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segunda-feira, julho 07, 2008

Diário do Minho


Publiquei hoje este artigo no Diário do Minho


NOVOS DESAFIOS

Depois de um clarificador processo de disputa interna, que alcandorou á liderança Manuela Ferreira Leite, mas também deixou claro que Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho terão o seu espaço para o futuro, o PSD tem agora de se virar para fora
E fazê-lo de forma clara.
Erguendo bandeiras, defendendo causas, marcando diferenças em relação ao Partido Socialista.
Mas não existe esforço de conquista da confiança dos portugueses que não passe por uma unidade interna sólida, abrangente mas também suficientemente tolerante para admitir e integrar os que pensam de forma diferente.
Por mim, que apoiei Pedro Santana Lopes desde o inicio da candidatura até ao final do congresso (e com quem mantenho sólidos laços de solidariedade pessoal e politica) porque saltar de comboios em andamento é atitude arrapazada que não faz parte da minha maneira de ser, entendo que Ferreira Leite deve merecer apoio e empenho de todos os militantes e dirigentes do PSD.
Não defendo para com ela comportamentos idênticos aos que alguns que a rodeiam tiveram para com a liderança de Luís Filipe Menezes.
Não a apoiei, não me identifico com algumas das suas ideias e posturas políticas mas reconheço-lhe a legitimidade de ter ganho (não importa agora com que maioria) e o direito de impor o seu estilo de liderança.
A seu tempo, e ao longo do tempo, cada militante do partido irá fazendo o seu juízo, avaliando o estilo e a prática, conferindo os resultados alcançados.
Se tivesse de dar a MFL algum conselho seria muito simples:
Cuidado com os que entre as directas e o congresso deixaram os candidatos que apoiavam para se passarem para o lado de quem ganhou.
Voltarão a fazê-lo na primeira oportunidade em que tão coerente atitude lhes der jeito..
Desafios externos que é o que mais importa.
Desde logo, e pese atitudes incompreensíveis de alguns notáveis, é importante que MFL deixe aos portugueses uma ideia muito clara.
Seja qual for o resultado das eleições legislativas de 2009 o PSD não fará nenhum tipo de aliança com o PS.
Não haverá Bloco Central.
PSD e PS são partidos diferentes, com projectos e caminhos diversos e só poderão coexistir no mesmo sistema político num regime de alternativa mútua.
Segundo lugar para a clarificação das diferenças de projecto.
Nos impostos, na saúde, na agricultura, nas obras públicas, nas politicas sociais, na economia em que é que um governo PSD fará diferente do actual e esgotado governo PS que tão desesperados anda a pôr os portugueses.
Necessário é marcar as diferenças.
De forma clara, com conceitos objectivos, para que os eleitores percebam a vantagem da mudança.
Nunca como hoje foi tão importante falar de forma clara.
Terceiro desafio, admito que complexo para a líder do partido, é o da regionalização.
Prevista na constituição mas adiada por sucessivas faltas de coragem dos agentes políticos é uma bandeira que o PSD nao pode deixar cair a preço nenhum.
Até porque tem do seu lado a vantagem de poder exibir a Madeira, e durante muito tempo os Açores, como exemplos do sucesso da regionalização e da liderança social democrata da mesma.
O quarto desafio é a valorização dos actos eleitorais que se avizinham.
Nomeadamente das eleições autárquicas aquelas que de mais perto tem a ver com o dia a dia dos portugueses.
Esse acto valorativo terá de passar, em nome da credibilidade, pela candidatura ás principais câmaras dos principais dirigentes do partido á excepção da líder como é evidente.
Se dirigente nacional do PSD não pode assemelhar-se apenas a um desfile de famosos pelas passerelles da politica.
É preciso combater no terreno.
Ir aos circuitos da vitela assada e do lombo de porco.
E contribuir, com a própria cara, para as vitórias do partido.
Gondomar, Matosinhos, Setúbal, Oeiras, Évora, Castelo Branco, Beja, Felgueiras, Guimarães entre outras são autarquias onde os vice presidentes da CPN, as primeiras figuras do Conselho Nacional, do Conselho de Jurisdição, da secretaria geral, terão de ser candidatos (á Câmara não á Assembleia Municipal entenda-se) em nome de um esforço colectivo para ajudar na afirmação da liderança de Manuela Ferreira Leite.
Quem estava tão ansioso pelo poder que faça agora por ser digno dele…
Finalmente o ultimo desafio, quiçá o mais difícil, mas o mais decisivo.
Modernizar o PSD.
No programa, nas ideias e nas pessoas.
Transmitir ao país a ideia de um partido renovado, moderno, aberto aos desafios deste século tão cheio de interrogações e dúvidas.
Uma abertura que terá de ser feita com novos protagonistas, capazes de outras atitudes e comportamentos, que não vejam no respectivo umbigo o centro do mundo nem nos seus particulares interesses os interesses de todo um colectivo.
Dirigentes de secção e de distrital que vejam no PSD uma forma de servir Portugal.
É difícil, eu sei, mas é o desafio mais decisivo e cuja ultrapassagem permitirá ao partido aparecer como uma verdadeira solução e não apenas como um mal menor.

8 comentários:

  1. Parabéns, excelente artigo, esperamos que a Dr.ª MFL,o leia e o siga,senão à risca, pelos menos em alguns dos seus pontos.Pois os desafios que se avisinham não são fáceis, e está na hora dos senhores do poder mostrarem o que valem por este país fora, não é só na Capital que se faz política. Vejamos até que ponto estarão estes Senhores disponíveis para as lutas do povo...
    Depois falamos

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  2. Ò Cirilo, na nossa idade já não se acredita no Pai Natal –isto se lermos o seu texto literalmente. Mas claro que com o sentido de humor que já vi nos seus escritos, o texto prima, está soberbo.


    Vejamos o sentido literal:
    - Se, se MFL tivesse um bocadinho de inteligência e quisesse ganhar as eleições faria o que lhe é proposto pelo nosso Luís Cirilo –claro! É de uma lógica inquestionável e de uma pessoa de boa formação moral.
    Mas a lógica do país e dos militantes (1º, Portugal; 2º, o partido –dizia Sá Carneiro) não é a deles. Odiavam Sá Carneiro e todos os que com ele estiveram; odiavam o partido, alicerçado em Pessoas competentes, com vida profissional própria. Viraram sempre a cara a todas as lutas e quando fizeram o ‘frete’ de dar o nome para a lista, já tinham combinado com os adversários políticos que nem campanha fariam…Conhecendo os bacanos nunca vão fazer nada de útil para ninguém a não ser para si próprios.

    Por isso ri ao ver um texto cheio de lógica, de civismo e que eles nunca poderão pôr em causa. Ri porque:
    - eles vão fazer, sem desculpa de erro (foram avisados), o contrário do senso comum;
    - eles vão acabar com as eleições directas;
    - eles vão dificultar o pagamento de quotas aos Militantes –enquanto os inscritos por eles, têm quotas pagas sem conhecer o pin (já o fizeram e tenho provas! …);
    - eles vão expulsar todos os que não digam coisas como «MFL é uma 2ª Churchill!», ou outras bacoradas de igual calibre;
    - eles vão contratar jagunços para aterrorizar, até quem almoce/jante com amigos…
    - eles vão perder as eleições todas –já foi combinado; mas o PS dá-lhes uns tachos –para as élites- e uns tachitos –para os boys. Os desqualificados são os únicos apoiantes e precisam de comer…

    Vai ser uma reprise, se não forem despedidos antes do dia de defuntos –como diz um conterrâneo de MFL, contradizendo outro que colocava a ‘coisa’ para o Natal. E eu não vou fazer o que MFL e ‘miguitos’ fizeram nos últimos 15 anos. Estou sentada –só sentada.
    E como diz o Cirilo: «Depois falamos…»

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  3. Muito bem.Excelente artigo e optima ironia.ainda bem que no PSD existe quem NÃO SE CONFORME

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  4. Parabens Amigo Cirilo. Nota 20 para este EXCELENTE artigo. Todos sabemos o que esta gente vai fazer... ou melhor... não vai fazer....
    Sabe...as eleições não são ganhas com os votos de quem diz o que lhe apetece convencido que tem TODOS os apoios, ou por quem escreve artigos nos jornais.... Esse é, verdadeiramente, o drama deles... PORQUE, de facto, as eleições são ganhas com os votos de TODOS!...
    Esta gente, tinha que ser, verdadeiramente... TIGRES, para saber o valor das vitórias!...
    Depois falamos!...

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  5. Sr. Luis Cirilo,
    Tantos pruridos em admitir uma aliança PSD/PS!... Mas porquê? Por "serem partidos diferentes"? como V. escreve. Não é precisamente essa a condição necessária para se estabelecer uma aliança? que sejam partidos diferentes?

    A minha opinião é: Portugal ´necessita urgentemente de um Governo assente num PROGRAMA DE GOVERNO DEMOCRÁTICO E PATRIÓTICO para, pelo menos, 4 anos. De outro modo não sairemos deste círculo vicioso...

    Digo-lhe mais: se estes dois partidos (pelo menos estes dois) não são capazes de levar à prática esta urgência nacional só pode ficar a dever~se ao facto de serem demasiado semelhantes. E a "desgraça" da nossa governação pode estar aí. Nem anda, nem desanda. A gula pelo poder desta parte da nossa "classe" política opõe-se a essa urgente medida.
    Cumprimentos

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  6. Esse conselho a Manuela Frreira Leite aplica-se muito a alguns militantes do distrito de Braga.
    Que aproveitaram a pausa entre directas e congresso para se mudarem de armas e bagagens para o lado de quem tinha ganho.
    Ai os lugarzinhos de deputados em perigo.

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  7. muito bom.oportuno e certo.parabéns

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  8. Cara Custódia:
    Obrigado pelo elogio.Tem toda a razão no que diz sobre alguns protagonistas mostrarem o que valem fora de Lisboa.Acho que a credibilização da liderança passa pelo forma como convencerá alguns barões a irem á luta no meio do povo.
    Cara Inês:
    Gostei muito do seu comentário.
    Você em ironia não pede meças a ninguém.
    Estou de acordo com muito do que diz e ainda acrescentaria um "pormenorzinho": Não me admiro nada se ainda viermos a ser confrontados com nova refiliação.
    Obviamente para tirar poder a Gaia,Algés,Famalicao,etc.
    Ou seja a s maiores secções do país e onde,graças a Deus,eles não conseguem entrar.
    Caros anónimos:
    Obrigado pelos comentários.
    Com uma notazinha:muitos deles são leões e aguias mas não TIGRES.
    Caro Templário:
    Mais depressa admito mudanças ao sistema eleitoral do que a "mexicanização" do país á sombra do bloco central.
    PSD e PS podem,e devem,entender-se em questões de regime.
    Mas apenas aí.
    Caro Raul:
    Pois...Vamos ver quem serão os ultimos a rir nessa matéria.
    Cara Cristina:
    Obrigado pelas suas palavras.

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