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quinta-feira, novembro 12, 2020

Cerne

Nos últimos dias tenho lido bastante sobre os Açores e o acordo que viabilizou um governo de centro direita no arquipélago após as eleições regionais.
Da azia da esquerda nem vale a pena falar e apenas desejo que se mantenha porque dá gosto vê-los assim. Então a da dupla António Costa/Carlos César é mais que gosto, é prazer mesmo. 
Outras posições, contudo, entendo menos bem. 
Circula por aí um documento subscrito por umas dezenas de pessoas da área do PSD(mas não só) que indiscutivelmente são bem pensantes, bem falantes e muito esclarecidas em que criticam o acordo que viabilizou a nova maioria por causa do entendimento entre o seu partido e o Chega.
No plano discursivo, até dos principíos de pureza ideológica (que nada custa a defender quando não se tem de tomar decisões executivas), são bem capazdes de ter razão e não sou eu que as vou contraditar até porque já não pertenço ao partido. 
Mas só há uma coisa que não consigo perceber, provavelmente por não atingir o elevado nível de pensamento de muitos deles, e que é na sua essência muito simples: Se Rui Rio não tivesse chegado a acordo com André Ventura não haveria nova maioria e o governo dos Açores continuaria a ser liderado pelo PS como nos últimos 24 anos. 
E sinceramente não percebi se essa malta que tão bem pensa prefere os Açores governados por José Manuel Bolieiro ou pela dupla Vasco Cordeiro/Carlos César. 
E isso é o cerne da questão.
O resto é treta própria de quem precisa de fazer prova de vida. 

P.S. Não deixa de ser curioso que tendo Rui Rio, pela primeira vez desde que lidera o PSD, encontrado uma forma de começar a derrotar o PS tenha essas resistências dentro do seu próprio partido.

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