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segunda-feira, setembro 04, 2017

Fecho de Mercado

O meu artigo desta semana no zerozero.

A forma como funciona o mercado de transferências no futebol é bem demonstrativo da volatilidade das situações , da falta de planeamento dos clubes, da tentação em fazer à ultima hora aquilo que tiveram tempo para fazer durante meses de forma organizada.
É também, como não, o “paraíso” dos empresários que com estes negócios de ultima hora e portanto altamente inflacionados fazem chorudas comissões que oneram as transferências e alimentam de forma substancial aqueles que não jogam, não treinam, não dirigem mas ganham fortunas.
Incongruências.
Já para não falarmos do disparate que é permitirem-se entradas e saídas de jogadores já com os campeonatos em curso e dificultando de sobremaneira o trabalho dos treinadores que muitas vezes veem a pré época e as primeiras semanas de competição deitadas fora por saídas de ultima hora que lhes debilitam os grupos de trabalho.
Creio que a UEFA e a FIFA deviam intervir seriamente nessa matéria regulamentando as épocas de transferências de molde a que todos os clubes de todos os países se encontrassem em igualdade de circunstâncias e não como acontece na actualidade com mercados a fecharem em datas diversas com óbvio prejuízo para os que fecham primeiro.
Bastará exemplificar que com mercados como China e Rússia ainda abertos, e o português já fechado, qualquer um dos nossos clubes que veja jogadores seus partir para esses países só poderá suprir a baixa em Janeiro.
No que concerne aos cinco principais clubes portugueses,e agora que o mercado está encerrado por quatro meses, é possível fazer um balanço das suas movimentações em termos de entradas e saídas bem como das perspectivas que os seus grupos de trabalhos lhes permitem alimentar.
Começando pelo Benfica é evidente que o mercado lhe correu melhor em termos financeiros do que desportivos.
Ninguém auferiu tanto como os encarnados em termos de receita de venda de jogadores com Ederson, Nélson Semedo e Mitroglou a constituírem excelentes encaixes financeiros mas a contrapartida é um plantel que não conseguiu alternativa para Ederson (Bruno Varela para campeonato e especialmente liga dos campeões é muito...curto) nem reforçar o centro da defesa à altura de necessidades que já vem do passado.
Será certamente um forte candidato ao titulo mas dificilmente o principal favorito.
O Porto teve o seu mercado mais “sui generis” de sempre.
Limitou-se a contratar um terceiro guarda redes,a emprestar um jovem com talento mas a precisar de jogar (João Carlos Teixeira),a libertar-se de alguns excedentários e nada mais.
Nada mais?
Puro engano.
Fez regressar cinco jogadores emprestados (Aboubakar, Ricardo, Hernâni,Marega e Reyes) que depois de épocas de sucesso nos clubes a que estiveram cedidos regressam em plena maturidade e dispostos a lutarem por um lugar ao sol.
Não fez contratações mas tem cinco verdadeiros reforços que lhe permitirão ser ,também ele, forte candidato ao titulo.
O Sporting esteve muito activo na dupla vertente entradas e saídas sendo seguramente dos candidatos ao titulo o que mais se reforçou.
Guarda redes, laterais,centrais, médios, extremos e ponta de lança para todos os sectores se registaram entradas no plantel leonino.
Fábio Coentrão, Mathieu, Doumbia, Bruno Fernandes e Acuna serão os mais sonantes mas há vários outros de muito boa qualidade a espreitarem a titularidade em compita com os que transitaram da época anterior.
Nas saídas aquela que poderá ter mais impacto no plantel é a do “capitão” Adrien,pela valia futebolística e pela influencia no balneário, mas o conseguir manter William Carvalho e a “explosão” competitiva de Bruno Fernandes poderão contrabalançar isso.
Possivelmente os “leões” serão, neste momento, os mais fortes candidatos ao titulo.
O Braga destacou-e neste mercado pelos grandes negócios que fez e pela conciliação que disso conseguiu fazer com o reforço acentuado da equipa.
Vendeu Rui Fonte (Fulham) e os jovens Bruno Jordão e Pedro Neto (Lázio) por muitos milhões e reforçou a equipa com um lote valioso de jogadores com saliência para os emprestados João Carlos Teixeira (Porto) ,André Horta (Benfica)e André Moreira(Atlético de Madrid) e para as aquisições Dyego Sousa, Fransergio, Esgaio, Jefferson, Raul Silva, Paulinho e o regresso do emprestado Fábio Martins.
Um plantel muito forte, grande candidato ao quarto lugar ou até a mais do que isso se algum dos candidatos ao titulo fraquejar.
Resta falar do “meu” Vitória.
Mal a contratar, mal a vender e mal a emprestar ou ceder a titulo definitivo.
Emprestou e dispensou jogadores que lhe vão fazer falta (Valente,João Afonso, Alex, Tozé, até Tyler Boyd o melhor jogador da equipa B na época passada) sem sequer cuidar de ter alternativas para as suas posições.
No caso de Valente permitindo até que fosse reforçar um competidor directo no apuramento para as competições europeias...
Vendeu por valores baixos, como de costume, titulares como Josué e Zungu (Bruno Gaspar com a ajuda do Benfica acabou por nem ser mau negócio) debilitando sectores que já de si careciam de reforço e não de enfraquecimento.
E fez contratações que quase todas, para ser ...simpático, vão precisar de provar que mais do que contratações são verdadeiros reforços capazes de darem qualidade ao plantel e competitividade à equipa.
Dos jovens sul americanos Estupinam e Rincon sem qualquer experiência do futebol europeu à jovem promessa portuguesa Francisco Ramos ou venezuelana Vítor Garcia é todo um mundo de interrogações sobre como reagirão à realidade competitiva da primeira liga e à elevada exigência que jogar no Vitória acarreta.
Os restantes três reforços (assim se espera...) passam pelo emprestado Heldon cuja carreira tem sido apenas mediana depois de muito prometer no Marítimo, por Wakaso que deixou uma boa imagem quando passou pelo Rio Ave e por outro emprestado, desta vez pelo Arouca(não,não é engano...), de seu nome Jubal cuja capacidade de resposta em termos de jogar num clube como o Vitória que compete para lugares europeus e na Liga Europa é desconhecida.
Em suma depois de um excelente quarto lugar e da presença no Jamor esperava-se um plantel mais forte, mais competitivo e ainda mais ambicioso de acordo com aquela que é a visão que os adeptos tem para o seu clube.
Saiu “isto”.
Que dificilmente pode deixar de ser considerado como uma enorme desilusão.
Resta agora a realidade dos jogos e das competições provar, sem margem para duvidas, os acertos e os erros dos cinco clubes nas suas movimentações de mercado e a forma como souberam responder às expectativas dos seus adeptos.
Deixemos a bola rolar.

4 comentários:

  1. Rui Saavedra12:10 da tarde

    O Presidente do Vitória garantiu que o clube arrecadou 8,2 milhões em 5 titulares da equipa que ficou em 4º lugar e foi à final da Taça. Vale mesmo a pena falarmos em transferências?
    Cumprimentos,

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  2. Caro Cirilo,
    Desde já os meus parabéns pelo seu artigo, escrita fácil, numa análise na minha modesta opinião correta, simples, e precisa e ainda desprovida de qualquer clubite.
    Por momentos julguei que seria mais um a troçar e a questionar a veracidade da operação do SCB efetuada com a Lázio, relativamente a Jordão e Neto…já li em jornais como a “Bola” e “o jogo” alusões a esta operação achincalhando o SCB de uma forma vil que sinceramente não faço a mínima do porquê da raiva e ostracismo desta gente para com o SCB.
    Que esta operação é pouco usual e admirável é com certeza, mas daí a questioná-la de uma forma vil, sinceramente…
    Na bola Pedro Marques Lopes, vai longe demais epitetando o Braga de “Sporting JM de Braga” no jogo Manuel Queiroz, diz que vai estar atento ao relatório e contas do SCB para aferir da veracidade desta operação.
    Quer um quer outro, poderiam direcionar este fervor contabilístico, para estarem atentos às contas do Porto, nestes últimos anos para tentarem descortinar para onde foram os milhões que saíram das contas do clube, que fez com que estes estejam nas ruas da amargura…e talvez Pedro Marques Lopes sem muito esforço consiga um novo nome para o FCPORTO e facilmente sem mudar muito encontre um F. C(omissões)Porto.
    Por ultimo o Eng, Julio Mendes resolveu ir na onda e tratou de mandar também umas bicadas, ao SCB a propósito do negócio da Lázio (salvo erro já teve resposta à altura) é mau entrarem neste tipo de guerrinhas, e logo o Engº Julio Mendes que me parecia uma pessoa diferente e razoável…acossado não sei por quem resolveu também dar um ar da sua graça…esteve mal muito mal…
    É incrível como não se questionam os negócios dos três do costume…com a mesma veemência que se questionam os negócios do Braga…será que JM só intermedeia negócios do Braga?
    É por isso que os pequenos (Braga, Vitória…) dificilmente chegarão longe,,,,existem sempre forças ocultas e não ocultas que dificilmente permitirão isso…
    Por ultimo esta bicada do Engº Julio Mendes, ao SCB faz-me lembrar a estória dos caranguejos…
    “Questionado por um estrangeiro, porque motivo não punha um tampão no balde para os caranguejos apanhados não fugirem, o pescador de caranguejos na Póvoa de Varzim lá respondeu …estes caranguejos são Portugueses, e como tal quando um tenta escapar os outros puxam-no para baixo, logo não preciso de tampão”…..
    Depois falamos
    Um abraço.

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Caro Rui Saavedra:
    De facto mais vale falar em saldos.
    Caro Manuel Cunha:
    Não tinha nenhuma razão para por em causa o negócio do SCB com a Lázio. E partilho inteiramente da sua indignação perante comentadores que aceitam como bom, transparente e louvável tudo que vem de três clubes mas quando veem um que não faz parte desse lote a fazer bons negócios então lançam logo suspeitas e desconfianças. Se quisessem ser honestos, isentos no comentário e rigorosos na honestidade intelectual então investigariam,comentariam e desconfiariam dos colossais passivos de Benfica,Porto e Sporting que sustentam (os passivos) a diferença competitiva entre eles e os outros e que ninguém os obriga a pagar. Não tenho qualquer duvida que Braga e Vitória com passivos de 300,400 ou 500 milhões já teriam sido várias vezes campeões nacionais.Só que a nós, clubes médios, tudo se exige. Aos outros três tudo se permite.
    Quanto às infelizes declarações do eng. Júlio Mendes acerca do SCB, proferidas numa entrevista recheada de infelicidades, devo dizer que até eu fiquei surpreendido por não ser nada habitual nele o pronunciar-se sobre os outros clubes.
    É verdade que o Vitória está a ter um mau inicio de época como é verdade que os seus dirigentes enfrentam uma contestação como nunca tiveram nestes cinco anos por parte de adeptos incrédulos com a forma como a época foi preparada. Mas dirigir significa estar preparado para o bom e para o mau e saber manter o equilíbrio em ambas as situações. E em boa verdade o SCB não tem culpa nenhuma dos erros cometidos no Vitória pelo que usá-lo para uma manobra de diversão me parece completamente errado.

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