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terça-feira, outubro 16, 2018

A Obra

O meu artigo desta semana no jornal digital "Duas Caras".

No final do artigo da passada semana tinha anunciado que no de hoje escreveria sobre a comunicação social de âmbito local dentro da temática “Democracia e Informação” que tinha começado a desenvolver no referido artigo.
Contudo, e isto de formular opinião exige alguma flexibilidade temporal, um tema dos últimos dias parece-me merecer uma reflexão imediata face ao interesse de que se revestes e às implicações políticas e desportivas que encerra pelo que o artigo prometido ficará para próxima oportunidade.
Refiro-me ao lançar da ideia, e neste momento é apenas isso, de o Vitória vender os terrenos do complexo desportivo para um projecto imobiliário de significativa dimensão e com o dinheiro arrecadado no negócio construir um moderno centro de estágio fora da cidade e num espaço suficientemente grande para preencher todas as necessidades do clube para os próximos largos anos.
A ideia foi lançada por Júlio Mendes, em entrevista a “O Jogo”, e como é normal numa proposta que tem tudo para ser polémica face às idiossincrasias próprias do clube já divide opiniões quer nas redes sociais quer na assembleia geral  do passado sábado em que das poucas intervenções sobre o assunto não colheu grande apoio.
Penso que é uma ideia interessante, que merece uma reflexão alargada e uma ponderação serena tão ao arrepio do que é moda nas redes sociais, mas que pode ter pernas para andar se as coisas forem bem feitas.
Vejo ,à partida, dois problemas que poderão por em causa a realização do negócio :
A zona onde hoje se encontra o complexo desportivo “António Pimenta Machado” (que eu saiba o nome é esse e nenhum outro) tem já em redor do mesmo uma elevada densidade construtiva  e os terrenos onde está implantado não poderão permitir novas construções salvo se o PDM for alterado de molde a torna-los zona de construção.
E fácil será prever que qualquer tentativa de os urbanizar será fortemente contestada com argumentos ambientais, ecológicos e até de qualidade de vida.
Esse é um primeiro problema que só a Câmara poderá, em princípio, resolver nada podendo o clube fazer que não seja pressionar o município nesse sentido mas sem qualquer garantia de sucesso porque a autarquia quando se trata do Vitória para dar um “presunto” quer em troca um “porco”.
O segundo problema poderá ser o contrato de cedência dos terrenos pela Unidade Vimaranense ao Vitória.
Se bem me lembro de uns documentos que li largos anos atrás,quando desempenhava o cargo de secretário-geral do Vitória,  terá sido estipulado que a cedência desses terrenos ao clube se fazia sob a condição de eles não poderem ser alienados nem utilizados para outros fins que não os desportivos.
Posso estar errado mas creio que o  sentido era esse e dada a extinção da “Unidade Vimaranense” , anos atrás, creio que  ele nunca terá sido alterado.
São, a confirmarem-se, dois problemas muito complicados de ultrapassar .
Quanto à ideia em si ela parece-me muito positiva.
Aliás já na campanha eleitoral de 2010, que opôs as listas de Emílio Macedo e Pinto Brasil, a deste último defendia que se devia construir um moderno centro de estágio , no caso apenas para o futebol profissional, longe da cidade para que as equipas que nele trabalhassem pudessem ter todas as condições de tranquilidade , privacidade e reserva.
Defendendo até que uma parte separada desse centro de estágio devia ser para alugar a equipas estrangeiras que no inverno vem estagiar a Portugal afectando a receita desses alugueres aos custos de manutenção.
Mas a lista de Pinto Brasil perdeu as eleições e a ideia morreu.
Ressurge agora de uma forma mais global pretendendo levar para a zona de Silvares todo o futebol do clube, e não apenas o profissional, de molde a que o Vitória possa ter o seu “Seixal”, “Alcochete” ou “Olival” ultrapassando as lacunas do actual complexo desportivo que tendo sido pioneiro e inovador no seu tempo está hoje ultrapassado e sem espaço para a expansão que todos vemos como necessária.
É a minha opinião e com ela pretendo contribuir para o tal debate reflexivo e ponderado que permita num espaço de tempo razoável tomar as decisões certas naquilo que dos associados do Vitória depende.
Sabendo-se que um moderno centro de estágio potenciará a capacidade competitiva das nossas equipas de futebol profissional mas não fazendo da sua construção a condição única para que essa competitividade exista.

8 comentários:

  1. Ainda há poucos meses discutia-se a alteração dos estatutos como sendo a resolução de todos os problemas do clube. Hoje debate-se a venda do complexo. Nas eleições um candidato ambicionava a Champions, o actual presidente dizia que era irrealista e demagógico, mas já lança uma candidatura ao título com os tais 20 milhões de orçamento. E andamos nisto....
    Penso, muito sinceramente, que era altura de discutir-se a profissionalização do clube. Esse sim devia ser o caminho. Mas não uma profissionalização com ex-militares responsáveis pelo Marketing ou canalizadores com a pasta do futebol. Com gente competente à frente dos respectivos dossiers. Esse é o drama do Vitória. Por mais alteração de estatutos que façamos ou negócios imobiliários por mais generosos que possam ser, enquanto continuarmos a ser geridos como se gere o Cano ou a Valinha nunca sairemos da cepa torta. Olhe-se para a estrutura do vizinho sem medo ou qualquer complexo, para os seus profissionais, e talvez possamos encontrar a razão do seu sucesso.
    O Vitória teima em ter dirigentes que apoucam a sua grandeza e o problema já vem de longe. Em última análise prende-se com a pouca ou nenhuma exigência dos sócios que ficou bem plasmado, entre outros casos, na aceitação de um gestor de conta que nunca tinha sócio do Vitória como presidente da Assembleia-Geral, um tal de Cardoso. Até nisso somos únicos.
    Somos um clube que vive o "espírito Euromilhões": para a semana é que é! E assim vamos andando entretidos enquanto outros vão trabalhando e mostrando resultados. Agora sonhamos com a venda do complexo e com um futuro risonho que teima em não chegar. Assim vai o Vitória.........

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  2. Caro Pedro:
    De facto creio que o Vitória precisa de ter uma linha de rumo muito clara e com objectivos definidos. Objectivos, forma de lá chegar e calandarização do processo.
    Claro que todos nos identificamos com a ideia do Vitória jogar a Liga dos Campeões e mais ainda com a ideia de sermos campeões nacionais.
    É um sonho de várias gerações de vitorianos.
    Mas isso tem de resultar de um projecto desportivo e financeiro sólido e não apenas do expressar de vontades ao sabor dos timings sejam eles eleitorais ou de momentos especifícos da vida do clube.
    Esee caso que cita, e como esse há outros no COnselho Vitoriano, levaram-me a sugerir em texto anterior que as condições para se ser membro dos nossos orgãos sociais fossem substancialmente mais rigorosas. Veja que o Dr.João Cardoso, que foi presidente da AG nunca se percebeu muito bem porquê, já nem sócio é! Veio e foi num instante.

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  3. E curioso como num mesmo texto se critique o dr João Cardoso por ser dirigente do Vitoria sem passado como vitoriano, e se advogue a profissionalização do clube com especialistas cuja filiação clubística será um mero detalhe.
    Opiniões...

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  4. Caro luso:
    Os profissionais que trabalhem no clube tem de ser honestos e competentes. Se forem vitorianos...melhor. Se não forem também não é problema porque tal como acontece com os jogadores e os treinadores não podemos ter só profissionais que sejam também adeptos.
    Já no que toca aos orgãos sociais é inadmissivel que os seus membros não sejam vitorianos. E por isso defendo que para os diversos orgãos deve existir uma antiguidade miníma enquanto associados para poderem exercer funções.

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  5. Desejo que os dois problemas que levanta no artigo sejam reais, e assim inviabilizem construções naqueles terrenos. Penso que o Complexo neste local é uma mais valia para a cidade, ter uma área verde destas características dentro da cidade, é algo que nos vamos orgulhar no futuro, aguardemos.
    Quando a zona da Academia de Ginástica estiver toda edificada, constataremos que o
    Complexo, enquanto zona verde é intocável.
    Das vezes que avistei Paris do cimo da Torre Eiffel do que mais me chamava a atenção
    eram os campos de futebol, entalados e cercados por urbanizações até ao ultimo metro,
    dando a entender que quando os idealizaram já era tarde.
    Ao contrario de muitos erros que se cometeram em Guimarães, quanto vale ter mantido o nosso Estádio dentro cidade?
    O Complexo é património do Vitória, de Guimarães, e da história da cidade.
    Para o futebol de formação penso que o Complexo será suficiente. O maior problema está
    no estacionamento. Uma das soluções que encontro é construir um parque subterrâneo, que ficaria por baixo do campo, penso que nº 1, o que esta acima das piscinas.
    Jose Fernandes

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  6. Caro José Fernandes:
    O ser uma mais valia para a cidade, o que me parece inquestionável, não significa necessariamente ser do interesse do Vitória. Que precisa de um complexo desportivo com mais espaço, mais campos relvados, um centro de estágio e mais privacidade nomeadamente para as equipas profissionais. E por isso terá de ser encontrada uma solução que agrade, se posssível, a todas as partes. Que pode até passar pela venda dos terrenos ao município para depois este deles dispor sem prejuízo da zona verde.
    Quanto ao estádio é para mim absolutamente imutável em termos de local. Está muito bem onde está.

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  7. Concordo com um novo centro de estágios para as equipas profissionais e da possibilidade de se tirar rentabilidade da infraestrutura. Mas a formação deveria manter-se na cidade por questões óbvias. Para os miúdos irem para os treinos convém que seja um sítio central na cidade. É preciso não esquecer que os atletas da formação também estudam e têm horários complicados. Obrigá-los a fazer percursos mais longos iria fazer com que houvesse muitos atletas a desistir do Vitória por outros clubes que apresentassem melhores condições. E também seria interessante ter um projeto de residência para atletas carenciados que queiram seguir a formação no Vitória.
    A proximidade entre complexo e do centro da cidade é uma mais valia de que o Vitória não deve abdicar. A construção de uma nova academia não deveria envolver a alienação dos terrenos da Unidade.

    Miguel Leite

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  8. Caro Miguel Leite:
    É uma perspectiva defensável a que qpresenta.
    E por isso acho que este assunto deve ser discutido de forma serena e ponderada ouvindo as várias opiniões. Que o clube precisa de novas instalações para o futebol profissional é óbvio. Se deve ou não mante ro complexo desportivo actual é assunto a debater.

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