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terça-feira, julho 11, 2017

De Oeiras a Cabeceiras



Oeiras e Cabeceiras de Basto são duas vilas portuguesas que para além de serem vilas e portuguesas poucos mais pontos de união parecem ter.
Oeiras fica no sul e no litoral do distrito de Lisboa enquanto Cabeceiras fica no norte e no interior do distrito de Braga.
Oeiras é o quinto município mais densamente povoado do país, com quase 200.000 mil habitantes, mas com uma pequena área geográfica de cerca de 46 klm quadrados enquanto Cabeceiras tem menos de 20.000 habitantes mas espalhados por uma enorme área de mais de 240 klm quadrados.
Duas realidades completamente diferentes e como atrás foi dito com muito pouco em comum.
Curiosamente em  termos políticos  existe alguma similitude, quer no poder quer na oposição quer na evolução eleitoral, como adiante procuraremos demonstrar.
Em Oeiras o município começou por ser governado pelo PS, a que se seguiram duas vitórias da AD e depois entre 1985 e 2005 sempre pelo PSD com votações cada vez mais expressivas nas sucessivas candidaturas de Isaltino Morais.
Em 2005 Marques Mendes vetou Isaltino este candidatou-se como independente e voltou a ganhar com uma diferença de 2800 votos em relação à lista do PSD que saiu dessas eleições partido ao meio.
Em 2009 renovou o triunfo mas sem maioria e em 2013 ,afastado devido a problemas judiciais bem conhecidos, deixou o lugar ao seu "delfim" Paulo Vistas que venceu as eleições também sem maioria.
Em Cabeceiras de Basto a "história",curiosamente,começou como em Oeiras.
Em 1976 ganhou o PS, depois em 1979 e 1982 venceu a AD , em 1985 e 1989 o PSD e a partir daí a história é totalmente diferente.
O PS venceu com maioria absoluta todas as eleições de 1993 a 2009 apenas a perdendo em 2013 por força de uma divisão no partido que levou ao aparecimento de uma candidatura de pseudo independentes que perdeu as eleições por apenas 400 votos de diferença.
Quer em Oeiras quer em Cabeceiras os vencedores de 2013(em Oeiras desde 2009) viram-se na necessidade de fazerem acordo pontuais com vista à governabilidade dos municípios e ao cumprimento integral dos mandatos.
É assim que chegamos a 2017.
E no que toca ao PSD as histórias tornam-se então radicalmente diferentes.
Em Oeiras, com os "independentes" Isaltino Morais e Paulo Vistas a disputarem a presidência, o PSD resistiu à solução fácil de apoiar um deles (afinal são ambos oriundos do PSD e nos seus apoiantes há muitos social democratas) e optou, no estrito cumprimento do deliberado pelos orgãos nacionais do partido, por apresentar uma candidatura própria liderada por Ângelo Pereira (um jovem, talentoso e dinâmico quadro social democrata) e ir a votos com o seu programa, a sua bandeira, os seus valores e princípios.
Poderá não ganhar agora(oxalá me engane) mas lança as sementes para uma inevitável vitória futura. E fica de mãos livres para acordos pontuais, ou para quatro anos, com aquele que ganhar e inevitavelmente precisar de apoio para ter maioria.
Acordos que não serão difíceis, nem sequer contra natura, porque são todos oriundos da mesma família política.
Em Cabeceiras de Basto foi o oposto.
Com o PS profundamente dividido, em querelas internas de forte cunho pessoal que só aos socialistas deviam dizer respeito (problema deles...), o PSD inacreditavelmente decidiu tomar partido por uma das partes, apoiar o PS B (os pseudo independentes) e não apresentar listas aos orgãos autárquicos.
Desrespeitando a orientação dos orgãos nacionais, fazendo tábua rasa de mais de quarenta anos de História do partido no concelho, aliando-se aqueles que sempre nos combateram de forma radical e muitas vezes com uma agressividade para lá do tolerável, juntando-se a quem sempre criticou de forma violenta as câmaras lideradas pelo PSD entre 1979 e 1993.
É incrível mas é, infelizmente, verdade.
E por isso Oeiras e Cabeceiras, em termos de PSD, separam-se aqui de forma quiçá definitiva.
Porque enquanto em Oeiras o PSD semeia para mais tarde colher em Cabeceiras o PSD "fecha para obras" não se sabendo se e quando reabrirá.
O futuro, os eleitores , os dirigentes nacionais e os militantes do partido a seu tempo avaliarão os responsáveis pela bondade de cada uma das opções.
Por mim não tenho duvidas no assunto.
Prefiro sempre os que resistem do que os que desistem.
Depois Falamos.

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