Conheci Pedro Passos Coelho há muitos anos atrás.
Diria que há trinta anos, mais coisa menos coisa, era eu vogal da
comissão política do PSD Guimarães e ele membro da direcção nacional da JSD
presidida então pelo hoje eurodeputado Carlos Coelho.
Já não sei a que propósito nem porque motivo, nem interessa
minimamente, um dia realizando-se um plenário da secção de Guimarães foi
convidado a nela participar Carlos Coelho que se fez acompanhar por Pedro
Passos Coelho então um jovem de vinte e poucos anos e a dar os seus primeiros
passos na política nacional.
Recordo-me bem do jovem franzino que ficou sentado ao meu lado e que
me fez ,durante o decorrer do plenário, imensas perguntas sobre a política
local,sobre a política distrital e sobre outros assuntos revelando uma enorme
curiosidade e vontade de ter informação sobre a política nesta região do país.
Confesso que me impressionou bem, desde logo, e que doravante fiquei
atento ao seu percurso político por me parecer ( e eu ao tempo conhecia muito
bem a JSD) de um nível claramente superior ao que era habitual nos seus
dirigentes.
Em 1995 , já como presidente da JSD, recordo a coragem com que
confrontava posições com o então líder do PSD –Aníbal Cavaco Silva- em termos
de políticas de juventude e depois forma
desassombrada e corajosa como apoiou Durão Barroso contra Fernando Nogueira no
célebre congresso do Coliseu em que se disputava a sucessão de Cavaco Silva e
onde o jovem Passos não revelou qualquer temor em afrontar os “barões” do
partido.
Depois de alguns anos como deputado desapareceu da vida política para
ir concluir o seu curso superior e iniciar uma vida profissional fora da
política quando lhe teria sido fácil eternizar-se como deputado a exemplo de
alguns dos seus contemporâneos que fizeram do parlamento profissão.
Em 2000, no congresso de Viseu, foi candidato a secretário-geral na
lista de Marques Mendes que perderia para o então líder-Durão Barroso-num
congresso com algumas histórias engraçadas mas que não cabem no teor do texto
de hoje.
Voltou para a vida profissional e reapareceu em 2005 no congresso de
Pombal,em que Marques Mendes derrotou à justa Luís Filipe Menezes, de lá saindo
como vice presidente do partido cargo que não ocupou muito tempo por
divergências com Marques Mendes que o levaram a bater com a porta.
Regressou em 2008, numas directas extremamente disputadas entre ele,
Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite (com Rui Rio como primeiro vice
presidente)que sairia vencedora e prontamente tomaria uma decisão sectária e
incompreensível excluindo Passos Coelho das listas de deputados pese embora
para ela ter sido indicado pela distrital de Vila Real.
Uma atitude sectária, que em
nada ajudou a unir o partido fraccionado em três partes por três candidaturas
que obtiveram resultados muito próximos, e que lhe viria a sair cara porque
nunca mais conseguiu ter o partido unido em volta da sua breve e nada saudosa liderança.
Um ensinamento da História do PSD que não deve ser esquecido...
Não o apoiei nessa directas mas recordarei sempre o simpático convite
que então me fez para colaborar na sua campanha e tive sincera pena de a ele
não poder corresponder afirmativamente mas tinha feito outra opção de que aliás
nunca me arrependi que fique claro.
Em 2010, depois da saída inevitável de Ferreira Leite, Pedro Passos
Coelho venceu as directas e deu inicio à mais longa liderança do PSD depois da
de Cavaco Silva.
Nessa directas dei um pequeno apoio à sua campanha mas nada que mereça
sequer qualquer destaque.
Dando logo de entrada um claro sinal de união ao convidar o seu
principal adversário nas directas acabadas de disputar-Paulo Rangel-para encabeçar
a lista ao Conselho Nacional provando que a unidade se constrói com atitudes e
não com palavras de mera circunstância.
Venceu as legislativas de 2011.
Governou durante quatro anos num aterrador clima de crise económica,
ultrapassando dificuldades de toda a ordem, resolvendo os terríveis problemas
que herdara do governo socialista de José Sócrates, conseguindo uma saída limpa
do programa de assistência e dispensando os serviços da troika que ainda no
tempo de Sócrates impusera a Portugal um duro programa de recuperação
financeira.
Pelo meio enfrentando crises na coligação, problemas no governo(saída
de ministros como Vítor Gaspar,Miguel Relvas e Miguel Macedo), ataques pessoais
como nenhum líder do PSD sofrera desde Sá Carneiro, criticas várias de companheiros
de partido que enquanto comentadores e não só eram por vezes mais virulentos
contra o governo do que a própria esquerda, conseguiu levar a nau a bom porto
dando provas de uma coragem, uma resistência e um sentido de Estado a que a
História fará justiça.
Venceu as legislativas de 2015 em coligação com o CDS.
Uma vitória que parecia impossível mas que ele, mais que todos,
tornou possível.
A
formação de uma Frente de Esquerda, contra natura com a História de 40 anos democracia,tornou
impossível a governação de quem tinha ganho as eleições e
Passos Coelho viu-se obrigado a ir para o Parlamento liderar a oposição o que
fez com notável dignidade e a coragem que é a imagem de marca da sua postura
política.
Depois de um mau resultado nas autárquicas, mas não tão mau como
alguns querem fazer crer, decidiu não se recandidatar à liderança do PSD embora
fosse certo que voltaria a vencer as directas fossem quem fossem as
alternativas.
Sendo certo que Pedro Santana Lopes nunca seria candidato contra
Passos Coelho como o próprio fez questão de afirmar por várias vezes.
Pedro Passos Coelho sai, assim, no final do seu mandato, por vontade
própria e perante o reconhecimento quase geral do partido que vê nele um homem
de Estado que prestou relevantes serviços ao PSD e especialmente a Portugal.
Sai com dignidade inatacável.
Não tomando posição sobre o sucessor, assistindo calado ao facto de
vários membros dos seus governos aparecerem na campanha de Rui Rio ao lado de
personagens que tanto o tinham atacado, mantendo até ao fim o seu papel de
líder de todo o partido.
Sai com 53 anos e um capital político e de experiência consolidada que
lhe permitem poder ser candidato a tudo aquilo que quiser porque ainda tem um
largo futuro pela frente.
Se quiser...o futuro poderá voltar a ser dele!
Caro Cirilo:
ResponderEliminarSecundo o seu comentário -totalmente.
Esperemos que algumas 'coisas' que por aí piam, saibam ler...
Cara il:
ResponderEliminarAtrás de tempo tempo vem.
E a s"coisas" que piam mais dia menos dia vão piar para outro lado