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sexta-feira, dezembro 08, 2006

Giro e Rico


Um destes dias almoçava,sozinho,num restaurante em Gaia,e por força do volume de voz não pude deixar de ouvir um excerto da conversa da mesa ao lado.
Nela,duas jovens na casa dos trinta anos,falavam sobre o futebolista do Real Madrid , David Beckham.
Não sobre os seus dotes futebolisticos,os golos marcados,as jogadas vistosas,nada que tivesse a ver com a sua profissão.
Apenas numa perspectiva: o jogador em causa era,nas suas opiniões,um homem giro e rico !
E manifestavam o profundo desejo,ambas,de casarem com um homem assim.
Giro e rico.
Qualidades pessoais,educação,profissão,qualidade do relacionamento nada disso lhes interessava.
Importava era a aparência (giro) e o volume da carteira (rico) !
Não as conhecia (nem fiquei com vontade porque nao gosto daquela forma de pensar) mas não deixei de ter alguma pena delas.
Pena de quem valoriza o acessorio e rejeita o essencial.
De quem prefere as aparências aos conteudos,de quem valoriza o material em detrimento do espiritual.
Nunca saberão,por esse critério,o que é uma relção de partilha,de sentimento,de cumplicidade e paixão.
Nunca saberão a importância de numa relação pensarem sempre "nós" e o menos possivel "tu" e "eu".
Talvez um dia encontrem o seu "Beckham" .
Mas serão,apenas, mais duas pobres raparigas ricas.
Depois Falamos

4 comentários:

  1. Esta sua postagem levou-me algum tempo de pensamento. Não é nada que já não tenha pensado antes, mas achei piada pela preocupação vir de uma voz masculina. E refiro-me a uma preocupação que lhe é legítima, mas da qual fico curiosamente agradada na medida em que tradicionalmente são os homens quem reparam nas “miúdas” pelo corpo e cara que têm e pelo eventual “filme” que podem viver com elas. Sobretudo se pensarmos que todos os eventos masculinos têm sempre verdadeiros “aviões” a servirem de “quadros” para deleite dos presentes. Bom, mas sobre isso nem vale a pena falar na medida em que tal me causa certa indignação.
    Tal como me causa indignação a situação exposta nesta postagem. Este é um fenómeno já antigo. Desde miúda que ouço algumas mulheres, por vezes frente aos seus pares masculinos, comentarem sobre outros homens (figuras artísticas ou desses círculos) em verdadeiro êxtase em pleno desrespeito com os presentes à conversa. Sem querer ser moralista, pois de moral nada sei o pecado é – me original, direi que não posso concordar com tal atitude. A questão é sem dúvida relevante e pode ser vista por vários prismas.
    Quanto à questão da liberdade ou da virtuosidade de cada um em exprimir a sua opinião nada posso dizer, sou favorável à autodeterminação de cada um, mas também sou defensora da responsabilidade de cada um na sua liberdade. Quanto à questão da dignidade de tratamento dos outros, entendo que comentários iguais ao que ouviu ou práticas conhecidas em ambientes meramente masculinos, são no mínimo indignas. Reduzir o ser humano a um pouco de carne ou a um bolso de moedas, é ser Judas. Moralidades à parte, faça-se jus aos princípios liberais reimplantados a quando da Revolução Francesa: igualdade, fraternidade e liberdade. Entendo que na senda de Levinas devemos olhar o outro como o rosto que se me apresenta.
    Mas reconheço que não é fácil nos dias consumistas em que vivemos ver o que efectivamente relevante ou essencial (aqui não abordarei qualquer dissertação vaga sobre o que é essencial).
    Daí que a reflexão sobre o tema é necessária e vasta, sendo pois, mais profunda levando-nos a um sem número de realidades e dúvidas relevantes à estruturação de uma sociedade mais sã e capaz.
    Hoje muitas as pessoas querem ser actrizes ou modelos para ganhar muito dinheiro, muitas independentemente da idade estão dispostas a tudo para ter dinheiro, protagonismo e tudo o que isso trás nem que seja por uns momentos apenas. E há, por seu turno, quem esteja disposto a pagar tal por mero delírio momentâneo. São as vidas do instante…
    No reverso do momento temos um número imenso de pessoas em tratamentos psiquiátricos que lutam desesperadamente contra bulimias, anorexias, toxicodependências, alcoolismos, distúrbios sexuais entre outros tipos de adições. É o vazio, a solidão, é a ditadura do “giro” e do “rico”das vidas actuais que deve ser repensado, ajustado, trabalhado e contrariado.
    O Homem tem que de uma vez por todas tomar consciência de que quem tem à sua frente é um rosto Humano com Dignidade a respeitar.

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  2. Acabei de ler o livro "Elogio da Vida Simples" de Lanza Del Vasto e de lá retiro uma frase que em meu modesto entender será um contributo à análise do tema lançado: "Há homens tão gastos na multidão que já não têm um rosto. Há mulheres que servem de passagem aos passantes, e de bocas de esgotos."(pag.nº26)

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  3. Ora bem, com tantos comentários politicamente correctos, faltava alguém, dizer outras coisas...não sejam hipocritas!Toda na gente gosta de ver pessoas bonitas, bem vestidas, cheirando a luxo e bons perfumes, com um corpo bem trabalhado ou devidamente aperfeiçoado pela cirurgia, só inveja!!! Então se for para uma noite bem passada...homens ou mulheres, nisso são iguais. Ninguem gosta de ter uma vida dura e dificil, admitam, e se o dinheiro puder proporcionar felicidade - que pode, abram os olhos - recusam-no? Por favor, parece que ainda acreditam no Pai Natal...Eu apenas vou divergir no seguinte: eu cá prefiro o Clooney... E porque é que uma pessoa bonita e com dinheiro não pode ser mais que isso? São também preconceitos de que só os "feios/as" é que são inteligentes, boas pessoas e todos pobrezinhos...A mim, modéstia à parte, só falta mesmo sair o euromilhoes...

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  4. sem duvida peste bando de hipocritas. Elas ruidas de inveja por não serem giras, boas, ricas e armam-se em intlectuais para disfarçar ou terem quem lhes pague as coisas. Os homens não gostam de mulheres do tipo intlectual, gordas e feias. E eles a disfarçar a pudridão dos habitos, mas no fundo fulos por não serem giros e ricos para não terem que gastar dinheiro com giras,boas e novas ...
    Enganem-se a si próprios, mas não venham com moral...

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