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terça-feira, fevereiro 26, 2019

A Coligação

O meu artigo de hoje no jornal digital "Duas Caras".

Em 1979 , era o PSD era liderado por Francisco Sá Carneiro, Portugal vivia tempos muito difíceis devido à instabilidade política advinda de vários governos de iniciativa presidencial, às dificuldades económicas que já tinham originado uma intervenção do FMI e à tutela do Conselho da Revolução sobre o sistema político-partidário que impedia a plena consolidação do Estado de Direito.
Regressado à relativamente pouco tempo à liderança do partido, depois de convulsões internas que deram origem à ASDI, Sá Carneiro com a lucidez política e a visão estratégica que fizeram dele “primeiro entre os primeiros” entendeu que só seria possível dar a volta à situação e conseguir um governo credível , corajoso e competente se unisse em torno de um projecto político renovador as forças e partidos que não se reviam naquele estado de coisas.
À esquerda não era possível.
O PS, como sempre preso entre a hesitação, o tacticismo e os complexos de esquerda não se mostrou nunca disponível para um entendimento que viabilizasse esse tal governo de que Portugal tão desesperadamente necessitava e por isso o líder do PSD virou-se para os partidos à sua direita para com eles conseguir o tal entendimento.
E a opção foi falar com o CDS, que nesses tempos tinha em muitos pontos do país um relacionamento dificílimo com o PSD, e com o PPM que não tendo representação parlamentar tinha um líder carismático e de prestigio reconhecido (Gonçalo Ribeiro Teles) e algumas “bandeiras” na área do Ambiente e do Ordenamento do território que Sá Carneiro considerava essenciais a um projecto mobilizador e abrangente.
Convidou ainda o Movimento Reformador (António Barreto, Medeiros Ferreira, Sousa Tavares, etc) que não sendo partido e portanto também não tendo representação parlamentar tinha um conjunto de pessoas e ideias que ajudavam a credibilizar o projecto de mudança.
E assim nasceu a Aliança Democrática.
Que foi uma convergência de ideias, de vontades, de pessoas, de capacidade dos seus protagonistas de porem os interesses de Portugal em primeiro lugar.
E as coisas correram bem.
Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Teles criaram entre si um entendimento pessoal e político tão perfeito que frequentemente até viajavam no mesmo carro em acções de campanha, os três partidos e os Reformadores entenderam-se programaticamente de forma exemplar, as bases dos partidos perceberam que era possível actuarem em conjunto e depois de uma campanha eleitoral extraordinária a AD venceu as eleições.
E venceu porque concorreu em coligação.
Porque se os partidos tivessem concorrido em separado tal nunca teria sido possível porque para além de o método de Hondt favorecer as coligações  existiu também uma motivação galvanizadora do eleitorado em torno de gente e partidos que sabiam entender-se e punham o interesse de Portugal acima dos interesses partidários.
A chamada bipolarização pela qual Sá Carneiro sempre se bateu.
Mas não se pense que foi fácil.
Desconheço o que se passou no CDS (embora tenha notícia de que Freitas do Amaral e Amaro da Costa tiveram de se empenhar para a coligação ser aceite pelo partido) e no PPM mas recordo-me bem que no PSD as coisas não foram nada fáceis em termos de o partido aceitar a coligação.
Diria até que aqueles que ao lado de Francisco Sá Carneiro se batiam pela coligação pré eleitoral eram uma minoria ao lado dos que rejeitavam qualquer coligação à direita (a maioria) e os que a admitiam apenas depois das eleições que eram também em número significativo.
Mas o PSD tinha um líder extraordinário.
Um líder, na verdadeira acepção do termo, que se batia pelas ideias em que acreditava , que tinha uma visão política que lhe dizia claramente que apenas uma coligação pré eleitoral das forças não socialistas podia gerar a galvanização eleitoral necessária a vencer eleições e um líder que não tinha a ambição de ser vice primeiro ministro de Mário Soares nem de fazer do PSD o suporte menor de um governo socialista.
Os portugueses deram-lhe razão!
A AD venceu as eleições intercalares e depois de um ano de governo voltaria a vencer as eleições legislativas aumentando a maioria de que já dispunha na Assembleia da Republica demonstrando dessa forma que os portugueses acreditavam (e votavam) em quem tinha a coragem de romper, de fazer diferente, de pensar Portugal em primeiro lugar.
Memórias de um tempo extraordinário.
Que Portugal bem precisava de repetir!

Disputado

Os jogos entre os dois Vitória já foram um clássico do nosso futebol quer pela valia das  equipas, quer pelo historial dos dois clubes, quer pela disputa de lugares classificativos acima dos que actualmente ocupam.
No passado sábado encontraram-se duas equipas de dois clubes que na actualidade estão algo distantes do passado mas que ainda acima disputaram o triunfo numa partida bem disputada e que não desmereceu em relação a jogos do tal passado mais animador.
O Vitória visitante tem melhores jogadores e melhor equipa e por isso não admira que tenha sido o que esteve mais perto do triunfo enquanto o Vitória visitado fez das fraquezas forças e discutiu o resultado até ao fim numa partida que qualquer uma das equipas podia ter vencido.
Uma vez mais teve peso decisivo no resultado a incapacidade de o Vitória minhoto transformar em golo as oportunidades que criou , com o azar do remate ao poste de Davidson pelo meio, enquanto o seu antagonista também não sendo particularmente feliz no momento de rematar criou menos oportunidades pelo que o resultado lhe deve ter sabido particularmente bem.
De facto a forma como os homens de Luís Castro criam e desperdiçam golos, com Guedes apagado e Whelton a entrar a meia dúzia de minutos do fim para o seu lugar (o que tem o seu significado), traduzem bem a grande lacuna do plantel que Janeiro não supriu.
Faltam homens golo ao Vitória e a tabela classificativa ressente-se disso.
Veremos se nos próximos jogos , com recepções a Marítimo e Boavista intervaladas pela deslocação a Braga, a equipa consegue ser mais eficaz porque caso contrário corre o risco de a Europa se transformar numa miragem e a época terminar em desilusão.
Uma nota final para Matheus Oliveira.
Que sabe ter bola, tem visão de jogo, decide normalmente bem e começa a complementar tudo isso com boas exibições e golos.
Talvez fosse altura de tentar ficar com ele a titulo definitivo.
Depois Falamos.

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

terça-feira, fevereiro 19, 2019

Próximos Desafios

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Ultrapassado o enorme desafio de realizar o seu primeiro congresso, ciente de que não havia margem de erro porque a primeira imagem que se ia dar ao país seria sempre “definitiva”, a Aliança concentra-se agora nos próximos desafios que tem pela frente.
Com a casa arrumada, ou seja, com orgãos nacionais eleitos, programa e estatutos aprovados, linha estratégica definida e objectivos claramente fixados a Aliança vai agora concentrar-se nos desafios eleitorais deste exigente anos de 2019.
É evidente que a par disso, e já lá iremos, continuará a trabalhar intensamente na implantação e organização territorial que serão sempre a base indispensável aos sucessos eleitorais e  cujos processos estão a correr de forma muito satisfatória no continente, regiões autónomas e na diáspora depois de vários meses de intenso trabalho nesse sentido que continuará ao longo dos próximos anos.
Nisso se insere, aliás, a decisão tomada por unanimidade na comissão executiva da direcção política nacional no sentido de até ao fim do presente ciclo eleitoral (a 6 de Outubro com as eleições para a Assembleia da República) não se realizarem eleições internas para qualquer tipo de orgão distrital, e por maioria de razão concelhio, permitindo assim concentrar todas as atenções nos desafios externos que se põe ao partido.
Aliás a exemplo do que já acontece há muito tempo noutros partidos democráticos.
E então quais são esses desafios externos?
Em primeiro lugar as eleições europeias de 26 de Maio.
A que a Aliança concorre com listas próprias e nas quais se constitui como o único factor de novidade absoluta, quer em termos programáticos quer em termos de candidatos, face aos discursos já conhecidos dos outros partidos quer à repetição de nomes a encabeçarem as respectivas listas.
Bastará atentar no facto de PSD, CDU, CDS e BE candidatarem os seus cabeças de lista a um terceiro mandato , que lhes permitirá um total de quinze anos como deputados europeus no final do mandato a que agora se candidatam, para perceber que nada de novo podem trazer a estas eleições.
É verdade que há também o PS.
Que aproveitou as eleições para remodelar o governo, libertando-se de um ministro que foi um fracasso e de uma ministra que nunca saiu do cinzentismo, assim transformando um acto de fundamental importância para Portugal num instrumento de arrumação da “casa” socialista e de um governo que para horror dos socialistas e do irritantemente optimista primeiro-ministro não dá ao PS nenhuma garantia de merecer uma maioria absoluta de que está, aliás, cada vez mais longe.
Em suma nas europeias há a Aliança ou mais do mesmo.
Os portugueses dirão de sua justiça.
Depois as regionais da Madeira.
Onde a Aliança concorrerá com listas próprias e com a natural ambição de integrar uma solução de governo pós eleitoral face à cada vez maior evidência de nenhum partido ou coligação conseguir vencer com maioria absoluta.
Há todo um trabalho a ser feito nesse sentido, pela direcção nacional e pelo Aliança Madeira , no intuito de oferecer aos madeirenses uma alternativa credível e capaz de merecer o seu apoio para uma mudança de ciclo governativo na região.
Finalmente as legislativas de Outubro.
Onde a Aliança concorrerá em todos os círculos eleitorais do continente, nas regiões autónomas e nos círculos da Europa e de Fora da Europa com a ambição já expressa de obter um resultado na casa dos dois dígitos percentuais que lhe permita ter um grupo parlamentar significativo e capaz de influenciar a formação do próximo governo.
Já se sabe, porque na Aliança gostamos de clarificar atempadamente as coisas, que nunca faremos um acordo de governo com o PS porque consideramos que manter o PS no governo, mudando os parceiros, seria contribuir para manter o que é essencialmente mau mudando apenas os acessórios que são maus mas não decisivos em muitas (não todas...) áreas da governação.
 E por isso a Aliança deixou clara a sua proposta de um acordo pós eleitoral, com base nos resultados eleitorais como não podia deixar de ser, com PSD e CDS de molde a construir uma maioria que possa substituir a actual Frente de Esquerda que nos (des)governa.
São estes os nossos objectivos.
Por eles todo a Aliança trabalhará com empenho, seriedade, desprendimento de interesses pessoais e grande convicção naquilo que estamos a fazer.
Portugal merece.

sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Sucesso

Em Évora o partido Aliança "nasceu" bem.
É verdade que ele já existia desde o acordão do Tribunal Constitucional que o legalizou mas neste Congresso com a aprovação dos estatutos, das linhas programáticas, da moção de estratégia e com a eleição dos orgãos nacionais pode realmente dizer-se que foi o seu verdadeiro "nascimento".
"Apadrinhado" por cerca de mil militantes, simpatizantes e convidados que quiseram estar presente num momento em que se fez História na política portuguesa.
História porque em três meses um partido conseguiu organizar-se a nível nacional, continente e regiões autónomas, de molde a que todo o país estivesse representado neste congresso como foi possível comprovar quando cada delegado se levantou e disse o nome, concelho e distrito que ali representava.
Mas também História porque a Aliança fez um Congresso no Alentejo, onde até à data nenhum partido fizera mesmo os eleitoralmente mais implantados na região, porque a solidariedade e o interesse pelo interior não pode ficar pelas palavras.
E fazer o Congresso em Évora foi passar aos actos dando um sinal claro do que a Aliança vem para fazer de diferente.
O Congresso foi um sucesso.
Mérito também da Comunicação Social que lhe deu um relevo e uma importância invulgares quando se trata de partidos sem representação parlamentar e com tão pouco tempo de vida.
A Aliança sai de Évora motivada, com uma linha de rumo estratégico clara e uma unidade em torno da liderança que não deixa dúvidas a ninguém.
Que melhor lastro se poderia desejar para o exigente ciclo eleitoral que se aproxima?
Creio que nenhum!
Depois Falamos

terça-feira, fevereiro 12, 2019

A Aliança e o Futuro

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Este fim de semana em Évora fez-se História na política em Portugal.
O partido Aliança formalmente constituído em Outubro com o acordão do Tribunal Constitucional a reconhecer a validade do seu processo de inscrição, depois de uma recolha de mais de doze mil assinaturas (a lei obriga apenas a sete mil e quinhentas como é sabido) iniciada em meados de Agosto, realizou o seu primeiro Congresso para aprovação de linhas programáticas, estatutos, estratégia política e eleição dos seus primeiros orgãos nacionais.
E a História começou a fazer-se desde logo pelo local escolhido para a sua realização.
Évora, no coração do Alentejo, região do país onde nunca um partido político tinha realizado um evento deste género, mesmo aqueles que desde sempre tem nela forte presença eleitoral, como um sinal da aposta e da atenção a um interior cada vez mais pobre, mais despovoado e a necessitar de maior atenção.
Foi uma aposta ganha.
Quer pelo sucesso do Congresso quer pela receptividade e simpatia que a Aliança encontrou em Évora, a começar pela Câmara Municipal que foi absolutamente inexcedível no apoio que deu à realização, fruto do reconhecimento das pessoas ao gesto do partido ter escolhido aquela cidade para a realização do seu congresso fundador.
Devo dizer que  enquanto militante número 13 (não sou supersticioso) da Aliança , e com funções de direcção executiva que já vinha exercendo desde Outubro ,que saí de Évora com um misto de sensações nas quais cabem o Orgulho, a Esperança e a Responsabilidade.
Orgulho no partido que (já) temos.
Um partido construido em poucos meses, sem os meios (nem nada que se pareça) ao dispor de outras forças partidárias, mas que já cobre todo o território nacional com comissões instaladoras em todos os distritos do continente e comissões regionais na Madeira e nos Açores .
Um partido que levou a Évora mais de quinhentos delegados, de todos os distritos, das duas regiões autónomas  e das comunidades portugueses na Europa e no Resto do Mundo naquilo que foi uma magnífica demonstração de vitalidade e convicção no futuro da Aliança.
Mas também lá estiveram duas centenas de observadores  e cerca de um centena de convidados de todo o país o que significou que a Aliança teve no seu congresso fundador cerca de mil pessoas.
Mil.
Ao fim de três meses é simplesmente extraordinário.
Mas também Esperança.
Esperança nas pessoas que vieram construir esta realidade.
Pessoas que nunca tiveram partido, pessoas que vieram de outros partidos, pessoas que há muito estavam desencantadas com a política, pessoas que em tempos tinham militado noutros partidos mas estavam há muito (nalguns casos há décadas) afastadas da vida partidária, pessoas que querem dar o seu contributo para através da Aliança ajudarem a termos um país melhor.
Pessoas, todas elas, a quem a Aliança não pergunta de onde vem mas apenas se querem ir connosco na construção de uma nova esperança para o nosso país através de um partido que quer fazer a diferença.
A qualidade, a variedade, a diversidade das mais de cem  intervenções de delegados no congresso deu uma resposta avassaladora quanto ao empenhamento das bases do partido neste projecto de mudança que a Aliança está a construir para Portugal.
Temos ideias, temos programa, temos estratégia e essencialmente temos gente.
Temos Esperança.
Mas também temos Responsabilidade.
A responsabilidade de não desiludirmos quem vê na Aliança a esperança de uma mudança profunda na política portuguesa.
A responsabilidade de darmos resposta a todos aqueles, e tantos são, que querem o nosso empenhamento na construção de uma alternativa política sólida e credível à actual Frente de Esquerda que (des) governa Portugal.
A responsabilidade de lutarmos convictamente, sem desânimos nem transigências, por aquelas que são ideias fundamentais da Aliança e nas quais assentam a Declaração de Princípios, o programa e a moção de estratégia.
O crescimento económico, a coesão territorial, a redução da carga fiscal, a eficiência do Estado,  a salvação de um Serviço Nacional de Saúde em falência e incapaz de dar resposta às necessidades dos portugueses,  um sistema educativo que promova a igualdade de oportunidades e distinga os custos para cada Família em função dos rendimentos são algumas das “bandeiras” que não deixaremos cair e que temos a responsabilidade de defender de forma intransigente.
De Évora fica o Orgulho de um grande congresso e a Esperança de que todos juntos possamos   continuar a construir um partido cada vez mais forte , mais credível e mais capaz de corresponder aos anseios de tantos e tantos portugueses.
Mas agora é o tempo da Responsabilidade.
Da Responsabilidade de estarmos à altura dos desafios!
O Futuro, esse, começa agora.

domingo, fevereiro 10, 2019

Mais do Mesmo

Se há algo de previsível no Vitória de há alguns anos a esta parte é a estranha, e curiosa, inevitabilidade de quando consegue um bom resultado face a um candidato ao título "espalhar-se" logo a seguir quando defronta uma equipa ou equipas que tem como objectivo apenas evitar a descida de divisão.
Como dizem os vitorianos, já desencantados com estas inevitabilidades, somos o verdadeiro "pai dos pobres" e equipas que precisem de pontos é só falarem connosco!
Foi assim depois de uma grande exibição e triunfo face ao Sporting em que logo a seguir perdemos na Madeira com o Nacional (esse mesmo...) e no Jamor com o Belenenses e agora em que depois de um bom jogo frente ao Porto fomos a Tondela (onde jogam quatro jogadores feitos no Vitória) perder mais um jogo e perder terreno face ao...Moreirense na luta por um lugar europeu.
Devido a compromissos de outra ordem não pude ver o jogo.
Apenas um pequeno resumo porque depois de saber resultados dificilmente tenho disposição para ver os jogos e especialmente quando o Vitória perde.
Vi que Douglas foi infeliz no golo (acontece a qualquer guarda redes) mas a explicação da derrota está muito longe de ser essa apenas.
Acho que são três outras.
Mentalidade, Ambição e Plantel.
A mentalidade que impera quando se joga com Porto,Sporting ou Benfica é claramente outra com uma atitude e entrega em campo que depois não se vê replicada nestes jogos teoricamente mais acessíveis em que a equipa muitas vezes dá a impressão de deixar correr à espera que as camisolas ganhem os jogos.
Isso de facto acontece em Portugal mas não com o Vitória.
A ambição que não se consegue perceber qual é quando se troca extremo por extremo, ponta de lança por extremo e nem a perder se consegue ter a atitude óbvia de jogar com dois pontas de lança na área mais que não seja para recurso a um futebol mais directo.
Finalmente o plantel.
Que tinha lacunas em Agosto e não foi devidamente reforçado em Janeiro porque para lá da saída óbvia de alguns jogadores também saíram outros (Célis, Boyd, Estupinan) que deixaram espaço por ocupar e, ainda por cima, apenas entrou um jogador que veio dar opções mas não trouxe uma mais valia qualitativa evidente.
Ficaram reforços por fazer.
E quando o treinador, secundado pela direcção, afirma que ficaram a dois reforços (acho que ficaram a mais mas é apenas a minha opinião) do que queriam, porque os clubes onde esses jogadores estavam pediram muito dinheiro, interrogo-me se no mundo inteiro apenas dois jogadores preenchiam os requisitos que o treinador entendia como essenciais para o tal reforço da equipa.
Se estava a falar de Ronaldo e Messi até sou capaz de estar de acordo.
Se não então interrogo-me para que serve o departamento de prospecção do clube incapaz que se mostrou de arranjar em tempo útil duas alternativas à altura do necessário num tempo em que até o David Texeira dispensado pelo Vitória se entretém a marcar golos no Moreirense.
Depois Falamos.

P.S. No tempo em que estive na direcção lembro-me que o departamento de prospecção, então chefiado pelo Adão, tinha em carteira e devidamente analisados uma dúzia de jogadores por cada posição do terreno e à altura da capacidade económica do Vitória.

terça-feira, fevereiro 05, 2019

Curiosidades

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

De regresso ao futebol para realçar o que se passa hoje no campeonato nacional de futebol, primeira liga, e que constitui uma curiosidade nunca sucedida e que envolve directamente os dois clubes de Guimarães.
É sabido que o nosso futebol vive uma realidade macrocéfala, muito centrada desde sempre em Lisboa e Porto, que deixa par ao resto do país os “prémios de consolação” constituídos por apuramentos europeus e taças de Portugal , supertaças e taças da liga.
No que toca a títulos apenas Lisboa (Benfica, Sporting e Belenenses) e Porto (F.C.Porto e Boavista) conseguiram ,até hoje, ter campeões nacionais pese embora outros clubes como Vitória, Académica, Vitória Futebol Clube e Sporting de Braga já terem andado lá perto em fases diferentes do historial do nosso futebol.
As razões para isso são várias:
Desde logo demográficas porque sendo os dois maiores centros populacionais do país isso gerou, naturalmente, que os seus  principais clubes tivessem uma massa adepta maior que a dos outros clubes do país pese embora a evolução dos tempos tenha demonstrado que títulos à parte o quarto clube de Portugal em número de adeptos é claramente o Vitória que atrás dos chamados “grandes” deixa, ainda assim, todos os outros a larga distância.
Esse maior número de adeptos de Lisboa e Porto, a que se juntariam posteriormente largas camadas de populações de todo o país que preferiram, e continuam a preferir embora menos,festejar triunfos de equipas que agora veem na televisão (dantes só ouviam os relatos radiofónicos)mas em cujo estádios nunca (ou quase nunca) entraram sendo, quando muito, daqueles que andam a encher estádios pelo país apoiando a equipa que vem de fora em vez da equipa da casa, contribuíram também para essa macrocefalia que condiciona desde sempre o nosso futebol.
Se  a isso juntarmos uma comunicação social, especialmente a desportiva mas também a outra, que dá uma atenção ridiculamente exagerada a três clubes e faz de todos os outros parceiros menores a quem só ligam quando há jogo com um dos privilegiados explica-se que o futebol português seja Lisboa e Porto e o resto (quase) paisagem.
Sim, quase.
Porque há Guimarães.
E em Guimarães há duas realidades, chamadas Vitória e Moreirense, que honram todos os vimaranenses e constituem uma autêntica pedrada no charco na pobre realidade de um futebol concentrado em três emblemas.
Desde logo o Vitória.
O clube em cujo estádio todos os visitantes são pequenos (em número de adeptos) e que nas deslocações joga em “casa” em boa parte dos jogos tal o calor do apoio e o número de adeptos que seguem a equipa pelo país.
É certo que o palmarés está muito aquém da realidade do clube, da sua História, das médias de assistência no seu estádio e da ambição dos adeptos que pela sua permanente atitude justificam bem mais que uma solitária Taça de Portugal e uma não menos solitária Supertaça mas ainda assim é claramente um clube de referência no nosso futebol.
O Moreirense , mais pequeno e sediado numa vila do concelho, tem também um percurso de que se pode orgulhar no qual avulta uma taça da liga conquistada depois de na “final four” vencer Braga e Benfica clubes que tem claramente outras possibilidades.
Guimarães é assim, mas sem ser capital de distrito como os outros, o único concelho além de Lisboa, Porto e Funchal (este num contexto  bem diferente face ao apoio que os seus clubes recebem do governo regional)  que tem duas equipas na primeira liga o que é um factor de prestígio para o concelho e que mostra bem a sua excepcionalidade no todo nacional.
E ainda por cima dois clubes que tem um excelente relacionamento, com massas associativas que se dão bem e onde existem muitos que são associados e adeptos dos dois clubes em simultâneo o que é também uma marca distintiva em relação a outras realidades bem conhecidas.
Pois a grande curiosidade actual é que Vitória e Moreirense disputam , neste momento, o quinto lugar e consequente acesso à Liga Europa na próxima temporada com a curiosidade acrescida de ser o clube de Moreira de Cónegos quem ocupa actualmente essa posição.
E embora para os vimaranenses, e vitorianos muito em especial, seja pouco animador ver o Vitória a disputar o quinto lugar não deixa de ser curioso e a merecer realce que essa disputa seja precisamente com o outro clube do concelho.
O que pode indiciar, e oxalá assim seja, que quando o Vitória lutar pelos patamares que merece (e que são acima do quinto lugar) pode haver outro clube de Guimarães a permanecer nessa luta e a catapultar Guimarães de forma ainda amais sólida para o primeiro plano do futebol português.
O Moreirense já está a fazer a sua parte.
Falta o Vitória!

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

Fechado

Fechado o mercado de transferências em Portugal não me parece que existam grandes razões para os vitorianos se sentirem particularmente entusiasmados com o plantel que passaram a ter depois das entradas e saídas de jogadores.
É evidente que num plantel com jogadores em excesso, e não vou aqui tecer considerações sobre isso porque o tema é outro,  teriam sempre de sair alguns para permitir um trabalho mais profícuo ao treinador e para dar oportunidades de jogar aqueles jogadores que saindo por empréstimo podem ser opções no futuro.
E por isso as saídas de Tallo, Rincon, Vítor Garcia e Francisco Ramos são perfeitamente naturais e a única duvida que fica é se alguma vez deviam ter entrado porque acarretaram custos (e nalguns deles elevados) sem correspondência no rendimento desportivo.
A partir daí é que as coisas ficam mais difíceis de perceber.
Célis era, no início da época, uma grande aposta do treinador que tudo terá feito para ele não sair mas depois com lesões à mistura acabou por ter uma utilização residual que levou a um empréstimo (chamemos-lhe assim) que só muito dificilmente terá retorno.
É uma baixa importante porque embora pouco utilizado até agora podia ser uma alternativa na segunda volta do campeonato dado tratar-se de um jogador "feito" e com qualidade.
Estupinan é outro mistério.
Um jogador de qualidade, jovem e com grande margem de progressão, nunca foi a aposta que o seu talento merecia limitando-se alternar entre A e B sendo que na equipa principal poucos vezes jogou mais do que dez minutos e normalmente com a equipa em desespero de causa.
Não me parece que o empréstimo a uma equipa do Equador (!!!) lhe acelere a progressão ou contribua para consolidar a sua adaptação ao futebol europeu.
Tyler Boyd é, contudo, a maior das surpresas.
Desde logo porque pouco utilizado, face ao que o seu valor e evolução faziam prever, ainda para mais numa equipa cujos extremos são mais de caírem para terrenos interiores do que para irem à linha como Boyd naturalmente faz e os pontas de lança tanto agradecem.
Depois porque sendo um extremo de raiz, e face ao decepcionante rendimento de Ola John, era de supor que na segunda volta fosse uma aposta mais regular do treinador para aumentar a verticalidade a uma equipa que troca bem a bola mas vai pouco à linha de fundo.
Afinal...foi embora.
E quanto a entradas é que o panorama não animou mesmo nada.
Rochinha e mais...nenhum!
Porque se para a equipa B ainda forma anunciados alguns nomes (brasileiro, nigeriano, peruano, etc) para a A é que apenas chegou o reforço atrás referido quando a equipa precisava bem (antes da saída de Célis, Estupinan e Boyd) de dois ou três jogadores "feitos" e depois da saída deles a necessidade ainda aumentou.
Rochinha é bom jogador, dá soluções nos flancos (embora também caia muito para zonas interiores como Davidson e John) mas não me parece que seja um titular indiscutível nem que traga à equipa um acréscimo qualitativo significativo que lhe permita mudar o patamar de ambição.
Em suma, do meu modesto ponto de vista, saímos do mercado mais fracos do que lá entramos o que não é de molde a entusiasmar ninguém.
Esperemos que ,ao menos, isto não ponha o melancólico quinto lugar em risco.
Depois Falamos.

P.S. A saída de Tiago Castro, internacional em todas as categorias até aos sub 23, para o Vitória Futebol Clube é outro "mistério" desta janela de mercado.
Um jogador de quem se esperava a afirmação e que foi embora.