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sábado, março 31, 2018

Liberdade de Voto

No nosso sistema eleitoral, como é sabido, os deputados são eleitos em listas propostas por partidos na obediência a programas eleitorais, princípios e valores de todos conhecidos e que os eleitos tem a absoluta obrigação de respeitar.
Diferente é o que se passa nos círculos uninominais onde o deputado embora possa ser eleito por um partido estabelece um contrato directo com o seu eleitorado sabendo que será individualmente avaliado em função do seu trabalho, das suas posições nos mais diversos assuntos, das atitudes que protagonize.
Mas cá não é assim.
E por isso o deputado deve lealdade ao partido pelo qual é candidato, no pressuposto de que a candidatura implica a aceitação do tal programa, dos tais princípios e valores mas deve também lealdade aos seus eleitores que o elegeram com base no histórico ideológico do partido pelo qual é candidato  e não por convicções pessoais ou qualquer outro tipo de crenças.
Vem isto a propósito de quando surgem no Parlamento aquilo a que se convencionou chamar "questões fracturantes", geralmente apresentadas pelo BE ou PCP e que bastas vezes mais não visam do que fracturar os conceitos e valores de família como sempre os conhecemos, há no PSD uma tendência para às vezes dar liberdade de voto aos deputados de molde a que possam votar de acordo com a sua consciência.
E a cena é sempre a mesma.
Enquanto a maioria vota de acordo com o programa, princípios e valores do partido, ainda que correndo o risco de serem de imediato considerados como "ultrapassados", "cotas", "reaccionários" e outros epítetos a que os comentadores de esquerda logo recorrem, existem sempre meia dúzia de pseudo progressistas, quiçá com mal resolvidos complexos de esquerda, que votam junto com BE e PCP (e grande parte ou até totalidade do PS) e se arvoram em progressistas em nada se importando de deixarem para os colegas que respeitam os valores do partido e a vontade do seu eleitorado o tal anátema de serem os "reaccionários", os "ultrapassados" , os que não acompanharam o andamento dos tempos.
São vários os exemplos, ao longo dos anos, em que isso aconteceu.
E por isso acho que é mais que tempo de arrepiar caminho e acabar com essa tolice de dar liberdade de voto neste tipo de questões.
O PSD tem uma ideologia, uma doutrina, valores programáticos e princípios dos quais se orgulha e com base nos quais se apresenta aos eleitores.
Em nenhum momento o PSD propôs ao seu eleitorado, em quarenta e dois anos de eleições legislativas, as "barrigas de aluguer", a adopção de crianças por casais do mesmo sexo" ou a "mudança de género aos 16 anos" entre outros exemplos possíveis das tais questões fracturantes.
Portanto não está legitimado pelos seus eleitores para aprovar esse tipo de matérias.
E se o partido não está legitimado pelos eleitores o seus deputados menos ainda devem ser autorizados a votarem como lhes apetece.
São casos em que ao contrário do que vem ocorrendo deve ser imposta a disciplina de voto sem qualquer excepção.
Por respeito pelos eleitores e por respeito pelo próprio partido.
E os deputados devem aceitar isso até porque, como se sabe, ninguém é obrigado a ser deputado e consequentemente a defender as posições do partido.
Porém quando se aceita uma candidatura pelo partido só há um caminho que é o de respeitar as suas orientações e pô-las acima das convicções pessoais e dos estados de alma acerca de determinadas matérias.
Aqueles que não o fizerem devem assumir as consequências disso e abandonarem o grupo parlamentar de imediato.
Na certeza de que não poderão voltar a ser candidatos por um partido com o qual não foram solidários.
Um partido, neste caso o PSD, não é uma banda de música e são muitas e óbvias as diferenças que existem entre um e outra.
Mas há também uma semelhança:
Quem desafina tem de ir tocar para outro lado.
Depois Falamos.

sexta-feira, março 30, 2018

Geringonça Avariada

Há um Portugal para lá das sondagens, da propaganda do governo, das entrevistas à "Visão" em que se aproveita para mandar recados para todo o lado como é típico de alguém que se acha em cima da burra e  dono disto tudo.
É o Portugal real.
O Portugal que tem um governo que cobardemente se escondeu atrás de pretextos patéticos, com a sempre prestável cumplicidade do omnipresente homem de Belém, para não acompanhar a generalidade dos países europeus numa firme tomada de posição quanto à Rússia.
Embora também há quem diga que essa posição, lamentável em qualquer dos casos, foi o preço a pagar pelo apoio russo à eleição de Guterres para a ONU.
O Portugal que, anestesiado pelo discurso mentiroso e repetido até à exaustão do fim da austeridade, quase não deu por ela que está debaixo da maior carga fiscal dos últimos vinte e dois anos contrariando todo o discurso oficial da reposição de rendimentos.
O Portugal que sofreu esta semana o maior aumento dos combustíveis desde 2015 e já sabe que para a semana voltam a aumentar.
O Portugal que assiste ao agravar dos problemas na área da saúde com a dívida a disparar, alguns hospitais em risco de colapso, o SNS em sério risco de sustentabilidade bem ao contrário do que anda a pregar o governo sobre ter salvo o SNS. O mesmo país que incrédulo ouviu o respectivo ministro bolsar no Parlamento uma inenarrável baboseira - "Somos todos Centeno"- como se a situação estivesse para graçolas sem piada.
O Portugal que vê, sem entender, vinte e um deputados socialistas votarem favoravelmente uma moção do PCP censurando duramente Espanha pela situação na Catalunha naquilo que é uma inqualificável ingerência em questões internas de um país vizinho, amigo, aliado e grande parceiro comercial onde existe uma democracia consolidada e um Estado de direito com regular funcionamento das instituições ao contrário, é bom dizê-lo, das ditaduras criminosas que o PCP sempre defendeu com unhas e dentes de Cuba à União Soviética passando pela Coreia do Norte.
O Portugal que se indigna, pleno de razão, com mais umas centenas de milhões injectados no Novo Banco à custa dos contribuintes precisamente ao contrário do que o aldrabão encartado que ocupa o lugar de primeiro ministro sempre garantiu que nunca aconteceria.
Um Portugal que não percebe que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vá gastar milhões em mais um banco sem futuro desviando da assistência social verbas que tão úteis seriam para as ir deitar rigorosamente ao lixo numa instituição que sucessivos gestores não souberam governar.
Um Portugal que ainda , e por muitos anos, perseguido pela imagem das terríveis tragédias com os fogos do Verão passado não consegue perceber que o governo tenha falhado rotundamente nos concursos para a contratação de meios de combate aos fogos para este ano vendo-se obrigado a ajustes directos  que serão muito mais dispendiosos e sem garantias de os meios estarem operacionais a tempo.
Um Portugal que embalado pela propaganda do governo, e de quem o sustenta no parlamento, quanto aos tempos novos", ao fim da austeridade e da precariedade, à reposição de direitos e rendimentos dos trabalhadores , fica sem perceber a onda de greves que aí vem nas áreas da saúde, da educação, dos transportes e o que mais se verá.
Finalmente um Portugal a quem o governo (mais PS,BE e PCP) garantem que tudo corre sobre rodas, que o entendimento na geringonça é melhor que nunca e que ela,geringonça é para continuar na próxima legislatura  e depois assiste às declarações do secretário-geral do PCP pondo em causa a aprovação do próximo Orçamento de Estado!
Há de facto um Portugal para lá da propaganda, das sondagens e das entrevistas encomendadas.
Depois Falamos.

P.S. Claro que esse Portugal gostaria de ter ouvido ao líder da oposição, sobre ao menos um dos temas acima referenciados, uma palavra forte, critica e alternativa em que se demarcasse claramente de todas estas trapalhadas. mentiras e invenções do governo e dos partidos que o apoiam.
Gostaria...mas não ouviu!

quarta-feira, março 28, 2018

Dos Faraós às Tulipas

O meu artigo desta semana no zerozero.

Somos, todos o sabemos, um país de extremos em que as viagens entre o oito e o oitenta se fazem quase à velocidade da luz bastando para tal que aquilo que temos em observação sofra alterações por mais ligeiras que sejam.
Tratando-se de futebol, então, os exageros acentuam-se e as viagens entre oito e oitenta fazem-se a velocidades bem superiores às da própria luz!
Vem isto a propósito dos dois recentes jogos particulares da selecção nacional, face a Egipto e Holanda, cujos desfechos se saldaram por resultados bem diferentes e que propiciaram muitas reacções bem “à  portuguesa”.
Com o Egipto, e alinhando um onze inicial mais próximo do que devem ser as escolhas de Fernando Santos para o Mundial, a selecção não fez um grande jogo mas o “santo milagreiro” Cristiano Ronaldo tudo compensou ao marcar por duas vezes em tempo de descontos e transformando uma derrota que parecia inevitável numa vitória que acabou por se revelar bem mais saborosa do que o previsto.
Vieram os elogios  a uma equipa que nunca desiste, a jogadores que deram o “litro” até ao último minuto, ao estatuto de campeão europeu que a selecção soube honrar pela forma como lutou até ao fim entre vários outros elogios deixando de lado a exibição modesta e o estatuto do adversário.
Face à Holanda o seleccionador optou por ver muitos jogadores em simultâneo, dos menos utilizados ou até em estreia como Mário Rui, em detrimento do colectivo que não podia existir com tanta gente (toda a defesa por exemplo) a jogar junta pela primeira vez e o resultado acabou por ser uma derrota pesada.
Perante uma equipa holandesa em renovação, já sem as grandes figuras de anos recentes como Van Persie, Robben ou Kuyt, que não estará no Mundial mas tem,ainda assim, bons valores e sobretudo uma “escola” futebolística que não pode ser ignorada quando se analisa o seu desempenho.
E a verdade é que a Holanda fez três golos, em quatro ou cinco remates, mas o domínio de jogo foi de Portugal  que criou várias oportunidades para marcar só não o fazendo devido à excelente exibição do guarda redes holandês.
Quero com isto dizer que Portugal jogou bem?
Não. Nem por sombras.
Mas também não jogou tão mal como alguns comentários querem fazer crer nem deixou uma imagem menos digna do futebol português ou do seu estatuto de equipa campeã europeia em titulo.
Apenas fez um jogo menos conseguido, em que o seleccionador fez questão de ver o máximo possível de jogadores para  eliminar duvidas quantos aos 23 que vai levar à Rússia com isso correndo o risco de o resultado ser o que...foi, numa altura da época em que campeonatos e provas europeias estão em fases decisivas o que obriga os seleccionadores a uma gestão inteligente dos  jogadores nestes jogos de preparação.
Aliás se quisermos fazer um pequeno esforço de memória recordaremos que em Novembro do ano passado, em Leiria face aos Estados Unidos, já Portugal tinha feito um jogo de experiências(Rony Lopes, Gonçalo Paciência, Bruma, Ricardo Ferreira,etc) que se saldou por um empate a um golo como corolário de uma exibição sem brilho num jogo em que o resultado não era o mais importante.
Creio por isso não haver razão para preocupações com os resultados e exibições destes dois jogos, em que o objectivo era mesmo ver jogadores, porque todos sabemos que quando é a “doer” a selecção tem dado excelentes respostas e alcançado os seus objectivos pelo que merece a tolerância que as passagens do “oitenta” para o “oito” nem sempre lhe concedem.
Preocupações haverá, isso sim, com as opções limitadas que Fernando Santos parece ter para algumas posições (especialmente o centro da defesa que está todo ele muito...trintão) mas isso será tema para próximo artigo.
Para já fica a expectativa sobre quem serão os 23 escolhidos para o Mundial  porque, uma vez definidos, serão eles a fazerem os três jogos de preparação restantes (Tunísia, Bélgica e Argélia) nos quais o grau de exigência, aí sim, será bem maior.

Sugestão de Leitura

Tinha-o lido décadas atrás aquando da sua primeira publicação em Portugal.
Reli-o agora.
Quinhentas e setenta e quatro páginas que traduzem, na escrita brilhante de Aleksandr Soljenítsin, o mais puro horror praticado durante décadas por um Estado totalitário e opressor contra o seu próprio povo.
Dezenas de milhões de mortos, de desaparecidos, de torturados e exilados naquilo que  tem de ser considerado como o maior genocídio da História (apenas equiparável ao perpetrado por Mao Tse Tung na China) liderado por um criminoso louco chamado José Estaline perante a passividade e o assentimento dos seus capangas do PCUS que a tudo assistiram sem contra nada se pronunciarem.
Um livro de leitura obrigatória para todos aqueles que queiram pronunciar-se sobre política e sobre regimes políticos num tempo em que para lá dos Urais se encontra no poder alguém que tem cada vez mais convergências com a URSS do passado.
Nota final: No nosso país há muitos que defenderam com unhas e dentes o estalinismo e o regime ditatorial que vigorava na União Soviética.
Quiseram,até, importar o modelo para Portugal nos idos de 1975 e mantém, ainda hoje, saudades desses tempos (e da URSS) como é fácil de constatar pelo que se vai lendo.
A leitura do "Arquipélago de Gulag", pode servir também, aqueles que tenham duvidas, como a vacina perfeita contra essa ideologia e esse modelo de sociedade.
Depois Falamos.

terça-feira, março 27, 2018

Politizar Eleições

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

À partida o conceito pode parecer um contra senso porque se há algo que deve ser naturalmente politizado são precisamente eleições com o normal confronto ideológico e programático entre os vários concorrentes.
E de facto assim é quando se tratam de eleições políticas no sentido mais restrito do termo.
Já não é de esperar que assim seja quando as eleições se disputam fora do âmbito partidário e ocorrem noutro tipo de instituições onde o normal deve ser restringir o âmbito dos debates às matérias que essas instituições tratam e não fazer recair sobre elas outros tipos de “tutelas” ou de tentativas de aproveitamento partidário.
Já os antigos diziam a “Deus o que é de Deus e a César o que é de César” como forma de separarem “águas” que não se devem misturar.
Ocorre-me esta reflexão a propósito das últimas eleições no Vitória e da curiosa convergência de apoios à lista que curiosamente, mas não por causa deles, saiu vencedora.
Em Guimarães há nas ultimas décadas uma larga tradição de o poder político tentar canibalizar todo o movimento associativo seja na vertente cultural, seja na vertente social, seja na vertente desportiva e disso há bastos exemplos em todas as áreas.
Mas há também uma honrosa tradição, largamente solidificada nos tempos de Pimenta Machado mas em perda depois dele, de o Vitória ter resistido sempre a essa “canibalização” pese embora os esforços feitos nesse sentido por várias personalidades dos executivos camarários.
Também disso há fartos exemplos e bastará recordar a forma como o partido político que domina o executivo há três décadas  patrocinou e se empenhou em candidaturas alternativas a Pimenta Machado, numa primeira e mal sucedida fase em que apenas colheram derrotas, para depois estar na primeira linha do apoio às candidaturas vitoriosas de Vítor Magalhães e Emílio Macedo da Silva em cujos elencos era bem visível a presença do poder autárquico  a par de alguns social democratas e centristas que  atenuavam a imagem (mas não o predomínio) dos socialistas
Com a chegada à liderança do Vitória de Júlio Mendes, ele próprio um ex vereador socialista, dá-se um recentrar das coisas com o Vitória a manter um bom relacionamento institucional com o poder socialista mas separando as aguas e não permitindo demasiadas proximidades nem intromissões nas esferas de competência exclusiva do clube.
É verdade que aqui ou ali houve exageros (o pior dos quais foi a entrega da taça de campeões nacionais de juvenis no edifício da câmara) mas mais imputáveis ao voluntarismo e despudor do poder político do que propriamente à vontade do clube nesse sentido.
E é nesse quadro que se chega às recentes eleições.
Onde se dá o espantoso fenómeno de da direita à esquerda existir uma enorme convergência no apoio à lista B aparecendo publicamente a prestar-lhe apoio algumas das mais relevantes figuras locais do PS,do PSD, do CDS e do PCP.
Todos!
Uns por convicção, outros por oportunidade, outros ainda por moda do momento a verdade é que todos queriam ficar na fotografia dos mais que prováveis vencedores de forma a poderem cantar vitória na noite eleitoral.
E alguns exageraram.
Como o vereador do desporto da autarquia que ao invés de manter o distanciamento aconselhável a quem teria de trabalhar com a lista que vencesse mergulhou de cabeça no apoio á lista B com receio de não poder aparecer na “fotografia” do triunfo.
Cometendo o erro que qualquer ministro do desporto cometeria se caisse no disparate de apoiar uma lista candidata a uma qualquer federação desportiva!
É certo que houve excepções mas não foram mais do que a confirmação da regra “sui generis” existente nestas eleições.
Mas enganaram-se.
Porque estas eleições demonstraram exuberantemente que o apoio político a uma lista pouca ou nenhuma influência teve no resultado final cujo equilíbrio nada teve a ver com a enorme desproporção dos apoios políticos entre ambas as listas.
A lista B ganhou, à tangente mas ganhou, não por causa dos apoios políticos (e religiosos...) mas apesar deles.
E aqueles que vieram a estas eleições em busca de dividendos políticos para o futuro saíram largamente derrotados nos seus intentos.
E essa é uma lição que o Vitória deu de borla à classe política vimaranense.

P.S. Devo dizer que excluo de qualquer politização destas eleições nomes como André Coelho Lima e José João Torrinha .
Por um lado porque sempre estiveram, ao longo do mandato, ao lado de Júlio Mendes e da direcção reeleita.
Por outro porque sei que ambos são “demasiado” vitorianos para alguma vez porém interesses políticos à frente dos interesses do Vitória.

segunda-feira, março 26, 2018

As Eleições e o Futuro

Júlio Mendes sucedeu a ele próprio nas eleições mais disputadas da História do Vitória e naquelas que foram também as mais participadas de sempre.
O que é, a elevada participação dos associados, um inequívoco bom sinal.
Embora o número de associados em condições de exercerem o voto não o seja!
Frente a frente estavam duas listas.
A lista B (que saiu vencedora) em que se recandidatavam todos os membros eleitos em 2015, sem nenhuma alteração nos elencos, o que  pressupunha a ausência de qualquer renovação naquilo que era um óbvio risco face à total inovação da outra lista em que nenhum dos seus membros tinha jamais ocupado cargos directivos no clube.
Com ela a lista B tinha um percurso de seis anos (embora os primeiros três já tivessem sido avaliados em 2015) com acertos e erros, com oscilações de monta nas classificações do futebol, com algumas polémicas e assuntos mal explicados que preocupavam os sócios como o anunciado interesse da BMG na compra das acções de Mário Ferreira.
Mas também com uma comunicação deficiente, com lacunas e más explicações, que se arrasta desde há muito tempo e que não lhe permitiu explicar devida e atempadamente,por exemplo, a redução do passivo que era umas das suas bandeiras de campanha.
Embora credora de um capital de reconhecimento face a alguns resultados desportivos e financeiros a candidatura liderada por Júlio Mendes dava evidentes sinais de algum desgaste e originava em muitos associados a sensação de que era preciso mudar.
Do outro lado estava a lista A.
Com o mérito de se oferecer como alternativa, com a inovação de pretender trazer para a gestão do clube um conjunto de pessoas sem qualquer experiência na matéria mas com bons percursos profissionais na maioria dos casos, com a coragem de defrontarem todos os "poderes" da comunidade vimaranense dos políticos aos,imagine-se, religiosos.
Mas também com dois "pecados originais":
A candidatura tinha o evidente ar de ser de um grupo de amigos (especialmente nos principais cargos) com tudo que isso tem de limitativo em termos de abrangência eleitoral e embora os candidatos apresentados fossem aqueles radicou-se em muitos associados a convicção de que havia alguém por trás o que obviamente não favorecia a imagem da candidatura.
E todos esses condicionalismos, de ambas as listas, levaram a que se desse o fenómeno de haver muita gente que votou A porque se queria ver livre da B de qualquer maneira e também muita gente que votou B porque tinha receio da A.
É a vida.
Há que dizer que a lista A arrancou bem melhor que a lista B para a campanha eleitoral.
Anunciada de forma original(lonas nas varandas) , foi rapidamente e em força para o terreno com um programa intenso de sessões nas freguesias e o lançamento de uma boa campanha nas redes sociais que lhe valeu desde logo muitas adesões.
A par disso Júlio Vieira de Castro esteve francamente bem nas entrevistas que concedeu, mostrando à vontade perante a comunicação social e um bom domínio dos temas o que desde logo lhe valeu muitas simpatias e um estatuto presidenciável que até então obviamente não tinha.
A lista B, por seu turno, arrancou mais tarde e menos bem apostando numa grande sessão de apresentação do programa (em Vila Flor)que se revelou demasiado grande na duração e demasiado curta na eficácia de transmissão de ideias pese embora conceptualmente ter sido muito interessante com Júlio Mendes a replicar Steve Jobs nalgumas sessões de apresentação de iphones da Apple.
Por outro lado a aposta em antigos jogadores e em vips do universo político vimaranense terá sido pouco reprodutiva em termos eleitorais num caso porque era pouco relevante o apoio de quem cá esteve mas já não está e noutro a abrangência política da esquerda à direita "cheirou" a "União Nacional" e deu a muito apoiantes da lista A a dupla motivação de derrotarem a direcção que estava e simultaneamente os políticos da terra.
As coisas são o que são!
E nem aqui refiro, porque não me parece que tenha sido da responsabilidade da candidatura, aquele inacreditável "número" dos boletins paroquiais que não rendeu um voto à lista B e te-la-á, isso sim , feito perder um bom número deles.
Não admira, pois, que a incerteza no resultado tenha acompanhado estas eleições até ao fim.
Pessoalmente, que as acompanhei de perto e com todo o interesse, creio que a vitória da lista B só se começou a desenhar na ultima semana porque até lá as coisas pareciam estar mais para a A do que para a B.
Mas na ultima semana tudo correu mal à lista A.
A começar pelo debate.
Para vencer as eleições era importante que Júlio Vieira de Castro vencesse claramente Júlio Mendes.
Não venceu.
E teve até a sua pior prestação comunicacional da campanha muito "ajudado" pelos seus "treinadores de bancada" que em vez de o deixarem concentrar-se na apresentação dos seus argumentos e na réplica aos argumentos do adversário passaram o debate a quebrar-lhe o raciocínio e a distrai-lo com o envio de constantes sms para o telemóvel.
Um erro crasso especialmente quando direccionado para quem não tinha experiência de debates.
E isso, mais uma argumentação bem estruturada, permitiu a Júlio Mendes vencer o debate e inverter a tendência que parecia desenhar-se  de uma vitória da lista A.
Depois o plano financeiro.
Que no debate não existia, depois passou a existir, e que foi uma machadada tremenda na própria lista A.
Porque falava de milhões que ninguém exigia a JVC que apresentasse, porque não explicava de onde vinham esses milhões (o que era caricato numa lista que acusava a outra de falta de transparência) e porque levantava legítimas duvidas sobre a continuidade dos direitos do Vitória enquanto detentor de acções da categoria A que lhe garantem importantes poderes de veto.
Se o debate tinha corrido mal o plano financeiro correu pior.
Porque para além do atrás exposto permitiu a Júlio Mendes o seu melhor momento de campanha quando em conferência de imprensa desmontou ponto a ponto, com uma argumentação claramente perceptível e tecnicamente inatacável, o proposto pela lista A.
Foi talvez esse, com a excelente prestação de Júlio Mendes, o momento de viragem definitiva das intenções de voto.
E como tudo que pode acontecer...acontece (aprende-se na actividade seguradora) eis que Ziad "entra em campo". Não para marcar golos como os que geraram o nosso contentamento vitoriano de outrora mas para, ó ironia, marcar alguns auto golos à própria lista que apoiava.
Sejamos claros.
Ziad enquanto grande jogador da nossa memória colectiva, Ziad enquanto parceiro de negócios que abriria ao Vitória portas internacionais importantes, Ziad enquanto entidade distante das eleições mas que prometia ser um factor decisivo no Vitória desportivo e financeiro do futuro valia votos e gerava expectativas que seriam interessantes para a mais valia eleitoral da lista A.
Ziad "em campo", prometendo milhões mas não explicando de onde vinham, atacando Júlio Mendes e Armando Marques do "alto" dos seus dois meses(!!!) de associado e relembrando entrevistas de 2006 em que afirmava que queria ser presidente de um clube onde apareceu duas ou três vezes em doze anos mais não foi do que um enorme tiro no pé de uma lista que nele depositava tantas esperanças.
Não quero com isto dizer que Ziad não pudesse ter sido (ou até venha a ser sabe-se lá que a vida dá tantas voltas) alguém importante para o Vitória do futuro.
Apenas que a estratégia e o contexto em que interveio foram errados.
E por isso, tal como acontece em todas as eleições, da soma do mérito de  quem ganhou e dos erros de quem perdeu se construiu um resultado eleitoral que traduziu a vontade maioritária dos associados  que acorreram às urnas.
E o futuro?
Parece-me claro que Júlio Vieira de Castro e a sua equipa prestaram um relevante serviço ao Vitória ao concorrerem às eleições, ao trazerem pessoas e ideias para a campanha e certamente que o clube no futuro poderá continuar a contar com eles.
Esperando naturalmente que tenham aprendido com os erros e que os estados de alma traduzidos pelas declarações infelizes de vários dos candidatos na noite eleitoral não passem disso mesmo , de estados de alma de quem perdeu por tão pouco.
Com a curiosidade de aquilo que foi uma fragilidade eleitoral -o serem um grupo de amigos- poderá paradoxalmente ser agora um trunfo ao permitir-lhes manterem-se unidos e actuantes na realidade do clube.
Quanto a Júlio Mendes e à sua equipa, como o próprio teve a sensatez e humildade de reconhecer no discurso de vitória, estas eleições foram um sinal que os associados lhes deram no sentido de que há coisas a modificar, coisas a melhorar e que é importante a união de todos em prol do Vitória.
E fez bem ao referir que conta com os membros da equipa A para esse esforço de construir um Vitória maior porque é a quem ganhou que compete unir.
Agora há duas coisas que Júlio Mendes e a sua direcção sabem:
Não vão ter "estado de graça" nem margem de erro.
Este resultado obriga-os, desde já, a fazerem mais e melhor na gestão do clube e também da SAD porque há , de facto, muita insatisfação com os resultados desportivos e essa insatisfação não vai perder nenhuma oportunidade de se fazer sentir.
Apostar a sério no futebol, melhorar a comunicação, apoiar o ecletismo, continuar a reduzir o passivo, serenar a estrutura accionista e potenciar a área comercial e de marketing rentabilizando mais a "marca Vitória" são alguns dos desafios imediatos a que a direcção tem de dar resposta eficaz para provar que percebeu a mensagem que os associados lhe quiseram transmitir.
Foi assim que vi e interpretei este acto eleitoral.
Para mim, e espero que para todos os vitorianos, as eleições acabaram com a divulgação dos respectivos resultados.
Não há vencedores nem vencidos, não há vitorianos bons e vitorianos maus, não há associados melhores e associados piores.
Há o Vitória.
Que é de nós todos.
E por isso todos temos de tomar conta dele com tudo que isso significa de vitorianismo, de sentido critico, de liberdade de opinar.
Depois Falamos.

sexta-feira, março 23, 2018

Ronaldo & Quaresma SA

Este foi daqueles jogos em que bem se pode aplicar o velho adágio de que até ao lavar dos cestos é vindima!
Porque a selecção portuguesa, depois de uma primeira parte de bom nível em que fora claramente superior aos adversários, tinha feito uma segunda metade do jogo bastante para o fraco e depois de sofrer o golo de Salah não estava a dar indicações de ser capaz de dar a volta ao resultado.
E por isso quando concluídos os 90 minutos e entrando em período de compensação se assistia à manutenção da vantagem egípcia parecia que se estava à beira de uma daquelas surpresas em que o futebol é fértil e a selecção campeã europeia prestes a perder com uma selecção africana que embora tendo qualidade não é do seu nível.
Mas Portugal tem Ronaldo. E tem Quaresma.
E a dois cruzamentos teleguiados do segundo correspondeu o primeiro com dois certeiros remates de cabeça transformando em dois minutos uma eminente derrota numa saborosa vitória e impedindo um resultado que não envergonharia mas desmoralizaria .
De resto foi um ensaio útil embora numa altura da época em que os jogadores já tem muitos minutos em cima e  competições em fase de decisão (e nalguns casos como Ronaldo, Gelson, Bernardo, Bruno Fernandes,André Gomes também competições europeias) o que leva a exista uma natural tendência para alguma poupança quer em termos físicos quer no assumir de riscos que possam levar a lesões.
Fernando Santos fez algumas experiências, nomeadamente na defesa, deu oportunidade a alguns jogadores de se entrosarem na selecção mas parece-me evidente que em condições normais dos hoje titulares alguns se forem à Rússia não serão primeiras opções.
Beto, Rolando, Bruno Alves, Rúben Neves são os casos mais evidentes do atrás afirmado.
Essencialmente porque há jogadores lesionados (Pepe,Danilo, William Carvalho por exemplo) que serão sempre primeiras opções à frente dos atrás referidos.
Há contudo um facto curioso que merece ponderação:
No onze titular nenhum joga em Portugal.
E dos cinco suplentes utilizados apenas Gelson e Bruno Fernandes (ainda) jogam na nossa Liga o que confirma que de facto somos um campeonato verdadeiramente periférico incapaz de nele segurar os seus melhores jogadores.
Tendência aliás reforçada pelo facto de nos oito suplentes não utilizados apenas um (Rui Patrício) ser "cliente" do nosso campeonato.
Ou seja nos vinte e quatro convocados por Fernando Santos para este dupla jornada de preparação apenas três jogam na liga portuguesa.
Não é novidade!
Mas dá que pensar.
Em termos individuais destacaram-se , para lá da "sociedade" Ronaldo & Quaresma, Raphael Guerreiro, Rolando e Bruno Alves que rubricaram boas exibições tal como Beto que terá garantido o lugar de terceiro guarda redes para o Mundial.
Moutinho, Bernardo e André Silva estiveram discretos, Cédric pareceu cansado ( a liga inglesa é dura...), Rúben Neves procurou não complicar e João Mário acusou falta de jogos no que se distinguiu da generalidade dos colegas.
Dos entrados, para lá de Quaresma, há que dizer que Gelson animou o ataque, Bruno Fernandes melhorou  a ligação entre sectores e trouxe remate de meia distância enquanto Gonçalo Guedes e André Gomes estiveram também eles discretos.
Segunda feira perante a Holanda, um adversário em teoria mais difícil, Portugal fará outro jogo de preparação que permitirá a seleccionador tirar mais algumas duvidas quanto à convocatória para o Mundial.
Depois Falamos.

quinta-feira, março 22, 2018

Eleições no Vitória.

O meu artigo desta semana no zerozero.

Perdoar-me–ão os leitores desta rubrica que não são vitorianos mas a minha crónica de hoje é sobre as eleições no meu clube que se realizam no próximo sábado e escolherão os orgãos sociais para o próximo triénio.
E destacando, como adiante se verá, três curiosidades destas eleições.
Devo dizer, desde já, que o Vitória sendo um clube de grande riqueza associativa terá o seu acto eleitoral disputado por duas listas a exemplo do que tem acontecido regularmente ao longos dos últimos quarenta anos.
As excepções foram algumas reeleições de António Pimenta Machado sem oposição, mas também ele teve por várias vezes listas alternativas, e a reeleição de Júlio Mendes em 2015 num acto eleitoral em que a lista por ele encabeçada não teve oponente.
Desta vez, e ainda bem que assim é porque é sempre positivo os associados terem por onde escolher, a lista de recandidatura dos actuais orgãos sociais tem a oposição de outra lista que apresenta um conjunto de pessoas que sendo reconehcidamente vitorianas farão todas elas a sua estreia em lides directivas caso vençam o sufrágio de sábado.
O que será, em termos de Vitória, uma novidade absoluta.
Porque a História do clube, desde sempre, diz-nos que ao longo dos anos (antes e depois do 25 de Abril) sempre houve dirigentes que foram passando de umas direcções para outras transportando com eles a experiência que evitava que tudo fosse novidade para aqueles dentre eles que se estreavam em lides directivas.
São conhecidos os casos de presidentes que antes de o serem eram directores, depois vice presidentes antes de chegarem ao cargo máximo do clube já com alguma experiência do que era dirigir o Vitória.
É uma curiosidade destas eleições o haver uma lista em que todos são estreantes caso vençam.
Há ainda mais duas curiosidades nestas eleições mas que neste caso o são claramente pela negativa.
Uma é o escasso número de mulheres candidatas aos orgãos sociais, numa e noutra lista, e nenhuma a cargos de direcção(Presidente ou vice presidente) o que é por um lado o persistir em marcar passo face à evolução dos tempos e por outro uma grande injustiça face ao significativo número de associadas do Vitória  e à qualidade profissional que muitas delas tem demonstrado nas suas áreas de actividade.
É certo que depois na constituição do elenco directivo poderão ser nomeadas algumas directoras mas não é mesma coisa que serem candidatas legitimadas pelo voto dos associados do clube.
A outra curiosidade, mas não novidade, absolutamente negativa é o ostracismo a que as televisões tem votado este acto eleitoral.
Quer as generalistas, quer as que emitem por cabo, quer aquela televisão chamada sport-tv que tem cinco canais e em nenhum tem dado a estas eleições o destaque e a importância que elas realmente tem.
Há tempo para dedicarem centenas de horas semanais , no conjunto das televisões, à subserviência mais bacoca a três clubes deles dando notícia de tudo que é importante, pouco importante ou sem importância rigorosamente nenhuma mas a um acto eleitoral no quarto clube português em massa associativa e naquele que a seguir aos chamdos “grandes” mais audiências televisivas garante para isso não há tempo nem interesse.
Acho absolutamente insólito que este acto eleitoral não tenha merecido das televisões , e especialmente do canal pseudo desportivo sport-tv, a realização de um debate que fosse entre os candidatos a presidente a exemplo,aliás, do que já aconteceu no passado entre outros candidatos a presidente do Vitória.
De facto o frenesim em meterem pelos televisores dentro toda a mixórdia dos chamados “grandes”, para lá do que desses clubes tem realmente interesse,  tira às televisões o discernimento de perceberem que há clubes para além desses e de lhes darem o espaço que eles justamente merecem.
Simplesmente lamentável.
E ainda mais lamentável, se assim se quiser, que o Porto Canal supostamente um canal nortenho e parceiro do Vitória na trasnmissão das “Galas” do clube também ele se tenha alheado destas eleições como se fossem algo menor no panorama desportivo da região e do próprio país.
Não sei quem vencerá as eleições de sábado.
Mas sei que terá pela frente, entre outros grandes  desafios, o de continuar  a lutar por afirmar o Vitória num universo comunicacional quase completamente dominado por três clubes que , quais eucaliptos , secam tudo que os rodeia.

terça-feira, março 20, 2018

Eleições

 O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

O grande tema da semana em Guimarães são as eleições para os orgãos sociais do Vitória que se realizam no próximo sábado e que escolherão os dirigentes que vão governar o clube no próximo triénio.
As eleições no clube, desde os anos oitenta do século passado, tem-se quase sempre revelado(a excepção é quando ao acto eleitoral se apresenta apenas uma lista) momentos de exacerbado vitorianismo com os associados a dividirem-se entre as candidaturas e a pugnarem pelo triunfo daqueles que entendem como mais capazes de levarem o Vitória a “paraísos” onde, aliás, nunca chegou.
Convirá aqui recordar que até essa primeira eleição com duas listas, no inicio dos anos 80, a eleição dos orgãos sociais do clube era quase uma nomeação feita pelas elites vimaranenses que iam escolhendo os dirigentes vitorianos entre os industriais e comerciantes mais reputados do concelho sem azo a polémicas e dando ao clube orgãos sociais de inquestionável valia.
Essa prática, que vinha de 1922, ainda aguentou meia dúzia de anos após o 25 de Abril mas depois por força da evolução da sociedade portuguesa e da assumpção de valores fundamentais como a democracia acabou por dar lugar à bem mais democrática escolha dos dirigentes .
Mais democrática mas nem sempre mais qualitativa!
As primeiras eleições com disputa entre listas opuseram dois primos, António e Armindo Pimenta Machado, e resultaram mais de uma cisão na primeira direcção de António Pimenta Machado do que de qualquer diferença programática ou de objectivos a alcançar pelo clube.
Foram uma novidade.
Que dividiu os associados entres uma e outra, permitiu assistir à primeira (e muito mal sucedida) tentativa do poder político se tentar imiscuir no Vitória e tiveram como desfecho um claro triunfo do já presidente António Pimenta Machado que a partir daí embalaria para duas décadas de presidência que o consagrariam, na minha modesta opinião, como o melhor presidente de sempre.
E durante essas duas décadas houve várias eleições acesamente disputadas (Eduardo Fernandes, José Arantes,etc) em que o “cimento” que unia as listas de oposição era mais o ódio a Pimenta Machado do que qualquer rumo diferente para o clube.
Nunca o venceram.
E quando em 2004, desgastado por demasiados anos de presidência e por problemas que alguns “grandes vitorianos” arranjaram ao Vitória para tentarem abater o presidente do clube por vias judiciais já que pelas eleitorais nada feito, Pimenta Machado decidiu abandonar a presidência do Vitória o clube viu-se numa nova era da sua já longa vida.
Sem as elites do passado e sem o presidente que fizera a transição dos tempos de nomeação para os tempos de eleição os adeptos vitorianos deixaram-se “encantar” por uma campanha ardilosa e longamente elaborada para apresentar um associado sem qualquer ligação ao clube que não fosse pagar as cotas como o verdadeiro salvador da Pátria vitoriana.
E elegeram Vítor Magalhães.
Um trágico equivoco que nos custou bem caro.
E que uma vez resolvido, o equivoco, deu origem a outro equivoco chamado Emílio Macedo da Silva que conduziu o clube a uma crise financeira sem paralelo e que obrigou a que após ele fosse necessário serem tomadas medidas de excepção.
Manda, contudo, a justiça que se diga que Emílio Macedo prestou ao Vitória um relevante serviço quando assumindo a presidência com a equipa em décimo primeiro lugar da II Liga soube tomar todas as medidas necessárias a que a subida fosse possível e o inferno do segundo escalão durasse apenas um ano.
Ainda hoje creio que se não tem sido essa subida imediata o Vitória poderia ter ido parar sabe Deus onde.
E aqui importa fazer uma chamada de atenção.
Em 2010, quando já se percebia que o caminho trilhado pelos orgãos sociais de Emílio Macedo ia acabar mal, apareceu uma candidatura alternativa liderada por Pinto Brasil e que pela primeira vez propunha rupturas programáticas e novos caminhos para o clube fugindo às tradicionais promessas de contratar jogadores e fazer melhores equipas que eram normalmente a principal medida proposta pelas candidaturas anteriores.
Propunha a criação da “Fundação Vitória” , a construção de raiz de um centro de treinos para o futebol profissional longe da cidade (chegaram a ser vistos terrenos na zona de Ronfe) , a constituição de uma equipa B,  a aposta forte em duas modalidades(basquetebol e voleibol) para as por a disputar títulos nacionais, parceria com um grande clube estrangeiro, etc.
Ganhou?
Não.
Teve 30 % dos votos porque os associados vitorianos preferiram apostar em quem já conheciam, fechando os olhos a todos os sinais de alerta já existentes, e reconduziram Emílio Macedo rumo ao...precípicio!
Que chegou em 2012.
Com Pinto Brasil a assumir nova candidatura e tendo como grande proposta a rejeição de constituir uma SAD enquanto Júlio Mendes se candidatava retomando algumas das propostas de 2010 da candidatura de Pinto Brasil mas tendo como grande diferença o propor a constituição de uma SAD para gerir o futebol profissional.
A História de lá para cá, com tudo que ela tem de bom e de mau, é bem conhecida de todos e está presente no espírito de todos os associados vitorianos que no próximo sábado escolherão os orgãos sociais para o próximo triénio.
Democraticamente e sem qualquer drama.
Escolhendo entre Júlio Mendes que recandidata a sua equipa, apresenta o seu programa  e tem em apreciação os últimos três anos de mandato (os primeiros três já foram avaliados em 2015 como é sabido)e Júlio Vieira de Castro que se candidata acompanhado por um grupo de pessoas “virgens” em termos de presença nos orgãos sociais do clube e com o seu programa eleitoral .
São eleições normais, num clube que se rege por estatutos democráticos e que felizmente tem uma riqueza associativa que permite oferecer aos associados uma escolha entre duas candidaturas e não o andar em busca de quem queira ficar a dirigir o clube como acontece em tantos outros.
No sábado, ao fim do dia, Júlio Mendes será reeleito ou Júlio Vieira de Castro será eleito.
Democraticamente e sem qualquer drama repito.
Mas depois o essencial é que todos os vitorianos se unam em torno da direcção eleita, esqueçam as pugnas eleitorais, e contribuam para que possamos ter uma Vitória cada vez maior e cada vez melhor.

P.S . Optei por escrever este texto sem entrar em apreciações criticas/elogiosas aos programas eleitorais, aos candidatos, às acções de campanha de cada uma das listas ou até aos debate entre os dois “Júlios”.
Tal como não aconselho o voto em nenhuma das candidaturas.
Os associados tem, de certeza absoluta,a  maturidade e o discernimento necessários para na cabine de voto optarem por quem consideram melhor para o Vitória.

segunda-feira, março 19, 2018

O Nosso 14

Num jogo em que apenas o triunfo servia José Peseiro teve o grande mérito de não inventar apostando numa equipa que lhe garantia rotinas de jogo face à utilização durante a época do onze inicial.
Apenas na troca total de centrais não terá sido de todo feliz mas já lá vamos.
Individualmente:
Miguel Silva: Uma boa exibição negando o golo em duas ou três ocasiões. No que sofreu nada podia fazer.
João Aurélio: Bem a defender, bem a atacar, é dos jogadores de melhor rendimento esta época.
Jubal: Não justificou a titularidade sendo várias vezes batido e demonstrando dificuldade em sair a jogar.
Pedro Henrique: Um bom regresso.
Konan: A atacar foi o melhor extremo e a defender cumpriu sem margem para reparos.
Rafael Miranda: Com boa esteve bem. Sem ela passou dificuldades.
Matheus Oliveira: Continua a subir de forma e a equipa tem beneficiado com isso.
Hurtado: Fez os dois golos e isso devia ter-lhe valido uma ovação, que não teve, ao ser substituído. Os adeptos estão cansados do seu particular estatuto no plantel e não perderam oportunidade de o demonstrar.
Heldon: Esforçado e inconsequente.
Rafael Martins: Muito trabalhador merecia o golo.
Raphinha: Andou quase sempre "desligado" do jogo e longe de nele ter a influência de outros tempos.
Foram suplentes utilizados:
Sturgeon: Entrou. Peseiro parece ver nele o que Pedro Martins via. Infelizmente mais ninguém vê.
Vigário: Substituiu Raphinha mas teve poucas oportunidades de intervir.
João Afonso: Entrou nos instantes finais para ajudar a defender o resultado. O que diz muito sobre esta época.
Não foram utilizados:
Miguel Oliveira, Joseph, Whelton e Rincón.

Melhor em campo: Konan

Conseguidos os três pontos a equipa conseguiu regressar às vitórias (e nada melhor para a moralizar) e manter o contacto com as que lutam pelo quinto lugar embora este seja praticamente inalcançável face à diferença pontual para vários adversários em simultâneo.
Agora com a paragem da Liga por duas semanas será o tempo de Peseiro entrosar melhor a equipa e ter tempo para lhes transmitir ideias e conceitos.
Porque, mais que não seja, nos sete jogos restantes há a dignidade a defender.
Depois Falamos

domingo, março 18, 2018

Pragmatismo

Esta época todos os jogos tem sido difíceis para o Vitória independentemente da valia e posicionamento classificativo do adversário.
Este, com o Aves, não fugiu à regra num momento em que os vitorianos vivem a desilusão de verem um lugar europeu longe de mais e em que o lento deslizar para lugares...indesejáveis precisava de ser travado quanto antes.
E Peseiro procurou responder ao desafio da forma mais pragmática possível.
Recuperou a dupla de centrais mais utilizada constituída por Pedro Henrique e Jubal (com alguma injustiça para João Afonso e sobretudo Dénis Duarte), nas laterais manteve (bem) a aposta em João Aurélio e Konan e do meio campo para a frente sem Wakaso e Célis jogou com quem tinha disponível para trinco, manteve Matheus Oliveira que tem subido de jogo para jogo e utilizou o melhor quarteto ofensivo que tem com Rafael Martins a ponta de lança, Raphinha e Heldon nos flancos e Hurtado a deambular por onde lhe apetece.
Do outro lado tinha um Aves em lugares de alguma aflição treinado por um José Mota, que não gosta do Vitória nem os vitorianos gostam dele,  que  anda há muitos anos nisto e sabe perfeitamente como montar uma equipa para "jogar" com a intranquilidade do Vitória e com a pressão dos adeptos vitorianos.
O Aves jogou bem em grande parte do tempo, diga-se de passagem, disputando o jogo em todo o campo e criando várias oportunidades de golo a que Miguel Silva se opôs com sucesso excepto no lance em que o Aves marcou e no qual o guardião vitoriano na podia  fazer.
O Vitória,por seu turno, chegou cedo ao golo e depois podia ter voltado a marcar mas o poste, a falta de pontaria e o guardião adversário evitaram que isso sucedesse ao longo da primeira parte em que a equipa da casa podia ter ganho uma vantagem preciosa.
Não marcou, sofreu como é dos livros, mas na segunda parte teve o engenho de voltar a marcar num lance bem construido e depois soube segurar a vantagem face a uma intensa pressão final do adversário.
Exibicionalmente a equipa melhorou alguma coisa, muito por força da subida de forma de Matheus e do bom momento que atravessam Konan e João Aurélio que dão um grande apoio à manobra ofensiva, mas não é expectável que melhore muito mais porque as coisas são...o que são!
Ganharam-se três pontos importantes, alargou-se a distância para os lugares abaixo e recuperou-se algum terreno a Chaves, Boavista e Rio Ave mas dificilmente poderemos almejar a mais do que um sexto ou sétimo lugar o que para o Vitória é  uma classificação abaixo das expectativas normais.
O árbitro João Pinheiro foi muito contestado pelo Aves mas creio que tendo cometido alguns erros não teve interferência no resultado.
Depois Falamos

Liga Europa 1/4 Final

A Liga Europa, pese embora algumas equipas que lá aparecem "caídas" da Liga dos Campeões não tem, naturalmente, a qualidade da prova rainha da UEFA o que não significa que não tenha um enorme interesse e jogos verdadeiramente apaixonantes.
 Face às oito equipas presentes nos quartos de final parece evidente que o grande favorito é o Atlético de Madrid (lá está, um "caído" da Liga dos Campeões) logo seguido pelo Arsenal (outro que tal) sendo motivo para alguma admiração que viesse a surgir outro vencedor que não um deles.
Jogo a jogo:
O Leipzig-Marselha, que junta a grande sensação da liga alemã da época passada e um dos sobreviventes do grupo do Vitória, parece pender para o lado dos germânicos que esta época estando a fazer um bom campeonato estão,ainda assim, abaixo do ano passado.
O Arsenal-CSKA é eliminatória de favoritismo inglês mas nunca subestimando o facto de o segundo jogo ser em Moscovo e os rapazes de Wenger por vezes terem alguma tendência para o disparate.
Mesmo assim acredito que o Arsenal passará.
O Atlético de Madrid-Sporting junta o grande favorito e a única equipa portuguesa que se mantém nas competições europeias a que acresce o facto de em termos nacionais estar ainda em todas as frentes tendo já vencido a taça ctt.
Os espanhóis são favoritos ,com alguma clareza, mas se a equipa de Jorge Jesus trouxer de Madrid (onde não há muito tempo bateu o pé ao Real Madrid) um resultado positivo então uma noite perfeita em Alvalade poderá levar os "leões" para as meias finais.
Não é provável mas pode acontecer.
Finalmente no Lázio-Salzburgo parece-me que os italianos serão superiores mas já não seriam os primeiros a quem os austríacos enganavam nesta edição da liga Europa.
É que o facto de serem austríacos é pouco relevante face a serem patrocinados pela Red Bull!
EM suma arrisco meias finais com Leipzig, Arsenal, Atlético de Madrid e Lázio.
Arrisco mas não aposto.
Depois Falamos

sexta-feira, março 16, 2018

Quarto de Final

Nesta fase da prova, em que a elite de cada época se junta em quatro eliminatórias fascinantes, já não se pode falar em jogos fáceis mas ainda se pode falar em equipas com maior dose de favoritismo do que outras.
No sorteio de hoje, e face aos acasalamentos verificados, podemos considerar que Barcelona, Bayern, Real Madrid e Manchester City reúnem algum favoritismo para a passagem às meias finais mas nada que não possa ser contrariado pelos seus oponentes se conseguirem fazer dois jogos (não é fácil...) perfeitos.
Creio que Barcelona e Bayern terão, apesar da valia de Roma e Sevilha, tarefas menos difíceis do que Real Madrid e Manchester City cujo jogos são de altíssimo risco.
Porque se Roma e Sevilha não costumam ser destas andanças, embora os italianos já tenham chegado a finais, já Liverpool e Juventus são duas equipas poderosas,ambos ex campeões europeus, que certamente vão proporcionar duas eliminatórias extremamente disputadas.
Mesmo assim creio que Real Madrid, a quem resta a Champions, e Manchester City farão inclinar a balança para o seu lado embora no duelo inglês ,e  pese embora a supremacia do City no campeonato, tudo seja mais imprevísivel.
Seja como for teremos,isso de certeza, quatro grandes eliminatórias com o melhor futebol que no mundo se joga.
Depois Falamos.

quinta-feira, março 15, 2018

A Natureza Humana

O meu artigo desta semana no zerozero.

Eu conheço-os.
E estou em crer que todos os leitores desta linha também os conhecem.
São cidadãos das mais diversas idades e profissões, oriundos dos mais diversos meios sociais, de diferentes convicções políticas e religiosas e com percursos de vida variados e multifacetados nos seus mais diversos aspectos.
Tem , contudo, características que os unem e tornam mais iguais do que muitos deles,por outras razões, gostariam de admitir.
E são, na sua esmagadora maioria, boas características diga- se de passagem.
Gente honrada, trabalhadora e estruturalmente séria.
Nas suas vidas familiares, nas suas vidas profissionais, nas suas relações com colegas e amigos são pessoas de carácter, com valores, que prezam a honestidade e praticam a lealdade nos procedimentos e nas atitudes.
Gente boa em suma.
Mas depois, no melhor pano cai a nódoa, vem a tal característica que também os iguala mas que em muitos casos não gostam de admitir.
O clubismo cego, tribal, de antagonismo feroz e combate sem quartel.
Que com a maior facilidade deste mundo português transforma um desses pacatos e exemplares cidadãos atrás descritos num autêntico gladiador que em nome da bandeira do seu clube é capaz das maiores tropelias intelectuais negando no desporto o que defende na Vida e consagrando o “vale tudo” como instrumento importante nos triunfos do seu clube.
Compreendo, quem não compreende, que numa vida agitada como a dos tempos de hoje em que o imediatismo é regra, a sobrevivência uma dura competição e o triunfo a panaceia para quase todos os males a válvula de escape constituída pelo triunfo do seu clube é algo de irresistível e que justifica o fechar de olhos aquilo que se condena na prática diária de vida.
E por isso importa é ganhar.
Ganhar sempre. Como pouco importa desde que se ganhe.
Creio que não é preciso procurarmos muito para encontrarmos à nossa volta tristes exemplos do que acabo de escrever bem como ver escarrapachados na comunicação social esses exemplos de tribalismo clubista que vão dando ao desporto, mas ao futebol muito em particular, essa aura de indesejabilidade crescente.
Quem vir alguns artigos de opinião nos jornais, debates televisivos diários de representantes de três clubes, as redes sociais em que muitos fazem das páginas alheias a sua própria “sala de visitas” ou os comentários deixados nas páginas on line dos mais diversos sites perceberão bem o que está atrás escrito sobre a transmutação de gente equilibrada na Vida em autênticos gladiadores no desporto.
É um fenómeno, triste fenómeno aliás, transversal a idades,culturas, educações, sexo ou profissões
E clubes também.
Embora seja claramente um fenómeno muito mais frequente em adeptos do Benfica, Porto e Sporting por razões que a estatística e a História do nosso futebol bem explicam e que portanto é desnecessário estar aqui e agora a esmiuçar.
Mas a que acrescento outra, porventura mais importante que a Estatística e a História, e que é o permanente mau exemplo dado por quem dirige esses clubes e que alheando-se completamente das responsabilidades pedagógicas de dirigir quase fazem questão de estar sempre na primeira linha do confronto insensato e do tribalismo clubista.
Quando num clube sobre o qual pairam imensas suspeitas a resposta é criar gabinetes de crise para melhor resistir às investigações do que assumir responsabilidade e contribuir para o apuramento da verdade  que se pode pensar do exemplo dado?
Ou quando noutro a má criação do treinador,deixando colega de profissão de mão estendida, em vez de merecer a severa censura de quem dirige ainda provoca elogios como sendo uma justa manifestação de inconformismo perante a estratégia de jogo do adversário que se pode dizer sobre semelhante mentalidade?
Ou ainda num terceiro clube quando a doutrina oficial passou a ser o culto da personalidade do presidente ao abrigo da qual se insultam adversários, se expulsam vozes incómodas e se pretende reescrever a História do clube como se pode querer que os adeptos encontrem nisso a motivação para comportamentos exemplares?
A natureza humana, já todos os sabemos, é complexa.
Em Portugal, face à forma tribalista como se dirigem os principais clubes baseada no velho axioma salazarista de que “quem não é por nós é contra nós”e reforçada pela insistência de ver em cada adversário um perigoso inimigo, ainda mais complexa se torna.
Rumo à desgraça que um destes dias, ,mais próximo do que longínquo, vai acontecer num estádio ou nas suas imediações.

quarta-feira, março 14, 2018

Segundo Clube

O fenómeno que melhor caracteriza boa parte dos portugueses que não nasceram em Lisboa ou no Porto é o bi clubismo.
Que grosso modo significa ser pelo clube da terra e por um dos três tradicionais candidatos ao titulo ainda que em muito casos a relação com eles não passe do sofá ou de acaloradas discussões de café porque nunca o viram jogar ao vivo nem puseram os pés nos respectivos estádios.
Sendo que quando é o clube da terra, nos casos em que o clube da terra está na primeira divisão, a enfrentar o clube do "coração" (porque é essa a realidade) a simpatia maior pende para o de fora e o da terra que se lixe.
É um fenómeno que atravessa Portugal de norte a sul e de este a oeste, que conhece maior incidência,apesar de tudo, em locais onde não existem clubes de primeira divisão mas que também se verifica em cidades e vilas que tem clubes a defrontarem os chamados grandes e onde estes tem mais gente no estádio que o clube que teoricamente joga em casa.
Um triste atraso cultural, uma enorme falta de orgulho no que é da própria terra, uma pequenez de mentalidades para quem o mais importante é nas discussões de café poder afirmar-se como adepto do que ganha mais vezes.
É verdade que o fenómeno já foi pior mas ainda estamos, pese embora significativas melhorias nalgumas zonas do país, longe de termos uma situação idêntica à de países que são cultural e desportivamente muito mais evoluídos do que nós e em que cada clube que joga em casa joga realmente em casa.
Guimarães é como se sabe a honrosa excepção deste país que em termos de cultura desportiva está na cauda da Europa.
E para além de ter dois clubes na primeira liga, e dois clubes que ainda por cima se dão bem e com muitos adeptos comuns aos dois, verifica-se o facto de no estádio do principal clube nunca  a sua equipa ter passado a vergonha de ver algum visitante ter mais apoio do que ela própria.
Pelo contrário em Guimarães, no D, Afonso Henriques, o Vitória é o único "grande" e todos os que nos vistam são pequenos em termos de apoio popular sendo a diferença clara e visível seja quem for o clube que nos visita.
O que não significa, por paradoxal que pareça, que no concelho de  Guimarães muitos dos vimaranenses não tenham também um segundo clube.
Para muitos o segundo clube , depois do Vitória, é o Moreirense como atrás foi referido.
Para outros o Moreirense é  o primeiro clube sendo o Vitória o segundo facto que se verifica especialmente na vila de Moreira de Cónegos como está bom de ver.
Mas para muitos, como é o meu caso (e também tenho simpatia pelo Moreirense), o segundo clube é mesmo o Xico Andebol (outrora Desportivo Francisco de Holanda) que é um dos mais tradicionais clubes da cidade de Guimarães e com uma rica História desportiva no andebol, voleibol, basquetebol e até futebol em tempos mais recuados.
Uma coisa é certa:
Vitória, Moreirense e Xico Andebol(mas também podia citar Torcatense, Caçadores das Taipas e outros) são clubes de Guimarães.
E para a esmagadora maioria dos vimamranenses o bi clubismo esgota-se nos clubes do concelho.
Até nisso somos diferentes.
Para melhor é claro!
Depois Falamos.

terça-feira, março 13, 2018

O Estado da Nação


O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Com o calendário político a acelerar vertiginosamente rumo ao ano eleitoral de 2019, em que em europeias e legislativas os portugueses dirão o que pensam do Estado da Nação, quase todos os partidos se encontram já em campanha eleitoral cientes de que nos tempos que correm convém ir formando a opinião dos eleitores com a devida antecedência.
Nessa matéria o PS será, ao momento, aquele que se encontra em melhor posição e portanto bem maior tranquilidade face a um conjunto de circunstâncias que se vão desenrolando em seu redor.
Está no governo num ciclo de crescimento da economia que a par do trabalho do anterior governo na por das contas públicas em ordem lhe tem permitido fazer uns floreados e distribuir uns dinheiritos que mais cedo ou mais tarde lhe renderão dividendos eleitorais.
Independentemente de questões de mérito , da oportunidade perdida de consolidar as contas públicas e da certeza de que pagaremos caro,um dia, este demagógico abrir de cordões à bolsa(veja-se o aumento de crédito dado pelos bancos e a subida sem cessar da dívida pública)as coisas são o que são e o PS vai tirar benefício disso.
E portanto olha em redor não só com a tranquilidade de quem nunca teve,em quarenta anos, de reparar os erros que ele próprio cometeu mas também de não ver na linha do horizonte nenhum tipo de oposição que o perturbe.
Esmagados no “abraço do urso” BE e CDU vivem na dependência de um apoio a um governo de que não gostam particularmente (então a CDU nem se fala...) mas do qual nenhum deles tem a coragem política suficiente para de demarcar e voltar ao papel   de oposição pura e dura.
E se o PCP ainda tem a frente sindical para marcar umas greves, causar alguma agitação e  fazer de conta que eleva a fasquia reivindicativa para os níveis que lhe eram habituais já o BE face à sua irrelevância sindical e autárquica limita-se a um patético arremedo de oposição aqui e ali mas disfarçando muito mal a sua vontade de se afirmar como o parceiro “porreiro” no acordo de sustentação de governo com a mal disfarçada esperança de que nas próximas eleições o PS precise dele e possa dispensar o PCP e assim caiam de S.Bento uns lugares no governo.
Grosso modo à esquerda do PS o panorama é este e António Costa não perderá uma única noite de bom sono a pensar em problemas que os “domesticados” BE e CDU lhe possam causar.
Ainda por cima quando o PSD lhe ofereceu de borla , com a anunciada disponibilidade para substituir os parceiros de esquerda na viabilização de um minoritário governo socialista (gentileza que o PS não retribuiu face a um muito hipotético governo minoritário do PSD) , a alavanca necessária a condicionar ainda mais os parceiros da Frente de Esquerda.
À direita do PS o panorama é outro.
Por um lado o CDS, que sai do congresso deste fim de semana unido e mobilizado, e que deixou claro que quer ir a votos sozinho (enfim, colocando a si próprio uma fasquia plena de imaginação)o que não deixa de ser mais uma boa notícia para o PS dadas as vantagens que o método de Hondt dá às coligações no aproveitamento do número de votos e consequente transformação em mandatos.
Pode ser uma boa estratégia para o crescimento e implantação do CDS, não o nego, mas é ainda melhor para um PS que ambiciona ,embora não o diga, chegar a uma maioria absoluta e governar sem depender de BE e PCP.
Do lado do PSD as notícias também não deixam de ser boas para o PS.
Rui  Rio ainda não soube unir o partido (o acordo feito no congresso com Pedro Santana Lopes nem trouxe os apoiantes deste para o seu lado nem contentou os seus próprios apoiantes), tem-se multiplicado os “casos” em vez das “causas” e a própria estratégia de subalternização ao PS quer na anunciada disponibilidade para ser “bengalinha” dos socialistas (que estes aliás recusaram de imediato) quer na inacreditável “estratégia” divulgada por um seu vice presidente ao semanário Expresso de as eleições “que interessam” são as de 2021 e depois as de 2023 (uma espécie de estratégia “Gil Vicente” para quem o próximo campeonato não conta para nada só o que se lhe segue em que regressará à primeira divisão é que interessa) e não as de 2019 o que terá soado como música celestial para os ouvidos de António Costa e do PS.
Quando se está no poder , tranquilo e confortável, se neutralizou a oposição de esquerda e o principal partido de oposição (que não por acaso até ganhou as duas ultimas eleições legislativas) não tem pressa em voltar a ser governo que mais pode pedir o PS no seu rumo para voltar a ser poder e desta vez ganhando eleições?
Rigorosamente nada!

P.S. Como hoje me dizia um amigo meu, com muita piada, António Costa tem tanta sorte que desde que Rui Rio tomou posse no congresso do PSD acabou a seca e voltou a chuva que tanta falta fazia.