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terça-feira, julho 18, 2006
Zangam-se as comadres...
A história das coligações entre PSD e CDS tem tanto de longa como de complexa.
Iniciada pelos finais da década de 70 por Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral,com a "romântica" presença do PPM de Gonçalo Ribeiro Teles,na AD original viria a repetir-se posteriormente ja sob a liderança de Balsemão e tem tido inumeras sequelas em termos de eleições autárquicas em vários pontos do país.
Curiosamente,e já vivi por dentro muitos desses processos,quer em termos nacionais ,quer distritais e concelhios,nunca me pareceu que as coligações fossem um caso de casamento de paixão entre os partidos integrantes.
Foram,e são,muito mais um casamento de interesses.
O que veio a acentuar-se com o passar dos anos e o progressivo distanciamento em termos de peso eleitoral entre o PSD e o CDS.
Especialmente no decénio 85/95 em que a distância entre ambos atingiu o pico máximo,com o CDS a ser práticamente engolido pelo PSD (era o tempo do partido do táxi !),as bases dos dois partidos acompanharam o distanciamento entre direcções e passaram a olhar-sae cada vez mais de soslaio,com hostilidade até.
Novamente dirigido por Freitas do Amaral,o CDS defendia a equidistância entre PSD e PS,e veio a acabar como se sabe,reduzido a uma expressão minima e com o lider a sair pela...esquerda baixa.
Como aliás bem mereceu.
As equidistâncias,o querer agradar a gregos e troianos,o querer estar bem com Deus e com o diabo tem geralmente fins tristes.
Tudo isto a propósito de uma polémica,perigosa,que por ai anda relativa ás contas das ultimas autárquicas.
Nomeadamente no distrito do Porto.
Digo,sem facciosismo,que me parece que a razão está inteiramente do lado do PSD/Porto.
O que aliás é corroborado pelo lider distrital do CDS.
Agora uma coisa é certa;está-se a abrir,lenta mas inexorávelmente ,uma "caixa de Pandora" com consequências imprevisiveis.
A questão do financiamento dos partidos e das campanhas não é hoje o que foi no passado;existem responsabilidades e responsabilizações que não podem deixar de ser feitas e que tem consequências penais.
É pena,mas percebo que já não existam outros recursos,que o PSD/Porto se veja obrigado a recorrer para os tribunais de molde a receber o que tem direito e a poder encerrar contas de campanha.
Mas isto vai ter consequências: das juridicas não falo,mas politicamente vai ser muito dificil convencer dirigentes do PSD a voltarem a fazer coligações com o CDS em termos autárquicos.
Se em termos de campanhas o CDS pouco faz e em termos de votos pouco representa,para quê arranjar complicações desnecessárias á boleia de coligações cada vez mais inuteis ?
Tenho sempre pena,ás vezes muita,quando vejo pessoas inteligentes fazerem coisas estúpidas !
Depois Falamos
Sou um defensor de há muito da AD, ams isso não me torna cego à realidade. E essa diz-me que uma coligação, AD ou qualquer outra, é por natureza conjuntural, mesmo que seja duradoura.
ResponderEliminarAssim a AD de 1979 fez todo o sentido, assim como a AD terá feito em vários concelhos em Autárquicas. Agora nem é uma receita milagrosa, nem é uma coisa necesariamente má (como o Bloco Central) para ser rejeitada aprioristicamente. Por exemplo, em Guimarães já fez sentido há 10 atrás; agora já não faz.