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quarta-feira, janeiro 21, 2009

O Dono ?


Publiquei, hoje, este artigo no site da Associação Vitória Sempre


Portugal é, não só no futebol, um país com especificidades muito próprias difíceis de encontrar noutras paragens.
Mas atentando no desporto rei, que é o tema deste artigo, é fácil de encontrarmos no futebol português umas espécies de “Avis raras”, eventualmente extintas noutros paradeiros, que são os donos dos clubes.
Não donos na versão accionista, como em Inglaterra, mas sim donos noutra esfera de actuação.
Refiro-me aos treinadores portugueses.
Que esquecem com muita facilidade que são assalariados dos clubes, no âmbito de contratos livremente celebrados entre as duas partes (entenda-se quem não se sentir bem…ponha-se), e cuja esfera de actuação se circunscreve á preparação de uma equipa de futebol em todas as vertentes de actividade.
Constituição do plantel, reforços e dispensas, treino e orientação nos jogos.
Nada mais.
Ao contrário do que acontece por exemplo em Inglaterra onde os treinadores também tem interferência directa na gestão financeira do plantel.
Em Portugal não é assim.
E por isso os treinadores, por maior que seja o seu curriculum, mais forte o carisma e mais intensa a ligação aos adeptos, tem de trabalhar com os meios que os clubes põe á sua disposição, com os jogadores que os clubes tem possibilidades de contratar, com planteis que nunca serão o que desejam mas o que podem ter.
Como aliás acontece em todo o lado.
É por isso que cada vez entendo menos as birras de Manuel Cajuda.
Porque tudo que tem sido feito no Vitória, bem ou mal não é isso que nos compete aqui discutir, em termos de plantel tem sido feito com o seu conhecimento e concordância.
Aquisições, dispensas, empréstimos.
Todos nos lembramos de declarações no início da época a atestar que a equipa até era melhor que o ano passado, que o Alan não fazia falta, que estava plenamente satisfeito com o plantel.
Afirmações essas, aliás, que mereceram desde logo a desconfiança de muitos adeptos (basta ler os blogues vitorianos) que não viam equipa á altura dos desafios.
Mas Cajuda deu a cara pelas soluções encontradas.
Depois vieram as lesões, as exibições confrangedoras, a cruel eliminação perante o Basileia, a chegada tardia dos oriundos do SLB.
Que são atenuantes.
Mas não desculpas.
Até que chegamos a Dezembro e com o Vitória longe dos lugares que todos desejamos.
Aí a direcção, com alguma ingenuidade em termos de declarações públicas, partiu para o reforço da equipa.
E embora com os prazos que ela própria definira já largamente ultrapassados a verdade é que contratou três jogadores (o quarto estará a chegar) com todas as condições para darem mais qualidade á equipa.
Dando , aliás, cumprimento ao desejo do treinador que dissera que a virem reforços tinham de ser bons porque “porcaria” já tinha que chegasse !!!
Por isso considero incompreensível que Cajuda se tenha vindo demarcar dos reforços como se não tivesse sido ouvido e não tivessem merecido o seu aval.
Dando a clara sensação de andar á procura de um conflito.
Reforçando essa postura com o anunciado black out á comunicação social.
E aqui interrogo-me:
Essa atitude terá merecido a concordância e a solidariedade da direcção do clube?
Ou Cajuda já se acha dono do Vitória?
É que numa indústria altamente profissional como é o futebol estas atitudes tem consequências que muitas vezes (espero não estar a ser ingénuo) os seus autores não ponderam.
Porque, nomeadamente para os patrocinadores, não é a mesma coisa nas conferências de imprensa estar Cajuda ou estarem Nascimento ou Basílio.
No mundo muito próprio do futebol não é a mesma coisa, seguramente, numa eventual má arbitragem vir Cajuda (pelo protagonismo muito próprio) insurgir-se ou vir um dos seus adjuntos.
E para nós adeptos, que temos dado a Cajuda um apoio e um carinho que nunca teve na vida, não é a mesma coisa ouvirmos declarações dele ou dos seus adjuntos.
Considero os black out, sejam de Cajuda sejam de quem forem, um desrespeito pelos clubes, pelos adeptos e pelo próprio futebol.
Especialmente, como é o caso e não venha Cajuda fazer de nós parvos, quando são utilizados como arma de arremesso contra a direcção do clube e como represália a declarações do presidente.
Se Cajuda quer ir embora, por razões mais ou menos respeitáveis, que o assuma claramente e não ande a usar estratégias de “esticar a corda” que sinceramente lhe ficam mal.
Ficam mal a ele, nós adeptos não merecemos e a direcção não é obrigada a aturar.
Porque sendo crítico em relação a várias decisões, como aliás o tenho manifestado aqui e noutros espaços, faço a justiça de reconhecer que ninguém mais do que os dirigentes quer que as coisas corram bem.
Porque são, literalmente, os que pagam quando as coisas correm mal.

P.S. Sem querer deitar lenha para fogueiras indesejáveis, tenho pena que antes de mergulhar no black out Manuel Cajuda não tenha esclarecido porque razão “correu” do clube jogadores que manifestamente tinham lugar neste plantel como Targino ou Felipe.
Este ultimo, então, alvo de uma descriminação incompreensível.
Porque, convém não esquecer, avalizou e deu oportunidades a portentos como Jean Coral, Carlitos ou Radanovic.

4 comentários:

  1. Nao concordo (em grande parte)...
    As declaraçoes que foram efectuadas por M.Cajuda até os dias de hoje, no caso de serem proferidas por outro sr. treinador, seriam entendidas como jogo psicologico... Infelizmente M.Cajuda nao estara ao mesmo nivel de psicologia de grupo, que esse sr.possui, mas nao andara muito longe. Quem duvidar que olhe para os numeros desde que esta a treinar o Vitória. Veja quantas vezes foi ele o unico a acreditar...
    Nao pretendo ilibar de algumas culpas que possa ter, mas nao ha ninguem infalivel.
    Quanto á uniao da direcçao, acho que se fosse identica á conseguida no balneário estariamos bem melhor.(falo sem conhecimento de causa)
    Abraço

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  2. Luis Cirilo,
    Desculpa contactar desta forma mas e que te encontrei por acaso. Talvez te lembres de mim; O Jose Carlos Pancho que andou a estudar contigo e vivia na R. de Gil Vicente. Estou em Inglaterra faz muitos anos ja e gostaria de falar um pouco. Manda-me um e-mail para joeneves@smart-cleanings.co.uk - que e a minha companhia aqui. Um abraco grande.

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  3. Aceitar não é o mesmo que concordar.

    Compreender os motivos da direcção para não comprar este ou aquele ou ter que vender um titular a meio da época não passa disso: compreender.

    Pedir um central, um ala e um ponta de lança e receber dois pontas de lança e um trinco, é como diz: ele é um mero assalariado do clube, que os use. Ele fez mais, vai usá-los e ficar calado para não dizer mais asneiras, ou aquilo que 90% dos adeptos pensam desta política desportiva.

    E que ideia estranha essa de achar o Cajuda o dono, quando deu tanto as costas às borradas desta direcção desde o início do campeonato.

    "Donos", procure-os ali junto do Milo, sempre ao lado dele, ou então em quem se preocupa mais em colocar nos splashs do site publicidade ao Finibanco do que em apoiar realmente o clube.

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  4. Cajuda tem, seguramente, muitas culpas. Essencialmente por não ter dado um murro na mesma quando devia e ter feito de tudo para se enganar a ele e aos associados. Com isto, sai mal na fotografia de cada vez que diz o contrário do que foi afirmando num discurso repetitivo e gasto. Porém, parece-me que é o menos culpado de uma gestão desportiva incompetente que começa por aqueles que realmente se acham os donos do clube e que brotam incompetência por todos os poros. Em cada palavra e em cada acto. Falo, naturalmente, da tripla Milo/Almeida/Vasco. Isto não iliba Cajuda de muitos erros, mas leva certamente a pensar que Cajuda tem escondido o mais que pode a incompetência de quem nos dirige.
    Censuro o seu silêncio? Claro. Censuro as suas últimas declarações? Não. Apenas as lamento, por serem tardias. Cajuda não é santo e ele sabe bem que não é e fala demais, e ao contrário do que muitos julgam, o seu respeito pelos adeptos vitorianos é igual ao respeito que tem por todos os outros adeptos, bem como o seu amor ao clube. Mas, seguramente, estará longe, muito longe de ser o "mau da fita".

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