Na passada semana saí do PSD e da Assembleia Municipal de Guimarães.
No primeiro caso desfiliando-me depois de 43 anos de militância,
iniciada na JSD em 1975, em que tive oportunidade de conhecer todos os líderes
do partido (a grande maioria até pessoalmente) e viver todas as suas fases de
vida do PSD que foram das grandes vitória às derrotas que transmitiram
ensinamentos para o futuro.
No caso da Assembleia Municipal renunciando ao mandato para que fora
eleito nas eleições autárquicas de 1 de Outubro (fez ontem um ano) de 2017.
Vamos por partes:
A desfiliação do PSD, algo que durante décadas nunca me parecera
possível de acontecer, não teve a ver com o facto de Rui Rio ter sido eleito
para presidente do PSD, porque embora tendo apoiado outro candidato e não
gostando nada da forma como vem exercendo o mandato isso já tinha acontecido no
passado com outros lideres (Sousa Franco, Pinto Balsemão, Marques Mendes e
Ferreira Leite por exemplo)sem que fosse motivo de sair do partido, mas sim com
as estratégias, posições e postura que o PSD vem assumindo e que o conduzem à
irrelevância política fruto da continua subalternização ao PS e da persistente recusa
em incomodar António Costa e o governo.
Mas também os processos a autarcas do partido, o convite aos que
discordam para saírem do PSD, o alinhar com propostas do BE, o abaixo assinado
das distritais a apoiarem o presidente do partido (com um odor bafiento a
Brigada do Reumático), as contradições na questão da substituição da PGR que
levaram Rio a desautorizar o grupo parlamentar, a descaracterização do partido
através do desaparecimento das setas seu símbolo de sempre, a forma como renegaram o legado de Pedro
Passos Coelho e os ataques , velados mas perceptíveis, à sua liderança e
finalmente o boicote à “tertúlia de Braga” na qual estava pessoalmente
envolvido em termos de organização da mesma foram mais algumas (mas não
todas...) das razões que estiveram na origem do meu afastamento do PSD.
Porque nada disso nada tem a ver com a História do partido, com a sua
matriz política, com aquele que tem sido o papel determinante que desempenhou
em Portugal desde 6 de Maio de 1974 quando foi fundado por Francisco Sá
Carneiro, Joaquim Magalhães Mota e Francisco Pinto Balsemão.
A renúncia à Assembleia Municipal tem uma única explicação.
Sempre considerei que no nosso sistema político/eleitoral os mandatos
são dos partidos e não de quem a cada momento os ocupa.
E por isso sempre defendi que quando alguém sai de um partido deve
renunciar de imediato a todos os lugares que ocupa em sua representação e não neles ficar como independente no que
considero uma falta de respeito pelos eleitores.
Limitei-me a ser coerente comigo próprio e por isso renunciei ao
mandato.
Com imensa pena devo dizê-lo.
Desde logo porque nunca gostei (e nunca o fiz) da ideia de renunciar a
um mandato que o povo confere a não ser que, como no presente caso, existam
razões de tal forma imperativas que não deixem outro remédio.
Por outro lado porque sempre tive muito gosto em estar na Assembleia
Municipal da minha Terra, discutindo assuntos que a ela dizem respeito num fórum
que é da maior importância democrática, e onde cumpria o meu sexto mandato
desde a primeira eleição em 1989 o que fazia de mim não só o mais antigo
deputado municipal do PSD como também dos mais antigos, se não o mais antigo
mesmo, de toda a Assembleia.
Mas as coisas são o que são e na mesma semana deixei o PSD e a
Assembleia Municipal.
Uma nota final para dizer o seguinte:
Nas razões que me levaram a sair do PSD nenhuma se prende com o PSD de
Guimarães, com o seu grupo parlamentar na Assembleia Municipal, os seus
vereadores e a sua comissão política.
Nenhuma!
E por isso embora já não estando no PSD nem na Assembleia Municipal
continuo absolutamente solidário com a luta por Guimarães que o grupo
parlamentar liderado por Tiago Laranjeiro, os vereadores liderados por André
Coelho Lima e a comissão política liderada por Bruno Fernandes vem travando com
coragem, empenho e indiscutível vimaranensismo em prol de Guimarães.
Meu caro,
ResponderEliminarFiquei perplexo com a tua decisão, também eu não a julgava possível. Obviamente respeito-a (eu segui o mesmo caminho já há vários anos)e devo acrescentar que concordo com a maioria das razões aduzidas.
Como não me parece que deixes a actividade política (não me devo enganar novamente), desejo-te, para essa e outras actividades, a maior felicidade!
Abraço
Rui Miguel
Caro Cirilo:
ResponderEliminarHonrou a sua palavra e não cedeu ao 'agora que ninguém está a ver, fico'. Parabéns.
Penso que, como cidadão, poderá sempre 'mandar umas bocas'aos xuxas de Vimaranes :) assim em portucalense antigo até soa bem.
Caro Rui Miguel:
ResponderEliminarNão vou abandonar a actividade política seguramente.
Vou até intensificá-la, nos próximos largos tempos, pelo que de facto não te enganaste.
Agradeço os teus votos que sei sinceros e amigos.
Um abraço
Cara il:
Não podia ser de outra forma.
Quanto ao uso dos direitos de cidadania nunca prescindirei deles
Não estará a preparar a entrada no movo partido do Dr.Santana Lopes?
ResponderEliminarNão estará a preparar a entrada no novo partido do Dr.Santana Lopes?
ResponderEliminarCaro Jorge Pinto:
ResponderEliminarAssim será.