Num cada vez mais incontornável sinal dos tempos, em que a componente
comercial se impõe tantas vezes à componente desportiva, é normal que a
atribuição de prémios ao desempenho desportivo se venha multiplicando porque
cada evento de entrega do respectivo troféu é a oportunidade mais uns bons
negócios.
Televisivos, de imagem, de marcas e tudo o mais que se proporcione.
Talvez por isso, talvez por outras razões, a FIFA e a revista “France
Football” depois de durante alguns(poucos) anos terem unificado as respectivas
escolhas do melhor jogador mundial de cada ano, atribuindo-lhe a deseja da “Bola
de Ouro”, voltaram a separar as escolhas organizando cada instituição a
respectiva gala de entrega do troféu com os respectivos e nada depreciáveis
proventos económicos.
Correndo-se o risco de um destes anos mais próximos as escolhas
recairem sobre jogadores diferentes porque o universo eleitoral também é
diferente.
Mas para já não aconteceu pelo que os “papa troféus” Ronaldo e Messi
vem açambarcado em simultâneo os dois prémios não dando a minima hipótese de
qualquer outro jogador ser distinguido.
Devo dizer, por coerência, que não tendo qualquer duvida que nestes
ultimos dez (!!!) anos o português e o
argentino foram os melhores jogadores do planeta continuo a entender que há
sempre um enorme grau de subjectividade na escolha do “melhor” porque os juris
olham com mais atenção para determinados aspectos-os golos por exemplo- do que
para outros o que torna virtualmente imposssível um guarda redes repetir o
feito de Yashin e vencer o troféu de melhor do mundo seja na versão FIFA seja
na versão France Football.
É verdade que “sal” do futebol é o golo e que o objectivo de qualquer
equipa, em qualquer jogo, é marcar mais golos do que o adversário mas o futebol
não se esgota nessa componente e há outras que merecem mais atenção do que
aquela que normalmente lhes é dada.
E não tomando as já referias “dores” de nomes grandes do futebol como Gianluigi
Buffon, Peter Schmeichel , Manuel Neuer , Iker Casillas ou Michel Preud´homme
que nunca ganharam (nem ganharão para os que ainda jogam) um desses troféus
porque jogam do lado “errado” da baliza e a sua função é impedir golos custa-me
ver que jogadores soberbos como foram Maldini, Xavi, Pirlo, Roberto Baggio ou
Francesco Totti entre outros passaram ao lado dessa distinção individual que
bem mereciam.
E se a questão se põe desta forma em relação aquele que todos os anos
é eleito o “melhor do mundo” (pois é, só pode ser um) há uma outra eleição em
que não entro, nunca entrarei, nem sequer concordo que se faça que é a do
melhor jogador de todos os tempos.
Pela simples razão de que os tempos não são comparáveis.
E se os melhores do mundo da actualidade tem bases de comparação
porque jogam nos mesmos estádios, nas mesmas competições, com idênticas formas
de preparação, com bolas,equipamentos e botas equiparáveis, com medicina
desportiva igual para todos, já essa comparação é impossível de fazer quando se
quer escolher entre jogadores que tiveram o seu tempo em épocas muito
diferentes em todos os aspectos.
Não se podem comparar os tempos de Di Stéfano e Kubala com os de Pélé
e Eusébio, os destes com os de Cruyff e Beckenbauer, os de Maradona e Van
Basten com os de Ronaldo e Ronaldinho e os destes com os de Messi e Cristiano
Ronaldo entre outros exemplos possíveis. E por isso, do meu ponto de vista, nunca
será possível dizer com rigor quem foi o melhor de sempre.
Mas os melhores da última década isso pode.
Ronaldo e Messi.
Cinco bolas de ouro para cada um, cinco distinções da FIFA de “melhor
do mundo” igualmente para cada um deles e a certeza que estes dois génios
ficarão na História do futebol como dois dos melhores de sempre (quanto a isso
creio que ninguém tem duvidas) a pisarem relvados de futebol.
E a certeza de que dificilmente o futebol voltará a assistir a uma
década em que dois jogadores prodigiosos mantenham semelhante disputa por
troféus individuais ainda por cima com uma divisão entre eles irmamente feita.
Não sei se a quinta “Bola de Ouro” de Ronaldo encerra este ciclo
fabuloso de disputa entre eles, com largo benefício de quem gosta de futebol,
ou se o futuro ainda trará mais conquistas individuais para um e outro
enriquecendo palmarés já de si tão ricos.
Em qualquer das circunstâncias creio que todos quantos gostam de
futebol tem boas razões para se sentirem gratos por tudo que estes dois
jogadores nos tem proporcionado ao longo desta década extraordinária e boas
razões para terem uma expectativa bem positiva por tudo quanto ainda nos
poderão dar nos próximos anos.
Dr. Luis Cirilo :
ResponderEliminarPeço desculpa pois não tem nada a ver com este post mas queria perguntar-lhe que é feito do nosso companheiro Quim Roscas pois já tenho saudades das suas intervenções.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarLembra bem.
O Quim Roscas há muito tempo que não aparece por aqui e é pena porque fazia excelentes comentários.
Infelizmente não sei quem é e por isso nem sei se é vivo ou morto. Esperemos que vivo é claro