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sexta-feira, maio 31, 2019

Titanic. Ou Quase...


Passadas alguns dias sobre as eleições europeias, e respectivos contentamentos e descontentamentos, importa agora com base nos resultados de 26 de Maio olhar para o futuro com olhos de ver se possível.
E olhar com olhos de ver significa, desde logo, reconhecer com o máximo de frieza os resultados obtidos pelas principais forças políticas e perceber até que ponto esses resultados devem (se vão ou não mais tarde se saberá) influenciar as opções estratégicas que cada partido fará para o futuro próximo.
Há uma primeira constatação a fazer,  sem a qual nada fará sentido, e que aponta para uma inequívoca vitória da esquerda e uma enorme derrota da direita que teve nestas eleições o seu pior resultado em mais de quarenta anos.
Um naufrágio em toda a linha, com protagonistas vários mas resultado comum, que se não for entendido na sua plenitude pode significar um longo período de afastamento da esfera do poder.
Para que não haja existam duvidas há que analisar individualmente o resultado dos principais partidos da área não socialista deixando apenas de fora os resultados da direita radical (Basta e PNR) por manifestamente não se prever que possam, por várias razões, integrar qualquer solução de futuro.
O PSD obteve o seu pior resultado de sempre em eleições nacionais.
Nem nos dificílimos tempos do PREC, em que não era nada fácil ser do PPD, o partido obteve um resultado tão mau e pese embora a bondade com que internamente alguns olham os resultados de hoje, por contraponto com o rigor com que olharam alguns resultados de ontem, é fácil concluir que o PSD não tem qualquer hipótese de, sozinho, ser alternativa ao PS.
Nenhuma!
Pode ser complemento, contrariando a sua matriz histórica, mas alternativa não é nem será.
O CDS teve, também ele, um muito mau resultado.
Embalado no “canto de sereia” dos resultados das autárquicas em Lisboa, obtidos em condições irrepetíveis por várias razões e principalmente porque o PSD apresentou a sua pior candidatura de sempre (sim,pior que o Macário...) ao município da capital, o CDS andou toda a campanha a falar em dois ou três deputados e acabou a discutir o quinto lugar com o PAN que chegou a dar a sensação de poder ficar à frente dos centristas no resultado final da eleição.
Um duro reencontro com a sua realidade que deve ser inteiramente percebido no Largo do Caldas sob pena de ainda piorar em Outubro.
A Iniciativa Liberal, provavelmente autora dos melhores outdoors de campanha e de alguns dos “sound bytes” mais interessantes , percebeu no “terreno de jogo” que criatividade e imagem não bastam se depois não houver um reconhecimento eleitoral por parte dos cidadãos quer da “marca” quer da utilidade do voto.
E isso, manifestamente não aconteceu.
Finalmente a Aliança.
Partido de gente bem disposta , bem humorada e com uma visão optimista do futuro foi comum o sentimento de satisfação pelo facto de o partido ter subido a sua votação em todas as freguesias, todos os concelhos e todos os distritos do país como se dizia na noite eleitoral pela sede do partido.
Brincadeira à parte é evidente que o resultado obtido ficou aquém das expectativas e não sendo comprometedor quanto a um futuro auspicioso deixou, ainda assim, um amargo de boca pelo facto de tendo uma lista de qualidade e tendo feito uma campanha a discutir exclusivamente assuntos europeus (ao contrário de outros com bem maiores responsabilidades,advindas de já terem representação em Bruxelas, que discutiram tudo menos a Europa...)não ter obtido uma votação que permitisse, pelo menos, a eleição de Paulo Sande que era de longe o mais bem preparado dos cabeças de lista no que toca a assuntos europeus.
Sabemos que houve factos que contribuíram para isso, e as dificuldades no acesso ao espaço televisivo em igualdade com os partidos do costume não foram seguramente o menor deles, mas não vale a pena chorar sobre leite derramado e há que aceitar com “fair play” aquilo que foi a decisão do povo.
Em suma à direita do PS não há nenhum partido que possa ter razões para estar satisfeito embora, naturalmente, alguns tenham bem mais razões para estarem insatisfeitos do que outros.
Importa agora o futuro.
E a questão é aterradoramente simples; tem ou não a área não socialista condições para ser alternativa ao PS e aos seus amigos de BE e PAN (porque o PCP não acredito que volte a meter-se em geringonças) nas eleições de Outubro?
Mais, querem todos os partidos dessa área serem realmente alternativa ou haverá um ou outro que prefira ser complemento de um governo de António Costa?
A Aliança deixou há muito tempo, pela boca do seu líder Pedro Santana Lopes, a sua posição claramente expressa.
Nunca viabilizará um governo do PS e está disponível para ajudar a construir uma alternativa sólida e galvanizadora dos portugueses para derrotar a Frente de Esquerda e devolver Portugal ao caminho da boa governação.
Para isso manifestou a sua disponibilidade para uma coligação pré eleitoral com outros partidos da área não socialista para que em conjunto possam almejar a conquista daquilo que separados nunca nenhum deles conseguirá.
Disse-o muito antes das eleições europeias, está dito e ninguém espere que vá repeti-lo outra vez.
Agora são  outros os que deverão pronunciar-se...

P.S. Ficando contudo bem claro que a Aliança não terá qualquer problema, bem pelo contrário, em apresentar-se às legislativas de Outubro com listas próprias.
Somos um partido de implantação nacional e estamos preparados para o fazer em todos os distritos, regiões autónomas e diáspora.
Sem qualquer receio!

quinta-feira, maio 30, 2019

Finais NBA

Confesso que para lá do futebol, a minha modalidade preferida a todas as outras, nunca fui grande seguidor do basquetebol tendo sempre como segunda modalidade o andebol que pratiquei em tempos já remotos no Desportivo Francisco de Holanda agora Xico Andebol.
Ao basquetebol fui-me convertendo.
Primeiro pelos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 e a inesquecível selecção norte americana, o único e verdadeiro "Dream Team" da História do desporto,a única equipa virtualmente imbatível que alguma vez vi.
Depois porque tinha em casa um verdadeiro entusiasta da modalidade que em tempo da NBA, e apanhando o comando televisivo a jeito , via quantos jogos podia dessa competição absolutamente única em termos mundiais.
E assim fui ganhando algum entusiasmo pelo basquetebol na versão NBA.
Apreciando os Chicago Bulls de Michael Jordan, Scottie Pippen, Denis Rodman e outros  mas também com uma simpatia pelos Orlando Magic apenas explicável por conhecer a cidade e apreciar um jogador então em plena ascensão chamado Shaquille O'Neal.
Finalmente converti-me ao basquetebol quando o Vitória criou a modalidade e teve anos de grande sucesso (que agora ameaçam acabar) conquistando duas taças de Portugal e dois vice campeonatos sob a liderança de Fernando Sá no banco e Pedro Guerreiro na direcção da secção.
Tudo isto para dizer que começam hoje as finais da NBA entre o campeão das ultimas épocas Golden State Warriors e os Toronto Raptors presente pela primeira vez numa final.
Vou tentar ver o que me for possível esperando que os Raptors ganhem o seu primeiro título.
No desporto gosto sempre de ver campeonatos ganhos por aqueles que nunca ganharam.
Depois Falamos

Preocupante

O que aconteceu ontem em Valongo, com a Autoridade Tributária e a GNR a mandarem parar carros para verificarem se os proprietários tinham dividas fiscais (que davam "direito" á apreensão da viatura) foi um acto vergonhoso que deve envergonhar todo o Estado.
É certo que o governo, e bem, mandou quase de imediato suspender tão insólita fiscalização mas para além de os direitos dos cidadãos  (que o Estado, todo ele, prefere olhar como contribuintes) abrangidos pela "operação stop" terem sido claramente postos em causa sem ressarcimento  possível fica ainda a pairar sobre tudo isto uma enorme dúvida que se prende com o seguinte:
Que Estado dentro do Estado se julga a Autoridade Tributária para agir com esta prepotência, no desprezo pelos direitos dos cidadãos, com ajuda adicional de forças militarizadas?
É preocupante.
Porque no dia a dia ,desta ou daquela forma, todos vamos sentindo o poder da Autoridade Tributária e a forma prepotente como passa multas e coimas que antes de serem protestadas tem de ser pagas sob pena de agravamento.
Mas agora em Valongo usar a força policial para obrigar ao pagamento de dividas fiscais, sob pena de apreensão dos veículos, é passar muito para lá dos limites que um Estado democrático pode admitir e entrar no reino de um estado policial.
Em Portugal, no passado, já houve um triste organismo estatal que perseguia os cidadãos sem qualquer respeito pela Lei.
Em democracia isso é inaceitável.
Depois Falamos

terça-feira, maio 28, 2019

Eleiçoes

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Era minha intenção escrever hoje sobre os resultados das eleições europeias analisando cada partido, o todo nacional e as perspectivas que se abrem (ou fecham) para o futuro de cada uma das forças políticas.
Realçando no caso da Aliança, aquele que obviamente mais me interessa, que embora o resultado tenha ficado aquém do esperado não é isso que nos fecha as portas do futuro como em poucos meses se comprovará.
Mas é sobre outras eleições o tema que hoje escolhi.
Escrevendo num jornal de Guimarães, para uma maioria de leitores vimaranenses e vitorianos, é naturalmente sobre o Vitória que se debruça esta crónica de hoje face à surpreendente demissão da direcção do clube ontem mesmo anunciada.
Devo dizer que fiquei completamente surpreendido pela decisão tomada.
Eleitos há cerca de um ano e acabado de conseguir um apuramento europeu nada fazia prever que Júlio Mendes e restante direcção resolvessem bater repentinamente com a porta mergulhando o clube num período de incerteza sem o qual passava muito bem e do qual ninguém pode prever como sairá.
Não falei com nenhum dos demissionários, cuja decisão respeito devo dizê-lo desde já, para perceber mais do que aquilo que foi dito em conferência de imprensa e que me parece francamente insuficiente para justificar tão drástica decisão.
É verdade que desde as eleições se instalou um clima desagradável, digamos assim, entre alguns sectores associativos compostos por pessoas mais emotivas e que nunca conseguindo sair do clima eleitoral mantiveram uma disputa sem sentido que depois passou para as bancadas e se reflectiu nalguns jogos.
Mas quem dirige o Vitória sabe que no nosso clube as coisa são assim, vive-se com paixão e às vezes para lá disso, e a união da massa associativa faz-se com resultados e com atitudes, com liderança e afirmação de valores, com a exaltação positiva do orgulho vitoriano.
E nesse aspectos houve falhas várias, desde uma época desportiva fraca (que nem o apuramento europeu disfarça) com descida de divisão da equipa B, fracos resultados nos sub 23  e formação, com a pior temporada do basquetebol dos últimos dez anos e por aí fora passando por uma crónica, e raras vezes contrariada, falta de afirmação da nossa razão perante as injustiças que nos eram feitas a par da incompreensão face alguns negócios feitos na área do futebol e  de difícil percepção.
E tudo isso pesou na insatisfação que se sentia alastrar de dia para dia e de jogo para jogo da primeira equipa.
Era um facto.
Mas que com meia dúzia de decisões acertadas ainda era passível de ser invertida porque acredito que uma larga maioria dos vitorianos estava mais interessada na  paz social e no sucesso desportivo do que em continuar com a idiota discussão dos 52% versus 48%.
Não quis a direcção insistir e preferiu desistir.
Percebo que forma sete anos difíceis, em especial os primeiros, de imenso desgaste, problemas para resolver e dificuldades imensas para ultrapassar e tudo isso cansa, causa incompreensão face à contestação, cria vontade de bater com a porta.
Mas acho, sem querer ser juiz em causa alheia, que mesmo assim não deviam ter tomado a decisão nesta altura da época face aos danos que isso pode causar à preparação da próxima temporada.
Mas tomaram-na e agora há que preparar o futuro.
E sobre ele, nesta altura em que ainda há muita poeira no ar, não quererei adiantar muito.
Direi apenas o seguinte:
Espero que os futuros candidatos partam em condições de absoluta igualdade e que encontrem uma situação financeira compatível com aquilo que tem sido dito para que não existam sombras quanto ao futuro.
Desejo que os vitorianos que perdem tempo com isso deixem de vez a estúpida querela dos 52% contra os 48% porque poucas coisas fizeram tão mal ao Vitória nestes últimos anos como essa disputa sem sentido nem interesse para o clube.
Finalmente não sei se não seria do interesse do Vitória a marcação de eleições para Setembro, com a época desportiva já em andamento normal, sendo o clube até lá gerido por uma comissão administrativa (com o indispensável acordo da direcção demissionária e dos accionistas da SAD) que preparasse sem pressões de qualquer tipo a próxima temporada.
É uma situação pouco normal mas ainda recentemente o Sporting foi por esse caminho e não se deu mal com ele.
Claro que os membros dessa comissão administrativa teriam de assumir o compromisso de não serem candidatos aos orgãos sociais nas próximas eleições de molde a garantirem absoluta independência no exercício de funções.
É uma ideia apenas mas que talvez merecesse ponderação por parte de quem vai decidir.
A bem do Vitória.

P.S. Não gostei nada da imagem que foi passada do Vitória, no discurso de demissão,  como um clube que “vive em constante guerrilha, intriga e insultos”
Não creio que seja assim , pese embora aqui e ai tenham existido inegáveis excessos, nem vejo ganho de causa para o Vitória em dele ser passada esse tipo de imagem.
Já bem bastam os rótulos que de vez em quando a comunicação social nos quer colar!

sexta-feira, maio 24, 2019

Aliança

Termina hoje a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu.
Cada um dos dezassete partidos concorrentes fez a sua campanha, dentro dos seus objectivos previamente traçados e esperando que os resultados sejam conformes com os seus desejos.
Não serão em todos os casos como sempre acontece em democracia.
Nuns casos porque os eleitores não se identificaram com as mensagens, noutros casos porque face à discriminação televisiva entre "os do costume" e os outros não houve a mínima igualdade de condições no tratamento jornalístico das campanhas, noutros ainda porque a inércia de algum eleitorado os impele a votarem sempre da mesma forma ainda que nada se identificando já com o partido em que sempre votaram e há ainda o caso (em crescendo) de número significativo de eleitores preferir dar oportunidade a novos partidos e novos rostos.
Em suma haverá explicações para todos os gostos caso os resultados não casem com os objectivos.
Mesmo que nalguns casos existam partidos, normalmente à esquerda, que "ganham" sempre seja qual for o resultado.
Na Aliança esperamos tranquilamente o veredicto popular.
Paulo Sande e os restantes candidatos fizeram uma campanha limpa, pela positiva e sem ataques aos outros partidos, falando durante vários meses de assuntos europeus e das propostas que o partido tenciona levar a Bruxelas/Estrasburgo.
Percorreram o país, das grandes cidades às mais pequenas aldeias, falaram com milhares de pessoas, responderam a perguntas e esclareceram dúvidas preocuparam-se sempre em estarem próximos dos portugueses.
A Aliança fez campanha todos os dias.
Todos os dias em vários pontos do país, com ou sem o cabeça de lista, com ou sem o presidente do partido, com os dois ou sem nenhum deles.
Porque a Aliança, ao fim de curtos seis meses, já é um partido nacional capaz de fazer campanha simultaneamente nos dezoito distritos e nas duas regiões autónomas e nisso marca toda a diferença em relação a outros partidos jovens como ela,e até a alguns dos "do costume" a quem foi raro ver fazer campanha sem o líder ou o cabeça de lista, que nunca conseguiram marcar presença em mais que um lugar de cada vez.
Por isso a Aliança está tranquila e com a consciência do dever cumprido.
Esperando que os portugueses reconheçam o trabalho, o empenho, a seriedade da campanha, a qualidade das propostas e a valia dos candidatos.
E votem na Aliança.
Depois Falamos

quinta-feira, maio 23, 2019

Finalmente

O meu artigo desta semana no zerozero.

Gostando muito de futebol e seguindo as diferentes provas nacionais e internacionais desde a mais tenra juventude, ou seja há mais de cinquenta anos, devo dizer que não me lembro de estar tão ansioso pelo fim de um campeonato nacional como este ano.
Sendo-me completamente indiferente quem o ia vencer e pese embora o “meu” Vitória só na última jornada ter conseguido o quinto lugar que lhe assegurava o apuramento europeu por mérito próprio e não pela falta de inscrição na Liga Europa do Moreirense (se é que não estava mesmo inscrito...) não foram esses ,noutras circunstâncias, inegáveis motivos de interesse que cercearam a vontade de ver o campeonato acabado.
Porque o futebol em Portugal está a tornar-se insuportável.
Quer o futebol jogado, que com raras excepções não é de qualidade que entusiasme, quer o futebol  falado,escrito e comentado nos canais de televisão e na generalidade dos jornais que mais não é do que um quase constante apelo a sentimentos primários e quase tribalistas (se calhar o quase está a mais) quer a forma como alguns clubes encaram e tratam a “indústria” futebol contribuindo diariamente para o seu descrédito e desvalorização.
Não me interessa minimamente, a não ser no plano da Justiça que para aqui não é chamado, quem tem mais ou menos razão nas constantes criticas e acusações que os dois clubes de topo trocam diariamente entre eles.
Estou é farto, literalmente farto, de cinquenta e duas semana por ano e vários dias em cada uma dessas semanas ver esses dois clubes a trocarem acusações, a lançarem suspeições, a insultarem-se a um nível absolutamente deplorável alimentando querelas e polémicas que depois passam para os próprios adeptos e vão fazendo aumentar o nível da tensão entre eles até a um ponto que um dia todos lamentaremos.
O de Lisboa acusa o do Porto, o do Porto acusa o de Lisboa e independentemente de tudo que se soube sobre um no passado e tudo que se vai descobrindo sobre outro no presente há a realidade de um futebol onde os dois são claramente favorecidos em relação a todos os outros de uma forma inadmíssivel em qualquer lado e menos ainda num país de futebol de primeiro mundo cuja selecção até é campeã da Europa.
Não sei se quem tem mais razão é o Benfica ou o Porto.
Nem me interessa.
Sei, isso sim, que os outros dezasseis clubes que disputaram o campeonato tem todos eles (mesmo o Sporting) muitíssimas razoes de queixa das arbitragens, dos VAR, da disciplina ou seja de todos aqueles factores que não jogando à bola influenciam, e de que maneira, os resultados.
Foi um campeonato muito mau nessa matéria.
Na sequência de outros anteriores mas deixando a clara sensação de que o problema se está a agravar  o fosso entre o favorecimento a uns e o desfavorecimento a outros está cada vez mais largo e mais difícil de transpor.
E se a isso somarmos outros tradicionais factores de diferenciação artificial entre os clubes, que vão desde os contratos televisivos em que Portugal caminha para ser o único país da Europa que interessa a não ter a respectiva negociação centralizada até à disparidade de tratamento da comunicação social em termos da enormidade de tempo de antena que dão a três clubes em desfavorecimento de todos os restantes que são tratados como “filhos de um Deus menor”, percebe-se que o futebol português caminha para um fim triste em termos de competitividade externa e verdade desportiva interna.
E, já agora, também de audiências televisivas e espectadores nos estádios.
Porque um dos factores de atracção para um desporto é a imprevisibilidade no resultado, a eterna incerteza no confronto do mais forte com o mais fraco, a certeza de que triunfos e derrotas são consequência apenas da verdade desportiva de cada jogo resultante da performance de cada equipa.
Em Portugal é cada vez menos assim.
Porque há equipas que ganham quase sempre( tantas vezes sabe Deus como...) ficando cada vez mais a incerteza reservada para os jogos em que se defrontam entre si porque nos outros há sempre um “factor externo” que as ajuda a ganhar quando por si sós não são capazes de o fazer.
O que afasta espectadores dos estádios porque ninguém gosta de pagar bilhetes, cotas, lugares anuais para ser enganado.
E por isso o alívio por este campeonato ter acabado.
Na certeza,porém, de que o próximo não será muito diferente, pese embora discursos sensatos (como o de Bruno Lage) que se vão ouvindo no sentido de Portugal arrepiar caminho e as competições seguirem um caminho de verdade desportiva e de sensatez na relação entre alguns clubes, por que o “vale tudo” para ganhar de qualquer maneira está demasiado enraizado na classe dirigente que os clubes do nosso futebol vão tendo.
Melhores dias virão.
Não se sabe é quando...

terça-feira, maio 21, 2019

Europeias

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Como a marcha do tempo é tão regular quanto inexorável eis que estamos na semana que antecede as eleições para o Parlamento Europeu. 
Passou depressa a pré campanha e mais depressa ainda a campanha algo submersa também, é a verdade dos factos, em acontecimentos de outro género como a audição de Joe Berardo no Parlamento ou a incessante subida do preço dos combustíveis no tempo de um governo que tinha jurado o fim da austeridade.
A campanha, essa, ficou marcada do meu ponto de vista pela discriminação em termo de debates feita pelas televisões a uns partidos em favorecimento de outros, pela absoluta incapacidade de os partidos com eurodeputados eleitos em 2014 discutirem temas europeus e pela ridícula comparação entre alguns eurodeputados de quem tinha feito mais em Bruxelas e Estrasburgo na absurda convicção de que alguém ligará alguma coisa a tão doutas opiniões formuladas em causa própria.
Importará ainda assim dizer mais duas ou três coisas.
A primeira é que eleições passadas não garantem votações futuras pelo que é ridículo e nada democrático proceder a uma divisão de partidos entre os que em 2014 elegeram eurodeputados e os que não o fizeram sendo que nalguns casos como por exemplo a Aliança, a Iniciativa Liberal e o Chega nem sequer existiam nessa altura pelo que é impossível dizer hoje qual a sua expressão eleitoral.
Em 26 de Maio tendo esses partidos muitos, alguns ou poucos votos aí sim será possível olhar para eles com uma bitola de comparação idêntica aquela que se usa para os que andam nisto há mais de quarenta anos (ou quase...) e foram provando o que valem e o que não valem em sucessivos actos eleitorais.
Por isso o critério das televisões de promoverem debates de primeira (com os que já tem eurodeputados mas excluindo , curiosamente, o MPT que elegeu dois) e debates de segunda com aqueles que no passado não elegeram,ou nem existiam, mas podem muito bem eleger agora se revela como profundamente anti democrático e que devia envergonha as televisões que embarcam nessa discriminação que distorce a verdade da eleição.
Quis o destino, ironia das ironias, que os melhores debates sobre temas europeus, afinal os que vão estar em jogo no próximo domingo, tenham sido precisamente aqueles que decorreram entre os partidos sem representação parlamentar cujos candidatos deram ao país um excelente exemplo de respeito pelo móbil das eleições mesclado com uma tolerância democrática   que lhes permitiu debaterem entre eles com civismo, boa educação e sentido de humor.
Que diferença, mas que diferença, face aos debates a que se assistiu entre os partidos do “sistema” cheios de gritaria, de acusações, de intolerância e no mais absoluto desprezo pela Europa e pelos temas europeus.
Caso para dizer que enquanto os partidos de “segunda” protagonizaram debates de primeira os partidos de “primeira” protagonizaram debates de...décima quinta categoria.
O que nos leva ao cerne da questão.
Em toda a Europa temos assistido a uma fragmentação dos partidos tradicionalmente hegemónicos dando lugar a novos partidos, novos rostos e novas ideias que tem vindo a enriquecer o panorama político e dado aos eleitores uma mais ampla gama de escolhas face à monotonia do passado.
Sabemos que as modas a Portugal demoram a chegar...mas chegam.
E por isso no próximo dia 26 os portugueses terão uma boa oportunidade de alinharem com a tal Europa a que todos nos queremos igualar e alargarem o leque partidário presente em Bruxelas/Estrasburgo na certeza de que com isso beneficiarão Portugal.
Pela parte que toca à Aliança estamos de consciência tranquila com o contributo que demos para essa modernização do panorama político apresentando uma lista homogénea na qualidade e heterógenea na procedência profissional do candidatos e nas regiões do país que representam.
Paulo Sande é reconhecidamente um grande especialista em questões europeias a que dedicou boa parte dos seus últimos trinta anos, Maria João Moreira é uma empresária de sucesso com negócios na Europa e que reside boa parte do seu tempo em Itália, Bruno Ferreira da Costa é professor de Ciência Política na Universidade da Beira interior e um quadro político de enorme futuro e o resto da lista alinha por esse diapasão.
Gente preparada, conhecedora dos temas, com profissão fora da política e disponível para ajudar o seu país.
Bem farão os portugueses se lhes derem um voto de confiança no próximo domingo.
Estou absolutamente certo que não se arrependerão e que esse voto será durante cinco anos posto ao serviço de Portugal.

segunda-feira, maio 20, 2019

Europa

Foi sobre a linha de meta, é verdade, mas o Vitória lá conseguiu apurar-se para a Liga Europa por mérito próprio e não por uma eventual não inscrição do Moreirense que durante largas jornadas ocupou a posição que garantia esse apuramento.
Foi uma situação nova esta de ver as duas equipas de Guimarães lutarem entre elas pelo último lugar que dava acesso às competições europeias, gratificante para o Moreirense que fez o seu melhor campeonato de sempre mas preocupante para o Vitória que está cada vez mais longe dos quatro primeiros, numa disputa que o sorteio da liga destinou que se resolvesse na ultima jornada e num jogo entre elas.
Foi no estádio do Moreirense que as coisas se resolveram embora em boa verdade o Vitória tenha jogado em casa tal o número de adeptos que se deslocaram à vila vimaranense de Moreira de Cónegos para darem à equipa aquele apoio que nunca lhe falta em lado nenhum.
E resolveram-se muito por força da esplêndida exibição de Miguel Silva, eleito o homem  do jogo que negou vários golos "cantados" aos "cónegos", a par do acerto goleador de Davidson e de algumas exibições de bom nível de mais este ou aquele jogador vitoriano.
Um triunfo que acabou por ser justo, mas excessivo, e que permite ao Vitória apurar-se para a Europa por mérito próprio e não em função de uma eventual não inscrição do Moreirense de que se muito se ouviu falar mas que o clube nunca confirmou.
Conseguiu-se o mínimo admissível, é verdade, mas a distância para os quatro primeiros voltou a alargar e isso é um factor de preocupação que retira qualquer motivo para festejar um apuramento europeu que levará a equipa a ter de fazer seis jogos antes de se apurar para a fase de grupos da Liga Europa.
Esperemos é que não apareça nenhum Altach pelo caminho...
Depois Falamos

Sugestão de Leitura

Devo dizer que nunca dei, nem darei, para o peditório da comparação entre Cristiano Ronaldo e Leonel Messi na tentativa de definir quem é o melhor jogador do mundo.
É uma polémica com dez anos, que regista fervorosos defensores de um e outro lado, mas que considero absolutamente estéril porque apenas serve para distrair algumas pessoas daquilo que é essencial e que é desfrutar plenamente do genial futebol de ambos.
Até porque são em tudo, menos no génio, jogadores muito diferentes.
E foi precisamente em torno dessas diferenças, comparadas em mais de vinte itens, que os jornalistas Luis Miguel Pereira (português) e Luciano Wernick (argentino) escreveram a quatro mãos este livro sobre os dois jogadores.
Conclusão?
Depois de 300 páginas de comparação exaustiva nem eles chegaram à conclusão de quem é o melhor!
O livro não é uma obra prima, longe disso, mas é interessante especialmente para quem se interessa por futebol e por aquilo que ele tem de melhor que são os jogadores.
E estes dois são os melhores de todos.
Depois Falamos

domingo, maio 12, 2019

Cinco

Foi um jogo invulgar.
Desde logo na hora a que se disputou (15.00 h) que é uma hora do antigamente mas que na actualidade é muito pouco usada para jogos da primeira liga e , menos ainda, quando estamos em Maio e o calor ronda.
Invulgar também no número de golos entre duas equipas de valor aproximado com uma a marcar cinco e a outra a ficar-se por aquilo que de há muito se convencionou chamar o golo de honra.
Invulgar ainda porque ao intervalo o resultado era um 0-0, que correspondia em absoluto ao jogo sonolento a que se assistiu nos primeiros quarenta e cinco minutos, tendo os seis golos sido apontados no segundo período.
Invulgar, finalmente, na perspectiva vitoriana porque sendo a evidente a pouca produtividade dos seus pontas de lança (Guedes e Whelton) foi num dia em que nenhum deles jogou que a equipa conseguiu fazer cinco golos.
É futebol.
E foi bom futebol que se viu na segunda parte com o Vitória a ser absolutamente eficaz (sete remates e cinco golos) e a construir um resultado dilatado através de belas jogadas que deram origem a golos espectaculares e permitiram um final de época no D.Afonso Henriques que atenuou tristezas anteriores mas, evidentemente, não fez desaparecer as suas causas.
Agora na mais curta deslocação do campeonato o Vitória vai a Moreira de Cónegos disputar com o Moreirense o quinto lugar tentando que o apuramento europeu suceda por mérito próprio e não apenas porque o clube vizinho não se inscreveu nas competições europeias.
Um facto este, o da disputa do quinto lugar entre dois clubes de Guimarães, também ele absolutamente invulgar.
Depois Falamos

sexta-feira, maio 10, 2019

Espantoso

Nunca como agora o futebol inglês justificou tão bem ser considerado como o melhor do mundo.
Depois dos épicos apuramentos de Liverpool e Tottenham, na Liga dos Campeões, foi ontem a vez de Arsenal e Chelsea conseguirem o passaporte para a final de Baku conseguindo ultrapassar com maiores (Chelsea) ou menores(Arsenal) dificuldades os seus adversários.
É uma prova de força extraordinária dos clubes ingleses e , mais do que deles, da própria Liga inglesa cuja competitividade ajuda a explicar este fenómeno de serem inglesas todas as equipas que vão disputar as finais europeias.
Nunca na história das competições europeias tinha acontecido um domínio destes.
Nunca os finalistas de Liga dos Campeões e Liga Europa, numa mesma época, tinham sido todos clubes do mesmo país.
Dá que pensar.
Especialmente em países, como Portugal, em que os ventos de mudança e modernização do futebol sopram de forma tão fraca que mal se dá por eles face aos tufões vermelhos, azuis e verdes que continuam a ser um travão a um melhor futebol no nosso país.
Ponham os dirigentes do futebol português os olhos nas grandes virtudes da liga inglesa e perceberão as razões do sucesso.
Competitividade, verdade desportiva, justa distribuição das receitas televisivas cuja negociação é centralizada, aposta consequente em grandes treinadores estrangeiros (Guardiola, Klopp, Mourinho, Pochetino, Sarri, Emery, Rainieri, etc) e forte investimento na formação (veja-se a subida da qualidade da selecção principal e os sucessos das selecções em escalões de formação) são algumas das razões que explicam esta supremacia actual.
Que ameaça manter-se nos próximos anos.
Até porque o sucesso atrai investimento.
Depois Falamos

P.S. A UEFA tem as suas opções que umas vezes se percebem e outras não. Mas mesmo sabendo que o local de uma final tem de ser escolhido com alguma antecedência faz impressão que o Chelsea vs Arsenal, duas equipas da cidade de Londres, se jogue em Baku no Azerbaijão a milhares de quilómetros de distância quando tinham ali à mão a catedral de Wembley.

Final

E estão encontrados os finalistas da Liga dos Campeões na temporada 2018-2019.
Contrariamente ao que aqui previ não serão Barcelona e Ajax mas precisamente os seus opositores nas meias finais, ou seja, Liverpool e Tottenham.
E com inteiro mérito , diga-se de passagem, depois de dois espectaculares jogos em que ambos deram a volta a uma diferença negativa de três golos e lograram apurar-se perante  a perplexidade do mundo do futebol que nunca tinha visto semelhantes reviravoltas em meias finais da Liga dos Campeões.
Porque a juntar-se à épica vitória do Liverpool,esmagando o Barcelona numa noite de sonho em Anfield, veio o Tottenham escrever outra página inimaginável conseguindo contrariar o 0-1 da primeira volta e o 0-2 ao intervalo da segunda rumo a outro apuramento épico.
Teremos uma final totalmente inglesa da Liga dos Campeões como resultado disso.
Entre um Liverpool "velho" cliente desses jogos derradeiros e um Tottenham que pela primeira vez disputará uma final da maior prova de clubes do mundo do futebol.
A seu tempo se falará desse jogo.
Por agora resta felicitar os apurados, e também os eliminados que durante muito tempo pareciam serem eles os apurados, e manifestar alguma satisfação por no rol das equipas que disputaram as meias finais e agora a final não estarem Real Madrid, PSG e Manchester City três clubes que reduzem o futebol ao (muito) dinheiro.
Pois nesta edição da Liga dos Campeões o futebol encarregou-se de lhes provar que dinheiro não é tudo.
Felizmente!
Depois Falamos.

Testemunho

Fui deputado eleito pelo PSD em duas legislaturas que não chegaram ao fim.
A de 1999 a 2002 terminada pela fuga de Guterres ao pântano que o próprio PS tinha criado na governação do país (algo frequente quando os socialistas governam) e a de 2002 a 2005 abruptamente cessada por um golpe de estado orquestrado e comandado a partir de Belém pelo então presidente da República Jorge Sampaio.
Nesse tempo o PSD teve dois líderes.
José Manuel Durão Barroso e Pedro Santana Lopes.
Com quem nem sempre o grupo parlamentar esteve de acordo nalgumas decisões, o que motivou bem acalorados debates nas reuniões do grupo,  e eles próprios não terão concordado com algumas opções do grupo parlamentar tomadas dentro da autonomia de funcionamento, estatutariamente reconhecida, desse orgão do partido.
Mas posso testemunhar que nunca, mas mesmo nunca, José Manuel Durão Barroso e Pedro Santana Lopes tiveram qualquer atitude, declaração, desabafo até que pusesse em causa o prestigio do grupo parlamentar, desautorizasse as suas opções ou humilhasse os seus deputados.
Porque havendo divergências, e houve-as nesses seis anos, acima delas esteve sempre o respeito pelas pessoas, pela autonomia do orgão e pela imagem do partido.
É um testemunho ao sabor do que os tempos nos vão mostrando.
Depois Falamos.

Obrigado Futebol.

Sou ,desde há muitos anos (dos tempos de Cruyff jogador) um simpatizante do Barcelona e tinha fundadas esperanças de o ver ganhar esta Liga dos Campeões depois do convincente resultado da primeira volta que o levou para Anfield com três golos de vantagem.
Mas o futebol tem no imprevisto um dos seus maiores factores de atracção.
E, como dizia ontem José Mourinho, se há estádio onde o impossível pode acontecer é em Anfield Road com toda a mística da mais famosa bancada do mundo (O Kop retratado nesta fotografia) a empurrar uma excelente equipa do Liverpool orientada por um dos melhores treinadores do futebol mundial.
E quando tudo parecia contra os ingleses, desde o resultado da primeira mão às lesões de Salah e Firmino (provavelmente os seus melhores jogadores) que os impossibilitaram de jogar, a equipa no relvado encarregou-se de mostrar que não era bem assim e conseguiu uma reviravolta épica perante um Barcelona que deu sempre a sensação de não acreditar no que lhe estava a acontecer.
E mesmo levando em linha de conta que este ou aquele golo foram mal sofridos (então o quarto nem nos juniores...) não vamos com isso retirar o enorme mérito do Liverpool , dos seus jogadores e do genial Jurgen Klopp que bem merecem estar em Madrid no jogo da final.
Pessoalmente, e embora tendo também simpatia pelo Liverpool desde as suas grandes equipas dos anos 70, preferia que fosse o Barcelona a jogar a final não o escondo.
Mas o apuramento do Liverpool foi justíssimo, conseguido dentro das quatro linhas e sem polémicas à mistura, e se o futebol pode estar-lhe grato pelo grande espectáculo também todos quanto gostamos de futebol podemos agradecer à modalidade momentos extraordinários como este.
Que diferença para o futebolzinho quezilento,queixinhas e pobrezinho que por cá se vê todas as semanas.
Depois Falamos.

terça-feira, maio 07, 2019

Mau

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Um breve regresso à temática do futebol, e especificamente do Vitória, assuntos sobre os quais tenho cada vez menos vontade de opinar face à tristeza e desencanto de que se revestem nos tempos que correm.
Comecemos pelo futebol no seu todo.
Num campeonato que está a chegar ao fim, que terá o vencedor mais habitual de todos, e que verá equipas serem despromovidas à segunda liga e outras lograrem um apuramento europeu que com uma ou outra excepção outro resultado não terá que umas agradáveis excursões pela Europa seguidas da inevitável eliminação.
Um campeonato que envergonha quem goste de seriedade e de verdade desportiva.
Porque um campeonato em que se confirmou, plenamente, que o VAR não é um instrumento ao serviço da verdade desportiva e de um maior equilíbrio das competições mas apenas e só um instrumento de poder para os que já detinham todo o poder.
Já não bastavam as equipas de arbitragem a inclinarem os campos e os conselhos de disciplina e justiça a tratarem uns como filhos e outros como enteados (mais a comunicação social nacional a fazer todos os fretes possíveis e imaginários a dois mais um clubes) ainda foram arranjar um instrumento infalível na deturpação da verdade desportiva como o VAR tem sido com todas as facilidades que lhe são dadas por decisões tomadas a larga distância dos estádios na tranquilidade de uma sala com ecrans de televisão.
Uma vergonha.
Que é hoje o retrato de um futebol mentiroso, quezilento, malcriado e dirigido em larga medida por gente que manifestamente devia estar bem longe de modalidade e de clubes seguidos por milhões de portugueses.
O problema, para além da mentira que são as competições futebolísticas em Portugal, é que o futebol e os clubes que mais ganham são seguidos e apoiados por milhões de portugueses, entre os quais muitos jovens, que tem nele, futebol, um permanente mau exemplo de falta de regras, princípios e valores que pode levar muitos deles a considerarem que na vida, como no futebol, o que importa é ganhar de qualquer maneira sem olharem a qualquer tipo de regra.
E isso, em termos sociais, é a prazo devastador!
Quanto ao Vitória há que dizer que a época tem sido muito longe daquilo que legitimamente os seus adeptos ansiavam.
Muito longe mesmo.
A equipa A vai provavelmente terminar a época num discreto sexto lugar(embora o quinto ainda possa acontecer) muitíssimo longe do “seu” lugar” que é o quarto e mais longe ainda da velha ambição de se intrometer na luta pelos três primeiros lugares.
Estará na Europa, é certo, mas apenas devido a um feliz conjunto de coincidência entre as quais o facto de o Moreirense não se ter inscrito nas competições europeias (caso os “cónegos” terminem em quinto como parece provável) o que diz bem do desencanto que a época vitoriana tem constituído.
E devo deixar claro que a ficar abaixo do quinto lugar o que me aborrece mais não é ficar atrás do Moreirense (prefiro isso a ver acima de nós o Boavista, o Belenenses, o Marítimo,etc) mas sim o não ficar pelo menos em quarto lugar à frente de todas essas equipas e também do Braga.
Grave , repito, não é ficar atrás do Moreirense mas sim o ficarmos tão longe do quarto lugar.
Se a isso somarmos a triste descida da equipa B (com a terrível sensação de que nada foi feito para a evitar), o melancólico campeonato da novel equipa de sub 23 e os resultados das equipas da formação longe do que tem sido habitual pode falar-se, sem receio de desmentido,num mau ano do futebol vitoriano.
Que exige reflexão.
Quer por parte da administração da SAD, quer por parte dos seus accionistas, quer pelos próprios adeptos do clube que já estarão cansados de serem o único facto continuamente positivo no futebol vitoriano.
E a conversa dos “melhores adeptos do mundo” para disfarçar tudo o que falha já cansa de tanto ouvir.
O clube não existe para ter sucesso nas bancadas mas sim nos terrenos de jogo.
E é isso que cada vez falta mais.

P.S. Até no basquetebol a época foi frustrante depois de anos de sucesso e da conquista de troféus e de dois vice campeonatos.
É mesmo preciso reflectir...

quinta-feira, maio 02, 2019

Casillas

O problema cardíaco de Iker Casillas, felizmente já superado embora o regresso aos relvados seja altamente duvidoso, centrou a atenção em três questões importantes.
A primeira tem a ver com todos nós e demonstra a fragilidade de que a vida se reveste, e da qual tantas vezes nos esquecemos, quando até um atleta de alta competição (e toda a gente sabe que um profissional de futebol de topo tem um acompanhamento clínico muito superior ao vulgar cidadão) é surpreendido por um problema desta dimensão.
Felizmente foi num treino e por isso a assistência foi imediata e eficaz porque noutras circunstâncias o desenlace podia ser fatal.
A segunda revela o que o futebol tem de melhor e está patente na onda de solidariedade em torno do jogador vinda de clubes e colegas de profissão de todo o mundo.
Do Barcelona,grande rival do Real Madrid onde fez quase toda a carreira, ao Benfica ,grande rival do F.C.Porto seu actual clube, todos disseram "presente" e isso merece realce.
A terceira, agora que é altamente duvidoso que Iker Casillas volte a jogar, é para destacar o facto de ele ter sido o jogador mais laureado que alguma vez jogou no nosso país.
Campeão do mundo e bi campeão europeu a nível de selecções, várias ligas dos campeões no Real Madrid entre muitos outros troféus ganhos em Espanha e em Portugal (onde também foi campeão)fazem de Casillas um dos grandes nomes do futebol mundial de sempre.
E isso em Portugal, pelas paroquiais razões clubístico/jornalísticas de todos conhecidas passou relativamente despercebido e até desvalorizado.
Veremos, se realmente Casillas deixar de jogar, quando voltará a pisar os nossos relvados um jogador da sua dimensão.
Não será seguramente amanhã. 
Depois Falamos.

Primeiro de Maio

Ontem celebrou-se mais um Primeiro de Maio.
Data que todos conhecem, todos sabem o que nela se comemora, mas também data em que cada vez mais as pessoas pensam é no feriado e menos em participação em celebrações que continuam a fazer sentido mas já não o sentido de antigamente.
Porque se noutros tempos o "Primeiro de Maio" tinha um forte conceito de luta de classes, servia muitas vezes como forma de se organizarem manifestações contra regimes ditatoriais (como Portugal antes do 25 de Abril)e se homenageava apenas um determinado sector laboral , nos tempos que correm isso já faz pouco sentido excepto para os partidos da esquerda não democrática que não conseguem ultrapassar o trauma da queda de um certo muro lá para os lados de Berlim.
Hoje, trabalhadores, são quase todos.
Por conta de outrém, por conta própria, comerciantes e empresários, industriais e funcionários públicos, operários e trabalhadores de serviços, todos eles merecem que se comemore a um de Maio o contributo que dão para a economia dos países.
Como Portugal!
Onde é mais que tempo de o "Primeiro de Maio" ser um factor de unidade entre quem trabalha e não o pretexto estéril para continuar a alimentar fracturas onde elas não existem e apenas no interesse particular de forças políticas não democráticas e de alguns sindicalistas sem sucesso profissional nas empresas onde deviam trabalhar.
Depois Falamos.