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terça-feira, novembro 13, 2018

Aliança

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Como alguns leitores saberão decidi, depois de quarenta e três anos de militância iniciados na JSD em 1975, deixar o PSD por razões que nada tem a ver com o resultado das últimas directas do partido nem com a liderança de Rui Rio mas apenas com uma reflexão profunda que fiz sobre as razões para continuar ou não a militar num partido no qual passei boa parte da minha vida.
Foram meses de reflexão que me levaram a concluir que era tempo de terminar um longo percurso comum e seguir outro caminho que não sendo substancialmente diverso é ainda assim bastante diferente.
Devo dizer que não saí aborrecido com rigorosamente ninguém e creio que as muitas pessoas dentro do PSD com quem estabeleci relações de amizade, nalguns casos com décadas de duração, lamentando a minha decisão compreenderam-na e não ficaram aborrecidas.
Porque entenderam que sair de uma “casa” onde se passou quarenta e três anos obedece seguramente a fortes imperativos de consciência.
E portanto o PSD, para mim, passou a ser passado.
Passado de que guardo muitas e excelentes recordações, especialmente das amizades que construi por todo o país, mas de que também não posso evitar a recordação de alguns momentos maus que em bom rigor até poderiam ter provocado uma saída bem anterior aos tempos actuais.
Adiante.
Uma vez desfiliado do PSD e no âmbito de conversas que mantinha periodicamente com Pedro Santana Lopes, que já tinha apoiado nas directas de 2008 (disputadas com Pedro Passos Coelho e Manuela Ferreira Leite), concluí que o partido que ele e um vasto conjunto de pessoas estavam a fundar encerrava em si um projecto político atraente, inovador e situado numa área ideológica na qual me revia com grande facilidade e potenciador de uma esperança de renovação do nosso sistema político-partidário.
E aderi ao Aliança.
Sabedor que depois de ter deixado um grande partido, um dos fundadores do nosso regime democrático com quatro décadas de uma História de que se pode orgulhar, passaria a alinhar nas hostes de um partido que quer ser grande mas que ainda tem um longo e árduo caminho até conseguir sê-lo de facto.
Mas um caminho com um percurso bem definido.
Um caminho que passa por saber de forma clara quem são os adversários, quem são aqueles com quem nos podemos entender em prol de Portugal e quais são os objectivos a que nos propomos em termos internos e externos.
Em termos internos passam por construir um partido moderno, com uma base digital importante, com militantes comprometidos com o projecto, uma estrutura de funcionamento “leve”, sem organizações autónomas (sejam de juventude, sindicais, autárquicas ou as inaceitáveis baseadas no género), poucas sedes físicas e o direito ao voto dos militantes independentemente de ter ou não cotas pagas.
Complementarmente uma Academia de formação para jovens em idade entre os 14 e os 23 ou 25 anos (ainda não está completamente decidido) que proporcionará aos jovens de todo o país que nela queiram participar uma efectiva formação política mas sem que os seus responsáveis tenham direito a inerências nos órgãos políticos, nas presenças em congressos e menos ainda nas listas candidatas a eleições externas.
Perguntarão os leitores se os jovens não terão lugar nos órgãos, nos congressos e nas listas candidatas a autárquicas, legislativas, europeias e regionais?
Terão.
Pelo mérito e não pela idade.
Em termos externos o objectivo imediato passa por concorrer a todos os actos eleitorais do próximo ano, com listas próprias e programas políticos ambiciosos, atraentes para eleitores desiludidos e abstencionistas “crónicos” e que reflictam a diferença que queremos fazer em relação aos partidos mais antigos do nosso sistema político.
Contribuindo dessa forma, e muito em especial pela mobilização dos tais eleitores que não votam abstendo-se eleição após eleição, para o reforço da área política do centro e da direita democráticos oferecendo assim a Portugal uma alternativa à Frente de Esquerda que nos governa depois do “arranjinho” de 2015.
Vimos para fazer melhor e fazer diferente.
Não pelas palavras, que são sempre fáceis de proferir, mas sim pelos actos concretos que são o melhor exemplo que se pode oferecer quanto à seriedade das intenções e à validade do que nos propomos fazer.
E a concluir deixo um exemplo, concreto, de como nos propomos fazer diferente dos partidos tradicionais.
Nunca o Alentejo, uma das regiões mais pobres, desertificadas e esquecidas do país, recebeu o congresso de um partido político ao invés de praticamente todas as outras regiões à excepção de Trás-os-Montes também ela sistematicamente ignorada.
Provavelmente porque os partidos consideram que sendo o Alentejo uma região pouco densamente povoada, ou seja com poucos eleitores, não valerá a pena apostarem nela para obterem efeitos eleitorais dessa opção.
Pois o Aliança vai realizar o seu congresso fundador em Évora.
Levando ao Alentejo pela primeira vez um congresso partidário e dando o claro sinal de que olha todo o país por igual independentemente de haver muitos ou poucos eleitores na região onde realiza o seu evento.
É um exemplo que fica como marca do início de percurso do Aliança.

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