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domingo, setembro 09, 2018

Estranha Assembleia

Já vou a assembleias gerais do Vitória há muitos anos.
Tantos que ainda fui a uma ou outra no salão nobre da sede quando esta ainda ficava na rua de D.João I e tinham a participação de poucas dezenas de associados.
Assisti de lá para cá a muitas e muitas Assembleias.
Realizadas no ginásio do estádio, nas bancadas, no relvado, na Sociedade Martins Sarmento, no pavilhão da escola João de Meira, no Teatro Jordão, no Patronato da Oliveira e se calhar em mais um ou outro local.
 Desde o início do presente século passaram a realizar-se, e muito bem, no pavilhão do Vitória onde também assisti a muitas que foram do mais tranquilas que se possa imaginar a tumultuosas e polémicas ao sabor dos tempos e circunstâncias em que se realizaram.
Mas não me recordo de nenhuma tão estranha como a de ontem!
Não comentarei, aqui, os pontos 3 e 4 porque não chegaram a ser debatidos mas cingir-me-ei ao estranho ponto 2 que foi debatido acesamente durante três horas.
Era um ponto simples no qual a direcção pretendia adicionar aos estatutos, através da introdução de uma alínea "M" no artigo 27, o direito de a Assembleia Geral do clube se pronunciar sobre alterações aos pactos sociais das SAD de que o clube faz (ou venha a fazer) parte.
Em suma um aumento do poder fiscalizador da Assembleia Geral do clube sobre a SAD aumentando o poder aos associados.
Discutiu-se esta simples questão durante três horas!!!
Por um lado devido à permissividade da Mesa da AG que permitiu a alguns associados, incluindo o advogado do clube ao prestar explicações, que na discussão do ponto 2 gastassem largos minutos a falar do ponto 3 num claro desrespeito pela Ordem de Trabalhos.
Mas também porque alguns associados, no seu pleno direito e sem que daí viesse qualquer mal ao mundo e ao clube, propuseram que o "pronunciar" fosse substituído pelo "deliberar" querendo dar força obrigatória aquilo que fosse decidido em Assembleia Geral.
Devo dizer, num aparte, que de todos os presidentes que conheci desde o "meu" presidente Antero Henriques da Silva Júnior ao actual presidente Júlio Mendes não me parece que houvesse um único que depois de ouvir a opinião dos sócios em AG fosse para a SAD defender o contrário do que tinha ouvido porque teria "vida curta" á frente do clube se o fizesse.
Adiante...
Ao fim de três horas de debate aceso, e nalguns casos com bastante poder argumentativo, a direcção aceitou com naturalidade a troca do "pronunciar" pelo "deliberar" e passou-se à votação sabendo os associados (e o presidente da Mesa reiterou-o de forma clara) que eram necessários 75% dos votos para o ponto poder ser aprovado dado tratar-se de uma alteração estatutária.
Resultado?
348 votos a favor, 254 contra, 3 brancos e 1 nulo!
A maioria votou a favor mas longe de alcançar os 75% pelo que o ponto foi chumbado!
Ou seja os associados rejeitaram dar mais poder à Assembleia Geral do clube na fiscalização da SAD depois de durante três horas ter sido constantemente referido(e com fortes aplausos) que era fundamental dar mais poder aos sócios.
Vá-se lá perceber...
E por isso considero esta Assembleia como a mais estranha a que me lembro de ter assistido.
Depois Falamos.

6 comentários:

  1. Caro Dr. Cirilo, permita-me, com todo o respeito que tenho pelo que escreve, apesar de talvez maior parte das vezes não concordar, dizer-lhe que mais estranho do que a assembleia de ontem, é este post.
    Porque em minha opinião, a assembleia de ontem não teve nada de estranho ! Como você muito bem sabe, o que estava verdadeiramente em causa ontem era o ponto 3. Daí que quase todas as intervenções, talvez com excepção do Daniel Rodrigues, se tivessem centrado nesse ponto. E sabe porquê ? Porque esse ponto, tal como nos foi apresentado, uma semana antes sem tempo de discussão de uma matéria tão complexa, punha em causa a soberania que nos resta sobre o Vitória.
    Ao mínimo perigo de isso acontecer, a direcção teve a imediata resposta. Chumbamos o ponto 2 de maneira ao ponto 3 nem sequer ter chance de ir a discussão.
    Eu achei fantástica a resposta dos socios ! Foi clara mais uma vez a força deste clube.
    Ficou o aviso: o Vitória é nosso, dos sócios e da cidade, não tentem beliscar isso nem um bocadinho que seja.
    Aquele cântico que ontem me arrepiou e que foi cantado em unissono, não foi cantado de ânimo leve, é para levar muito a sério: Vitória é nosso e há-de ser !

    Quanto ao rescaldo da assembleia, a direcção tomou a atitude mais sensata. Que expliquem realmente o que está em causa. Na verdade poderia tê-lo feito antes e evitava a reprimenda que os sócios fizeram questão de lhe dar.

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  2. Boa tarde,

    De facto é muito estranho a direção colocar em AGE o ponto 2... quando se aperceberam nas que se iam meter, andaram a difundir pelos seus seguidores o interesse em que este ponto não fosse aprovado pelos 3/4 dos presentes; Sabiam de antemão da derrota estrondosa no ponto 3... e tentaram desta forma lavar a face.

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  3. Caro Anónimo:
    Cada um interpretará a ordem de trabalhos como muito bem entender. Do meu ponto de vista cada ponto devia ser analisado e votado em separado sem se fazerem associações entre eles. E por isso o ponto 2, que reforçava poderes aos associados,devia ter sido aprovado com a maioria necessária.
    O ponto 3 não põe em causa soberania nenhuma embora constitua uma perda de poder como é evidente. Soberania perdiamos,isso sim, se abdicassemos do poder de veto a aumentos do capital social que poderiam por em causa todos os outros vetos.
    Concordo que o Vitória é nosso.
    Dos sócios e da cidade mas também do concelho e de todos os vitorianos espalhados pelo país e pelo mundo. Se há coisa contra a qual sempre lutei é contra essa mania de se querer meter o clube dentro da cidade como se apenas na cidade houvesse vitorianos.
    Espero que nas sessões de esclarecimento todas as dúvidas sejam sanadas e os sócios possam futuramente aprovar ou rejeitar o ponto 3 (que na altura terá certamente outro número qualquer) com a plena consciência do que estão a fazer e não arrastados por simpatias ou antipatias que não interessam ao clube

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  4. Caro vitor...iano:
    São teorias da conspiaração sobre as quais nada sei como compreenderá.

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  5. Parece-me que uma parte dos sócios presentes levava a ideia de rejeitar, e rejeitou, embora tenha abatido o melro errado.
    Conclusão: discussão estéril

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  6. Caro luso:
    Acredito que sim mas não percebo o porquê

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