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domingo, julho 22, 2018

O Meu Clube

O meu artigo desta semana no zerozero.

O meu clube é o Vitória.
Mais propriamente o Vitória Sport Clube, nascido e sediado em Guimarães, que é hoje um dos mais históricos, tradicionais e carismáticos clubes portugueses por força de uma História honrosa de quase 100 anos e de uma massa associativa e adepta que é a melhor de Portugal e que leva a todo o lado o nome do clube.
Nascido em Guimarães, essa Terra onde adeptos de outros clubes são mais raros que os pandas fora da China, desde que me conheço que sou vitoriano por força de uma magnífica cultura vimaranense que nos ensina a todos a valorizarmos o que é nosso e entre o que é nosso acima de tudo a sermos vitorianos como expressão maior do nosso vimaranensismo.
É certo que há excepções, na orla da pura irrelevância, mas não fazem mais do que confirmar a regra e a regra é “quem é de Guimarães é do Vitória”.
Parágrafo!
Estamos assim libertos desse mal, que afunila e diminui o desporto em geral mas muito especialmente o futebol, que é o chamado bi clubismo reinante no resto do país e segundo o qual as pessoas são do clube da terra e depois por um dos chamados “grandes” embora a realidade na maioria dos casos nos diga que são , isso sim, por um dos “grandes” e depois pelo clube da terra mais que não seja por vergonha de não o serem.
Em  Guimarães não é assim.
Especialmente em termos de equipas de futebol da primeira liga.
Somos pelo Vitória, com simpatia pelo Moreirense , ou pelo Moreirense (os habitantes de Moreira de Cónegos e arredores)com simpatia pelo Vitória mas aí se esgotam as simpatias clubísticas sem necessidade de outras cores que nos tragam a ilusão de títulos e troféus que nunca seriam nossos mas sim e sempre deles.
O Vitória é a nossa “Fé” e o vitorianismo a nossa doutrina.
É uma opção consciente, que passa de geração em geração (na minha família já vamos na quinta geração de adeptos e associados do Vitória) como componente importante da educação que passa de avós para pais e de pais para filhos e assente na valorização daquilo que é nosso em detrimento do que não nos pertence nem disso fazemos questão.
É uma opção que tem os seus custos.
Sabemos que não ganharemos tanto como os chamados “grandes”, nem nada que se pareça, porque a dimensão do clube a vários níveis é compatível com a dimensão da região em que está inserido e não contamos com uma trituradora máquina de exercício do poder, que vai da comunicação social aos orgãos próprios do futebol ( e das modalidades de alta competição já agora), completamente formatada para levar ao colo o Benfica, o Porto e o Sporting como a História do nosso desporto bem documenta.
Também não temos adeptos das vitórias, como esses clubes, que lhes enchem bancadas e estádios (menos um ...) por esse país fora dando-lhes um apoio que os adeptos idos de Lisboa ou do Porto nunca dariam dada o reduzido número em que se deslocam a jogos fora dos seus estádios.
E isso ajuda, quantas vezes, a fazer a diferença em termos de apoio.
O Vitória é, provavelmente, o clube português que mais adeptos leva da sua Terra a apoiarem-no pelo país e isso é para os vitorianos também uma questão de honra e um motivo de orgulho pela forma como fazemos a diferença face aos clubes que “vivem” do apoio dos adeptos das vitórias muitos dos quais nunca puseram os pés no estádio do clube que apoiam e de que se dizem adeptos.
Nunca ganhamos um campeonato (lá chegará o dia...), em sete finais de taça de Portugal vencemos uma ( outra foi-nos roubada de forma escandalosa por um sujeito que nem o nome merece que se pronuncie), vencemos uma supertaça e em termos de futebol sénior por aí se fica um palmarés muito curto em relação ao que o clube e os seus adeptos mereciam.
Mas o que ganhamos...merecemos ganhar.
E ganhamos pelo nosso mérito e esforço,sem favores de ninguém, nem ficando a dever aos poderes ocultos as nossas vitórias.
Somos, de facto, um clube único.
Na paixão dos adeptos, no orgulho que todos temos em sermos do Vitória, nessa magnífica tradição que passa de geração em geração de em Guimarães sermos vitorianos.
E isso permite-nos outros “titulos”.
Um é o de sermos campeões do amor clubista, da dedicação ao nosso emblema, de o seguirmos com um fervor sem igual e que portanto não teme comparações.
Outro titulo é o de campeões da invencibilidade.
Porque no nosso estádio, seja no D.Afonso Henriques, fosse na Amorosa ou no Bem-Lhe-Vai, podemos ter perdido muitos jogos mas nunca perdemos em número de adeptos fosse quem fosse o visitante ao ponto de podermos tranquilamente dizer que em Guimarães todos que nos visitam são “pequenos” face á tremenda inferioridade numérica em relação aos vitorianos.
Bem ao contrário do que acontece em qualquer outro estádio do país visitado pelos chamados “grandes” em que o “normal” é os seus adeptos das vitórias serem em número superior aos adeptos do clube local.
Finalmente há um terceiro titulo de que nos orgulhamos muito.
Que é o titulo do exemplo.
Quando em todos os pontos do país o exemplo do Vitória e dos vitorianos for seguido seguramente que o nosso desporto, e o futebol em particular, serão bem melhores.
Porque mais verdadeiros, mais competitivos e melhor dimensionados.
Haja esperança!

4 comentários:

  1. Excelente texto.
    Na minha modesta opinião, faltou mencionar o episódio da descida de divisão, por duas razões.
    Primeiro porque da mesma forma do que o que temos foi por mérito, também quando descemos foi por demérito e não arranjamos desculpas para o nosso insucesso. Não atiramos com culpas para cima de ninguém, nem árbitros, nem "sistema" nem qualquer história para boi dormir que o resto dos clubes usa para atirar areia para os olhos dos próprios adeptos e justificar os insucessos.
    O que me leva à 2ª razão: em vez de nos andarmos a lamentar e a arranjar desculpas, arregaçamos as mangas, batemos todos os recordes de assistência em casa, fora e pelo caminho e tratamos de colocar o Vitória no seu lugar. No pior momento da nossa história unimo-nos mais do que nunca e resolvemos o problema à nossa maneira: apoiando incondicionalmente. Maior exemplo de amor ao clube e à terra, não consigo encontrar...

    Os bi-clubistas não sabem o que é isso. Se o Benfica não ganhar viram-se para o Braga, se o Braga está mal, são benfiquistas desde pequeninos.

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. Eu não sei porque se considera uma espécie de atentado lesa-pátria ser de Guimarães, mas, não ser Vitoriano... Em outros pontos do pais existem adeptos do Vitória, que, não tem familiares de Guimarães, e, nem sequer ligação à cidade, mas, já não lhes chamam traidores!
    Não se pode escolher quem, ou, o que se ama porque se nasceu em determinada cidade, pais, ou continente. O que se sente é que escolhe por nós !
    Pessoalmente, encaram muito mal que eu Ame o Ajax Amsterdam. Já me mandaram para a dita cidade que sedia o clube, e, para a Holanda, mas, respondo sempre, que, mais que ter nascido numa cidade, num país, num continente, ou neste planeta sou uma parte do universo como todos nós somos, e, o Amor é universal !

    Ajax Baby

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  4. Caro Anónimo:
    A descida de divisão foi o clássico transformar uma dificuldade numa oportunidade. E nós aproveitamos para crescer e ficarmos mais fortes.
    Quanto ao resto estou completamente de acordo e há muito que digo que o Vitória é um gigante adormecido que de vez em quando desperta. O problema é que depois volta a adormecer. Quando conseguirmos que fique permanentemente desperto seremos imparáveis e lutaremos por titulos no futebol e nas modalidades.
    Quanto aos bi clubistas é uma espécie que apenas prejudica o nosso desporto.
    Caro Ajax Baby:
    É verdade que há vitorianos que não são de Guimarães nem tem ligações ao concelho. Mas são vitorianos pelas melhores razões. Porque gostam do espirito do clube, da forma como os seus adeptos o seguem, dos valores que perfilha, da independência com que se posiciona. Não são vitorianos por causa das vitórias nem dos titulos. Isso é dispensável caracteristica dos chamados bi clubistas.
    Quanto ao Ajax é um clube de que é difícil não gostar.
    Tem das melhores escolas de formação do futebol mundial, tem tirado das suas escolas jogadores fabulosos (Cruyff à cabeça é claro) e tem seguido ao longo dos anos um louvável caminho de aposta nos seus valores. Eu não sou adepto do Ajax mas considero-o um clube exemplar e tenho por ele muita simpatia.

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