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10 Mandamentos de um Presidente

Recentemente pessoa amiga com quem troco amiudadas vezes impressões sobre o Vitória, muito para lá da circunstancialidade dos resultados desportivos, desafiou-me a escrever um texto sobre os atributos que considero necessários a um presidente que queira ter sucesso no clube e, muito mais que isso, queira que o clube tenha sucesso a todos os níveis.
Aceitei, gostosamente, o desafio e aqui deixo os "10 Mandamentos" que considero essenciais para um Presidente ter o tal sucesso que todos os vitorianos desejam.

1) Defender intransigentemente, apenas e só , os interesses do Vitória e não ter qualquer outra simpatia clubística.
2) Perceber que o futebol é a mola real do clube o que para além de implicar ter sempre equipas altamente competitivas significa também a presença nas estruturas dirigentes do mesmo desde a Liga à Federação passando pela Associação de Futebol de Braga.
3) Assumir o ecletismo como parte essencial do "ADN Vitória" possibilitando que nas modalidades existentes o clube seja competitivo ao nível do seu historial nomeadamente no basquetebol e voleibol.
4) Valorizar o papel da massa associativa assumindo que todos os sócios são iguais nos direitos e nos deveres sem privilégios nem discriminações.
5) Fazer do marketing, da comunicação e da imagem alavancas essenciais ao crescimento do clube em patamares não desportivos mas com reflexo óbvio nestes.
6) Gerir o clube de forma equilibrada, com as receitas a cobrirem as despesas, mas com uma atenção permanente a novos mercados que possam garantir receitas complementares às existentes.
7) Preparar o futuro delineando um projecto desportivo para uma década em todas as modalidades do clube mas com especial incidência no futebol por razões óbvias dele fazendo parte parcerias com clubes estrangeiros, aposta na formação de jovens talentos e construção de novas infraestruturas para futebol e modalidades.
8) Garantir a blindagem dos direitos do clube no pacto com a SAD e diligenciar para que o o Vitória possa ser maioritário na estrutura accionista da mesma.
9) Assumir postura de grande firmeza, sem receio de tomar atitudes duras, face à comunicação social que desrespeita o Vitória 
10) Sentir-se extremamente honrado cada vez que se sente no camarote presidencial do estádio D. Afonso Henriques mas não se sentir nunca deslumbrado quando se senta nos camarotes presidenciais de outros estádios ao lado de outros presidentes.

Creio que o presidente que cumpra estes "10 Mandamentos"  e que ao seu cumprimento junte qualidades pessoais relevantes como inteligência, honestidade, seriedade e coerência corresponderá largamente aos que os associados desejam e ao que o clube deve ter sempre.
Depois Falamos.

Vitória 2020

O meu artigo desta semana no zerozero.

Com a época desportiva praticamente a meio, e com a reabertura do mercado de transferências daqui a dois dias, importa fazer um balanço do que tem sido a temporada do Vitória até hoje e as perspectivas para a segunda metade da temporada com tudo de decisivo que ela encerra.
No início da época o clube encontrava-se perante a disputa das quatro competições em que sempre deve estar presente (embora nem sempre isso aconteça) e que são o campeonato, a taça de Portugal, a taça da liga e a competição europeia para que se tiver apurado e que normalmente é a liga Europa.
Nesse contexto, e chegados a Dezembro, pode dizer-se que a prestação da equipa tem sido desigual e com oscilações bastante grandes entre competições.
Muito bem na taça da Liga onde venceu o seu grupo de forma categórica, com mais do dobro dos pontos do segundo classificado que foi o Benfica actual campeão nacional em título, e assegurou a presença na “final four” de Braga a disputar-se já no próximo mês de Janeiro e onde começará por defrontar o Porto.
Bem no campeonato em que segue na quinta posição a três pontos do quarto classificado, que é um Famalicão que surpreendeu mas está a perder gaz,  e por isso a conquista de um lugar europeu (e do tal quarto lugar que deve ser nas actuais circunstâncias o seu objectivo mínimo)está perfeitamente ao seu alcance especialmente se este Janeiro não for parecido com “Janeiros” anteriores.
Menos bem na Liga Europa onde as exibições foram melhores que os resultados e acabou eliminado mas deixando a clara sensação de que podia ter seguido em frente face à forma como se bateu com adversários de outro escalão financeiro como Arsenal e Eintracht.
Nada bem, pessimamente diria, na Taça de Portugal onde foi escandalosamente eliminado por um adversário do terceiro escalão fruto de uma exibição miserável que permitiu ao Sintra Football seguir em frente por ter sabido aproveitar os erros do Vitória.
Em suma das quatro competições restam duas e nelas o Vitória pode aspirar a ganhar uma e a conseguir noutra uma classificação que lhe permita estar uma vez mais na Europa como é sua obrigação.
E vem aí Janeiro o tal mês da reabertura de mercado que todas as equipas aproveitam para ajustarem o respectivo plantel através de contratações, transferências, empréstimos e dispensas ao sabor do que às suas equipas técnicas (e não só...) parece mais adequado.
Não querendo perder tempo a falar do passado direi apenas que nos últimos anos o período de reabertura do mercado , no que ao Vitória concerne, foi mais de enfraquecimento da equipa do que de reforço e causou alguns desgostos aos seus adeptos.
E como será agora?
Desde logo é uma oportunidade de a nova SAD marcar alguma diferença e fazer deste período uma época de reforço da equipa e de sustentação das respectivas ambições através de reajustamentos cirúrgicos no plantel.
Começando pelas saídas que terão de ser algumas face a um plantel que já era excessivamente grande no início da temporada, mesmo com quatro competições para disputar, e agora com a equipa presente em apenas duas provas (e uma termina em Janeiro) tem forçosamente de ser encurtado.
Quem sairá?
Face ao que se tem visto penso que dos quatro guarda redes um sairá e tudo aponta para que Miguel Oliveira possa ser emprestado para jogar com uma regularidade que no Vitória, neste momento, não terá.
No sector defensivo , que neste momento tem dois jogadores para cada posição, não me parece que venha a verificar-se alguma saída e espero que algumas tentações que andam no ar... pelo ar fiquem. Muito mau será se assim não for.
No meio campo tem o Vitória dez elementos mas as prolongadas lesões de André André, Wakaso e Joseph fizeram com que outros seis tivessem muitas oportunidades de jogar.
O restante elemento, Ibrahim Touré, sem um minuto que seja de utilização tem obviamente a porta de saída escancarada.
Mas com a recuperação dos lesionados (e quanto tempo demorou André André a recuperar...) continua a haver gente a mais no setor sendo provável que um ou dois jogadores possam sair por empréstimo perfilando-se André Almeida como uma dessas possibilidades já que nos seus 19 anos precisa de jogar com regularidade.
Na dianteira tudo aponta para a saída de Guedes (não sou nada dessa opinião mas é apenas a minha opinião) podendo ainda sair um dos extremos sendo as probabilidades maiores os nomes de Ola John ou Rochinha.
Com estas quatro ou cinco saídas o plantel ficará, ainda assim, com vinte e seis ou vinte e sete jogadores um número ainda ligeiramente elevado e que não abre portas à entrada de mais ninguém.
Que para acontecer terá de ser a contrapartida a transferências, e não empréstimos ou dispensas (que é do que vimos falando), sendo os alvos mais evidentes de cobiça nomes como Tapsoba, Davidson e Edwards que são aqueles que mais se tem destacado nesta primeira metade da temporada.
Sendo certo que a saída de qualquer deles será um rude golpe para as ambições da equipa. Quanto a possíveis reforços há três jogadores, entre muitos outros, cujas exibições me fazem crer que poderiam constituir excelentes reforços para esta equipa do Vitória.
Kraev do Gil Vicente, Mansilla do Vitória FC e Nuno Santos do Rio Ave.
A partir da próxima quarta feira começam as movimentações.
Espero poder concluir, a 31 de Janeiro, que o Vitória estará mais forte.
Porque se essas movimentações dificilmente terão influência na “final four” da taça da liga podem ser decisivas para a conquista do quarto lugar.
Aguardemos!

sábado, dezembro 28, 2019

Previsões Liga Europa

Já foi há alguns dias o sorteio dezasseis avos de final da Liga Europa , é um facto, mas ainda se vai a tempo de fazer uma previsão sobre quais as equipas que se poderão apurar para os oitavos de final daquela que é a segunda competição da UEFA.
Não deixando, desde de já, de registar que Portugal com quatro equipas presentes nesta fase (Benfica, Porto, Sporting e Braga) é o país mais representado o que não deixa de ser muito interessante e contribui para o posicionamento de Portugal no ranking da UEFA.
E só não tem uma quinta, o Vitória, porque a equipa vimaranense tendo realizado excelentes exibições não conseguiu que nalguns jogos os resultados correspondessem ao futebol exibido e à categoria patenteada.
Mas a história faz-se com quem está e por isso vamos às previsões deixando para o fim as quatro equipas nacionais.
Assim sendo que o Wolverhampton ( uma equipa que às vezes alinha mais portugueses que algumas do nosso campeonato) ultrapassara´o decepcionante Espanhol de Barcelona, o Ajax será superior ao Getafe, o Sevilha (recordista de triunfo na competição) ultrapassará o Cluj, o Celtic será mais forte que o Copenhaga e o Basileia deixará pelo caminho o Apoel.
O Olympiacos vs Arsenal (um dos adversários do Vitória na fase de grupos) será uma eliminatória  muito disputada e de resultado imprevisível embora acredite que no final os ingleses ultrapassarão a equipa de Pedro Martins.
Alkmaar com Linz é jogo de favoritismo holandês tal como o Bruges não terá forças para superar um Manchester United em clara subida de forma.
O Inter, de regresso aos seus grandes momentos, vencerá o Ludgorets, o Eintracht de Frankfurt ultrapassará o Salzburgo, tal como o Wolfsbursgo afastará o Malmoe e a Roma de Paulo Fonseca será mais forte que o Gent.
E quanto aos portugueses? 
Preveem-se sortes diferentes.
A eliminatória entre Benfica e o Shakhtar de Luís Castro é de enorme equilíbrio e vencedor muito difícil de prever.Talvez o facto de o segundo jogo ser na Luz possa ser decisivo para os donos do estádio. Talvez...
O Porto terá no Leverkusen um adversário bem duro de roer ou não fosse o seu adversário uma das melhores equipas da Bundesliga. O segundo jogo é no "Dragão" mas tenho dúvidas que seja factor decisivo. Ligeira vantagem alemã.
Creio que o Sporting tem claro favoritismo sobre o Basaksehir mas terá de o provar no conjunto dos dois jogos. Se não se distraírem os "leões" seguirão em frente.
Finalmente o Braga face ao Rangers que na fase de grupos foi um duro adversário para o FCP.
Poderá ser uma eliminatória equilibrada mas neste momento, com o Braga a acabar de mudar de treinador e sem se saber como será a equipa com Rúben Amorim (com Sá Pinto, na Europa, foi arrasadora) , parece-me existir algum favoritismo dos escoceses.
São previsões.
Apenas e só.
Depois Falamos

Star Wars IX

E assim terminou a mais longa saga, em espaço temporal, da História do cinema.
Começada em 1977 com "Star Wars IV"  a história da família Skywalker estende-se por nove filmes, nem todos da mesma qualidade manda a verdade dizê-lo, e termina agora com este nono episódio num tempo em que de facto já não há espaço para mais.
Termina bem.
Com um excelente filme em que não falta nada do que de melhor tiveram os anteriores, desde os combates com sabres de luz às batalhas galácticas passando pelos habituais momentos de humor e algumas grandes interpretações, e termina em beleza com a derrota final do imperador Palpatine e a assumpção de Rey como um membro da família Skywalker.
Claro que para os fans da saga, como eu, teve sempre aquele momento mais emotivo com a reaparição de Han Solo e Luke Skywalker e a audições das vozes de Yoda, Obi Wan Kenobi, Anakin Skywalker /Darth Vader entre outros Jedis que participaram em filmes anteriores.
Mas se as três trilogias previstas por George Lucas terminam com este filme é previsível que o filão Star Wars continue com novos filmes, na senda de "Rogue One"e "Han Solo" já exibidos, porque matéria não falta.
Até lá que a "Força" esteja convosco.
Depois Falamos

Sugestão de Leitura

Tenho com este livro uma relação engraçada.
Li-o (talvez seja melhor dizer que passei os olhos) há mais de dez anos atrás tinha sido ele publicado há pouco tempo.
Fiquei desde logo com a ideia de o comprar (o exemplar pelo qual passara os olhos não era meu) porque tinha gostado do que tinha lido e por isso queria lê-lo com a atenção e o pormenor que ele merecia.
A verdade é que o tempo foi passando e ele desapareceu das minhas prioridades de leitura.
Até que há um ano atrás, numa conversa sobre livros, ele foi citado e eu recordei-me repentinamente que  continuava por ler.
Comprei-o passado um ou dois dias e de imediato iniciei a leitura.
Mas por isto e por aquilo, porque apareceram outros livros e outras prioridades que retiraram à leitura o tempo que sempre gostei de lhe dedicar, a verdade é que a "A Primeira Aldeia Global" passou quase um ano em descanso na estante à espera da sua vez.
Que chegou agora.
E o que posso dizer é que foi uma excelente companhia de Natal porque é um livro extremamente interessante que versa a História de Portugal, desde muito antes de sermos um país,  percorrendo-a ao longo dos seus vinte e oito capítulos.
Uma visão pessoal do autor, nem sempre condizente com a total realidade dos factos, misturando erudição com entretenimento, bom humor com clareza da exposição.
Excelente.
Depois Falamos

Cinema e Cinemas

Gosto muito de cinema mas gosto cada vez menos de ir ao cinema.
Parece contraditório mas é fácil de explicar.
Vou ao cinema desde que me lembro e recordo com saudade as tarde de sábado em que com amigos ia ao Teatro Jordão ver os filmes de "cowboys" que invariavelmente faziam parte da programação de fim se semana como recordo nostalgicamente os meses de Julho, na infância e adolescência, passados na Póvoa de Varzim e as idas ao Cine Teatro Garret, ao Póvoa Cine e mais tarde aos estúdios Santa Clara ver os filmes da moda.
Foi aliás nessa sala, do Garret, que vi os filmes da Disney que recordo da minha infância  e mais tarde os filmes cuja fila para a bilheteira se estendia pela rua fora como, por exemplo, quando lá estreou "Tubarão" de Steven Spielberg.
Há filmes, aliás, que só podem ser devidamente vistos em cinema porque reduzidos ao ecran televisivo perdem dimensão e espectacularidade.
Mas gosto cada vez menos de ir ao cinema,
As salas são muito mais confortáveis, os ecrans tem outra nitidez, o som é muito melhor mas infelizmente os espectadores são cada vez piores.
Fruto da falta de educação e de civismo que alastra pela sociedade portuguesa.
E nem me refiro aos "ruminadores" de pipocas (maldita ideia a de permitir que se coma e beba em salas de cinema) mas sim aqueles que fazem de uma sala de cinema a sala de visitas da própria casa tal o comportamento que adoptam.
Comentários em voz alta, telemóveis a tocar (outro dia um energúmeno atendeu a chamada e desatou a conversar em voz alta como se estivesse em casa e só se calou quando outro espectador lhe deu um abanão) , consulta permanente ao ecran de telemóvel e respectivo alheamento do filme que supostamente estariam a ver, lanternas do telemóvel ligadas pelos retardatários que enquanto não se sentam incomodam toda a gente, saídas a meio do filme para irem buscar pipocas e bebidas e mais alguns comportamentos  oriundos da tal falta de educação e civismo.
E por isso gostando muito de cinema cada vez gosto menos de frequentar as respectivas salas.
Porque pago para ver um filme e bastas vezes acabo a ter de aturar idiotas.
Ninguém merece.
Depois Falamos.

domingo, dezembro 22, 2019

Vitória

Amiguinhos da comunicação social lisboeta eu sei que quem vê os vossos telejornais cheios de azia ou lê as capas dos vossos jornais "desportivos" impregnadas do desgosto de não poderem ter hoje outros títulos garrafais tem alguma dificuldade em perceber quem ganhou o grupo B da Taça da Liga.
É verdade, foi o Vitória Sport Clube e não o clube que vocês tanto queriam, tanto ajudam e tanto propagandeiam.
E ganhou sem favores dos árbitros, sem ajudas do VAR, sem "missas" negras nem "padres" encomendados. 
Ganhou porque foi a melhor equipa do grupo tendo obtido mais do dobro dos pontos do segundo classificado! 
E por isso vai estar na "Final Four" pelo mérito desportivo evidenciado dentro das quatro linhas ainda que os vossos jornalistas, comentadores e cronistas tenham suspirado por um "milagre" até quase ao cair do pano.
Desta vez correu-vos mal. 
E só não corre mal muito mais vezes porque o futebol em Portugal, com a vossa ajuda e encobrimento, é uma mentira que devia envergonhar muito mais gente do que aquela que na realidade envergonha. Que são os que entendem que a Verdade desportiva das competições tem de estar sempre, mas sempre mesmo, acima dos emblemas dos clubes por mais shares televisivos e vendas de jornais que eles proporcionem.
Eu sei que vocês não percebem mas ser do Vitória é um orgulho único. 
Porque tudo que temos, tudo que ganhamos, foi sempre contra o vento.
E a nossa sala de troféus não tendo a dimensão da de outros tem pelo menos a vantagem de não cheirar a "fruta estragada" nem a "vinho de missa" azedo.

Natural

A relação do Vitória com a taça da Liga não tem sido , ao, longo dos anos, particularmente feliz!
E tanto assim é que só este ano, e desde que a prova se disputa no actual formato (do qual discordo por completo mas isso são contos para outro rosário) , nunca tinha atingido a respectiva "final four" ficando pela fase de grupos ou nem isso.
No modelo anterior, sim, tinha estado numas meias finais que perdeu em casa ingloriamente face ao Sporting num dramático desempata por grandes penalidades.
Há dez anos!
Esta época aquando do sorteio foram muitos os que torceram o nariz porque o grupo e a ordem dos jogos não era nada favorável às pretensões vitorianas face a deslocações à Luz e ao Bonfim e a recepção ao Sporting da Covilhã a afigurar-se como o jogo mais acessível.
Mas uma coisa são prognósticos e outra a realidade dos jogos.
E o Vitória nesta edição da taça da liga, bem ao contrário de edições anteriores, foi competente e eficaz na abordagem ao grupo que lhe tocou em sorte.
No jogo teoricamente mais difícil foi empatar à Luz e ganhou desde logo o direito de depender si próprio quanto ao apuramento não ficando dependente de jogos dos outros clubes nem dos resultados que em Portugal estão sempre para lá das previsões quando há determinados emblemas envolvidos.
Depois na deslocação a Setúbal, e sabendo do empate serrano entre Covilhã e Benfica, percebeu que vencendo ficava com mais que um pé e meio na final four e foi consequente com essa premissa realizando um bom jogo e triunfando sem qualquer margem para dúvidas.
Finalmente ontem, na recepção ao Covilhã, e pese embora a tristeza de múltiplos analistas e comentadores da comunicação social nacional venceu com clareza e apurou-se para a final four da prova pela primeira vez na sua história.
Foi o vencedor natural de um grupo em que foi a melhor equipa.
E quando assim é vence o próprio futebol.
Depois Falamos.

Feliz Natal

Mais um ano que se passou.
Um ano intensamente vivido, com alegrias e tristezas, momentos para recordar e outros que mais vale esquecer.
Um ano de novos conhecimentos e de reencontros, de novas experiências e desafios, um ano que começou com grandes expectativas e que termina com profundas reflexões.
Um ano, afinal, que o futuro dirá que foi mais um num percurso de Vida.
A todas as leitores e leitores deste blogue desejo um Feliz Natal na companhia ,se possível, daqueles que mais preenchem as vossas vidas.
Depois Falamos.

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Estrangeiros

O meu artigo desta semana no zerozero.

Não será segredo para ninguém que ande minimamente atento o facto de o futebol português ser um daqueles em toda a Europa em que é maior a percentagem de participação de futebolistas estrangeiros.
Nem sempre foi assim, é verdade, e durante muitos anos existia uma limitação à inscrição de futebolistas que não possuíssem a nacionalidade portuguesa com a excepção única dos nascidos no Brasil em função de acordos então existentes e de âmbito para lá do meramente desportivo.
Era assim em Portugal e era assim na Europa onde durante muitas décadas , e nos principais campeonatos, era muito limitada a autorização à inscrição dos não nascidos no respectivo país que raramente podiam ser mais de dois e depois três numa fase já “pré Bosman”.
Recordo que em 1966 a Itália, ao tempo o principal campeonato da Europa em termos competitivos e financeiros, chegou a fechar as fronteiras proibindo totalmente a participação de estrangeiros no respectivo campeonato como consequência da desastrosa presença da “squadra azurra” no Mundial de Inglaterra.
Grande prejudicado dessa medida foi o português Eusébio, ao tempo um dos dois ou três melhores jogadores do mundo ( a par de Pelé e George Best) , que tendo tudo acertado para se transferir para o Inter acabou por ver a transferência gorada por essa proibição perdendo a possibilidade de ir jogar para um país onde seria pago em função do seu valor e onde jogaria num campeonato e num clube à altura da sua extraordinária qualidade.
Tal como bastantes anos mais tarde, já com o mercado aberto de forma limitada, o fabuloso Milan de Arrigo Sachi tinha no plantel quatro estrangeiros de grande valia (Van Basten, Gullit, Rijkaard e Papin) mas só podia utilizar três em simultâneo o que dava naturais dores de cabeça ao seu treinador e impedia a equipa de se apresentar na sua máxima força.
Ou como não recordar aquela final da Liga dos Campeões de 1994 entre o Milan (que curiosamente completa hoje a bela idade de 120 anos) e o Barcelona que os italianos venceram por sensacionais 4-0 e em que ficou para a pequena história a decisão tomada por Johan Cruyff, treinador dos espanhóis, de na opção obrigatória por três estrangeiros ter escolhido Romário, Koeman e Stoichkov (quem o poderia criticar?) deixando de fora Michael Laudrup precisamente o jogador que Fábio Capello , treinador do Milan, mais temia em termos de organização do jogo do Barcelona.
A limitação de estrangeiros tinha esse problema de condicionar as equipas na utilização de todos os seus melhores recursos, é verdade, mas também defendia os futebolistas nacionais e contribuía de alguma forma para um menor desiquilibrio entre os mais fortes e os mais fracos em termos de capacidade financeira.
Um ano e pouco depois dessa célebre final de Atenas, atrás referida, foi implementada a chamada “Lei Bosman” e o panorama do futebol mudou radicalmente com o fim da limitação dos jogadores estrangeiros nos campeonatos europeus e a sua invasão por futebolistas oriundos um pouco de todo o mundo mas com natural preponderância dos sul americanos.
Naturalmente que também entre países europeus a circulação de futebolistas se tornou absolutamente livre com os principais campeonatos (mas também os outros em boa verdade)  a serem inundados por futebolista vindos da Europa de leste e de paises aos quais por razões políticas terminadas em 1989 estava vedada a exportação de jogadores.
Portugal, sempre atrasado a implementar  o que é bom mas pioneiro na importação do que é mau, tornou-se desde então um país preferencial para jogadores estrangeiros que afluíram em número absolutamente disparatado ao nosso futebol, desde a primeira divisão aos campeonatos distritais, sem quaisquer critérios de qualidade ou de exigência bastando o ser estrangeiro para ter as portas abertas de par em par.
Ao ponto de ao longo dos anos se assistir ao deprimente espectáculo de alguns clubes terem no respectivo plantel mais estrangeiros que portugueses e até ao exagero de alinharem em jogos de competições nacionais e internacionais sem nenhum futebolista português no seu onze inicial!
A titulo de exemplo bastará dizer que esta época, só na na primeira liga há mais de 300 estrangeiros numa percentagem que ronda uns vergonhosos 65% do total de jogadores inscritos.
Isto num país que já teve três futebolistas a serem considerados “o melhor do mundo” (Eusébio, Figo e Ronaldo) , um dos quais por cinco vezes, e que é o actual campeão da Europa em título.
Para lá dos títulos europeus e mundiais conquistados pelo seu futebol de formação.
É absolutamente inacreditável que um país onde existe tanto talento natural para o futebol, que exporta alguns grandes jogadores para os principais campeonatos europeus, exista uma tão elevada percentagem de estrangeiros inscritos sendo que boa parte deles não tem o talento e a capacidade dos jogadores portugueses.
Ao ponto de até as equipas B, em teoria criadas para darem oportunidades de evolução aos jovens jogadores da formação dos clubes, se terem tornado em autênticos alfobres de  jovens jogadores estrangeiros oriundos , em boa parte, de África.
E por isso urge modificar este estado de coisas.
Pondo termo a esta importação desenfreada de jogadores, acabando com este paraíso para os empresários em que se transformou o futebol português, substituindo  os dirigentes que trabalham para a comissão por dirigentes que trabalhem para os clubes e deem oportunidades à verdadeira formação.
Sob pena de tudo que de bom vem sendo feito, por alguns clubes e pela FPF, não servir de nada e Portugal caminhar a prazo para a irrelevancia futebolística.

Previsões 1/4 Final

Tinha previsto aqui os clubes que do meu ponto de vista se apurariam para os oitavos de final da Liga dos Campeões.
Em dezasseis previsões falhei apenas duas, com Lyon e Valência a ocuparem os lugares em que tinha previsto estarem Benfica e Ajax, o que pode considerar-se uma boa taxa de sucesso nas referidas previsões.
Hoje foi feito o sorteio dos oitavos de final e os jogos estão no quadro acima.
Naturalmente que com o avançar da competição as previsões tornam-se mais difíceis porque os clubes apurados são de cada vez maior qualidade e os jogos tornam-se muito mais equilibrados como está bom de ver.
Ainda assim há que prever.
E por isso acredito que nos quartos de final estarão PSG, Manchester City, Valência, Liverpool, Bayern, Juventus, Tottenham e Barcelona.
O jogo de mais difícil previsão é o Real Madrid vs Manchester City mas sendo Pep Guardiola um especialista em derrotar os madrilenos e  o segundo jogo em Manchester daí o conceder-lhe algum favoritismo.
Lá para a primavera saberemos.
Depois Falamos

Duas Caras

Antes de mais, e porque para haver jogo é preciso haver duas equipas com respectivos méritos e deméritos (ao contrário do que alguns comentadores televisivos parecem supor nalguns jogos de algumas equipas) , há que dizer que o Gil Vicente tem uma boa equipa, muito bem orientada por Vítor Oliveira e que teve indiscutível mérito no resultado final.
E o Vitória já sabia isso.
Como sabia que naquele estádio Porto e Sporting tinham perdido pelo que todas as cautelas seriam necessárias para não existirem surpresas-
Mas não foi um Vitória prevenido aquele que se viu nos 45 minutos iniciais.
Pelo contrário viu-se uma equipa pouco concentrada, surpresa pela intensidade do adversário, algo displicente na manobra defensiva nomeadamente quando o Gil saia para o contra ataque em velocidade especialmente pelo excelente Kraev um jogador que me parece difícil ficar em Barcelos depois de Janeiro.
E não se pode evocar cansaço de Frankfurt.
Na equipa inicial de Barcelos apenas Pedro Henrique e Poha tinham sido titulares na Alemanha pelo que os escolhidos de Ivo Vieira estavam "frescos" e em teoria à altura de se superiorizarem desde o inicio.
Não o fizeram.
E mesmo com Douglas a adiar o que parecia inevitável, defendendo um penálti, o Gil acabou por marcar dois golos de rajada com o segundo a merecer nota artística de Kraev (sempre ele) colocando o Vitória numa posição complicada.
Ivo Vieira, bem, reagiu de imediato trocando Mikel por Pepê mas tendo o azar de apenas dois minutos depois se ter dado a lesão de Ola John o que o obrigou a queimar uma substituição ainda antes do intervalo.
Que fez bem á equipa.
Porque o Vitória da segunda parte foi bem melhor e dominou claramente os 45 minutos com uma atitude diferente que lhe permitiu assumir o jogo, empurrar o adversário para o seu meio campo (Douglas teve uma segunda parte tranquila) e chegar ao empate um resultado que soube a pouco aos vitorianos mas que corresponde à justiça do jogo.
Para isso também contribuiu a boa entrada em jogo de Davidson, que se tornou um jogador de difícil marcação para os gilistas , uma autêntica gazua para abrir a defesa adversária.
O Vitória reduziu através de Edwards, cada vez mais decisivo na equipa, igualou por Davidson e quase chegava ao triunfo num remate de Pepê que errou a baliza por muito pouco mas que seria penalização excessiva para o Gil Vicente.
Em suma um Vitória de duas caras, mal na primeira parte e bem na segunda, que deixou em Barcelos dois pontos que tanto jeito fariam.
Quanto ao árbitro Carlos Xistra (que anda há anos a ajudar a estragar o futebol) foi recebido com legítima desconfiança pelos adeptos vitorianos, que o vaiaram desde que subiu ao relvado para o aquecimento até ao final do jogo, bem recordados de outros jogos em que prejudicou claramente o Vitória como , por exemplo, esta época no "Dragão" com a expulsão injusta de Tapsoba ao 49 segundos de jogo.
E quando se sabe quem é o próximo adversário do Vitória para o campeonato bem mais razões havia para desconfiar da "missa" de Xistra em Barcelos.
Há que dizer que não tendo feito um bom trabalho (algo que não está ao seu alcance) não teve influência no resultado deste jogo nem na "participação" no próximo o que sendo Xistra já é quase extraordinário.
O penálti foi penálti, disciplinarmente nada a assinalar, apenas pequenos erros de critério e uma grande dúvida apenas num lance na primeira parte em que dá toda a sensação de haver um penálti contra o Gil Vicente num lance em que Ola John parece ser agarrado por um defesa quando se preparava para cabecear um centro de Sacko.
Agora é importante no sábado, frente ao Covilhã no jogo que dará acesso à "final four" da taça da liga, o Vitória jogar concentrado os noventa minutos.
Para não ter tristes surpresas.
Depois Falamos

quinta-feira, dezembro 12, 2019

Vergonha

Nas duas legislaturas em que pelo PSD  tive a honra de ser deputado , uma na oposição e outra apoiando os governos PSD/CDS de então (2002 a 2005) , o Parlamento foi presidido por duas personalidades exemplares nas suas suas posturas enquanto deputados e enquanto presidentes da casa da democracia.
António Almeida Santos pelo PS e João Bosco Mota Amaral pelo PSD.
Dois "príncipes" da política, cultos e inteligentes, educados e com enorme fair play, que sempre souberam dirigir os trabalhos com bom senso, elegância, bom humor e até isenção na forma como tratavam por igual todos os deputados.
Hoje lembrei-me muito de ambos (infelizmente Almeida Santos já não está entre nós) quando assisti à inenarrável cena protagonizada pelo actual presidente do Parlamento, que infelizmente para a instituição e para o próprio prestígio da política é em quase tudo a antítese dos dois que atrás referi, com o deputado André Ventura.
Qualquer deputado tem o direito de não gostar do partido Chega, das ideias que o partido defende e até de não simpatizar com o deputado André Ventura enquanto pessoa.
Sendo presidente do parlamento o deputado não tem o direito de transformar gostos pessoais em atitudes políticas e tratar os deputados de quem não gosta com a sobranceria, arrogância, sectarismo e má educação com que Ferro Rodrigues se dirigiu ao deputado do Chega.
Até porque o termo "Vergonha" usado amiúde por Ventura, e que tanto parece irritar Sua Excelência, não é malcriado, não é desrespeitoso, não foge do léxico parlamentar onde amiúde se ouve pior sem que Ferro Rodrigues se incomode e portanto não justificava em nada aquela reacção prepotente e arrogante.
Que curiosamente, ou não, não foi repetida quando momentos depois uma deputada do BE usou o termo vergonha sem que Sua Excelência demonstrasse o mínimo incómodo.
Sempre afirmei, e reitero-o hoje, que Ferro Rodrigues é o pior presidente do parlamento da história da democracia (lugar por onde passaram grandes senhores da política coisa que ele manifestamente não é) dada a forma sectária e parcial como dirige os trabalhos e que já mereceu a contestação de várias bancadas (especialmente do PSD e do CDS) ao longo dos tempos.
Mas hoje ultrapassou largamente as marcas no sectarismo que sempre caracterizou a forma como exerce (pessimamente) o cargo.
E é bom que tenha consciência, ou que alguém com mais sensatez do que ele (nada difícil de encontrar certamente) o advirta, de que a única vergonha que se passou hoje no Parlamento foi a atitude dele.
Para não ir mais longe nos considerandos sobre o que é uma vergonha no parlamento desde 2015 pelo menos.
Depois Falamos

Boa Despedida

O Vitória terminou hoje a sua participação na Liga Europa com um prestigiante triunfo em Frankfurt mas que não foi (já se sabia que não seria) suficiente para a equipa continuar em prova passando aos dezasseis avos de final.
Uma equipa portuguesa vencer em casa de uma equipa alemã é raro, marcar três golos mais raro ainda e isso foi o prémio de consolação de uma fase de grupos em que o Vitória jogou de igual para igual com todos os adversários e com um pouco mais de experiência e sorte podia perfeitamente ter-se apurado para a fase seguinte.
Aliás não deixa de ser curioso que no conjunto dos doze grupos o Vitória tenha sido, juntamente com Feyenoord e CSKA de Moscovo, o quarto classificado do respectivo grupo com melhor pontuação o que mostra bem que a equipa nunca baixou os braços mesmo quando já se percebia que o apuramento seria muito difícil de ser alcançado.
Ficou uma boa imagem, alicerçada em excelentes exibições, e fica a sempre importante recolha de experiência que permita na próxima época um desempenho melhor.
Hoje o Vitória realizou mais um jogo de bom nível, face a um adversário que teria de vencer para ser cabeça de série na próxima fase, adiantou-se no marcador por Rochinha e depois viu o Eintracht dar a volta com dois golos de rajada com o primeiro a resultar de uma falha de Miguel Silva e o segundo num lance em que toda a manobra defensiva não foi eficaz.
A equipa não se perturbou, foi à procura da reviravolta e conseguiu-a em dois remates de Musrati e Edwards em que esteve presente alguma sorte por contraponto com o azar no primeiro golo sofrido o que em boa verdade é típico do futebol.
Um triunfo na despedida e três pontos para a contabilidade portuguesa na Europa que darão sempre jeito.
Para o ano há mais.
Depois Falamos.

Sugestão de Leitura

Um livro que dá corpo a uma investigação do seu autor, Frédéric Martel, desenrolada ao longo de quatro anos no Vaticano e em mais trinta países através de mais de mil entrevistas a cardeais, arcebispos, bispos, padres e leigos em vários continentes-
Um livro perturbador diga-se desde já.
Porque revela a face escondida da Igreja, desde os mais pequenos seminários até ao Vaticano, versando assuntos tão complexos como a homossexualidade, a homofobia, a misoginia ou o abuso de menores.
A investigação abarcando os papados de quatro pontífices de Paulo VI a Francisco passando por João Paulo II e Bento XVI debruça-se também sobre questões de permanente actualidade como o celibato dos padres, a pedofilia, a quebra das vocações para o sacerdócio ou a cultura do segredo em torno dos abusos sexuais.
Para lá dos ataques ao Papa Francisco por parte dos sectores mais conservadores da Igreja e as razões da renúncia do Papa Bento XVI.
Um livro perturbador, repito, pelo que se lê ao longo das suas 640 páginas mas também fascinante pela atualidade de que se reveste.
Depois Falamos

quarta-feira, dezembro 11, 2019

terça-feira, dezembro 10, 2019

Impasse

Um destes dias vendo o debate televisivo entre os três candidatos à liderança do PSD achei curioso que dois deles viessem com este livro de Francisco Sá Carneiro e um deles, Pinto Luz, até trazia exemplares para oferecer aos seus companheiros de partido.
Porque é, de facto, um livro muito interessante no qual o autor explica as razões pela quais se afastava da liderança do partido (a ironia é que os participantes no debate tentam fazer o percurso exactamente inverso) e é uma das poucas publicações com forte carga ideológica, no melhor sentido do termo, que naqueles anos a seguir ao 25 de Abril (a primeira publicação é de Abril de 1978) foram publicadas por autores não socialistas.
E é um livro que relido nos tempos que correm, em que mais uma vez um governo minoritário socialista põe o futuro em causa, traz curiosas e preocupantes parecenças entre a situação actual e as que versa referentes a 1978.
É também um livro que me deu algum trabalho digamos assim.
Tendo todas as obras escritas por Francisco Sá Carneiro, e a esmagadora maiorias das que sobre ele se escreveram, comprei naturalmente este livro aquando da sua saída (acho que grande parte dos então militantes do PPD o fizeram) mas a verdade é que ao contrário de todos os outros livros a este perdi-o de vista.
Ou numa mudança de casa, ou num empréstimo sem retorno (erro que há muito deixei de cometer esse de emprestar livros) , ou por outra razão qualquer a verdade é que desapareceu e nunca mais o encontrei.
Corri livrarias durante anos mas de há muito esgotado e sem reedição nada feito.
Procurei em vários alfarrabistas mas encontrando outros livros do autor este é que nada feito.
Meia dúzia de anos atrás fui "salvo", imagine-se, pelo OLX ( se soubesse que o Miguel Pinto Luz era coleccionador da obra ainda lhe comprava um) quando nessa plataforma descobri um exemplar à venda pela módica quantia de 5 euros ( teria dado bem mais se fosse o caso) que rapidamente tratei de  adquirir antes que alguém se antecipasse.
E continuo ainda hoje a passar de quando em vez os olhos por ele porque é daqueles livros verdadeiramente intemporais dada a genialidade do autor.
Depois Falamos

P.S. Não deixa de ser uma curiosidade, não cometendo nenhuma inconfidência , que Pedro Santana Lopes tenha este livro em cima da sua mesa de trabalho na sede da Aliança desde os primeiros tempos do partido.
Porque para ele Francisco Sá Carneiro é uma referência sempre e não apenas quando dá jeito!

segunda-feira, dezembro 09, 2019

Blocos

Dando de barato o quão aborrecido é falar sobre a política portuguesa do presente dividida que está entre as selfies presidenciais, a Greta do clima, os elefantes do Camboja ou a brutal incompetência da ministra da saúde (em bom rigor primeira entre pares) parece-me bem mais gratificante uma pequena reflexão sobre o que será Portugal, em termos politicos, daqui a cinco ou dez anos.
Tendo como ponto de partida da análise os partidos do presente mais do que o próprio, e anacrónico, sistema político em que assenta a democracia portuguesa.
Deixando  para já de lado os partidos mais jovens (Aliança, Chega, Iniciativa Liberal, Livre e Pan), não perdendo tempo com aqueles mais velhos ( MRPP, PPM, MPT, PNR, etc) que nunca foram a lado nenhum nem é nada provável que alguma vez cheguem a ir e não alinhando em brincadeiras como o RIR , PEV e outros do género.
Fiquemos-nos, pois, pelos clássicos.
E nestes, à parte o BE que é mais recente (embora feito da amalgama de partidos velhos), é comum considerar-se que PS, PSD, PCP e CDS são os partidos fundadores do regime democrático e aqueles que desde sempre tiveram representação parlamentar pelo que da respectiva evolução se fará muito desta análise.
Começando pelo CDS.
Cuja marcha para a irrelevância parece difícil de travar depois da catástrofe eleitoral, da demissão da líder e do desanimador "painel" de potenciais sucessores que se apresentarão a um congresso para o qual parece estar a ser difícil o recrutamento de delegados o que dá bem a imagem da crise que o partido atravessa e para a qual não se vê solução.
Depois o PCP.
Que perdeu deputados, que perdeu votos , que perdeu influência nas suas zonas tradicionais e que não conseguirá escapar a duas variáveis que sobre ele pendem com cada vez mais poder decisivo: O defenderem uma doutrina mais que centenária, ultrapassada pela História e pela dinâmica das sociedades, que por consoante tem um poder de atraccção cada vez menor para as novas gerações e o facto indesmentível de a sua tradicional base de apoio estar e envelhecer sem que a adesão de jovens compense de alguma forma essa lei da vida.
O PSD , que a par do PS tem alternado as lideranças de governo desde 1976, é um partido a sentir a erosão da sua base de apoio motivada pela dura governação a que foi obrigado entre 2011 e 2015 e também pelo facto de tendo os seus pontos altos de vitórias eleitorais alicerçados em lideranças carismáticas (Sá Carneiro, Cavaco Silva, Passos Coelho) e nos seus pontos baixos, quando remetido à oposição, resistindo com base na sua profunda implantação no Poder Local encontra-se agora numa fase em que não tem (nem se prevê que venha a ter) lideranças com carisma enquanto o seu poder autárquico tem vindo a diminuir de eleição para eleição.
Resta o PS.
Dos quatro fundadores do regime aquele que se moveu sempre por interesses e nunca por ideologia, que governa apoiado em quem lhe dá jeito a cada momento (bloco central, geringonça, coligação com o CDS, já provou de tudo), que com excepção de Mário Soares e durante algum tempo de José Sócrates nunca teve lideranças especialmente carismáticas, é ainda assim, e apesar desse inigualável jogo de cintura, um partido que o poder solidifica mas em que as linhas de fractura para o futuro já se vão descortinando com alguma facilidade entre os moderados "ao centro" que tem como expoente Francisco Assis e aqueles cujo sonho era serem do Bloco de Esquerda mas a quem a sedução do poder e das sinecuras inerentes mantém no PS como Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes ou o cada vez mais desvalorizado João Galamba.
Obviamente que quando um dia, que não será amanhã, o PS perder o poder essas linhas de fratura vão acentuar-se com consequências neste momento difíceis de prever.
Resta o BE, ainda de luto por não ter ido para o governo, mas que sendo a tal amalgama de partidos é fácil descortinar a cada insucesso o reavivar das tensões internas que no passado já deram origem a dissidências (de uma delas resultou o Livre ) e no futuro acabarão por pôr fim ao próprio partido como força política relevante  no xadrez partidário.
Concluindo esta análise ao presente será caso para dizer que o esgotamento do sistema político e eleitoral, as dinâmicas sociais que cada vez apela menos à militância e mais às causas, os erros que os partidos tem cometido e o próprio cansaço dos cidadãos face ao quadro partidário não auguram futuro auspicioso para nenhum destes partidos sendo de prever que nuns casos mergulhem na irrelevância sem retorno (CDS, PCP, BE) e noutros (PS e PSD) percam parte considerável da sua influência eleitoral ao ponto de ser impensável voltarmos a assistir a uma vitória por maioria absoluta de qualquer um desses partidos.
Significará isso uma oportunidade para os novos partidos? 
Sim e não.
Sim porque se souberem agarrar as causas importantes para os próximos anos ( crescimento económico, clima, coesão territorial, segurança, direitos humanos, regresso à agricultura, novas tecnologias, etc) e para as próximas gerações isso pode potenciar-lhes um espaço de crescimento que lhes permita serem parceiros de governo de quem ganhar eleições.
Não porque esse crescimento, mais provável à direita do que à esquerda porque a qualidade de vida das pessoas não se constrói com "banhos" tão ideológicos como utópicos, não será o suficiente para liderarem governos e substituírem os tradicionais PS e PSD nessas funções.
E então qual será o tal futuro a cinco ou, mais provavelmente, a dez anos?
Os partidos continuarão a existir (nem todos em boa verdade) mas as soluções de governo serão encontradas através de "blocos", digamos assim, que se construirão por afinidades de causas cujo sucesso na captação de eleitores definirão a cada eleição quem a vencerá.
Sendo certo que a disputa de eleições será entre blocos/coligações e não entre partidos isolados como na actualidade acontece.
Assim sendo creio provável a existência futura de quatro blocos políticos nos quais estarão muitos dos actuais partidos e, essencialmente, os eleitorados que na actualidade lhes dão a respectiva expressão eleitoral.
Um bloco de direita no qual estará boa parte do que restar do CDS, mais o Chega, e alguns pequenos partidos e cuja dimensão dependerá em boa parte da mobilização que conseguirem do mais que flutuante eleitorado de direita.
Um bloco liberal  no qual estará grande parte do PSD , algum CDS menos de direita, a Iniciativa Liberal , a Aliança e uma pequena parte do PS que não se reverá na deriva esquerdista que o partido vai conhecer no pós António Costa e que será um dos blocos que vai liderar governos.
Um bloco socialista composto pela maioria do PS, uma pequena parte do PSD que sonha com o Bloco Central de interesses , os dissidentes pela direita do BE e uma parte do Livre desiludida com o rumo dos acontecimentos. E este será o outro bloco liderante de governos.
E finalmente um bloco de esquerda do qual farão parte o actual BE (nem todo como já escrevi atrás), o Livre (igualmente nem todo) o PCP e mais alguns pequenos partidos de esquerda e de extrema esquerda que se associarão eleitoralmente a este bloco.
Marginalmente, na extrema direita e na extrema esquerda, poderão existir partidos que não se associem a blocos, partidos que serão de protesto mas que em bom rigor não contarão para nada em termos de governação.
Depois cada um destes blocos agarrará as suas causas e do confronto de ideias surgirão as soluções governativas consoante aquilo que os eleitores considerarem mais apelativo em cada momento
Daqui a dez anos se verá até que ponto esta previsão se confirma ou se, pelo contrário, nada ou quase do previsto veio a suceder.
Depois Falamos

P.S. Sem querer puxar a "brasa à sardinha" da Aliança vem a talhe de foice recordar que largos meses atrás o partido propôs a criação de uma grande coligação de partidos não socialistas que concorrendo juntos às legislativas as pudesse ganhar.
Era, de alguma forma, a antecipação deste futuro de blocos com o mérito político, e eleitoral, de ter sido pioneiro na percepção do futuro.
Os outros partidos não quiseram e por isso ficou o parco consolo de ter tido razão antes do tempo.
Que no caso era também ter razão a tempo!

domingo, dezembro 08, 2019

Dever Cumprido

Ainda falta muito campeonato, é verdade, mas com o caminhar para o fim da primeira volta é cada vez mais importante o Vitória não perder pontos que se dão como certos e tentar conquistar o maior número possível daqueles que são duvidosos.
E com todas as incertezas do futebol o jogo de hoje face ao Portimonense enfileirava obrigatoriamente naqueles em que os três pontos são obrigatórios sob pena de os objectivos finais da época não serem atingidos.
Quando subiu ao relvado o Vitória já sabia que estava perante uma jornada quase perfeita em que tudo lhe tinha corrido de feição noutros estádios face às derrotas das equipas que com ele disputam lugares europeus.
O Braga tinha perdido frente a um Aves que vinha de dez derrotas consecutivas, o Boavista fora derrotado no Bessa pelo líder do campeonato e o Famalicão perdera em casa com o Tondela pelo que um triunfo face aos algarvios permitiria ultrapassar todos esses concorrentes e ficar à espera de um bom resultado do Moreirense em Alvalade (que quase aconteceu) para a jornada ser verdadeiramente perfeita.
E a equipa soube estar à altura das suas responsabilidades.
Uma boa exibição, jogo controlado de principio a fim, dois golos que até podiam ter sido mais e a subida ao quinto lugar mas já com o quarto à vista para mais dia menos dia lá chegar.
Cereja em cima do bolo o golo espectacular de Marcus Edwards que a vestir outra camisola e não se falaria de outra coisa nos próximos dias.
No próximo domingo não duvido que Barcelos será "invadida" pelos adeptos vitorianos desejosos de que a sua equipa termine o ano de 2019, em termos de Liga, com mais um triunfo.
Depois Falamos.