Impressionou-me um destes dias, vendo uma reportagem televisiva, o desespero das populações de Castro Laboreiro perante a noticia do encerramento do seu posto dos CTT.
Conheço a vila, onde já passei várias vezes, e a região envolvente que é das mais bonitas de Portugal quer pelas suas deslumbrantes paisagens quer pela monumentalidade existente que a poderiam tornar num pólo turístico de enorme atractividade se para isso fossem criadas condições.
Castro Laboreiro tem o "azar", que se calhar noutros países com outras culturas e noções de desenvolvimento seria sorte, de se situar no extremo nordeste de Portugal (no concelho de Melgaço) e paredes meias com Espanha ou seja longe de tudo e em especial do poder central.
Noutros tempos foi até sede de concelho mas na actualidade é apenas um pequena vila com poucas centenas de habitantes, boa parte dos quais de faixas etárias avançadas, para quem a existência de algumas estruturas como os CTT, o posto médico, a escola são das poucas ligações que existem ao "mundo real".
Compreende-se pois que estejam desesperados pelo fecho dos correios.
Que para muitos idosos significará viagens de dezenas de quilómetros, ida e volta, para receberem as suas parcas pensões.
E casos como este há muitos por Portugal fora.
Casos em que burocratas comodamente instalados em confortáveis gabinetes de Lisboa, com secretárias para lhes servirem um cafézinho e motoristas para os irem buscar e por á porta de casa, decidem encerramentos de postos de correio, escolas, hospitais ou linhas de comboio agravando brutalmente as já de si difíceis condições de vida de muitos portugueses.
Mas eles querem lá saber.
Importa é que as folhinhas de Excel apresentem uns números bonitos, ainda que á custa do sofrimento alheio, para glorificação da capacidade gestionárias de suas excelências e para a respectiva continuidade nas esferas do "bem bom".
Depois Falamos
P. S E isto acontece com o actual governo, o anterior, o anterior do anterior, o anterior do anterior do anterior e por aí fora.
E ainda há quem seja contra a regionalização...
Isto acontece com o governo PSD.
ResponderEliminarVergonhoso, vergonhoso...
É verdade que se em Lisboa temos de ir de Carris (e o bilhete custa), que há a toda a hora.
ResponderEliminarNestas zonas o correio sempre foi o banco e a payshop.
O Piódão (outra aldeia de montanha) já tinha a estação a 40KM, agora fica a 55. Nem sei quanto custará a viagem e um dia na sede do concelho, para uma reforma de 300 euros, ou menos!
Uma vez brincamos dizendo que os dirigentes do país quando chegavam a Vila Franca já se julgavam no mato e daí para cima (ou para baixo) era tudo o mesmo. Parece que continuamos com idiotas -e aqui Bruxelas tb tem culpas- que só conhecem da Lapa a Cascais.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarIsto tem acontecido com todos os governos. Agora aqui, depois ali, a verdade é que o interior está cada vez mais...interior.
Cara il:
O problema é exactamente esse. E quando se trata de populações envelhecidas e com pouco poder reinvindicativo é fácil cometer disparates destes
Por acaso lá passei há cerca de 3 semanas, em trabalho a Melgaço e, com tempo, decidi vir de volta por Castro LAboreiro, Lobios, Gerês e Guimarães.
ResponderEliminarSenti inveja daquele povo simples, que de pouco precisa para viver imensamente feliz. Mas ainda precisará de correios !! É um crime o que estão a fazer ao povo português, a este em particular. Gente boa que, não apreciando ser incomodada, não merece ser votada ao esquecimento e ao desprezo dos cabrões de Lisboa.
Regionalização é já, que pelo menos nós cá do Norte saberemos olhar pelos nossos.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarOs "Castros Laboreiros" deste país são argumento mais que suficiente para defendermos a regionalização.
Embora concorde que hoje em dia se vive apenas para o lucro, seja ele qual for, não tenho a certeza de ser a regionalização a panaceia de todos os males.
ResponderEliminarSou fortemente contra o centralismo, mas vejo na regionalização um subcentralismo que não me dá garantias.
Caro Manuel:
ResponderEliminarCompreendo as suas duvidas.
Eu defendo a regionalização no âmbito de uma reforma muito mais vasta que abranja também o sistema politico e o modelo de regime.