Já sabemos que há muita gente confinada em casa.
Já sabemos que fazer o teste e ir levantar a pulseira é um acréscimo de trabalho para quem quer ir ao futebol.
Sabemos isso tudo.
Mas também sabemos que ontem era domingo, o jogo foi às 15.30 h, estava um excelente tempo, não faltavam postos de testagem em volta do estádio.
Sabemos ainda que para quem já tomou a dose de reforço nem teste era necessário fazer bem como para quem tivesse um certificado de recuperação.
Estavam 7745 pessoas a ver o jogo.
Bem sei que noutros clubes, nomeadamente dos arredores de Guimarães, esse número seria motivo de profunda satisfação.
Para nós não é.
É de tristeza, reflexão, de interrogação sobre a forma como cada um de nós exprime o seu vitorianismo e apoia o nosso Vitória.
E não me venham com exibições, classificações, eleições e outras questões.
Tudo isso terá o seu tempo próprio como é bem sabido.
Agora é o tempo de cada vitoriano cumprir o seu dever que é apoiar o Vitória Sport Clube.
E estamos, colectivamente, a falhar.
Parabéns aos 7745 que lá estiveram ontem.
Esses não falharam!
Em bom rigor não falham nunca.
Depois Falamos.
Depois Falamos.
P.S. Quando cerca das 11.30 h fui levantar as minhas pulseiras e não estava ninguém a não ser os jovens do atendimento percebi que íamos ter mais uma assistência bem abaixo do que deve ser a nossa realidade. Infelizmente não me enganei.
Temos de agradeecer à atual direção por tanto ter feito para recuperar todos os sócios que por algum motivo deixaram de pagar as suas quotas, e não foram poucos!
ResponderEliminarCaro Luís Cirilo;
ResponderEliminarCreio que a questão está mesmo relacionada com a posição que o vitorianismo, como lhe chama, se posiciona na nossa hierarquia de prioridades. Em mais de 25 anos de sócio, creio que terei assistido a mais de 85% dos jogos disputados em casa. Acrescento a esses todos aqueles que assisti ainda sem o ser (como era comum a muitas crianças na década de 80). No entanto, sempre tive consciência de que, para mim, o Vitória era, adaptando o que dizia o outro, uma das coisas mais importantes das coisas menos importantes da vida. Suponho que para muitos vitorianos, seja muito mais. À luz da minha visão do mundo, é estranho, mas eu também não defendo um mundo à minha imagem. Defendo apenas um onde eu possa existir com um significativo grau de autonomia de acção. Durante todos os anos que referi, tivemos todo o tipo de exibições, classificações, eleições e outras questões. Mas quando a questão passa pela exibição de um certificado sanitário, aí, para mim, parou! Aliás, quando fui pagar quotas à loja do Vitória e me perguntaram pelo certificado para a colocação do dístico "OK", respondi que não iria ver qualquer jogo nessas condições e aguardava que o Vitória tomasse uma posição relativamente ao certificado digital igualzinha, nem mais nem menos do que isso, à que tomou relativamente ao Cartão do Adepto. Continuo a aguardar. Numa perspectiva mais alargada, continuo a aguardar ainda que a sociedade tome uma posição igualzinha à que tomou quanto à aplicação STAYAWAY COVID, ou lá como raio se chamava a coisa. Até lá, o futebol junta-se a um conjunto de actividades que também não frequento, tais como outros espectáculos e restauração. A ideia de ter um certificado decalcado do filme "Contágio" (no Vitória, até se usa mesmo uma pulseira) para um situação, no mínimo, 40 vezes menos grave é arrepiante, atendendo ao poder que se atribui a um governo que, sendo eu um liberal, é um órgão que necessita de estar sempre, ele sim, sob controlo. E lutar contra isso assume uma posição claramente superior na minha hierarquia de prioridades. Já tive de comprovar a vacinação contra o tétano para entrar em diversos níveis de ensino, o que já de si é caricato, pois nem sequer é uma doença contagiosa (embora, por razões profissionais, até esteja altamente exposto à possibilidade de infecção, mas isso são contas de outro rosário). Só que entrar numa instituição de ensino faz parte das coisas realmente importantes da vida e não posso dar-me ao luxo de dispensar-me disso. Para que este princípio na se generalize, quem tem um visão do mundo próxima da minha (os restantes têm toda a legitimidade de pressionar no sentido contrário), vê-se na necessidade de aproveitar todas as oportunidades para travar um movimento avassalador que vem deslocando a vida em sociedade para um espaço cada vez mais controlado e menos amigo da autonomia.
Num estádio com 15 000 pessoas encontrará algumas que estão lá porque as exibições são boas, outras porque a classificação é boa, outras porque gostaram dos resultados eleitorais, algumas que iriam sempre, e algumas outras porque aquilo a que se chama normalidade reúne um conjunto de pressupostos que tornam a ida ao estádio num gesto com sentido. De cada vez que a situação se move, há um ou mais grupos dos que referi que se afastam. Esta, segundo oiço dizer por aí, é uma nova normalidade que consiste numa forma de viver radicalmente diferente da anterior. Por razões diferentes, que coincidiram no tempo, vários grupos parecem ter deixado de ver sentido na ida ao futebol. Um deles, em particular, foi convidado pelo resto da população a ir viver para um sítio isolado. Se calhar, optou por ir. Quando desenhamos um novo normal, temos de ter em conta que se é para ser novo, em princípio será diferente do anterior. Pelos vistos, nos estádios de futebol, e em particular no nosso, é. Mesmo com defeitos, eu gostava mais do anterior. Voltarei quando retirarem os obstáculos ao seu e meu regresso.
Caro PJ:
ResponderEliminarRecuperar os sócios que por dificuldades financeiras deixaram de pagar cotas é muito importante. Mas tem de ser feito com muita sensatez e não pondo em causa aqueles que pagaram sempre. É um trabalho que vai demorar anos.
Caro Luís Ferreira:
Compreendo perfeitamente os seus argumentos e a sua decisão. Creio que os explicou bem e de forma detalhada. Compreenderá também que sendo respeitáveis, e concordando com a análise que faz dos tais grupos que se afastam, não resolvem o problema do Vitória. E não está na mão do clube mudar as regras porque elas são impostas a todos os clubes pelas autoridades sanitárias e desportivas. Esperemos, então, que a pandemia passe e se possa voltar aos estádios num clime de normalidade. Pela parte que me toca e com o máximo de segurança possível continuarei a marcar presença nas caadas do DAH.