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sexta-feira, maio 25, 2018

Defeso

O meu artigo desta semana no zerozero.
O  período a que se convencionou chamar de “defeso” é para o adepto de futebol a época mais chata de toda a temporada e que dá a aborrecida sensação de nunca mais chegar ao seu fim de tanto tempo que dura.
Pela simples razão de que é um período sem futebol a nível de campeonatos nacionais.
Vale , para matar o “vício”, que quando acontece como este ano a realização de um campeonato mundial de futebol (ou noutros anos de um Europeu) sempre se passa o “defeso” mais depressa acompanhando essa prova cimeira a nível de selecções que também ela atrai atenções e desperta paixões com fartura.
Já para a comunicação social o período de “defeso” é de intenso trabalho porque para além das muitas movimentações de jogadores e treinadores, com todos os avanços e recuos que isso implica nalguns casos, tem ainda a preocupação de separarem o trigo do joio (notícias verdadeiras de notícias que alguns gostam de “plantar” ao serviço dos interesses de clubes, jogadores e empresários) e numa saudável competição entre orgãos de comunicação procurarem antecipar-se uns aos outros no noticias das transferências mais mediáticas.
É um ritual que todos os anos se repete, que vende jornais (embora desconfie que cada vez menos), que dá audiências televisivas e radiofónicas e estimula a consulta de jornais digitais e sites desportivos onde as novidades por norma aparecem mais rapidamente.
Este ano o defeso português vai dividir-se em cinco grandes focos de atenção:
O Mundial da Rússia onde a selecção nacional participa com expectativas elevadas depois de se ter sagrado campeã europeia há dois anos atrás.
A normal faina no que concerne a transferências, entradas e saídas, movimentações de jogadores e treinadores.
A longa agonia do Sporting.
Os inúmeros casos judiciais que envolvem Benfica e Sporting com suspeitas de manipulação de resultados, suborno de jogadores, “toupeiras”, e-mails e tudo mais que se sabe.
E os habituais “casinhos” que no nosso futebol preenchem quase todos os defesos e que neste terão especial incidência na violação de regulamentos pelo Santa Clara e Vitória de Setúbal e que prometem fazer correr bastante tinta porque matéria não falta.
Explanando cada um deles com uma excepção:
Do Mundial, em que somos candidatos mas não somos favoritos para usar uma terminologia muito do agrado do seleccionador, espera-se que Portugal ultrapasse sem problemas de maior a primeira fase (cuidado com Marrocos...)e depois será jogo a jogo conforme os adversários que forem aparecendo e a resposta que a equipa for capaz de dar às dificuldades.
E nisso vai ser muito importante Fernando Santos conseguir “limpar” a cabeça aos quatro jogadores do Sporting que naturalmente irão para a Rússia muito preocupados com o seu futuro imediato.
Sendo certo que Portugal não pode dispensar o “melhor” Rui Patrício nem tem alternativa directa a William Carvalho face à lesão de Danilo e à não convocação de Rúben Neves.
Em termos internos as movimentações ainda estão no seu início (faltam quase três longos meses para o início da próxima época) mas já é patente que Benfica e Braga estão mais activos, o que se percebe porque um quer reconquistar o titulo e o outro subir mais um degrau, enquanto o Porto vendeu Ricardo Pereira por valores interessantes mas ainda não fez nenhuma aquisição e provavelmente ainda voltará a vender antes de comprar.
Quanto ao Sporting limitou-se a confirmar duas aquisição há muito feitas (Raphinha e Marcelo)mas para os lados de Alvalade as nuvens negras não param de se amontoar e é completamente impossível neste momento prever que plantel e que treinador o clube terá na próxima época.
Quanto ao “meu” Vitória, e para falar apenas de cinco dos maiores clubes nacionais, contratou um bom treinador (Luís Castro) mas vai ter de apostar fortemente no reforço do plantel para não perder o “comboio” da disputa de um lugar nas competições europeias.
E isto numa época em que também na equipa B haverá mudança de treinador e de bastantes jogadores (como é normal nas equipas B) e em que o clube vai ter de formar uma equipa para participar no novel campeonato de sub 23.
Não sei, sinceramente, se não serão frentes a mais para quem tem tanto terreno a recuperar em termos de primeira equipa.
A agonia do Sporting é visível, entra-nos pela casa dentro várias horas por dia e ninguém faz a mínima ideia de como irá acabar.
Certo é que com uma assembleia geral daqui a um mês, para destituir os orgãos sociais, e possíveis eleições quarenta e cinco dias depois (em Agosto!!!) se na AG essa proposta de destituição for aprovada o Sporting corre o risco de passar todo o defeso sem direcção com as consequências terríveis que isso significa.
Certo é que durante o próximo mês, e sem saber se vai ter de enfrentar rescisões de contrato por parte dos actuais jogadores e em que número, o Sporting terá grandes para não dizer inultrapassáveis dificuldades para contratar um treinador (e a rescisão de Jorge Jesus será outro bico de obra) e jogadores de qualidade porque estes recearão não só virem meter-se no vespeiro em que Alvalade está transformada como também serem contratados por uma direcção que daqui a um mês pode cair.
Sobre os casos judiciais em curso nada direi (são a tal excepção) que não seja manifestar o desejo de que sejam resolvidos o mais rapidamente possível, de forma que não deixem duvidas a ninguém e com os culpados a serem severamente punidos.
Já envergonharam o nosso futebol que chegue.
Quanto aos “casinhos”...só mesmo em Portugal.
O Santa Clara desrespeitou os regulamentos ao não incluir na ficha de alguns jogos os jogadores sub 23 estipulados e em vez de ser punido com a perda de pontos nesses jogos levou a bem portuguesa “multazinha” que mais não é um convite a que no futuro outros o façam porque entre pagar multa e ter vantagem desportiva ou cumprir o regulamentado a opção está bom de ver que será sempre a primeira.
O Vitória de Setúbal  conhecedor de que pelos regulamentos da Liga só podia ter três jogadores emprestados pelo mesmo clube (no caso o Benfica) tinha ...quatro porque veio agora a descobrir-se que João Amaral é jogador do Benfica com contrato assinado desde a época passada e estava em Setúbal emprestado pelo Benfica.
Seguramente mais um assunto que vai dar alguma polémica mas dificilmente dará mais do que isso porque as coisa são...o que são!
E venha o Mundial.

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