Páginas

terça-feira, novembro 07, 2017

Opções

O meu artigo desta semana no Duas Caras.

Os partidos políticos democráticos, como felizmente são quase todos os que existem em Portugal, periodicamente renovam as suas lideranças por razões que vão desde a saída dos seus líderes por livre vontade até aquelas que se prendem com derrotas em eleições internas face a candidatos ao lugar que ocupam.
No primeiro caso podemos citar, a titulo de exemplo, Pedro Passos Coelho que depois de ter governado em circunstâncias extremamente difíceis-e mesmo assim ter ganho eleições legislativas- entendeu que a derrota nas autárquicas impunha uma mudança de ciclo e anunciou que uma vez concluído o seus mandato não se recandidataria de novo.
Caso oposto, e também a titulo de exemplo, foi o de António José Seguro que depois de ganhar as eleições europeias – por poucochinho diria na altura quem depois foi estrondosamente derrotado nas legislativas seguintes- perdeu as eleições internas no PS muito por força de traições diversas um pouco por todo o lado.
A verdade é que as perdeu e saiu.
E assim tem sido a história de PSD,PS e CDS que já viram passar pelas respectivas lideranças um vasto conjunto de personalidades (com o PSD a ser recordista nessa matéria) das quais algumas marcaram épocas e outras nem por isso.
Eleitos em congressos, eleitos em directas com ou sem primárias, ou eleitos de outras formas a verdade é que a regra dos partidos democráticos é a não eternização na liderança dos seus militantes escolhidos para o desempenho dessas funções.
Nomes como Mário Soares e Cavaco Silva, no PS e PSD, asseguraram uma década de liderança enquanto Paulo Portas no CDS é o líder dos partidos democráticos que mais tempo se manteve em funções assegurando um longo consulado de década e meia apenas intervalado por uma episódica ausência de pouco mais de ano e meio ou coisa do género.
Na actualidade ,com a casa arrumada nessa matéria para socialistas e democratas cristãos, é o PSD que se encontra em processo electivo interno com as directas marcadas para 13 de Janeiro próximo e com,para já, dois candidatos a disputarem a liderança.
Desde que o partido optou por este método de eleição do lider em 2006, depois de ter sido insistentemente reivindicado por Pedro Santana Lopes e finalmente aprovado por proposta de Luís Filipe Menezes, é a oitava vez que os militantes do partido são chamados a escolher o seu líder por votação directa.
Em 2006, logo após a aprovação das directas, o então líder Marques Mendes foi eleito numa eleição em que não teve concorrência de mais nenhum candidato pese embora ter-se esboçado uma candidatura do militante José Alberto Pereira Coelho.
Em 2007, nas primeiras directas a “sério”, Luís Filipe Menezes derrotou Marques Mendes ficando para a História o facto de pela primeira( e última até agora) vez um líder em funções ser derrotado por um candidato que venceu a “máquina”, a maioria das distritais e o “barões” e “vips” do partido quase todos com Marques Mendes.
Em 2008, depois da abrupta e ainda hoje difícil de perceber demissão de Menezes, Manuela Ferreira Leite derrotou as candidaturas de Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes mas ficando a liderar um partido profundamente dividido cujos militantes tinham distribuído o voto pelas três candidaturas de forma muito equivalente.
Em 2010 foi a vez de Passos Coelho vencer as directas derrotando Paulo Rangel, Aguiar Branco e Castanheira Barros e iniciando um relativamente longo período de lideranças em que venceria mais três directas sem oposição.
É agora a vez de Pedro Santana Lopes e Rui Rio disputarem a liderança do PSD.
Dois candidatos sobejamente conhecidos, com currículos políticos construídos de há muitos anos a esta parte, com percursos e Histórias de vida bem diferentes e com uma postura perante o próprio partido também ela muito diversa e que vai da proximidade de Santana ao distanciamento de Rio.
Em qualquer dos casos importa dizer que são duas candidaturas que prestigiam o PSD e dão aos militantes garantias de que vença quem vencer o partido fica entregue a “seniores” e não a perfis romanticamente jovens mas sem o traquejo necessário a ocupar um lugar cujo titular é automaticamente candidato a primeiro-ministro.
São, como o nome indica, eleições directas.
Em que se estabelece uma relação directa entre o militante e o candidato a lider sem necessidade da intermediação paternalista de concelhias, distritais ou qualquer outro orgão do partido que entenda que o militante não sabe pensar por si próprio e queira sugerir-lhe o sentido de voto.
E são, mesmo com essa nuance de o seu vencedor ser candidato a primeiro-ministro, eleições para a liderança do PSD e o partido merece o respeito necessário a alguns não as considerarem como eleições para candidato a primeiro-ministro desvalorizando com isso a liderança do partido.
A seu tempo os militantes e os dirigentes do PSD trabalharão todos juntos para que o líder do partido vença as eleições legislativas e governe Portugal como sempre aconteceu e deve continuar a acontecer.
Eu apoio Pedro Santana Lopes.
E acredito que será o melhor líder para o partido e o melhor candidato do PSD a primeiro-ministro.
Aceito ,com a naturalidade democrática óbvia, que companheiros meus pensem exactamente o mesmo relativamente a Rui Rio.
É da democracia que assim seja.
Não aceito, isso nunca, é que alguns porque pressentem que as directas lhes podem correr mal as queiram transformar na eleição do candidato a primeiro-ministro atirando a eleição para lider do PSD para o caixote do lixo.
Até porque o argumento que usam de que Rio é o preferido dos portugueses para primeiro-ministro é fantasioso, delirante e sem qualquer sustentação credível ,porque cientificamente indemonstrável, e para além de uma óbvia confissão de fraqueza apenas lhes surgiu quando perceberam que as directas não serão o passeio com que sonhavam.
Deixem os militantes votar em paz para elegerem o líder do seu partido.
É isso que está em causa a 13 de Janeiro.
Keep Cool...

2 comentários:

  1. Oh yeah!

    Caro Cirilo:
    O n/ Pedro consegue galvanizar as massas -ups! devem ser influências do que aconteceu há 100 anos :)- coisa que RR não consegue. Pior RR foi patrocinado por um conjunto de múmias, que o desacreditaram. Agora, elas mantêm-se na retaguarda, mas o estrago, para ele, já está feito. Os militantes aperceberam-se de que eram uma trupe de ressabiados, partidários do bloco central (muitas vezes dos interesses)apenas desejosos das migalhas de quem consideram o dono do regime -o PS.

    Claro que os 'socialistas e laicos' já andam a 'rosnar' ao Pedro SL, mas depois de terem dito que os fogos eram postos pelo PPC e pelos laranjinhas para acabar com a geringonça, podem ser desacreditados o povo é estúpido, mas não totalmente.

    ResponderEliminar
  2. Cara il:
    O grande problema de RR e dos que o apoiam, incluindo esses que refere, é que olhavam as directas como um passeio rumo à S.Caetano à Lapa e agora sabem que não será nada disso.
    O que os leva a extremismos bem dispensáveis.
    Mas ainda há um longo caminho a percorrer até PSL ser eleito líder do PSD

    ResponderEliminar