Hoje deu-me para escrever sobre contos infantis.
Dos tradicionais,aqueles que passavam de avós para pais e destes para filhos.
Porque na simplicidade e beleza que essas histórias encerravam existiam,em muitos casos,autênticas lições de vida que convém não desprezar.
Uma delas,que ouvi,li e vi no cinema foi a eterna dicotomia entre a Cinderela e a Gata Borralheira.
Entre a beleza,o glamour,a elegància e a sorte na vida da Cinderela e o trabalho duro,a força de carácter,a tenacidade e a luta pela vida da Gata Borralheira.
Claro que na história,e nos filmes,o objectivo é a trasnformação da Gata Borralheira em Cinderela,o casamento com o principe e o viveram felizes para sempre !
Isso é no mundo da fantasia.
Pessoalmente sempre tive uma grande simpatia pela Gata Borralheira.
Uma rapariga de trabalho,corajosa,que se desenrascava sózinha no muito que tinha para fazer,que sabia cozinhar,tratar da casa e que fazia tudo bem feito.
Sem se queixar mas também sem se conformar.
Querendo mais,sonhando melhor,mas não fugindo da sua realidade.
O mundo é feito muito mais de Gatas Borralheiras do que de Cinderelas.
E,em boa verdade,uma genuina Gata Borralheira tem um encanto que nenhuma Cinderela consegue igualar.
Porque tem o encanto de ser genuina.
Depois Falamos
Através das nossas mães e avós começámos a ingerir esses enredos em doses regulares, não raro antes de adormecermos. Daí que os nossos sonhos acabassem muitas vezes por se confundir com eles, formando um todo contínuo com alguma coerência. As histórias de encantar são uma espécie de testemunho que passa entre gerações e que no caso específico das mulheres serve de sedimento a uma subcultura. A das fadas, dos príncipes e das princesas, onde os papéis de cada um estão bem definidos, a começar pelo nosso que é, naturalmente, de grande responsabilidade, ou não fosse o principal.
ResponderEliminarA trabalheira que nos dá demarcarmo-nos depois de todos aqueles estereótipos e aceitarmos as nossas imperfeições! Não sei o que acontece com os homens,mas creio que os homens também têm a fantasia da "fada do lar", não creio que o sonho de um final feliz seja apanágio feminino, como o emocional é menos castrado nas raparigas, os sonhos das mulheres são mais explicítos, há em todos nós uma parte de criança que procura um protector e se esquece que tem o livre arbítrio de cuidar de si próprio. Mas no nosso caso creio que nunca nos chegamos a libertar inteiramente de certas fantasias. O que há mais para aí é donzelas na eterna busca do príncipe encantado e cinderelas à espera de redenção.
Eu à semelhança do autor do post, prefiro uma gata borralheira genuína, do que uma princesa pintada de ouro.
Pois as mulheres portuguesas são gatas borralheiras, que têm so longo de séculos, sido o esteio da nação. Isto porque os homens iam para a Reconquista, para a India, para o Brasil e quem ficava a 'aguentar o forte' eram as mulheres -às vezes no sentido literal. Olhem a Deuladeu que defendeu uma praça de fronteira!
ResponderEliminarinteressante sem duvida, mas também bastante preverso...em boa verdade mais não é do que o sacrificio de uns em prol do bem estar de outros. Só há gatas borralheiras porque existem madrastas e irmãs caprichosas. são histórias da minha infencia e que sempre as ouvi com um espirito de revolta pois em boa verdade são o apanágio da escravatura, da desigualdade.
ResponderEliminarGostava muito mais que todas podessem ser princesas e que todos fossem principes encantados...teriamos um mundo mais igualitário e feliz.