para a cidade, para o concelho, para a criação de emprego entre outras , resulta de muito trabalho, muito estudo, muito conhecimento da realidade.
Em terceiro lugar pelo André Coelho Lima.
Que conheci ainda menino, mas já cheio de ideias e ambições para a sua Terra(nesse tempo mais centradas no "nosso" Vitória de que não precisa de usar cachecol para ser identificado como um adepto de toda a vida), e cujo crescimento político, pessoal e profissional tenho acompanhado ao longo dos anos.
Vi-o com a Susana construir uma família exemplar, com quatro filhos educados de forma esmerada (vimaranenses e vitorianos é claro) , e vi-os a ambos trabalharem duramente nas suas profissões para que nada lhes falte num caminho que ainda será longo debaixo da "asa" protectora dos pais.
Vi-o construir uma carreira profissional de sucesso, erguendo laboriosamente com alguns associados e amigos um escritório de advogados prestigiado que subsiste do seu trabalho e da competência dos seus colaboradores sem necessitar de qualquer tipo de avenças, ajustes directos e outras sinecuras oriundas do poder político.
Vejo hoje um homem preparado.
Que estudou Guimarães, que teve a humildade de quando não sabia perguntar, que calcorreou milhares de vezes o seu concelho para conhecer as pessoas, as instituições, os problemas e poder para elas apresentar as melhores soluções.
Cabe aqui um aparte pessoal para dizer que nalgumas dessas visitas o acompanhei nalguns percursos e constatei, com silenciosa satisfação que nunca lhe transmiti, que ele conhece as avenidas, as ruas, as vielas, os atalhos, as estradas nacionais e municipais, os caminhos , em suma conhece profundamente o concelho de Guimarães.
Mas vejo também um cidadão exemplar.
Que sempre tratou todos por igual com uma amabilidade,uma correcção e uma educação que o tornam naturalmente simpático para quem o conhece e caracterizam a sua elevada estatura moral e de cidadania.
É um homem de Guimarães.
Com um enorme orgulho em o ser, com uma ligação profunda a várias instituições do nosso concelho entre as quais se destaca naturalmente o Vitória de que é adepto desde sempre e de que foi dirigente em mais que uma ocasião, mas também a várias outras que resultam do seu empenho em servir a sua Terra das mais diferentes formas.
E por tudo isto, e seguramente muito mais, André Coelho Lima deve ser o próximo presidente de Câmara de Guimarães.
Porque este é o seu tempo.
O tempo de quem se preparou durante vários anos para isso e está hoje plenamente capaz de assumir esse enorme desafio.
O tempo de quem construiu um percurso de vida profissional, pessoal,associativo e político absolutamente exemplar e que são o melhor garante do cidadão que está por trás do político e candidato.
O tempo de quem merece o voto por ter os melhores projectos e as melhores ideias para Guimarães , por ser o candidato melhor preparado e o que assegura à sua Terra uma visão de futuro que mais nenhum tem , e por nada mais do que isso.
Este é o tempo de André Coelho Lima.
E por isso,também por isso, aceitei voltar a candidatar-me à Assembleia Municipal e  continuar a ser um "soldado" mais neste combate que ele e a coligação travam por Guimarães desde há muito tempo e que espero plenamente reconhecido e votado pela maioria dos vimaranenses em um de Outubro.
Depois Falamos

Cães na Praia

Em primeiro lugar devo dizer que gosto de cães.
E que tenho pena de nunca ter vivido numa casa com jardim próprio que me permitisse ter um cão, que seria certamente um pastor alemão ou um labrador, com as condições de conforto e espaço que um animal necessita.
Mas o gostar de cães não significa que goste de os ver em todo o lado e menos ainda aturar os cães dos outros em espaços onde eles legalmente não podem estar.
Como é o caso das praias.
Que sendo concessionadas, com vigilantes e tendo à entrada o aviso bem claro de proibidas a cães são ainda assim frequentadas por cães com donos que se julgam acima da lei e ,pior que isso, acham que todos os frequentadores da praia tem de aturar os cães deles.
A ladrarem, a correrem, a fazerem as suas necessidades, a meterem o focinho onde lhes apetece.
Em suma a incomodarem.
Boa parte deles sem sequer estarem presos por uma trela e alguns, ao contrário do que a lei ordena face às raças consideradas perigosas, sem usarem o açaime.
Uma bandalheira.
E embora a lei preveja coimas bem pesadas, que podem ir até aos 2.500 euros se não estou em erro, a verdade é que ninguém fiscaliza, ninguém impõe autoridade, ninguém quer saber do assunto para coisa rigorosamente nenhuma.
Até ao dia em que aconteça uma desgraça.
O que em praias bastante frequentadas e com muitas crianças a correrem de um lado para o outro,às vezes bem longe da vigilância dos pais, até nem é, infelizmente , muito difícil de acontecer .
E claro, bem à portuguesa, depois da casa roubada tratar-se-à de pôr trancas à porta.
O que seria desnecessário se os possuidores de cães tivessem todos a educação e o civismo necessários ao simples cumprimento das leis.
Depois Falamos

quinta-feira, julho 27, 2017

Muito Trabalho

Vencer o Sporting por claro 3-0, mesmo num amistoso de preparação, é um resultado que moraliza a equipa a poucos dias de um jogo " a sério" em que o Vitória vai disputar o seu primeiro troféu oficial da época.
E tal como na derrota perante o Porto , em que considerei que pior que o resultado fora a exibição, não é por uma vitória clara que considero que tudo passou a estar bem e que a equipa já está preparada para entrar a competir com todas as armas necessárias.
Quero com isto dizer que não houve evolução nos três dias que mediaram entre os dois jogos?
Algumas correcções sem duvida, nomeadamente nos processos defensivos e na capacidade de ter bola, mas é evidente que em tão curto espaço de tempo (e utilizando tantos jogadores) não é possível falar-se numa equipa mais afinada.
Pelo que me parece mais adequado referir algumas exibições individuais.
Desde logo Miguel Silva.
Mais uma grande exibição negando vários golos ao Sporting e reforçando a sua cotação que já é bem alta. Uma época em cheio no Vitória e na Liga Europa podem abrir-lhe portas internacionais dispensando o clube da maçada de negociar com quem não nos respeita a nível nacional.
Mas também Estupinam, Vigário (alvo de algumas criticas bem injustas depois do jogo com o FCP), João Aurélio, Hélder Ferreira, Raphinha e Hurtado mostraram estar em momento apreciável de forma e serem,uns mais que outros é certo,candidatos à titularidade em Aveiro.
Marcos Valente estreou-se e não comprometeu enquanto Moreno fez o terceiro jogo consecutivo como titular (e jogando os 90 minutos) e assinou exibição tranquila valendo-se da sua experiência para dobrar os colegas.
Do outro lado da barricada, digamos assim, estiveram Rafael Miranda e Zungu que tardam em acertar o passo e Sturgeon que passou ao lado de mais uma oportunidade o que em bom rigor não tem sido novidade.
Rafael Martins,esse, está a "pedir" minutos porque precisa de jogar para chegar ao seu melhor de que ,aliás, o Vitória bem precisa.
Em suma um triunfo moralizador,algumas indicações muito positivas mas a certeza de que o plantel continua a precisar de três ou quatro verdadeiros reforços para poder enfrentar de "peito feito" as cinco competições que tem pela frente.
Depois Falamos

terça-feira, julho 25, 2017

Começar Bem

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Costuma-se dizer que não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão pelo que o primeiro acto público da candidatura da coligação “Juntos por Guimarães” e de André Coelho Lima não podia correr o risco de não ser um sucesso.
Primeiro acto público, entenda-se, enquanto formalização perante Guimarães da candidatura porque como é sabido ao longo destes quatro anos a coligação e o candidato estiveram permanentemente presentes quer nos grande eventos na cidade e vilas que nas mais singelas cerimónias nas mais remotas freguesias do concelho.
E também isso, esse trabalho de proximidade como Guimarães nunca tinha visto a partidos de oposição, exigia que o pontapé de saída para aquilo a que chamo um sprint de setenta dias fosse um sucesso.
E foi.
Em todos os aspectos.
Desde logo ao escolher-se o belíssimo largo fronteiro à Câmara para o evento transmitiu-se a mensagem clara de que se escolhera como ponto de partida aquele que se quer que seja o ponto de chegada, a 1 de Outubro, só que aí transpondo os umbrais do edifício e anunciando o início de um novo ciclo político para Guimarães.
Depois na decoração da praça e do próprio palco privilegiando a mensagem política e a proximidade entre candidato e apoiantes naquilo que se deseja continue a ser uma cada vez maior comunhão de esforços no seio da candidatura.
Naturalmente que não posso, nem devo falar pelos outros partidos que integram a coligação mas no que toca ao PSD, que é o meu partido, foi gratificante ver o apoio incondicional que é dado a André Coelho Lima desde logo pelos militantes mas também por algumas das maiores referências do partido em Guimarães como é o caso, por exemplo, de Fernando Alberto Ribeiro da Silva e António Xavier que fizeram questão de estarem presentes.
Mas para além dessas duas referências maiores, digamos assim, também lá estavam muitos outros dirigentes que ao longo dos anos estiveram na primeira linha do combate político em Guimarães e que quiseram mostrar público apoio à candidatura e ao candidato.
E depois importa salientar um momento particularmente marcante e que de alguma forma comoveu todos os presentes e que foi a subida ao palco da professora primária de André Coelho Lima  que apesar dos seus respeitáveis noventa e nove anos de idade não quis deixar de mostrar apoio ao seu antigo aluno.
Um momento raro e que marcou toda a cerimónia.
Não deixa de ser curioso, e digo-o num pequeno aparte, que a abrangência geracional da candidatura foi de tal ordem que entre o apoiante mais “experiente “ a subir ao palco (a  referida professora) e o mais  jovem  (a filha mais nova do candidato que na fase de encerramento agitava entusiasticamente uma bandeira) mediava o respeitável espaço de noventa e sete anos o que se não é recorde em cerimónias deste género deve andar lá perto!
Obviamente que num evento dedicado à apresentação formal do candidato se entende perfeitamente que não só tenha sido o único orador como também tenha “dispensado” a presença de dirigentes nacionais dos partidos que integram a coligação porque ali, naquele dia e naquela hora, o palco tinha de ser dele.
E foi.
Num das melhores intervenções  que já lhe ouvi o candidato André Coelho Lima conseguiu algo que nem sempre é fácil e que foi a conciliação adequada entre conteúdo, forma e duração do discurso mantendo a assistência atenta e permanentemente entusiasmada.
Porque foi essencialmente um discurso virado para o futuro.
Apresentando as ideias e os projectos, revelando a visão que tem para um todo chamado Guimarães do qual fazem parte cidade, vilas e todas as freguesias, mostrando à evidência as razões de uma candidatura e o futuro que deseja para o concelho.
Evitando criticas ao adversário, ataques e remoques a quem está no poder, limitando-se nessa matéria a algumas comparações com concelhos vizinhos que por si só são elucidativas das razões porque a coligação “Juntos por Guimarães” acha que pode fazer mais e melhor.
Como se diz na gíria “foi uma festa bonita pá”.
Que terminou com a subida ao palco dos cabeças de lista às juntas de freguesia e dos responsáveis máximos de cada partido a nível local naquilo que foi um claro sinal de união de esforços face a um objectivo comum.
Foi uma excelente partida para o sprint de setenta dias até à data das eleições.
Setenta dias que vão dar sequência ao imenso trabalho feito durante quatro anos e que visam convencer os vimaranenses que vale a pena, após vinte e oito anos depois de poder absoluto do PS, dar uma oportunidade à coligação “Juntos por Guimarães” para fazer diferente, fazer melhor e dar início a um novo ciclo político só possível de ser protagonizado por quem representa uma nova forma de fazer política e traz para a comunidade ideias e projectos que já não estão ao alcance de um poder velho e gasto.
Durante estes setenta dias acredito que a coligação levará a sua mensagem, as suas ideias e os seus protagonistas a todos os pontos do concelho .
A 1 de Outubro os eleitores vimaranenses decidirão.

Normal

Pese embora não fosse de esperar uma superioridade tão esmagadora do Porto aquilo que vimos no passado domingo tem de se considerar como normal face ao que se tem visto (e adivinhado)nesta pré temporada.
De um lado um Vitória com um plantel ainda atrasado na sua definição, com lacunas mais que evidentes em alguns sectores e mesmo sabendo que tem cinco competições para disputar (a primeira das quais daqui a onze dias) continua a adiar contratações à espera desconfia-se de quê.
Por outro lado a equipa vinha de jogos de preparação em que o adversário mais "exigente" terá sido o recém promovido Portimonense já que o outro primodivisionário defrontado-Feirense-também ele está com o seu plantel atrasado à espera do que sobrar noutros clubes.
É verdade que pelo caminho apareceu uma goleada ao Belenenses mas essa foi infligida pela equipa B e houve dois outros jogos que me recuso a considerar como preparação para o que quer que seja.
Não era este o panorama que se desejava mas em bom rigor era o que se previa face ao que tem sido os anos anteriores e a uma prática negocial com os chamados "grandes" que do meu ponto de vista leva a que pré temporadas destas se repitam ano após ano.
Do outro lado estava uma equipa "enganadora".
Porque fala-se muito sobre a ausência de contratações do Porto (apenas o guarda redes Vaná), por contraponto com a enxurrada de entradas em Benfica e Sporting, mas essa é uma falsidade que muito deve divertir os responsáveis portistas. 
Porque reforços não são apenas contratações. Também podem ser o regresso de jogadores emprestados.
E se é verdade que o Porto perdeu André Silva e Ruben Neves (e poderá perder Danilo) é igualmente verdade que recuperou Hernâni, Ricardo,Aboubakar, Marega, Reyes e Martins Indi que regressam depois de rodarem noutros emblemas e naturalmente mais preparados para jogarem no clube.
Pelo que o Vitória defrontou uma equipa mais forte do que às vezes se diz por aí.
E isso foi patente nuns primeiros 45 minutos de superioridade esmagadora do Porto e depois num segundo tempo em que com muitas substituições de parte a parte, e a expulsão de André ,os portistas se limitaram a controlar o jogo sem problemas de maior com excepção do lance de Texeira em que existem muitas duvidas se foi ou não golo.
Sobre exibições individuais não valerá a pena tecer grandes considerações.
Apenas o reparo de num jogo em que eram permitidas dez(!!!) substituições para cada equipa o Porto as ter feito todas e o Vitória apenas oito mantendo em campo durante os 90 minutos o guarda redes Douglas e os centrais Josué e Moreno.
A partir daí cada um que tire as suas ilacções...
As minhas, que podem estar erradas como é óbvio, é que já estão escolhidos os três primeiros titulares para Aveiro.
Em suma há muito trabalho para fazer na constituição do plantel e na definição de um "onze" inicial e cada vez menos tempo para fazer isso bem feito porque estamos a onze dias da supertaça (que não dá segundas oportunidades para ser ganha) e a dezasseis de um início de campeonato em que se espera e deseja que o Vitória entre com o pé direito.
Depois Falamos

segunda-feira, julho 24, 2017

Loucuras...

O meu artigo desta semana no zerozero.

José Mourinho, ironicamente um daqueles que maior contributo tem dado para isso, dizia recentemente que face aos valores envolvidos em transferências de jogadores o futebol parecia ter enlouquecido.
Se as palavras não foram exactamente estas o sentido seguramente que o foi.
E tem razão.
Porque embora de há muito ninguém tenha o “direito” de olhar o futebol apenas como um desporto, pelo menos a nível de competições profissionais, a verdade é que naquilo que concerne às grandes ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha e  Itália ) ou aquelas que não sendo das mais importantes tem em volta delas muito dinheiro (França, Rússia, Turquia) o futebol deixou de ser um desporto com uma componente de negócio para ser cada vez mais um negócio com uma componente desportiva.
O que vamos vendo por aí, nesta pré temporada na qual ainda falta correr muita água debaixo das pontes confirma essa loucura de números que não podem deixar de, apesar de tudo, espantar e preocupar quem quiser ver as realidades sem óculos cor de rosa.
E nem seque falo das duas maiores enormidades que ultimamente vieram a público:
O clube chinês que terá oferecido ao Real Madrid qualquer coisa como trezentos milhões de euros por Ronaldo enquanto ao jogador oferecia cem milhões de euros por cada ano de contrato.
O que mesmo tratando-se de um dos dois melhores do mundo a jogar e ,de longe, o melhor de todos  em termos de receitas publicitárias associadas à sua imagem não deixa de ser um completo absurdo porque não há nenhum atleta em nenhuma modalidade que justifique valores dessas ordem mesmo vindos de um mercado (o chinês) completamente desregulado face à realidade.
E o negócio “Neymar” com o PSG, de França e portanto de um mercado e uma Liga sujeitos a regras de fair play financeiro da Uefa, a propor-se pagar a clausula de rescisão do jogador com o Barcelona no valor de duzentos e vinte milhões de euros e depois pagar-lhe um prémio de assinatura de cem milhões de euros mais trinta milhões por cada um dos cinco anos de contrato.
Embora Neymar seja um grande jogador, logo a seguir aos estratosféricos Ronaldo e Messi, e um certo vencedor de “Bolas de Ouro” mais dia menos dia a verdade é que também ele não vale (repito que ninguém vale) esses valores que raiam o absurdo.
Mas se esses são, pelo absurdo de que se revestem, os exemplos mais evidentes da loucura que grassa no futebol há muitos outros que abrangendo jogadores menos mediáticos e de valor abaixo dos citados nem por isso deixam de também eles atingirem valores incompreensíveis.
E o grande exemplo são os oitenta milhões pagos pelo Chelsea ao Real Madrid por um excelente jogador-Morata- mas que não me parece merecedor de uma quantia dessas pese embora ser um dos melhores pontas de lança europeus da actualidade.
Tal como, e aqui volto a José Mourinho, os mais de cem milhões que o ano passado o Manchester United pagou por Pogba são um exagero absoluto face a um excelente jogador que, contudo, não é mais do que isso.
Mas depois abaixo desses patamares das muitas dezenas de milhões encontram-se, com relativa facilidade, outros negócios de menos milhões mas ainda assim claramente exagerados face ao valor dos jogadores transaccionados.
 E é aí que entra o mercado português.
Que nas transacções internas se fica por valores modestos (já lá iremos) mas que tem conseguido tirar proveito desta febre de loucura que grassa no futebol para os principais clubes portugueses, também eles, venderem por valores (e ainda bem) acima do que seria expectável face ao valor dos jogadores que colocam noutros mercados.
E nesse aspecto o Benfica também tem sido o campeão face à capacidade negocial demonstrada.
Depois de na época passada terem vendido Renato Sanches por um valor em função do que ele prometia mas ainda não valia (e não se sabe se chegará a valer) este ano repetiu a dose a triplicar transferindo Ederson, Lindelof e Nelson Semedo por valores muito lisonjeiros face à real valia dos jogadores como Guardiola e Mourinho já estão a descobrir e Valverde lá chegará mais dia menos dia.
O Sporting na época passada fez um negócio excelente com a venda de João Mário ao Inter, muito à boleia de o jogador ter sido campeão europeu por Portugal, mas depressa os italianos descobriram que tinham pago dinheiro a mais por um bom jogador,é verdade, mas que dificilmente algum dia será mais do que “apenas” um bom jogador.
Este ano para lá de se livrar de alguns erros da época passada os “leões” ainda não venderam nenhum jogador por valores sonantes mas é inevitável que até 31 de Agosto isso aconteça e o maior candidato parece ser William Carvalho outro jogador que seguramente será transferido por valores empolados face à realidade.
O Porto, noutros anos campeão indiscutível do mercado com negócios de muitos milhões, tem andado mais “calmo” nestes dois últimos anos destacando-se apenas a venda de Imbula (um erro de casting que resolveram sem prejuízo) e nesta pré temporada a de André Silva ao Milan por valores que me parecem adequados ao valor actual do jogador.
Provavelmente ainda venderão Danilo e talvez Brahimi e aí se verá se a dimensão dos valores atingidos merece enfileirar na galeria das “loucuras” ou se insere naquilo que se considera razoável.
Resta o mercado interno.
Praticamente sem expressão financeira, face ao reduzidos valores envolvidos, e onde os clubes a que alguns gostam de chamar “grandes” (provavelmente em função dos respectivos passivos) tem a péssima, mas consentida pelos outros, prática de comprarem a preço de saldo jogadores que se fossem adquirir a outros mercados por eles pagariam milhões.
Aproveitando-se despudoradamente de a maioria dos outros clubes viverem em crónica crise financeira e se verem quase obrigados a aceitarem as “esmolas” que lhes oferecem pelos seus melhores jogadores.
Ainda um destes dias a generalidade da imprensa noticiou que o Benfica após encaixar quarenta milhões por Ederson teria oferecido ao Vitória 2,5 milhões por Miguel Silva um jovem e talentoso guarda redes que em valor potencial nada deve ao brasileiro.
E então das duas uma:
Ou a virgula está no sítio errado devendo situar-se à direita do cinco ou o Benfica quer comprar “lagosta” ao preço do camarão da costa provavelmente pensado que ainda vivemos em feudalismo e que o Vitória é um qualquer servo da gleba.
Num tempo em que se fazem loucuras a pagar a mais espero que não se façam agora loucuras a receber a menos especialmente num caso como este em que talento, idade, posto no terreno de jogo e experiência recomendam tudo menos precipitações e vendas apressadas.

Sugestão de Leitura

É um livro acessível a todos, e não apenas aos especialistas na matéria, mas preferencialmente a quem se interesse por temas como castelos e fortalezas medievais e a sua importância na História de Portugal.
Como é o meu caso.
E por isso foi com enorme prazer que li esta obra de Miguel Gomes Martins dedicada a castelos e muralhas, fortalezas e fortificações construídas no nosso país na Idade Média por força da necessidade de nos defendermos do poderoso vizinho presente em todas as nossas fronteiras terrestres.
É um livro que nos dá a conhecer as caracteristicas arquitectonicas desses castelos e fortalezas, os reis e nobres que promoveram a sua edificação, os homens que as comandavam e vigiavam, a forma como eram defendidas e atacadas, alguns dos principais episodios militares que nelas se passaram e constituiram momentos marcantes da nossa História.
Fruto das caracteristicas que tinham, e da relevância que mereciam na defesa de vilas e cidades(e portanto do próprio país), eram alvo primeiro das ofensivas inimigas pelo que o livro constitui também uma análise da guerra de cerco que era a mais comum dessa época.
Em suma um livro muito interessantes em especial, como atrás foi dito, para quem se interessa por esta temática.
Depois Falamos

Mais um Passo

André Coelho Lima apresentou ontem a sua candidatura a presidente da Câmara Municipal de Guimarães.
E fê-lo num sítio que em termos simbólicos não podia ter sido melhor escolhido: No largo em frente à entrada principal da Câmara deixando implícita a mensagem de que já falta muito pouco para a atravessar e se tornar o primeiro presidente não socialista dos último 28 anos.
Foi uma festa bonita.
Com a presença dos responsáveis dos cinco partidos que integram a coligação "Juntos por Guimarães", de figuras históricas de alguns deles, mas essencialmente com uma grande participação popular e um entusiasmo próprio de campanhas com uma dinâmica vencedora proporcionada por gente que está ali em nome de convicções.
André Coelho Lima fez um excelente discurso.
No conteúdo, na forma, no tempo de duração.
Falou dos seus projectos, das suas ideias, da sua equipa, da visão que tem para a cidade,para as vilas, para as freguesias,em suma, para todo o concelho.
Não criticou o adversário, não perdeu tempo a falar do passado que o PS representa nem das suas até agora inexistentes ideias, mas fez aquilo que se espera de quem quer protagonizar o futuro que é precisamente falar do...futuro!
Foi um excelente momento de pré campanha e um mobilizador arranque para o sprint de 70 dias até às eleições autárquicas de 1 de Outubro.
Para o qual a coligação "Juntos por Guimarães"sai, depois da noite de ontem, mais mobilizada, mais confiante, mais crente que os vimaranenses lhe darão a oportunidade de fazer mais e fazer melhor.
Depois Falamos.

Andando e Vendo

Feirense x Vitória
Ainda não vi nenhum jogo do Vitória nesta pré temporada.
Por falta de oportunidade mas também porque são jogos que nunca me despertaram grande atenção dado serem essencialmente dedicados a experiências quer de jogadores quer de sistemas tácticos e por isso pouco tendo a ver com o "produto final".
Mas tenho acompanhado pelos jornais e pelo testemunho de quem a alguns assistiu.
E deixando de lado os dois primeiros jogos (como Santiago de Mascotelos e o Vila Chã), que me recuso a olhar como jogos de preparação seja para o que for, os sinais parecem-me positivos mais pelas indicações que alguns jogadores vem dando do que pelos resultados em si dado que empatar com o Portimonense e ganhar ao Feirense nada tem de especial.
É certo que pelo meio houve uma goleada ao Belenenses mas aí o mérito é da equipa B.
Domingo, frente ao Porto, é o primeiro jogo com grau de dificuldade idêntico ao da final da supertaça a que se seguirá outro com o Sporting que se pode inserir nesse mesmo patamar e que visam colocar à equipa perante adversários bem mais fortes que os até então encontrados.
Parece-me bem.
Em termos de plantel os regressos de Hurtado e Célis dão qualidade, dimensão e opções de escolha ao treinador pelo que se se confirmar o regresso de Marega(???) e a contratação de Abdoulaye , e não sair nenhum dos habituais titulares da época passada, poderemos considerar que o plantel estará em condições de disputar com ambição as cinco competições em que estará envolvido.
Embora mais um extremo não caísse mal...
Mas até 31 de Agosto já todos sabemos que ainda pode acontecer muita coisa.
Por isso...andando e vendo.
Depois Falamos

O Distrito Político

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Embora os distritos sejam uma forma de organização territorial com cada vez menos sentido, face a outras lógicas dominantes, e que mais dia menos dia serão definitivamente extintos (espera-se que quando houver coragem para regionalizar) até lá continuam a existir e na lógica da sua existência assenta também a organização dos partidos políticos.
A dois meses e meio das eleições autárquicas, e com o prazo de entrega de listas a esgotar-se dentro de três semanas, estão mais ou menos definidas as principais candidaturas em cada um dos catorze concelhos havendo sempre a possibilidade de até ao ultimo dia ainda aparecer esta ou aquela candidatura independente ou deste ou daquele pequeno partido.
Numa análise não muito exaustiva (que poderá ficar,quem sabe, para outra oportunidade) há alguns circunstâncias que merecem destaque.
Desde logo a profunda divisão do PS em quase todas as câmaras que lidera  a par de outros problemas que adiante referirei.
Em Amares o actual presidente, eleito pelos socialistas, candidata-se agora pelo PSD fruto das profundas divergências com a secção local socialista que levaram a público “divórcio” vai para dois anos.
Em Barcelos há duas candidaturas do PS.
A do actual presidente e a do se ex vice presidente que entrou em ruptura com ele e protagoniza uma candidatura “independente” que de independente só tem mesmo o nome.
Em Cabeceiras de Basto mantém-se a divisão de 2013 entre os socialistas de Joaquim Barreto que concorrem pelo PS e os socialistas de Jorge Machado que concorrem por um movimento que de independente também só tem o nome.
Nas ultimas autárquicas os socialistas da equipa A venceram os da equipa B por umas centenas de votos aguardando-se com expectativa os resultados deste ano face aos “reforços” inesperados e incompreensíveis recebidos pela equipa B fruto de um trabalho de bastidores desenvolvido por alguns “cavalos de Troia” que tiveram o engenho e a arte de convencerem aqueles que nunca quiseram olhar o assunto com a profundidade necessária.
Assunto a que voltarei um destes dias.
Em Fafe , e para não fugir à regra, também o PS tem duas listas.
A oficial, liderada pelo actual presidente de câmara e que conta com o apoio da direcção nacional, e a afecta à concelhia que concorre como independente (mais uma que de independente só tem o nome) e conta com o apoio,entre outros, do anterior presidente de câmara-José Ribeiro- que é o actual presidente da concelhia.
Se a isto acrescentarmos o facto de o actual presidente levar como numero dois um personagem que já foi candidato em listas do PS e da CDU e que nas ultimas eleições liderou uma lista de independentes , e que é filho de um histórico presidente de câmara socialista, percebe-se bem a “sopa da pedra” que se cozinha em Fafe.
Em Guimarães, caso raro no distrito, o PS só tem uma lista.
Não porque não existam divergências, e ao que consta bem profundas, mas porque a sensação de um poder periclitante foi a “cola” que uniu a família “desavinda” na expectativa que as eleições, de uma forma ou de outra, clarifiquem uma situação que não tem condições para subsistir por muito mais tempo.
Em Terras de Bouro o actual presidente, eleito pelo PS, decidiu não se recandidatar e ao que parece prepara-se para dar público apoio ao candidato apresentado pelo PSD o que num concelho tão pequeno pode ser um claro sinal de viragem na maioria que lidera a câmara.
Finalmente em Vizela também existem duas listas socialistas, fruto das divergências entre o actual presidente-Dinis Costa-que não se recandidata e o seu ex vice presidente que lidera,como não, uma lista de “independentes”.
Se a este panorama pouco agradável se juntar a fragilidade da maior parte das candidaturas socialistas em câmaras lideradas pelo PSD percebe-se que o PS pode (podia?) caminhar para um resultado absolutamente desastroso no distrito de Braga.
Em Braga, Celorico de Basto e Vieira do Minho os actuais presidentes-Ricardo Rio , Joaquim Mota e Silva e António Cardoso- caminham para uma renovação mais ou menos tranquila dos mandatos enquanto em Famalicão o presidente Paulo Cunha caminha para o melhor resultado de sempre no concelho.
Na Póvoa de Lanhoso, onde até na oposição o PS não resiste a ter duas listas (!!!), o PSD muda de candidato por força da lei de limitação de mandatos o que acarretando sempre alguma perturbação acredito estar longe de poder contribuir para a perda das eleições.
Restam Esposende e Vila Verde.
Na primeira o PS não tem qualquer hipótese de vencer, como aliás nunca venceu em 41 anos de poder local democrático, mas aí verifica-se uma das tais circunstâncias a merecerem destaque de que falava no inicio deste texto.
Porque é em catorze o único município onde há uma lista de “independentes” oriundos do PSD.
Que podendo ser, o futuro o dirá, a principal força da oposição não impedirão,contudo, a reeleição de Benjamim Pereira o actual presidente eleito pelo PSD.
Em Vila Verde o PS apresenta ,porventura ,a sua mais forte candidatura de oposição no distrito que contudo não deverá ser suficiente para impedir o PSD de manter a presidência do município conquistada em 1997.
Há pois circunstâncias curiosas em volta das eleições no distrito de Braga.
As divisões no PS no poder, as fragilidades das candidaturas do PS na oposição por contraponto com a unidade do PSD nas câmaras que lidera pese embora a excepção, que confirma a regra, de Esposende.
Talvez a maior das curiosidades em volta destas circunstâncias seja mesmo a forma como nalgumas, não todas que fique claro,  das câmaras em que é oposição o PSD não soube aproveitar as debilidades socialistas e assim corre o risco de passar ao lado de um resultado que podia ser histórico.
Assunto a que voltarei um deste dias.

Polícia de Costumes

Anda por aí uma "policia de costumes".
A fazer lembrar os "Guardas da Revolução" do Aiatolá Khomeini e todos os excessos por eles cometidos na defesa ultra dogmática do que entendiam ser a Fé.
Por cá, felizmente, a violência da "polícia de costumes" exerce-se apenas pelos escritos ou pelas declarações à comunicação social e não atinge os requisitos de violência física que caracterizaram tristemente os seus antecessores iranianos.
Por cá essa "polícia de costumes" anda particularmente atenta a quem ouse ser politicamente incorrecto e tenha o atrevimento de se pronunciar de forma critica sobre essencialmente três assuntos:
Determinadas orientações sexuais, minorias étnicas e algumas religiões minoritárias no nosso país.
Aí os "polícias" e as "polícias" arrepelam os cabelos, rasgam as vestes e arremetem sobre os impíos com uma violência e um sectarismo que deixam transparecer uma quase vontade de restaurarem uma "Santa "Inquisição" para não dizer pior.
Esta semana não lhes faltou "trabalho".
Primeiro com a entrevista de Gentil Martins ao Expresso e depois com as declarações de André Ventura sobre a raça cigana.
Na imprensa, nas redes sociais, onde quer que fosse os "polícias de costumes" até espumavam de pura raiva contra as declarações de um e de outro ignorando (os fundamentalistas e os defensores de totalitarismos esquecem sempre esse "detalhe") que vivemos numa democracia e que as pessoas tem direito à sua opinião.
Posso não estar de acordo com tudo que Gentil Martins disse, e nalguns casos na forma como o disse, mas estou de acordo com muitas outras e acho ,acima de tudo, que ele tem o direito de ter aquelas opiniões e de as exprimir em liberdade.
O "caso" de André Ventura é ligeiramente diferente.
Porque o que ele disse, concordando-se ou discordando-se, não é nenhuma heresia e todos sabemos e conhecemos imensos casos demonstrativos disso.
Mas André Ventura é candidato do PSD a Loures.
E por isso o "spin" do governo e do PS, ajudado pela idiotice útil (ao PS) de alguns membros da oposição, quer fazer do caso um enorme escândalo que desvie as atenções de Pedrogão, de Tancos, do Siresp, dos empregos para a família no governo socialista, da fuga para férias do primeiro-ministro a meio de uma tragédia nacional, dos secretários de estado a contas com a Justiça que se demitiram um ano depois, das criticas da segunda figura do Estado (triste Estado que o tem como segunda figura mas isso é outra conversa) à Justiça entre muitas outras coisas.
E a "polícia de costumes, no seu fervor sectário, desmiolado e próprio de ditaduras onde a liberdade de opinião é palavra vã mais não faz, neste caso, do que prestar um enorme frete ao governo.
É o preço da sua intolerância...
Depois Falamos

segunda-feira, julho 17, 2017

A Praga das Apostas

O meu artigo desta semana no site zerozero.

Não é segredo para ninguém, antes pelo contrário, que o mundo do futebol faz girar nos dias de hoje verbas gigantescas em torno de jogadores, treinadores, competições, infraestruturas e também nas apostas.
Que são já a área do futebol que entre legalidade e clandestinidade movimenta maiores somas.
E é precisamente nessa dicotomia entre o que é legal e o que é clandestino que se encontra a maior ameaça que o futebol hoje defronta enquanto modalidade desportiva que encanta multidões com base nas suas características das quais a incerteza no resultado é uma das principais.
Porque é perfeitamente legal apostar num resultado, no número de golos, em quantas substituições são feitas, em haver ou não grandes penalidades, no número de pontapés de canto, no resultado ao intervalo, no numero de cartões amarelos ou vermelhos, em que equipa e jogador vai recair o pontapé de saída, em quantas vezes as equipas médicas entram em campo, no resultado ao intervalo e em muito mais variáveis de um jogo de futebol.
Mas já faz parte do reino da clandestinidade ,e aí são a tal grave ameaça ao futebol, existirem organizações criminosas que se dedicam a combinar resultados através do suborno aos mais diversos agentes desportivos.
E essa praga criminosa, espalhada por todo o mundo mas com “sedes”principais a Oriente face ao interesse pelas apostas nessas paragens, é responsável por um cada vez maior número de resultados falsificados e de competições desvirtuadas na sua verdade desportiva.
Ao que se sabe, e passe a publicidade ainda este fim de semana a revista do semanário Expresso publicou uma excelente reportagem sobre o assunto, também em Portugal essas organizações criminosas operam numa escala já muito significativa com viciação de resultados em competições de jovens e de escalões inferiores essencialmente mas também com incursões identificadas na II liga e suspeitas (que neste momento não passam disso) de já terem “operado” também a nível de liga principal.
É um assunto que de à anos a esta parte acompanho com muito interesse, analisando especialmente resultados que fogem ao normal, fruto de uma experiência pessoal que passo a contar.
Em 2012, pouco depois de a lista que integrava ter vencido as eleições para os orgãos sociais do Vitória, fui contactado por uma pessoa de Guimarães que conhecia vagamente como um adepto sempre presente e que me pediu se recebia dois amigos para me falarem de um assunto com muito interesse para o clube em termos financeiros.
Embora na direção a minha responsabilidade fosse como vice presidente para a  área desportiva (futebol e modalidades) naqueles tempos de sufoco financeiro herdados do passado todas as ajudas eram bem vindas pelo que não tive qualquer problema em agendar a reunião para dois ou três dias depois (não podia ser antes porque os tais “amigos” vinham do estrangeiro) na expectativa de receber,quem sabe, futuros investidores para a SAD que então ainda estava apenas em projecto.
No dia marcado apareceram-me dois espanhóis na casa dos quarenta e poucos anos, simpáticos e bem falantes como é normal nessa nacionalidade, cuja primeira preocupação ao entrarem no meu gabinete foi o de se certificarem que a porta ficava bem fechada.
Após isso apresentaram-se pelos seus nomes que ainda hoje ,sabendo o que sei, desconfio que eram falsos.
Nem tive tempo de estranhar a preocupação com o fecharem a porta porque ao fim de dois ou três minutos de conversa já tinha percebido que o que os trazia não era nenhuma intenção de ajudarem o Vitória fosse no que fosse mas sim tentarem levar o clube para a órbita desse mundo das apostas viciadas.
Depois de alguns minutos de conversa pseudo justificativa das razões pelas quais o Vitória teria muito a ganhar (!!!) com o aderir aos esquemas que propunham passaram a propostas concretas:
Para inicio de actividade, chamemos-lhe assim, era preciso dar um sinal aos “patrões” (termo deles) do Oriente de que as coisas estavam devidamente tratadas e por isso o Vitória devia agendar para a pré temporada que se avizinhava um jogo de preparação com um clube espanhol de razoável dimensão (não era ,obviamente, Barcelona, Real Madrid, Atlético de Bilbau ou Atlético de Madrid mas era do patamar logo a seguir) cujo resultado devia ser de 4-0 a favor do Vitória!
Perguntei, para perceber melhor como as coisas se desenvolviam embora já razoavelmente enojado com a conversa, como era isso possível ao que me responderam que do lado espanhol o assunto já estava tratado pelo que o “trabalho” do lado português seria meter quatro golos (nem mais nem menos) já que os espanhóis nem à baliza rematariam.
Claro, e aí avançaram na explicitação do esquema, que seria preciso ter o treinador do lado de “cá” ou, se isso fosse de todo impossível, identificar três ou quatro jogadores que se prestassem ao esquema e que no futuro garantissem, sempre que fosse preciso, a “colaboração” necessária à obtenção dos resultados combinados.
Naturalmente que os “patrões” se encarregariam de recompensarem o treinador e / ou os jogadores em função dos serviços prestados.
E mais: se o “acordo” corresse bem podia ser estendido à equipa B e aos juniores escalões onde as coisas eram mais “fáceis” segundo a sua experimentada opinião porque dava menos nas vistas e saía mais barato recompensar os “aderentes”.
Obviamente que a minha colaboração, se tudo corresse como esperado, seria “agradecida” por verbas que anualmente podiam ultrapassar a centena de milhar de euros segundo o que me disseram  com um ar de satisfação que não partilhei.
A titulo de “rebuçado” até adiantaram que esse jogo inicial, com os espanhóis, podia valer-me logo uma “lembrança” de dez ou quinze mil euros já não me recordo do valor exacto.
A conversa durou os vinte minutos a que a boa educação obriga.
Após o que os conduzi à porta esclarecendo-os que o Vitória nunca participaria em esquemas desses e que se os voltasse a ver pelas redondezas das instalações do clube o assunto passaria para o domínio da polícia.
Foi a última vez que os vi.
E acredito que talvez tenham ido bater a outras portas uma vez sabedores que dali não levavam nada.
Mas “eles” ,e outros como eles, andam por aí.
A aliciarem, a subornarem, a adulterarem resultados de competições desportivas em prol dos chorudos proventos que essa actividade permite e que tornam o futebol um alvo apetecível dessas organizações criminosas.
E o futebol tem de  saber defender-se deles.
Porque é a sua sobrevivência enquanto modalidade desportiva que está em causa.

sexta-feira, julho 14, 2017

Primeira Análise

Quando ainda faltam 45 dias para o fecho do mercado de transferências, com tudo que ainda pode acontecer nesse mês e meio, qualquer análise ao plantel do Vitória terá de ser condicionada não só a esse factor como também à presunção (altamente falível) de que só se registarão entradas e dos que cá estão não sairá ninguém.
Com base nos que estão, neste momento, que se pode então dizer?
De guarda redes estamos muito bem com Miguel Silva, Douglas e Miguel Oliveira. Nesse sector podemos estar tranquilos embora Miguel Silva possa naturalmente ser cobiçado na Luz e no Dragão.
De laterais creio que também não há que temer.
João Aurélio e Sacko na direita e Konan e Vigário (que pode ser mais que lateral) dão garantias suficientes.
No centro da defesa é preciso mais qualquer coisa.
Josué e Pedro Henrique foram das melhores duplas da ultima liga e dão todas as garantias.
Depois há Moreno, que é cada vez mais um adjunto em campo, e Marcos Valente oriundo da equipa B. Onde ainda há um jogador que me agrada bastante, Dénis Duarte, que joga e marca. Mesmo assim é preciso um central experiente e que assegure melhor rendimento do que Prince assegurou na última época.
No meio campo há muitos jogadores mas nem tantos que deem todas as garantias.
Da época passada transitam Zungu, Rafael Miranda , Toze e Mbemba, da equipa B sobem(?) Kiko, Joseph, Haashim,, do Feirense chega Rúben Oliveira e do Porto B Francisco Ramos.
Para este sector parece-me que faz falta um trinco "todo terreno" e um verdadeiro número 10 para comandar o futebol ofensivo.
No ataque há duas realidades.
De pontas de lança parece-me que estamos bem com Texeira e Rafael Martins, Estupinán desperta expectativas e Areias regressado do empréstimo ao Porto B pode ver chegada a sua hora.
Nos extremos é que estamos pior "perdidos" (?) Marega e Hernâni.
Sobra Raphinha que é um valor seguro, Sturgeon que tem de mostrar muito mais do que na temporada passada e sobem da B os jovens internacionais Alexandre Silva e Hélder Ferreira.
É inevitável pensar que é preciso,pelo menos, mais um extremo experiente porque do colombiano Rincón há muito pouca informação.
Em suma e se for possível não sair ninguém , excepto alguns dos jovens que podem voltar à B ou ser emprestados, creio que o plantel precisa essencialmente de quatro jogadores feitos.
Um central, um trinco, um "10" e um extremo.
E como a época é longa ,e há cinco competições para disputar, mais um lateral polivalente e um ponta de lança de características diferentes dos que temos (um "pinheiro") não seriam mal vindos não senhor.
Mas até 31 de Agosto ainda vai correr muita água debaixo das pontes...
Depois Falamos

Sugestão de Leitura

Um livro que é uma colectânea das crónicas publicadas por Alberto Gonçalves no Diário de Notícias na Sábado (orgãos de comunicação de onde foi saneado por incomodar o poder)e no Observador de que é actualmente colunista.
A elas se juntam alguns textos escritos propositadamente para este livro.
Leitor fiel de Alberto Gonçalves já tinha lido a esmagadora maioria das crónicas, que abarcam o período entre 2015 e 2017, mas foi com enorme gosto que as reli e recordei algumas situações que o autor oportunamente denunciou.
Creio que ninguém nestes três anos caracterizou tão bem o governo da geringonça, as suas mentiras, erros e enganos como Alberto Gonçalves o fez ,e continua a fazer, numa escrita fluída, assertiva, compreensível para todos e revestida de uma deliciosa ironia que é uma característica que me agrada pessoalmente muito na escrita política.
São 92 textos, se não me enganei na contagem, que se leem num ápice tal o interesse de que se revestem e que convém guarda para memória futura.
Deles todos destaco três porque são aqueles que ,como se costuma dizer, me encheram as medidas:
"O Congresso". Que refere o último congresso do PCP e que é um daqueles,poucos, que nunca tinha lido.
"O comentador de direita: uma profissão de futuro" em que faz uma descrição magistral de alguns "vendidos" que por aí andam a fazer fretes ao poder.
"Portugal: Doze pontos" em que versa o último festival da Eurovisão e a forma como por cá se reagiu ao triunfo português.
Mas o livro é, todo ele, muito interessante e  merece ser lido, relido e guardado para a tal memória futura cuja oportunidade chegará mais dia menos dia.
Depois Falamos.

terça-feira, julho 11, 2017

O Vitória e o Lego

Quando era miúdo as brincadeiras com o Lego, então muito mais rudimentar do que hoje, ocupavam boa parte do meu tempo livre numa época em que as crianças não tendo a parafernália de brinquedos e entretenimentos que tem hoje eram , se calhar, mais felizes.
Gostava de construir em altura,em largura, tirar uma peça daqui e pô-la ali, criar as mais diversas formações geométricas, construir e destruir, mudar de planos a meio da construção com o encanto de tudo ser fácil, rápido, quase instantâneo.
E sem consequências.
Muito anos depois os meus filhos também tiveram o seu tempo de Lego.
Mas como as opções já eram muitas mais pouco lhe ligaram ,se bem me lembro, embora tenham tido os seus jogos.
O meu neto também tem o seu Lego mas é apenas um brinquedo entre tantos outros que seguramente,tal como o pai e o tio e ao contrário do avô, não vai marcar as suas recordações de infância.
Uma equipa de futebol não é um jogo de Lego!
As "peças" são todas diferentes e encaixa-las de molde a construir um edifício com coerência, resistente e sólido, demora tempo, exige paciência e dá muito trabalho.
Ao contrario do Lego , em que o improviso e o instantâneo são atracções fundamentais, numa equipa de futebol o tempo, o entrosamento, o trabalho e o planeamento são condições essenciais ao sucesso dispensando-se por completo qualquer outra metodologia de construção.
Quero acreditar que a SAD do Vitória está a trabalhar para construir um plantel ainda mais forte e competitivo do que o da época passada até porque não só vamos entrar em mais competições como temos um prestigio a defender nas cinco em que participaremos.
O prestigio de estar na Liga Europa, de termos um quarto lugar a manter, de termos sido finalistas e ambicionarmos sê-lo novamente na taça de Portugal, de sermos cabeça de série na taça ctt e de a final desta ser num estádio onde adoraremos ganhá-la e finalmente de daqui a 25 dias termos uma supertaça para tentar ganhar.
A verdade é que a 25 dias de começarmos a época "a sério" ,disputando a competição menos difícil de ganhar que teremos nesta época (é frente ao campeão nacional mas tudo se disputa num único jogo), há razões para alguma preocupação com o que vamos vendo.
Sem alarmismos, nem pondo nada em causa, a verdade é que do "edifício" da época passada caíram "peças" importantes (Hernâni, Marega, Bruno Gaspar a titulo de exemplo) , outras "peças" que se pensava serem   alternativas para esta época foram surpreendente, e prematuramente, descartadas (João Afonso, Ricardo Valente,Tyler Boyd, etc) e as entradas até agora registadas não só não compensam as saídas( e nem quero pensar que nomes como Josué, Zungu ou Miguel Silva possam estar na porta de saída) como obviamente não tornam o "edifício" mais sólido e mais competitivo porque no entre o "deve" e o "haver" o "deve" leva clara vantagem.
Quero acreditar, repito, que vamos ter um bom plantel capaz de dar resposta cabal às cinco competições em que vamos estar envolvidos.
Mas é impossível deixar de pensar que a 25 dias do primeiro jogo muito " a sério" , e sabendo que uma equipa de futebol não é uma construção de Lego, já estamos a correr atrás do prejuízo no que concerne ao planeamento e construção atempadas de um plantel.
A ver vamos...
Depois Falamos.

De Oeiras a Cabeceiras



Oeiras e Cabeceiras de Basto são duas vilas portuguesas que para além de serem vilas e portuguesas poucos mais pontos de união parecem ter.
Oeiras fica no sul e no litoral do distrito de Lisboa enquanto Cabeceiras fica no norte e no interior do distrito de Braga.
Oeiras é o quinto município mais densamente povoado do país, com quase 200.000 mil habitantes, mas com uma pequena área geográfica de cerca de 46 klm quadrados enquanto Cabeceiras tem menos de 20.000 habitantes mas espalhados por uma enorme área de mais de 240 klm quadrados.
Duas realidades completamente diferentes e como atrás foi dito com muito pouco em comum.
Curiosamente em  termos políticos  existe alguma similitude, quer no poder quer na oposição quer na evolução eleitoral, como adiante procuraremos demonstrar.
Em Oeiras o município começou por ser governado pelo PS, a que se seguiram duas vitórias da AD e depois entre 1985 e 2005 sempre pelo PSD com votações cada vez mais expressivas nas sucessivas candidaturas de Isaltino Morais.
Em 2005 Marques Mendes vetou Isaltino este candidatou-se como independente e voltou a ganhar com uma diferença de 2800 votos em relação à lista do PSD que saiu dessas eleições partido ao meio.
Em 2009 renovou o triunfo mas sem maioria e em 2013 ,afastado devido a problemas judiciais bem conhecidos, deixou o lugar ao seu "delfim" Paulo Vistas que venceu as eleições também sem maioria.
Em Cabeceiras de Basto a "história",curiosamente,começou como em Oeiras.
Em 1976 ganhou o PS, depois em 1979 e 1982 venceu a AD , em 1985 e 1989 o PSD e a partir daí a história é totalmente diferente.
O PS venceu com maioria absoluta todas as eleições de 1993 a 2009 apenas a perdendo em 2013 por força de uma divisão no partido que levou ao aparecimento de uma candidatura de pseudo independentes que perdeu as eleições por apenas 400 votos de diferença.
Quer em Oeiras quer em Cabeceiras os vencedores de 2013(em Oeiras desde 2009) viram-se na necessidade de fazerem acordo pontuais com vista à governabilidade dos municípios e ao cumprimento integral dos mandatos.
É assim que chegamos a 2017.
E no que toca ao PSD as histórias tornam-se então radicalmente diferentes.
Em Oeiras, com os "independentes" Isaltino Morais e Paulo Vistas a disputarem a presidência, o PSD resistiu à solução fácil de apoiar um deles (afinal são ambos oriundos do PSD e nos seus apoiantes há muitos social democratas) e optou, no estrito cumprimento do deliberado pelos orgãos nacionais do partido, por apresentar uma candidatura própria liderada por Ângelo Pereira (um jovem, talentoso e dinâmico quadro social democrata) e ir a votos com o seu programa, a sua bandeira, os seus valores e princípios.
Poderá não ganhar agora(oxalá me engane) mas lança as sementes para uma inevitável vitória futura. E fica de mãos livres para acordos pontuais, ou para quatro anos, com aquele que ganhar e inevitavelmente precisar de apoio para ter maioria.
Acordos que não serão difíceis, nem sequer contra natura, porque são todos oriundos da mesma família política.
Em Cabeceiras de Basto foi o oposto.
Com o PS profundamente dividido, em querelas internas de forte cunho pessoal que só aos socialistas deviam dizer respeito (problema deles...), o PSD inacreditavelmente decidiu tomar partido por uma das partes, apoiar o PS B (os pseudo independentes) e não apresentar listas aos orgãos autárquicos.
Desrespeitando a orientação dos orgãos nacionais, fazendo tábua rasa de mais de quarenta anos de História do partido no concelho, aliando-se aqueles que sempre nos combateram de forma radical e muitas vezes com uma agressividade para lá do tolerável, juntando-se a quem sempre criticou de forma violenta as câmaras lideradas pelo PSD entre 1979 e 1993.
É incrível mas é, infelizmente, verdade.
E por isso Oeiras e Cabeceiras, em termos de PSD, separam-se aqui de forma quiçá definitiva.
Porque enquanto em Oeiras o PSD semeia para mais tarde colher em Cabeceiras o PSD "fecha para obras" não se sabendo se e quando reabrirá.
O futuro, os eleitores , os dirigentes nacionais e os militantes do partido a seu tempo avaliarão os responsáveis pela bondade de cada uma das opções.
Por mim não tenho duvidas no assunto.
Prefiro sempre os que resistem do que os que desistem.
Depois Falamos.

OS Independentes

O meu artigo de hoje no jornal digital Duas Caras.

Portugal conquistou a Liberdade em 25 de Abril de 1974 e garantiu a Democracia em 25 de Novembro de 1975 uma data que devia ser celebrada com outro ênfase e outro reconhecimento histórico pela importância que teve na consolidação da nossa democracia e do estado de direito.
Nos quarenta e dois anos decorridos sobre as primeiras eleições democráticas, as que elegeram a Assembleia Constituinte a 25 de Abril de 1975, muitos foram os partidos e coligações que se apresentaram ao escrutínio dos portugueses em eleições legislativas, presidenciais, autárquicas, regionais e europeias.
Muitos desses partidos estão presentes desde 1975 como é o caso de PSD, PS, PCP, CDS, MRPP,outros tiveram a sua importância mas desapareceram como o PRD ou PSN, outros ainda agruparam-se como foi o caso de UDP que com PSR e Política XXI deram origem ao Bloco de Esquerda.
Nos primeiros tempos da democracia era comum o boletim de voto em eleições legislativas, especialmente nessas, ter vinte ou mais partidos e coligações porque era prática corrente os dissidentes dos partidos criarem novos partidos que quase todos tiveram vida efémera.
Foi o caso de ASDI (dissidentes do PSD), da FSP e UEDS (dissidentes do PS), do Nova Democracia (dissidentes do CDS) e de vários pequenos partidos de extrema esquerda originados em várias dissidências no PCP.
Todos eles de duração efémera e sem qualquer relevo político ou presença na governação do país.
Percebe-se ,desde à alguns anos a esta parte, que os portugueses não gostam por aí além dos partidos que tem, e por isso a abstenção continua a subir, mas gostam ainda menos da ideia de terem novos partidos pelo que todas as tentativas em os lançar tem redundado em enormes fracassos.
Bastará até considerarmos que o último partido a ser criado com sucesso, e no caso até é uma federação de partidos vindos de áreas relativamente diferentes, foi o Bloco de Esquerda em 1999 à dezoito anos atrás pelo que até já atingiu a sua maioridade!
Pelo que surgiu a moda dos independentes.
Que em bom rigor até já nem é muito nova porque nos anos a seguir ao 25 de Abril andavam pela política e pela  comunicação social (alguns ainda andam…) aquilo a que na brincadeira se chamavam os “independentes melancia” porque eram de uma cor por fora mas “vermelhos” por dentro.
A verdade é que a moda dos independentes foi pegando, alastrou a todos os partidos, e a inserção de independentes nas listas legislativas e autárquicas passou a ser quase obrigatória fazendo até parte de moções de orientação política e de qualquer estratégia eleitoral sendo sempre glosada pelas direcções dos partidos a presença de independentes nas respectivas listas.
Devo dizer, com este meu velho hábito de detestar o politicamente correcto e de não gostar destas modas eleiçoeiras, que nunca percebi lá muito bem o que é verdadeiramente um independente num sistema político de partidos.
Se é independente dos partidos não pode ser candidato por eles e se é independente da política não pode estar nela disposto a ocupar os melhores lugares que lhe põe à disposição.
Ou é independente disso tudo ou não é independente coisa nenhuma!
Por outro lado ao fim de 42 anos de militância no meu partido, o PSD, sei bem que a experiência que temos tido com a generalidade dos independentes (há muito honrosas excepções é claro) se resume a estarem disponíveis para serem ministros, secretários de estado, ocuparem altos cargos na administração publica ou serem administradores de empresas do Estado quando o PSD governa mas uma vez chegada a hora da derrota (que é comum em democracia) desaparecem a uma velocidade vertiginosa para só voltarem a reaparecer quando o partido regressa ao poder ou, no caso dos mais apressados ,reaparecerem ao serviço do PS pouco tempo depois de saírem da órbita do PSD.
Mas os partidos parece que gostam disso e portanto deixa-los viverem na ilusão das “independências”…
Mais recentemente apareceu a moda das candidaturas independentes às autarquias que alguns entendem como forma de aprofundamento da democracia por permitir a cidadãos independentes poderem concorrer em plano de igualdade com os partidos políticos.
Até pode ser admito-o.
Mas até agora tem sido apenas e só, com uma ou outra excepção, a via para os “ressabiados” dos partidos poderem concorrer às câmaras de forma alternativa às candidaturas oficiais para as quais não foram escolhidos por quem legitimado para o efeito.
Quem olhar para o nosso distrito verá exemplos desses com fartura.
No PS e no PSD.
Porque quem me quiser convencer que Domingos Pereira(Barcelos), Jorge Machado(Cabeceiras de Basto), Vítor Hugo Salgado(Vizela) e  Antero Barbosa(Fafe) do PS ou João Cepa(Esposende) do PSD são verdadeiramente independentes apenas provoca um sorriso de comiseração.
Porque de independentes nada tem!
São quatro socialistas e um social democrata que por razões diversas não conseguiram ser candidatos pelos seus partidos, como todos desejavam, e por isso resolveram ser candidatos “independentes” em candidaturas que de independentes apenas tem o nome.
E por isso nada tendo contra os independentes mas pouco tendo a favor, para ser sincero, creio que a democracia tem de se defender de fenómenos de mero populismo ocultos por trás deste tipo de candidaturas com legislação que permita a participação dos independentes mas impondo regras que clarifiquem essa participação.
Como por exemplo um período de “nojo” de cinco anos para quem tendo sido candidato por um partido queira depois protagonizar uma candidatura independente.
“Despindo-a” de ressabiamentos, ajustes de contas ou egos exacerbados.
Até lá continuo a preferir o sistema de partidos e o saber com o que posso contar ideológica e programaticamente  em cada um deles.
Porque tem um passado, um programa, uma ideologia e estão sujeitos à sanção do voto  caso a governação municipal não seja do agrados dos cidadãos o que não acontece com candidaturas independentes que se desfazem num abrir e fechar de olhos se as coisas correrem mal.
E saber a quem pedir responsabilidades é um pilar da democracia!