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quinta-feira, maio 07, 2020

Três Actos

Num daqueles dramas de faca e alguidar tão comuns à política portuguesa, e tão convenientes para desviarem atenções do que é realmente importante, discute-se vivamente por estes dias o choque de opiniões entre André Ventura e Ricardo Quaresma acerca da comunidade cigana.
No primeiro acto o líder do Chega propôs o confinamento das comunidades ciganas, na sequência dos acontecimentos ocorridos na praia de Leirosa, dada a sua (da comunidade) recusa em cumprirem aquilo que em termos de estado de emergência ,e agora de calamidade, está imposto aos restantes cidadãos nomedamente a proibição de ajuntamentos e a realização de testes ao covid-19.
Creio que André Ventura, tendo razão quanto ao princípio de que as leis são iguais para todos e ninguém está dispensado do seu cumprimento, erra ao generalizar a toda uma comunidade determinados comportamentos que são apenas de alguns,  e não de todos, pelo que devem ser esses alguns os únicos destinatários de uma acção repressiva do Estado.
No segundo acto entra Ricardo Quaresma.
Acusando Ventura de racismo e xenofobia, defendendo como é natural uma etnia a que pertence e afirmando os seus direitos de ciddania que , aliás, não creio que alguma vez lhe tenham sido negados.
Mereceu largo aplauso das "claques " do costume apenas tendo sido pena que não tenha aproveitado a oportunidade para se demarcar dos comportamentos condenáveis de membros da sua comunidade que parecem querer viver acima da lei.
Na resposta André Ventura volta a errar porque é evidente que o facto de Quaresma ser futebolista (talvez o segundo melhor da sua geração) e internacional por Portugal em nada diminui os seus direitos de cidadania, em nada obsta à sua liberdade de expressão, em nada o impede de ter opiniões políticas.
Aliás creio não ser preciso esperarmos muito para numa próxima campanha eleitoral vermos futebolistas a apoiarem o Chega, com toda a legitimidade diga-se de passagem, e certamente sem nenhum incómodo por parte de Ventura.
De resto tal como a Quaresma o ser um homem do futebol em nada o impede de ter opiniões políticas sempre que quiser também a André Ventura o ser político em nada lhe retira o direito de ter opiniões sobre futebol sempre que assim o entender.
E há que reconhecer que Ventura usa esse direito com enorme frequência.
E chegamos ao terceiro acto. 
A parlamentarização de um assunto que se devia ter ficado pela troca de argumentos na comunicação social.
Entram em campo um António Costa , que na exploração do populismo não pede meças a ninguém, colando-se a Quaresma mas com o entusiasmo esquecendo-se que a um primeiro ministro se pede mais que trivelas discursivas e uma Catarina Martins a espumar de raiva  dando mais um triste espectáculo de intolerância, malcriadice e sectarismo e com isso contribuindo, uma vez mais, para a popularidade de quem muito gostaria de aniquilar.
Ambos se esqueceram , porém, de terem uma palavra solidária para aqueles , nomeadamente forças de segurança, que nos últimos dias tem sido alvo de agressões de comunidades ciganas em vários pontos do país, como a comunicação social tem narrado, e que bem mereciam essa palavra pelo menos na mesma proporção das justas palavras solidárias para com os membros da etnia cigana que são cidadãos como os outros e cumprem exemplarmente as leis da República.
Felizmente que mais ninguém quis discutir o tema, porque o Parlamento tem seguramente assuntos bem mais importantes com que se ocupar, e por isso a "ópera" bufa terá ficado por aqui.
Assim se espera pelo menos.
Depois Falamos.

6 comentários:

  1. Caro Luis Cirilo
    Inteiramente de acordo com o seu texto.Só gostaria de acrescentar 2 ou 3 coisas.
    Efectivamente neste País os ciganos vivem completamente fora da lei : ligações directas de àgua, luz e gás. Viaturas sem inspeção, sem seguro,etc.etc.
    Desrespeito TOTAL pelos valores mínimos de vivencia social. Não sou racista mas não tolero estes animais . . .

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  2. Caro Anónimo:
    Só o primeiro ministro não reconhece que há problemas com muitas comunidades ciganas. Que querem viver na nossa sociedade dela aproveitando o que lhes interessa e rejeitando as regras que não lhes convém. Bastariam os reiterados casos de casamentos de menores e da proibição das meninas irem à escola para se perceber que há um sério problema que tem de ser resolvido. Mas o poder político é cobarde perante o politicamente correcto dos nossos dias

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  3. Caro Luís Cirilo,

    Não devemos generalizar.
    Há problemas com a comunidade cigana, sim há, mas a solução do deputado cartilheiro trauliteiro é nojenta.


    Ass. cards

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  4. Caro cards:
    Acho é que é preciso uma solução. E até hoje ainda não a vi

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    1. caro Luís Cirilo,

      Os vimaranenses racistas que insultaram Marega merecem cadeia agora não confundo dúzia de racistas com todos os vimaranenses, isto para dizer que existem ciganos maus e bons como em todos as comunidades

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  5. Caro Anónimo:
    Cadeia?
    Que exagero.

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