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domingo, março 24, 2019

A FPF e o Futebol

O meu artigo desta semana no zerozero.

A propósito de notícias e acontecimentos dos últimos dias aqui se alinhavam algumas ideias sobre os mesmos sendo que todos eles têm a ver com a Federação Portuguesa de Futebol e a própria selecção nacional.
Comecemos pelo futebol propriamente dito.
Campeão europeu em título Portugal iniciou esta sexta-feira a fase de apuramento para o Europeu 2020, que terá uma estranha fase final (assunto para próxima crónica) bem ao sabor das modas economicistas da UEFA, disputando com a Ucrânia o primeiro jogo de uma dupla jornada em que defronta precisamente os seus mais fortes concorrentes a uma obrigatória qualificação para a tal fase final estranha.
Não começou bem.
E não começou bem “apenas” porque não ganhou um jogo em que foi sempre a melhor equipa (mal estávamos…), em que criou as melhores oportunidades de golo mas em que não conseguiu vencer porque uma soberba exibição do guardião ucraniano a par das responsabilidades dos nossos jogadores no não serem eficazes na concretização a isso obstou.
Ainda assim creio que Portugal fez uma boa exibição, atacando muito bem pelos flancos (Cancelo e Guerreiro em grande plano) mas menos bem no jogo interior, demonstrando que apesar do empate continua a ser, e de longe, o grande favorito a vencer o grupo.
Creio que Fernando Santos armou bem a equipa, adoptou a estratégia de jogo correcta, fez as alterações que se impunham mas era daqueles jogos em que se tinha a sensação de que nem que se jogasse mais uma hora ou duas a bola conseguiria entrar!
E a propósito das substituições (e se algumas vezes tenho criticado o seleccionador nessa matéria ontem concordei com as opções) ouvi na bancada em meu redor pedidos para entrar João Félix, Pizzi, Diogo Jota ou Gonçalo Guedes (cada cabeça cada sentença…) mas em bom rigor creio que as entradas de Rafa para dar profundidade, Dyego Sousa para dar mais poderio físico na área e João Mário para dar critério quando a equipa saia a jogar eram as que se impunham naquele contexto.
Talvez João Mário pudesse ter entrado mais cedo, talvez devesse ter saído William Carvalho e não Ruben Neves (por causa da meia distância essencialmente) mas isso são apenas detalhes que provavelmente também não teriam dado resultado diferente.
Em bom rigor, e numa nota bem pessoal, o único jogador que talvez pudesse ter feito a diferença com os seus cruzamentos teleguiados e os momentos de magia que “saca” quando menos se espera mas mais se precisa era…Ricardo Quaresma.
Mas não fez parte das escolhas para esta dupla jornada.
E o segundo apontamento tem precisamente a ver com o facto de a jornada ser dupla e os dois jogos serem no mesmo estádio.
Li recentemente uma estatística da utilização pela selecção nacional dos estádios de Portugal e fiquei impressionado com alguns dos números que lá li.
Por exemplo a Luz ter mais do dobro dos jogos de Dragão e Alvalade juntos e de estádios sem público e onde não joga nenhuma equipa regularmente (Algarve e Leiria) serem os segundo e terceiro em utilização à frente de estádios com excelentes médias de assistências como os referidos Dragão e Alvalade ou o D. Afonso Henriques.
Pior ainda é o facto de em Alvalade nos últimos dez anos a selecção ter jogado apenas duas vezes (!) sendo que um dos jogos foi particular pelo que o estádio do Sporting apenas teve direito a um jogo oficial em toda uma década.
Isto quando na Luz se disputaram doze jogos oficia no mesmo período de tempo.
É incompreensível e é, também, uma situação que tem de ser revista o mais depressa possível a bem de equilíbrios que não podem deixar de existir no nosso futebol bem como a uma posição de neutralidade que a FPF tem de manter perante todos os clubes.
Ainda agora nesta jornada dupla é difícil perceber que sendo o jogo de sexta-feira na Luz não tenha sido marcado o de segunda-feira para Alvalade e não são seguramente os pormenores de decoração das bancadas que explicam isso.
Uma nota final para notícias destes dias que referem ser desejo da FPF diminuir o número de clubes que disputam a primeira divisão bem como acabar com a taça da liga para deixar mais datas disponíveis para as equipas portuguesas que disputam competições europeias.
Manifestando até vontade, imagine-se, de não haver jornadas do campeonato quando as equipas portuguesas disputam jornadas europeias a eliminar em semanas consecutivas para que elas possam ter mais tempo de descanso.
Evidentemente não o diz, mas o desejo está lá, que também o ficar com mais datas para jogos particulares da selecção chorudamente pagos é possibilidade que lhe agrada de sobremaneira e vem juntar o útil ao agradável.
Útil e agradável para a FPF bem entendido.
Porque para a generalidade dos clubes portugueses menos jogos, menos receitas, menos uma competição onde podem enriquecer o palmarés (Vitória Futebol Clube, Moreirense e Braga que o digam) e angariar proventos diversos não é hipótese minimamente agradável nem me parece que possa colher o seu apoio.
Creio que a FPF deve reflectir.
E essa reflexão sendo bem feita dir-lhe-á que o futebol português é muito mais que a selecção, o Benfica, o Porto e o Sporting.
E disso não s epodem esquecer nunca!

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