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sexta-feira, novembro 20, 2015

A Dra Leal Coelho

Não conheço a dra Teresa Leal Coelho de lado nenhum.
Prejuízo meu privado que estou de conhecer tão brilhante quadro do meu partido!
Milito no PSD /JSD desde 1975 e confesso que nestes quarenta anos os trinta e cinco primeiros se passaram sem ter qualquer memória da dra Leal Coelho.
Nunca a vi num congresso.
Até pode ter estado mas eu é que não a vi.
Não me lembro de ouvir nenhuma intervenção sua, fosse sobre o que fosse, em defesa do PSD , do seu programa dos seus combates políticos.
Não quero dizer que não as tenha feito, e brilhantes até, eu é que não me lembro de as ouvir!
Não me recordo de a ver servir o partido numa junta de freguesia, numa câmara ou numa assembleia municipal.
Não quer dizer que não o tenha feito, brilhantemente até, eu é que não me lembro de a ter visto.
Confesso que a única memória que tenho da intervenção pública da dra Leal Coelho é no tempo em que foi administradora da SAD do Benfica ao lado do dr. Vale e Azevedo.
Mais nada.
Nestes últimos cinco anos, porém, tudo mudou.
Em 2011 a dra Leal Coelho , vinda do anonimato político e por mão amiga, apareceu como número dois da lista do PSD pelo Porto de forma que para ser benévolo posso considerar como absolutamente surpreendente.
São aqueles "coelhos" (sem qualquer tentativa de piada ao apelido da senhora) que nos partidos democráticos saem das "cartolas" com inusitada facilidade.
Depois foi sempre a subir.
Vice presidente do grupo parlamentar, vice presidente da comissão política nacional do PSD e nas legislativas de 4 de Outubro,imagine-se, cabeça de lista por Santarém.
Seguramente fruto da capacidade e do talento demonstrado na sua meteórica carreira política desde ,pelo menos, 2011.
Hoje a dra Leal Coelho foi um dos dezanove deputados do PSD, que ao arrepio do programa eleitoral sufragado um mês atrás e ao arrepio do que sempre tem sido a posição do PSD nestas matérias, votou favoravelmente o projecto de lei do Bloco de Esquerda referente à adopção de crianças por casais homossexuais.
Mas não contente com essa falta de respeito por quem a elegeu a dra Leal Coelho ainda ofereceu o triste espectáculo de aplaudir de pé a aprovação  desse projecto do BE.
Não sei se a dra Leal Coelho, quiçá atarefadissima  a dirigir a sua meteórica carreira política, teve alguma vez o tempo necessário a tentar perceber quem são e o que pensam os militantes e eleitores do partido que tanto lhe tem dado.
Mas estou certo que muitos deles, quiçá uma esmagadora maioria, não terão apreciado nada o entusiasmo com que uma vice presidente da comissão política nacional do PSD aplaudia uma iniciativa de um partido que acaba de fazer parte de uma aliança de derrotados que derrubou um governo liderado pelo...PSD!
Eu sintetizo:
Como militante do PSD sinto-me envergonhado e como eleitor da PAF sinto-me traído.
Resta-me o consolo de a dra Leal Coelho não ter sido candidata por Braga o que sem duvida me aumentaria a vergonha, a frustração e o sentimento de traição.
Depois Falamos.

P.S O que penso da atitude da dra Leal Coelho é o que penso da atitude dos restantes 18 deputados que desrespeitaram quem neles votou e optaram pelo brilho efémero do "politicamente correcto" perante certa opinião pública e certa comunicação social sensível a estas "causas" chamadas fracturantes.
Só que no caso da dra Leal Coelho é mais grave fruto das funções que ocupa e do bacoco exibicionismo de aplaudir de pé o que devia ter rejeitado sentada.

6 comentários:

  1. A dra. Teresa Leal Coelho é um alfinete de peito que apareceu no PSD pela porta de trás. De facto, como escreve o Luis Cirilo, ninguém tinha dado por ela, só surgindo quando alguém resolveu tirar um coelho da cartola. Com bestuntos destes o PSD não vai a lado nenhum e demorará muito tempo para recuperar a liderança que lhe pertenceu nestes últimos anos. na AR esteve ao nível da menina Moreira do PS, que é a pior comparação que se lhe pode fazer.

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  2. Restou a bancada do CDS que votou, como uma rocha, ao lado do nosso eleitorado.

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  3. Caro Luis Cirilo, Não entendo onde está o mal se Teresa Leal Coelho acha que os casais homossexuais podem adoptar porque raio é que ia violar a sua consciência e votar contra? Só porque foi uma proposta do BE?
    Olhe que eu sou contra a adopção a casais homossexuais, mas aplaudo de pé a posição de Teresa leal Coelho.

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  4. Meu Caro Amigo Luís Cirilo: Sabe uma coisa: gosto muito de o ler. O meu Amigo escreve muito bem, como gostaria também de ser capaz de escrever, e descreve muito bem o Outono, das ideias.
    A mutação social em curso deixa-nos por vezes sem voz. Porque vimos doutro século, onde os valores eram outros e a sociedade se regulava por outros prismas. Quase não dizemos aquilo que pensamos, porque receamos o politicamente "incorrecto".
    Sabe, o seu "post" demonstra bem que quaisquer que possam ser as ideias que tenhamos, temos dificuldade em compreender esta mutação. Que se seja de direita ou de esquerda, o problema é o mesmo. Isto no que diz respeita aos militantes.

    Quanto aos partidos que chamamos de "governo" estes não sabem onde estão: a esquerda, a direita e o centro parecem ter perdido as suas marcas respectivas. A tal ponto que podemos interrogar-nos sobre esta derrota do pensamento...

    Como qualificar esta estranha situação da qual os media, dia pós dia, se fazem eco. Devemos falar do crepúsculo das ideias? Da derrota do pensamento? Estas expressões são bastante justas mas demasiado desencorajantes. Após o crepúsculo vem de facto a noite. Depois da derrota só vêm os cemitérios. Assim, é melhor falar do Outono, este momento em que a luz baixa, de facto, que, depois dos dias angustiosos do Inverno nos levará para a Primavera.

    Para o momento, podemos constatar : as democracias europeias são como que aspiradas por uma enorme poça de ar, sabe , aquelas que nos fazem tremer nos aviões, e são digeridas inteiramente cruas.

    Os projectos de inspiração e a ideia de grandeza que ia "avec", eram possíveis com grandes lideres. Onde estão eles?
    Muitos políticos só pensam em salvar a sua viatura de função, a sua secretária e a sua nota de despesas. Outros deixam aparecer ódios cozidos e recozidos e rivalidades de pessoas.
    O que me deixa estupefacto é a ausência total de ideia forte e de convicções fortes.

    Que seja à direita como à esquerda, as ideias não são claras. Qual Europa, Qual liberalismo? Qual socialismo? Qual sociedade e quais valores para a família?

    Instalamo-nos, pouco a pouco, numa sociedade desmembrada, onde a solidariedade faz triste figura, o salve-se quem puder, onde direita e esquerda , por vezes aliada ao centro, num social liberalismo oportuno, escorrega lentamente, pateticamente, irresistivelmente para o vazio dos valores, na luta de clãs e nas canalhices da corte.

    Outono sombrio. Certo, a Primavera voltará cedo ou tarde . Seria preciso que não fosse tarde demais. Quando há falta de ideias razoáveis, as ideias loucas acumulam-se, apressadas, à porta.

    Desculpe lá mais uma vez o abuso do seu espaço. Cumprimentos.

    Freitas Pereira

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  5. Caríssimo:

    Com Direitas destas, a esquerda por pior que seja é um problema menor, temo que estes 4 anos que ai veem, nada mais seja do que legislar, pelas minorias coitadas, sempre tão exploradas, pelos funcionários públicos coitados sempre tão explorados, e daqui a 4 anos regressa a direita, para colar cacos, para 4 anos depois ser deposta, é um ciclo vicioso. A única dúvida no meio disto tudo é que o Sócrates parece estar de volta, e parece-me que irá fazer ao Costa o que este fez ao Seguro. Aguardemos.

    Cumprimentos

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  6. Caro Anónimo:
    Apenas posso estar de acordo com a generalidade do que afirma com excepção da comparação, gira mas excessiva, com a Isabel Moreira do PS. Posso discordar em muitas coisas da dra Leal Coelho mas reconheço que não anda por aí a fazer as tristes figuras dessa complexada de esquerda.
    Caro Anónimo:
    Honra lhes seja feita.
    Caro cards:
    A dra LC não está no Parlamento pelos seus lindos olhos ou por graça divina.
    Foi eleita por um partido com base num programa que em nada defende o que a dra LC votou no Parlamento. A dra LC é (vá-se lá saber porquê) vice presidente do partido e por isso tem uma responsabilidade acrescida na defesa das suas politicas e propostas programáticas. E portanto tinha a obrigação de ser coerente. Não foi.
    Caro Joaquim de Freitas:
    Subscrevo inteiramente a sua reflexão.
    Já noutras trocas de opiniões aqui tidas nos temos referido aquele que é porventura o maior problema da actual Europa.
    Que é a falta de lideres, de Estadistas, de convicções.
    É mesmo o "Outono" das ideias aquele em que gente cada vez mais "cinzenta" vai dirigindo Estados e governos, preocupada com o imediato (leia-se próximas eleições) e descurando ou até esquecendo o futuro e as próximas gerações.
    Eu acredito,como o meu Amigo, que voltará a "Primavera" das convicções, das ideias, das ideologias no melhor sentido do termo.
    O problema é que entre este "Outono" melancólico e essa "Primavera" redentora haverá certamente um "Inverno".
    E receio que muito longo e rigoroso.
    "Frio" e cheio de "trovoadas".
    E os "metereologistas" que por aí andam não nos dão esperança do contrário...
    Caro Anónimo:
    De facto se na área da PAF não houver solidariedade, compromisso, clareza de objectivos e firmeza na actuação corremos o risco de as fracturas internas serem mais preocupantes do que a aliança de derrotados que acabará por se derrotar a ela própria.
    Mas convinha que ajudássemos.
    Não alinhando em nada com essa esquerda folclórica e as suas "causas fracturantes".

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