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sexta-feira, setembro 15, 2017

Lisonjeiro

O regresso do Vitória às competições europeias esteve longe de corresponder às expectativas acalentadas pelos seus adeptos que porventura iludidos pelo "pouco" nome europeu do adversário terão pensado, em muitos casos, que seria uma equipa acessível a este Vitória.
A outros , de passado até recente, seria mas a este não.
Entrando em campo com uma verdadeira "sociedade de nações" afro-americanas (primeira vez na história das competições europeias em que uma equipa alinhou com onze não europeus, duvidosa "honra" que bem dispensávamos,...), com alguns jogadores acabados de chegar e que mal conhecem o nome dos colegas e outros em plena pré época (nalguns casos os mesmos) o Vitória só não foi uma presa fácil para a equipa austríaca porque esta revelou, felizmente para nós, uma pontaria desastrosa na hora de finalizar fazendo vários remates saírem perigosamente perto dos postes da baliza de Douglas.
No resto o Salzburgo, muito mais "equipa", controlou o jogo a seu bel prazer, impôs o ritmo que lhe dava jeito e quando acelerava no último terço do terreno criava situações de grande desconforto à defensiva vitoriana que se via em palpos de aranha para suster as jogadas de entendimento dos adversários que nalguns casos se davam ao "luxo" de trocarem a bola dentro da grande área do Vitória.
É certo que na primeira parte ainda existiram alguns períodos em que o Vitória desenvolveu jogadas de bom recorte e deu a sensação de poder aspirar a ganhar o jogo muito especialmente depois de se adiantar no marcador.
Mas o empate ao cair do pano, num lance em que Douglas ficou a meio caminho ( o que diriam alguns se fosse Miguel Silva a cometer aquele erro...), "matou" animicamente o Vitória que na segunda parte se foi abaixo,também fisicamente, e acabou o jogo a defender o resultado em casa perante o adversário em teoria mais acessível do grupo.
Sem que tivesse feito, em toda a segunda parte e tanto quanto me lembro, um único remate digno desse nome.
Com as duas primeiras substituições( o cabo verdiano Heldon e o português,aleluia, Kiko) o técnico vitoriano ainda tentou "consertar" a equipa e dar-lhe mais posse e melhor circulação de bola por um lado e mais criatividade nos flancos por outro mas foram tentativas falhadas perante um adversário que já controlava o jogo como queria.
Ao que num acto de pragmatismo, que se compreendeu mas se lamenta a necessidade, acabou por meter o brasileiro (décimo terceiro afro-americano utilizado no jogo) Rafael Miranda para ajudar a defender o "pontinho" possível.
No final do jogo, em declarações à imprensa, Pedro Martins considerou a conquista de um ponto um resultado positivo (e face ao que se viu até foi, mas esperava-se era ver muito mais) e atribuiu a queda de rendimento a "problemas mentais na equipa"(sic) , "problemas fisícos"  e "quatro ou cinco jogadores que ainda não estão bem fisicamente" (não se percebe então porque jogaram e muito menos porque jogaram todos) como se poderá confirmar aqui.
Desculpas e justificações à parte este melancólico inicio de participação do Vitória na Liga Europa tem uma explicação muito simples que todos conhecem e que só não reconhece quem se recusa a olhar para a realidade de frente.
Uma época mal preparada, contratações tardias e nalguns casos com valor por provar, jogadores que são nossos que foram mal dispensados e mal emprestados, um plantel inferior ao que iniciou e até ao que terminou a época passada, uma aposta completamente falhada em empréstimos que não se concretizaram, uma equipa abaixo do necessário para disputar as cinco competições que há muito tempo sabíamos que teríamos para disputar em 2017/2018.
Factos!
E por isso perdemos uma supertaça que estava ao nosso alcance, por isso ganhamos "à rasquinha" dois jogos em casa, por isso fomos goleados por Sporting e Estoril, por isso fomos empatar ao Paços de Ferreira mais fraco dos últimos anos.
Há que melhorar, e muito, para não ser mais um "ano zero", mais uma época frustrante, mais tempo perdido na construção da equipa que os adeptos merecem e que vem sendo sucessivamente adiada por erros de gestão desportiva.
Não sendo o mercado de desempregados solução para quase nada, por razões tão óbvias que me dispenso de as elencar,  será com os que estão que o Vitória terá de relançar a sua época e dar resposta aos difíceis compromissos que tem nas próximas semanas.
Mas para isso exige-se, a Pedro Martins, a criatividade, o risco e a abertura de espírito  necessários para tomar as decisões que se impõe.
Aguardemos...na certeza de que domingo já teremos de ter um Vitória diferente para melhor sob pena de as coisas se complicarem.
Depois Falamos.

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