Grandes Campeões

Num país "futebolizado" como o nosso é com a maior das facilidades que as conquistas noutras modalidades, mesmo as mais conhecidas a seguir ao futebol, sejam vistas como assunto menor e mereçam muito menos destaque do que um lance polémico num jogo dos três estarolas que dá para semanas de discussão.

De há muito, mais propriamente desde Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro (todos eles campeões olímpicos) que nos habituamos a que grandes vitórias internacionais no atletismo tinham a ver com as provas de fundo e meio fundo embora aqui ou ali outros atletas fizessem umas "gracinhas" em distâncias mais curtas.

Disciplinas técnicas é que nada.

Saltos (comprimento, altura, triplo salto e vara)e lançamentos(dardo,disco, peso e martelo) eram provas em que nos habituávamos a não ver os atletas portugueses atingirem a final das grandes competições tal como nas provas de velocidade pura como os 100 ou os 200 metros.

De há alguns anos a esta parte o paradigma vem mudando.

Primeiro com a prata olímpica de Francis Obikwelu nos 100 metros de Atenas/2004 e depois com o ouro olímpico de Nelson Évora no triplo salto de Pequim/2008.

Antecedido por uma medalha de ouro nos mundiais de atletismo de Osaka/2007 a que se seguiriam uma de prata em Berlim/2009 e uma de bronze em Pequim /2015.

Depois apareceu Naide Gomes a vencer medalhas de ouro em mundiais de pista coberta nas disciplinas de salto em comprimento (Valência/2008) e pentatlo (Budapeste/2004) e de prata no salto em comprimento em Doha/2010.

E agora é o tempo de Patrícia Mamona.

Campeã europeia de triplo salto em Amesterdão/2016 e vice campeã em Helsínquia/2012 a atleta portuguesa conseguiu este fim de semana a medalha de prata nos europeus de pista coberta em Belgrado em mais um passo de uma carreira que certamente ainda lhe trará muitas outras medalhas.

E como Nelson Évora, depois de anos e anos em que as lesões o impediram de estar ao seu melhor nível, também esteve em grande nestes campeonatos revalidando o seu titulo europeu bem se pode dizer que hoje o triplo salto é a disciplina rainha do atletismo português e aquela em que o nosso país consegue competir e vencer ao mais alto nível.

Estão de parabéns Nelson Évora e Patrícia Mamona.

Pelas medalhas alcançadas mas também pelo contributo que deram, na senda de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Francis Obikwelu, António Leitão, Nuno Delgado, Emanuel Silva, Fernando Pimenta, Telma Monteiro, Sérgio Paulinho, Rui Silva, Aurora Cunha, Fernando Mamede,António Pinto, Vítor Rocha,Nuno Barreto, Vanessa Fernandes, Armando Marques e alguns outros para demonstrarem que Portugal não é um país só de futebol.

Há vida, títulos, troféus e medalhas europeias,mundiais e olímpicas noutras modalidades.

Depois Falamos.