Sou do tempo das "vitórias morais".
Aqueles tempos em que Portugal jogava bem, criava oportunidades de golo, dominava o adversário e no fim...perdia!
E esse foi o nosso fado durante décadas em que gerações de grandes jogadores nunca tiveram resultados que se vissem e muitos deles (Humberto, Alves, Oliveira, etc) nunca participaram numa fase final enquanto outros (Chalana, Damas, Jordão, Néné, etc) apenas estiveram presentes numa para amostra.
Já para não recordar que a geração dos"Magriços", incluindo o fabuloso Eusébio, apenas participaram numa fase final.
Felizmente o paradigma mudou e Portugal vai na sua décima fase final consecutiva,Europeus e Mundiais, não faltando a nenhuma grande competição desde o Europeu de 2000 com vários resultados assinaláveis desde um titulo e um vice titulo europeus à presença nas meias finais de um Mundial.
Acabou assim o tempo das nada saudosas "vitórias morais" e passou-se ao tempo das vitórias por mérito e das eliminações por razões diversas que vão do mérito dos adversários ao nosso demérito passando por erros dos árbitros.
Neste mundial russo a selecção nacional entrou com um empate feliz (sem tirar ponta de mérito a Ronaldo) que abriu boas perspectivas para o resto da prova e hoje obteve um triunfo ainda mais feliz que paradoxalmente semeou duvidas em todos quantos viram o jogo.
Porque Portugal não jogou nada!
Adiantou-se muito cedo no marcador, quando ainda não tinha tido tempo para fazer nada, e depois passou os restante 90 minutos sem nada fazer perante uma selecção marroquina que nos foi claramente superior e a que só a nossa sorte, o azar deles e Rui Patrício impediram de ganhar o jogo.
Foi das mais pobres exibições de Portugal de que me lembro de há muito tempo a esta parte.
Um festival de passes errados, de ressaltos perdidos, de segunda bolas raramente ganhas, de profunda incapacidade em agarrar no jogo e fazer valer a real diferença qualitativa que existe entre as duas equipas.
Fernando Santos teimou em dez dos onze que tinham alinhado de início contra a Espanha (apenas trocou Bruno Fernandes por João Mário) e a exibição correspondeu plenamente à opinião daqueles que defendiam que eram necessárias alterações mais profundas.
Bernardo Silva voltou a passar ao lado do jogo, Gonçalo Guedes esteve melhor a ajudar a defesa do que a atacar o que diz tudo sobre a sua inoperância , João Mário não se viu, Fonte voltou a evidenciar má forma, Raphael Guerreiro muito abaixo do normal, William sem influência e algo trapalhão, enfim uma equipa que deixou muito a desejar.
Valeu Ronaldo, valeu Rui Patrício, valeu Pepe.
Os únicos que jogaram ao nível que se exige a um campeão europeu.
E mesmo nas substituições o panorama foi desolador.
Bruno Fernandes entrou muito mal, Gelson entrou muito complicativo e sem alargar o jogo ofensivo, Adrien entrou...tarde.
Uma tarde para esquecer mas em simultâneo para lembrar.
Não só porque a jogar assim não podemos aspirar a nada mas também porque ainda não estamos apurados e o jogo com o Irão de Carlos Queiroz vai ser um verdadeiro "mata mata" dado que ambas as equipas se podem apurar.
A verdade, dirão alguns, é que temos quatro pontos e estamos com um pé na fase sguinte e isso é o que interessa.
Não discordo.
Mas chamo a atenção que passar das "vitórias morais"(em que merecíamos ganhar mas perdíamos) para as "derrotas morais"(em que merecíamos perder mas ganhamos), como a de hoje, tem tudo para acabar mal.
Mal e depressa.
Depois Falamos.
Caro Sr. Cirilo, estou plenamente de acordo com a apreciação que fez acerca do que foi a nossa selecção em tempos que já lá vão, assim como o facto de termos atravessado o deserto e hoje estarmos uns furos acima. Temos a felicidade de contar com um jogador que faz toda a diferença. Claro que hoje a equipa de Marrocos teria que dar tudo e mais alguma coisa para passar à fase seguinte. Mas isto não invalida a pobreza exibicional do jogo de hoje, tivemos muita sorte, e se não arrepiarmos caminho rapidamente, poderemos sofrer o desgosto de não passar os oitavos de final. Há claramente jogadores em baixo de forma e quanto a isto não há táctica que resista.
ResponderEliminarCumprimentos
S. Guimarães
muito bem visto.
ResponderEliminarconcordo plenamente
Caro S.Guimarães:
ResponderEliminarMesmo um jogador fenomenal como Ronaldo não consegue levar a equipa às costas em todos os jogos.
Já o fez com Espanha e Marrocos, o que é extraordinário depois de uma époa tão desgastante, mas é mais que tempo de os outros o ajudarem (e a Rui Patrício) nos próximos jogos. O seleccionador terá de lançar outros jogadores para o lugar dos que não correspondem.
Caro Anónimo:
Obrigado
O Fernando Santos é um bom treinador.É um bocado defensivo mas é muito competente,o trabalho que desenvolveu nos clubes até agora, depois na selecção da Grécia(veja-se por onde anda a Grécia agora) e por fim campeão da Europa por Portugal,não está ao alcance de qualquer um. Nem Mourinho tenho a certeza conseguiria tal desiderato.Por isso vamos apoiar que depois dos resultados com exibições sofríveis vêm as alegrias.
ResponderEliminarCumpts.
J.M.
Caro J.M.
ResponderEliminarNuma prova de regularidade como um campeonato nacional há algum tempo para esperar que uma equipa atinja a sua melhor forma. Num Mundial não. Tem de lá chegar no máximo ou perto dele.
De resto o apoio não está nem nunca esteve em causa. Quanto a Mourinho nõ tenho as suas certezas nem nada que se pareça.