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terça-feira, maio 30, 2017

Protagonismo Barato

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras
Não é de agora, nem foi em Guimarães que isso foi descoberto, que o mundo do desporto dá um enorme protagonismo àqueles que dele não fazendo parte podem dele tirar dividendos políticos se estiverem no sítio certo na hora certa.
É uma constatação que atravessa transversalmente todos os quadrantes políticos (vem a talhe de foice – sem piada à foice – lembrar que na União Soviética o desporto era uma questão de Estado encarada como forma de afirmação política) da direita à esquerda porque no que toca à captação de votos as diferenças acabam por não ser tantas como às vezes se pensa.
E Portugal não foge à regra.
Bastará pensarmos no aparato com que selecções e atletas são recebidos, agraciados e condecorados quando obtém triunfos, títulos e medalhas em competições internacionais sejam campeonatos europeus, mundiais ou Jogos Olímpicos nas mais diversas modalidades pelos diversos agentes políticos desde presidentes da república a governos e autarquias locais debaixo daquele principio de que “se há festa há que ficar nas selfies da festa”.
E então se a selfie puder ser com grandes campeões como Cristiano Ronaldo ou Nélson Évora, entre outros exemplos possíveis, ainda melhor.
É assim há muito tempo.
Ainda anteontem, para não ir mais longe, na tribuna de honra do Jamor lá estavam o Presidente da República e o primeiro-ministro (o que não acontece em mais nenhum país numa manifestação desportiva deste género) mais alguns membros do governo e autarcas dos dois concelhos cujos clubes disputavam a final todos eles denotando evidente satisfação por ali estarem naquela que é a grande festa do futebol e que tem audiências televisivas na casa dos milhões de telespectadores.
Sempre assim foi, embora noutros tempos nem tanto, e assim continuará a ser.
Naturalmente que o Poder Local, também ele, não perde oportunidade de ver os seus agentes ganharem popularidade e simpatias junto da comunidade aparecendo nos momentos de festejos desportivos e fazendo passar a mensagem subliminar de que quem aparece junto a campeões também campeão é!
E por isso as câmaras adoram receber as equipas que ganham títulos, os atletas que batem recordes e/ou ganham troféus, os desportistas pertencentes à comunidade e que se evidenciam ainda em equipas de outros concelhos ou noutros países onde desenvolvem a prática desportiva.
Guimarães, concelho de fortes tradições desportivas, não foge evidentemente à regra e os seus autarcas têm nos últimos anos tido a oportunidade de aparecerem em múltiplas ocasiões junto de equipas e atletas vimaranenses que ganham competições.
E, claro, com direito às selfies da praxe.
Mesmo em casos, a sua esmagadora maioria para não dizer totalidade, em que nenhum dos méritos associados a títulos e troféus pode ser minimamente assacado à acção do município ou dos seus dirigentes políticos.
Para não ser exaustivo no exemplificar lembro, ao correr da pena, as homenagens a João Sousa, ao Moreirense vencedor da Taça da Liga e muito recentemente às basquetebolistas seniores do Vitória pela subida de divisão que tiveram “direito” a uma selfie com o presidente da câmara que muito provavelmente não assistiu a um único dos seus jogos mas que não resistiu a colar-se ao seu sucesso.
Claro que quando se trata do Vitória, o maior clube do concelho e que tem mediatismo nacional e internacional, a tentação de colagem aos seus sucessos é absolutamente irresistível (até pelo peso emocional do clube na comunidade) pelo que nenhuma ocasião de promoção à custa do clube pode ser desperdiçada.
E por isso anteontem, quer no almoço oficial da final da taça de Portugal quer na tribuna de honra do Jamor, lá estava o presidente da câmara a aproveitar o mediatismo que o Vitória confere, o que não o tornando diferente de muitos dos seus congéneres ainda assim merece um severo reparo pelo que a seguir explicitarei.
Como é sabido, não importa agora se bem se mal, o Vitória esta época decidiu uma política de patrocinador principal para as camisolas que implica a venda do espaço jogo a jogo pelo que foram várias as empresas que ao longo da época apareceram na frente das camisolas vitorianas.
A final da taça não fugiu, nem podia fugir, à regra pelo que a SAD vitoriana numa inatacável lógica de rendimento comercial vendeu o espaço à região de turismo do Porto e Norte de Portugal que terá sido quem melhor proposta apresentou.
Fez bem o Vitória ao vender ao melhor preço e fez bem a região de turismo ao aproveitar a oportunidade de se promover num evento televisionado para muitos milhões de pessoas.
Mas fez mal, muito mal, a Câmara de Guimarães ao não aproveitar esta oportunidade de ouro para divulgar o nosso município, fosse em termos do seu centro histórico património mundial fosse na promoção da candidatura de Guimarães a “capital verde” europeia, como já fizera no passado outra câmara do mesmo partido (mas com outro presidente) em relação à CEC 2012 patrocinando as camisolas com que o Vitória defrontou o Porto na final de taça de 2011.
Assim do Vitória a Câmara só quis o protagonismo conferido pela presença do seu presidente no Jamor nada se importando que as camisolas do principal clube do concelho fizessem publicidade expressa ao Porto e a uma região de turismo de que Guimarães faz parte mas sem que o seu nome apareça na designação oficial da mesma o que significa que é um facto desconhecido da esmagadora maioria das pessoas.
Ou seja a Câmara e o seu presidente colheram sem semearem, sem investirem, sem pagarem.
Foi só lucro.
Em Guimarães o protagonismo à custa do Vitória está barato…

O Nosso 14

Uma final, com tudo de decisivo que encerra, é um jogo em que normalmente se apela aos automatismos  criados ao longo da época e se procura inovar o menos possível de molde a que as equipas possam jogar o mais de acordo possível consigo próprias.
Não foi exactamente esse o caminho seguido por Pedro Martins, talvez tentando surpreender Rui Vitória, mas não foi totalmente feliz nessa opção bem como nalgumas opções ao longo do jogo.
Essencialmente o treinador vitoriano inovou ao jogar sem ponta de lança de raíz, colocando Marega nessa posição mesmo sabendo-se que o maliano não se sente completamente à vontade no lugar, e depois durante o jogo ao colocar Raphinha a lateral esquerdo, aquando da troca de Konan por Texeira , recuando no terreno o que estava a ser o mais incisivo dos nossos avançados.
Individualmente:
Miguel Silva: Esperava-se que fosse Douglas a jogar (e merecia ser)atendendo até ao facto de Miguel estar sem ritmo de jogo mas a opção do treinador foi outra. Cumpriu sem problemas embora tenha deixado a sensação de que na sua melhor forma no primeiro golo talvez tivesse feito mais qualquer coisa.
Bruno Gaspar: Um bom jogo do lateral vitoriano que muitas das vezes foi, como gosta, mais uma unidade de ataque.
Josué: Foi dos que aprendeu com a lição da Luz e desta vez esteve muito mais acertado nas marcações aos adversários realizando um jogo de bom nível. Mal apenas, mas com responsabilidade a dividir com Pedro Henrique, na forma como não protegeram Miguel Silva no primeiro golo deixando Jimenez recargar à vontade.
Pedro Henrique: Esteve em duvida mas ainda bem que pôde jogar porque tem rotinas apuradas com os colegas e é um jogador normalmente implacável na marcação. Esteve menos bem que Josué porque além das tais responsabilidades no primeiro golo ainda se deixou antecipar por Salvio no segundo.
Konan: Estava a fazer uma exibição de bom nível pelo que se estranhou a sua saída. Com a qual a equipa não beneficiou.
Rafael Miranda: Uma exibição de bom nível a "mandar" no meio campo. Foi um dos responsáveis pela supremacia vitoriana nessa zona do terreno.
Zungu: Uma primeira parte de excelente nível a formar um duo eficaz com Rafael e a não deixar o adversário jogar nessa zona. Não foi certamente por acaso que durante esse período Jonas não conseguiu uma vez que fosse recuar para pegar no jogo entre linhas como gosta. Com a entrada de Celis foi "desposicionado" e a equipa ressentiu-se. Fez o golo e deixou uma bela imagem da sua capacidade.
Hurtado: Estava a fazer uma boa exibição, muito activo e a procurar a bola, quando teve o azar de se lesionar. Fez falta na segunda parte.
Hernâni: Dele se esperava muito mas deixou desde os instantes iniciais a clara sensação de não se encontrar fisicamente bem. Ainda teve um remate perigoso mas nunca foi o verdadeiro Hernâni, aquele que desbarata defesas e faz assistências e golos. Bem substituido.
Marega: Um poço de energia e um lutador persistente deu muito trabalho à defesa adversária. Mas faltou-lhe espaço para aquelas arrancadas em que faz a diferença.
Raphinha: "Sem" Hernâni competiu-lhe ser a principal gazua vitoriana para abrir a defensiva adversária. E foi-o conseguindo a espaços com algumas jogadas em velocidade e usando a capacidade de drible. Depois foi "desviado" para lateral esquerdo e a equipa não ganhou nada com isso.
Foram suplentes utilizados:
Célis: Rendeu Hurtado mas não em termos posicionais nem em influência na equipa. Uma exibição apagada que deixou no ar a interrogação de porque não foi Tozé sequer convocado quando tão bem jogara com o Feirense. Ainda por cima Célis é jogador do Benfica e isso cria...constrangimentos.
Texeira: Não teve grandes oportunidades mas a sua movimentação (ponta de lança puro) criou embaraços aos centrais benfiquistas. Na melhor ocasião de que dispôs deixou-se antecipar por um adversário.
Sturgeon: Rendeu Hernâni e a sua entrada causou alguma surpresa porque face às dificuldades defensivas dos centrais encarnados aguardava-se a entrada de Rafael Martins para pressionar o centro da defesa adversária. Foi outra a opção de Pedro Martins mas infelizmente sem resultados.
Não foram utilizados:
Douglas, João Aurélio, Prince e Rafael Martins

Melhor em campo: Zungu

O Vitória deixou uma boa imagem mas isso não foi suficiente para vencer face a um adversário que foi mais eficaz na hora de concretizar e depois soube segurar a vantagem no assédio final da equipa vitoriana.
Terminada a época, com a conquista do quarto lugar e a presença na final da taça de Portugal, pode dizer-e que o Vitória cumpriu os seus objectivos e realizou uma temporada muito positiva afirmando-se como o quarto clube português.
Agora vem aí um grande desafio que é o de estabilizar o plantel e contratar os necessários reforços para consolidar o estatuto alcançado e na próxima época fazer frente com sucesso às muitas frentes em que vamos estar envolvidos.
Campeonato, taça, taça da liga (em que somos cabeça de série), supertaça e liga Europa.
E isso é incompatível com recomeços, "anos zero", prioridades diversas da desportiva.
Ainda por cima numa temporada em que , sem fazer futurologia, me parece que quer Porto quer Sporting vão ter muitos e complicados problemas pelo que pode haver uma janela de oportunidade para mais qualquer coisa se formos suficientemente hábeis para nos posicionarmos.
Assunto a que voltarei.
Depois Falamos

Jamor ? Nunca Mais !

O meu artigo desta semana no zerozero.

Creio que se alguma frase uniu ontem muitos vitorianos e benfiquistas, antes, durante e depois da final de taça foi a rejeição de algum dia regressarem ao Jamor.
Porque foi mau demais.
Adeptos do futebol pagarem o seu bilhete (20, 27,5 ou 35 euros pouco importa a diferença) para assistirem a uma final da Taça de Portugal, um dos jogos mais importantes de qualquer época, e depois estarem mais de duas horas à chuva, expostos à intempérie apenas porque a final se disputa num estádio velho, caduco, pequeno para a dimensão dos opositores de ontem e essencialmente com bancadas descobertas sujeitando espectadores à chuva inclemente de ontem ou ao calor abrasador de outras ocasiões é inaceitável sob qualquer ponto de vista.
Ainda para mais num país que gastou fortunas para construir e remodelar estádios para receber o Euro 2004, num país que tem,portanto, estádios modernos alguns dos quais capacitados para receberem finais europeias como já foi o caso de Alvalade e da Luz.
Não cheguei ontem a esta conclusão.
Há quase dez anos que o venho defendendo publicamente, quer em artigos de opinião quer num programa televisivo em que colaborei no Porto Canal, porque entra pelos olhos dentro que o Jamor de há muito que não tem condições de conforto, nem a dimensão necessária ,para receber jogos com o mediatismo e o interesse popular que uma final de Taça sempre desperta.
E prova disso é que a própria selecção nacional há muito deixou de lá jogar precisamente porque essa falta de condições o tornam desaconselhável para jogos ao mais alto nível.
Fui pela primeira vez ao Jamor em 1988 numa final de Taça entre Vitória e Porto.
Um calor terrível ao ponto de até a pedra das bancadas (ainda não havia cadeiras) aquecer de tal forma que tornava difícil permanecer sentado.
Fiquei, desde logo, mal impressionado.
Voltei em 2000, casualmente, para assistir a uma finalíssima entre Porto e Sporting jogada à noite e a meio da qual começou imprevistamente a chover o que me obrigou a assistir (a mim e a muitas pessoas) à segunda parte abrigado entre as árvores do topo norte!
Reforcei, e muito, a minha convicção de que aquele estádio não serve.
Regressei em 2011 para a final Vitória-Porto. Outro “banho” de calor.
Em 2013, na final entre Vitória e Benfica, foi a minha ida ao Jamor em que o tempo se mostrou mais colaborante mas já nesse jogo a falta de capacidade do estádio foi gritante com milhares de adeptos de ambos os clubes a ficarem de fora por não conseguirem bilhete.
Ontem foi “aquilo” que se viu e ,do meu ponto de vista, a prova definitiva de que continuar a apostar no Jamor para palco das finais de Taça por razões apenas históricas e paisagísticas (porque outras não há) é persistir no erro e mais do que isso uma falta de respeito pelo público pagante.
Vi, desde pessoas mais idosas a crianças, pessoas completamente encharcadas, a tiritarem de frio a quem apenas a paixão pelos seus clubes mantinha no estádio expostas à inclemência do tempo com graves riscos para a saúde.
Como também vi algumas, por manifestamente não conseguirem resistir à chuva e às roupas encharcadas, abandonarem o estádio profundamente contristadas porque lhes era manifestamente impossível lá continuarem.
Na viagem de regresso, parando em áreas de serviço para tomar café e reabastecer o carro e na Mealhada para outro tipo de “reabastecimento”, em todos os locais encontrei vitorianos amigos, conhecidos e pessoas que não conhecia mas também adeptos do Vitória com as roupas encharcadas a fazerem viagens penosas pelo evidente desconforto resultante dessa situação.
E seguramente que o mesmo se passou com adeptos do Benfica.
Não pode ser!
E por isso creio ser tempo de a FPF proceder a uma reflexão séria sobre o assunto, eliminar o Jamor como palco da final e pensar noutro modelo para escolha do estádio que albergará esse jogo porque o futebol profissional do século XXI é uma industria demasiado séria para estar presa ao romantismo inerente à utilização de um estádio caduco de meados do século passado.
Pessoalmente gosto do modelo espanhol.
No qual o estádio da final é escolhido por acordo entre os finalista e normalmente equidistante,tanto quanto possível, a ambas as equipas.
É um sistema justo que serve a ambos os finalistas e a que Portugal não teria dificuldade em se adaptar face a possuir três estádio de grande lotação e mais sete de lotação média e que podiam ser alternativa para finais entre clubes com menor número de adeptos.
Exemplifico:
A final de ontem poderia ser em Alvalade ou no Dragão.
Mas uma final entre, por exemplo, Rio Ave e Paços de Ferreira podia ser em Guimarães ou Braga tal como uma final entre Belenenses e Boavista podia ser em Coimbra, Leiria ou Aveiro entre muitos outros exemplos possíveis.
Haja a vontade e o bom senso de também nesta matéria se modernizar o nosso futebol.
Depois de ontem será muito mau se tudo ficar na mesma.

P.S. Por falar noutros modelos: Neste sábado realizaram-se as finais de taça em Inglaterra, Espanha, Alemanha e França que são quatro das maiores Ligas europeias.
Realizaram-se no sábado porquê?
Para permitir aos adeptos dos finalistas regressarem a casa no final dos jogos e aproveitarem o domingo para descansar.
Em Portugal a final de Taça é ao domingo.
E por isso ontem ao fim da noite e hoje de madrugada milhares de vitorianos chegaram a suas casas cansados das viagens, encharcados pela chuva e na sua esmagadora maioria a terem de trabalhar hoje de manhã.
Não é justo.
E por isso a FPF deve considerar a hipótese de também em Portugal a final de taça passar a ser jogada ao sábado.
É uma decisão fácil de tomar.

Uma Taça Amarga

A final da Taça de Portugal juntava este ano duas equipas que tiveram sucesso na Liga.
O Benfica ganhara o campeonato, conseguira o primeiro tetra da sua história e estava no Jamor com a ambição da dobradinha enquanto o Vitória se classificara no "seu" quarto lugar e estava na final com a ambição de vencer pela segunda vez o troféu.
Havia a pairar sobre o jogo, mas depressa se verificou que sem qualquer razão, o fantasma do recente jogo do campeonato em que os encarnados haviam vencido de forma expressiva e isso terá levado a que alguns pensassem que o jogo da final era apenas um pro forma antes da entrega da taça ao Benfica porque mais golo menos golo o triunfo estaria assegurado.
A verdade é que a velha máxima de não haver dois jogos iguais se confirmou plenamente e o Vitória do Jamor nada teve a ver com o Vitória da Luz e isso permitiu um jogo muito mais disputado e bem mais interessante.
O Vitória foi a melhor equipa da primeira parte, teve as melhores ocasiões, mas não conseguiu chegar ao golo que lhe permitiria enfrentar a segunda parte com outra estratégia e isso em alta competição paga-se muito caro.
Porque com um golo logo no início da segunda parte, num lance em que Jonas teve todo o tempo para preparar o remate e Jimenez o tempo que quis para a recarga, o Benfica ganhava vantagem que veria reforçada poucos minutos depois num golo de Salvio que chegou a fazer pairar, outra vez, o fantasma dos 0-5.
A verdade é que o Vitória não perdeu a cabeça, nem desistiu de discutir  o resultado, e conseguindo um golo por Zungu reentrou na discussão da final pese embora em contra ataque o Benfica tenha construído e desperdiçado três boas oportunidades de golo que dariam ao marcador um expressão injusta face à realidade do jogo.
Em suma uma taça ganha pela melhor equipa desta final (e desta época) enquanto o Vitória foi um digno vencido que discutiu o jogo até ao fim e podia perfeitamente ter saído vencedor se tivesse sido mais eficaz a concretizar e mais acertado a defender.
Hugo Miguel fez um bom trabalho e não teve qualquer influência no resultado o que é sempre de enaltecer e em especial num jogo desta importância.
O vídeo árbitro em estreia nas duas vezes em que foi consultado confirmou as decisões do árbitro!

quinta-feira, maio 25, 2017

Fair Play

Um jogo com as características de uma final de taça, ainda por cima entre dois clubes com enormes massas associativas, acarreta sempre uma tensão e uma conflitualidade muito próprias porque como diz José Mourinho "as finais são para ganhar e não para jogar" e ninguém gosta de perder nem que seja a feijões.
Quando a isso se juntam as características muito próprias de um Vitória-Benfica, desde ser a segunda vez que se encontram no Jamor e na primeira ganhou o menos favorito até ao facto de um ser o clube que tem mais adeptos no país e o outro o que tem mais adeptos na sua Terra, tudo isso contribui para a certeza de casa cheia e estádio dividido entre ambos,em termos de adeptos, com tudo que isso acarreta de despique em termos de apoio.
Por isso muito bem andou a Federação Portuguesa de Futebol ao lançar uma campanha de "fair play", protagonizada por Pedro Martins e Rui Vitória, em que ambos mostram que para lá da saudável competição desportiva podem e devem existir relações cordiais e de respeito entre ambos os emblemas deixando para técnicos e jogadores a resolução das pendências desportivas que se devem restringir apenas e só à esfera...desportiva.
Claro que isto só é possível com homens bem formados, que se respeitam entre eles e à sua profissão, e que percebem que o futebol português estava a precisar de momentos como este depois de um ano  de puro nojo marcado por constantes polémicas entre dirigentes e comentadores afectos aos três clubes do costume.
Parabéns pois a Pedro Martins, a Rui Vitória e à FPF por este iniciativa.
E espero , com todo o fair play possível, que a partir de domingo a foto que encima este texto mostre os dois treinadores que ganharam a Taça de Portugal ao serviço do Vitória.
Depois Falamos.

O Santo



Com Roger Moore, hoje falecido aos 89 anos de idade, morrem também algumas das minhas melhores memórias televisivas e cinematográficas de sempre repartidas por filmes e séries de televisão em que ele foi protagonista.
Recordo especialmente três.
A sua participação em sete filmes de James Bond, sucedendo a Sean Connery, num ciclo em que o personagem viveu uma fase mais aligeirada e burlesca privilegiando o humor em detrimento de outros componentes que eram mais valorizados com  Connery e voltaram a ser com Pierce Brosnan e Daniel Craig.
E duas séries televisivas.
"Os Persuasores", em que contracenava com Tony Curtis, interpretando o papel de Lord Brett Sinclair e compondo uma dupla inesquecível numa série cheia de bom humor, acção, glamour e investigação policial.
E "O Santo".
Uma das mais populares séries do anos sessenta em que o actor interpretava o papel de Simon Templar um aventureiro sempre metido em mil trabalhos mas dos quais se saia sempre airosamente e muito bem acompanhado.
Para mim, e acredito que para muitos da minha geração e de gerações anteriores à minha , Roger Moore será essencialmente recordado como "O Santo" que preencheu tantos serões televisivos nas noites de sábado de antigamente proporcionando muitas horas de agradável televisão.
Tempos atrás , nesse magnifico canal que é o RTP-Memória, tive a grata oportunidade de ao longo de alguns meses rever todos os episódios de todas as temporadas dessa inesquecível série recordando alguns e vendo outros como se fosse a primeira vez por já deles não me recordar.
E vi-os com o prazer e a atenção com que vejo algumas das melhores séries de hoje.
Creio não poder prestar melhor homenagem ao talento de Roger Moore.
Depois Falamos

Treinadores

Portugal tem, desde sempre, excelentes treinadores de futebol.
Desde os "clássicos" como José Maria Pedroto, Fernando Vaz ou Mário Wilson que marcaram a sua época no nosso futebol e são ainda hoje recordados pela sua capacidade de dirigirem equipas até aos da actualidade nos quais José Mourinho é o mais incontornável de todos eles e vai depois de amanhã disputar a sua quarta final europeia.
Mas a trabalharem no estrangeiro há outros nomes de grande relevo como Leonardo Jardim, André Vilas Boas, Marco Silva, Paulo Sousa, Manuel Cajuda, Carlos Carvalhal, Sérgio Conceição,Vítor Pereira, Pedro Caixinha entre outros exemplos possíveis.
Nem todos estarão a treinar em clubes e campeonatos que a sua competência justifica mas o mundo do futebol tem desígnios insondáveis e por isso o estarem agora nesses campeonatos periféricos em nada belisca a sua capacidade.
Em Portugal propriamente dito também há técnicos de grande qualidade e mérito reconhecido dos quais se salientam Rui Vitória, Jorge Jesus, Pedro Martins, José Peseiro, Luís Castro,Vítor Oliveira, Pedro Emanuel e mais alguns a que se juntam jovens "emergentes" como Daniel Ramos, Nuno Manta, Pepa, Jorge Simão, Miguel Leal, Petit, etc entre muitos exemplos possíveis.
Sem esquecer, é claro, o seleccionador nacional Fernando Santos e um dos melhores treinadores portugueses das últimas décadas, Manuel José, que por vontade própria deixou de treinar dois anos atrás.
Em suma podemos considerar que os treinadores portugueses são uma classe de sucesso e com sucesso.
Pelo que não pode deixar de ser motivo de profunda admiração o facto de na nossa liga apenas cinco clubes terem mantido os seus treinadores ao longo de toda a época - Vitória, Porto,Benfica,Sporting e Vitória FC- enquanto todos os outros mudaram e alguns mais do que uma vez ao longo do campeonato.
Pedro Martins, Nuno Espírito Santo (que já rescindiu o contrato para a próxima época) Rui Vitória, Jorge Jesus e José Couceiro foram os resistentes mas parece-me evidente que para lá dos seus méritos o problema não estará nas capacidades dos colegas que foram despedidos mas sim nos dirigentes que estão sempre ansiosos por encontrarem bodes expiatórios quando as coisas correm mal.
Muitas das vezes por culpa deles próprios.
Veja-se o Braga que quanto mais mudou mais piorou ou Arouca e Nacional que mudaram duas vezes de treinador e acabaram por descer provando de forma clara que a "chicotada psicológica" (Rui Alves reconheceu-o explicitamente) nem sempre é a melhor solução.
Mas talvez o exemplo mais "enigmático" seja o protagonizado por Moreirense e Tondela e pelos treinadores Pepa e Petit.
Pepa começou a época no Moreirense mas quando as coisas começaram a correr menos bem foi despedido e rumou a Tondela de onde ,pelas mesmas razões, tinha saído Petit que rumou ao Moreirense !!!
No final de época ambos os "aflitos" se salvaram pelo que apetece perguntar porque razão mudaram de treinadores se ambos cumpriram os objectivos da manutenção.
Em boa verdade sendo Portugal um país de gente com jeito para o futebol,seja a jogar seja a treinar, é pena que esse jeito em muitos casos não se estenda a quem dirige.
Porque esse é, verdadeiramente, o calcanhar de Aquiles do nosso futebol.
Depois Falamos.