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terça-feira, outubro 30, 2018

Tristezas e Alegrias

O meu artigo desta semana no jornal digital "Duas Caras".

Em semana de Vitória-Braga, e sem querer fazer concorrência aos temas habitualmente abordados pela minha amiga Sandra Fernandes, é incontornável falar um pouco sobre aquele que considero ser o mais importante dérbi do desporto português.
Quando, ainda por cima, está recheado de histórias (quase todas tristes infelizmente) como aconteceu com o da passada sexta feira.
Mas o título da crónica refere também as alegrias e é por aí que quero começar.
Não houve particular alegria no resultado porque o Vitória não ganhou mas houve uma indesmentível alegria em ver um estádio com mais de vinte e seis mil adeptos presentes,dos quais vinte e cinco mil eram vitorianos e mil e quinhentos braguistas, num jogo em que não estavam aquelas equipas a que parolamente se chama “grandes” embora essa grandeza seja em muitos pontos mais que discutível.
E alegria particular no facto de ao contrário do que acontece noutros estádios deste país, e um até bem perto, essa presença massiva de adeptos se ter feito sem recurso a “borlas”, bilhetes oferecidos e outras dádivas que se fazem na tentativa de chamar pessoas aos estádios.
Alegria também para quem gosta de futebol ,independentemente de o resultado agradar mais ou menos, pelo facto de se ter assistido a um excelente jogo (porventura o melhor do presente campeonato)com emoção a rodos, resultado discutido até ao último minuto, lances polémicos e uma entrega notável ao jogo por parte de todos os seus intervenientes.
Foi um verdadeiro jogo de campeonato e um dérbi que não desmereceu de outros grandes dérbis do passado.
Alegria, finalmente, pelo grande espectáculo dado nas bancadas pelos adeptos vitorianos que antes, durante os noventa e seis minutos jogados e no final do encontro deram à sua equipa um apoio inigualável em qualquer estádio português e ao nível do que se vê nos estádios ingleses onde se joga o melhor campeonato do mundo do futebol.
E depois as tristezas.
Desde logo pelo comportamento do Braga, desde muito antes do jogo, com provocações nas redes sociais, comunicados sem qualquer sentido nem razão e declarações do seu ressabiado treinador (nunca pronuncia o nome Vitória mas sempre “o adversário”) que apenas serviram para incendiar ânimos dos adeptos sem qualquer contributo válido para o futebol.
Depois a ainda mal explicada rábula da entrada tardia da esmagadora maioria dos adeptos braguistas, coisa que aliás acontece frequentemente aos vitorianos que vão a Braga sem que os inquilinos da “Pedreira”se incomodem minimamente com isso , que também deu origens a protestos da direcção do Braga com insinuações torpes sobre a responsabilidade de Vitória e PSP no assunto quando afinal parece que a única responsabilidade é mesmo dos adeptos vindos do lado de lá da Morreira que terão tido comportamentos inaceitáveis em plena auto estrada.
Mas como a Liga, desta vez atenta e pressurosa ao contrário do que acontece nos Braga-Vitória em que até tiros já houve, mandou fazer um inquérito aguardemos pacientemente pelo seu resultado na convicção de que se ele for verdadeiro há por aí gente que vai ter de engolir muito do que disse.
Aguardemos...
Mas a tristeza maior deste dérbi, à beira da qual tudo o resto é insignificante, foi mesmo a morte de um adepto vitoriano na bancada nascente que não resistiu a um ataque cardíaco fulminante fruto das emoções ao rubro que se vivem em jogos deste género.
E a sua morte, eventualmente inevitável, foi também oportunidade de se perceber que os meios de socorro nos recintos desportivos estão ainda longe do desejável porque entre o momento em que o adepto se sentiu mal ,e os que o rodeavam começaram a chamar pelos socorristas, e a chegada do socorro passou muito tempo. Demasiado tempo!
E por isso, sem demagogias ou aproveitamentos de qualquer espécie,  espera-se que este infausto acontecimento sirva para melhorar aquilo que precisa de melhorias em termos de socorro nos estádios.

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