As campanhas eleitorais tem como objectivo essencial o esclarecimento dos eleitores de molde a que possam exercer o seu direito de voto tão esclarecidos quanto possível e perfeitamente identificados com as escolhas que vão fazer.
É por isso normal que num tempo razoável antes das eleições, dois meses por exemplo, se assista a uma pré campanha a que depois sucede a campanha propriamente dita, nos períodos legalmente previstos, e durante a qual os partidos e movimentos concorrentes esgrimem as suas ideias , propostas e projectos.
O normal é que quem está no poder defenda a obra realizada, apresente o programa para os quatro anos seguintes e procure convencer os eleitores de que a continuidade é a melhor solução para o desenvolvimento da comunidade.
Do outro lado a oposição procura demonstrar que o mandato foi abaixo das expectativas, que o programa não foi cumprido e que a melhor solução estará na mudança que permita a novos protagonistas e novas ideias assumirem o poder e governarem.
E isto tanto se aplica ao país como às autarquias!
Sendo certo que em eleições autárquicas, onde a proximidade entre eleitos e eleitores é bem maior e a “ malha” de avaliação muito mais “fina”, o debate político perde em sofisticação o que ganha em crueza e aproximação da realidade.
Depois de anos iniciais de democracia em que as campanhas eleitorais autárquicas( e as outras também) eram relativamente pouco sofisticadas e seguindo modelos estandardizados, também porque o marketing e as tecnologias não eram o que são hoje nem nada que se pareça, assiste-se na actualidade a uma criatividade cada vez maior e à utilização de argumentos outrora impensáveis para convencer os eleitores a confiarem o seu voto.
Dos bonés, canetas e sacos plásticos do antigamente “evoluiu-se” para os electrodomésticos de Valentim Loureiro e para as músicas pimba que se tornaram hinos de campanha um pouco por todo o lado até chegarmos à sofisticação dos tempos que correm com grande recursos às tecnologias, às redes sociais e à personalização de contactos por via da internet e das imensas possibilidades por ela oferecidas.
Mas tal como na obra de Goscinny e Uderzo- As Aventuras de Astérix- existia uma pequena aldeia gaulesa que resistia aos romanos que a cercavam com recurso a uma poção mágica também na política autárquica portuguesa existe quem esteja sempre, qual druida, em busca da sua própria poção mágica que lhe permita evitar um juízo negativo dos eleitores.
No caso o PS de Guimarães.
Que no poder há vinte e oito anos, incapaz de se renovar programaticamente e apresentar a Guimarães outras ideias que não o concurso a capital ou cidade europeia de qualquer coisa que esteja na moda, resolveu inovar naquilo que não dá trabalho e optar por formas de campanha que no seu entender serão a tal “poção mágica” mas que a 1 de Outubro são bem capazes de se revelarem uma mistela que em vez de dar votos apenas dará azia.
Dois exemplos.
Um é caricato, mas recorrente nas ultimas semanas e até meses, que passa por depois de andarem anos a acusar a oposição de falta de ideias (o que é redondamente falso aliás) passaram para a fase de criticarem as ideias da oposição, as considerarem impraticáveis, irem atrás da forma como a oposição publicita as suas ideias para a imitarem e contraditarem (vide rotunda de Silvares que está lá um belo exemplo) e finalmente garantirem que tem apoios e financiamentos garantidos para a execução de projectos quando nada disso é verdade.
A campanha típica do fim de ciclo e de quem já não sabe que dizer.
Mas este sábado foram mais longe (ai o desespero…) e conseguiram até ser notícia, infelizmente para eles por más razões e com má repercussão pública, quando a propósito da final da supertaça decidiram numa manobra de grosseiro e condenável eleitoralismo fazer aquilo que nunca ninguém tinha feito e que consistiu em comprarem bilhetes e alugarem autocarros para levarem idosos do concelho ao futebol!
Não a Fátima, como é tradicional em todas as autarquias mas por norma fora de períodos eleitorais, mas mesmo ao futebol.
Claro que a manobra não correu bem.
Dos mil que se propunham levar apenas conseguiram metade e mesmo nesses o conceito de idoso era muito volátil dada a idade de alguns que viajaram na condição de pertencerem a essa faixa etária mas ao que parece eram bastante mais jovens.
O que revela que também nos mais idosos, por regra um segmento mais frágil de de mais fácil convencimento com algumas benesses de ultima hora, também a capacidade de persuasão do PS de Guimarães está a esgotar-se rapidamente.
Em qualquer dos casos, com ou sem sucesso na manobra, há que dizer com toda a clareza que esta forma de fazer campanha, esta associação oportunista da campanha eleitoral ao prestígio da maior instituição do concelho, este despudor em tentarem à boleia do Vitória captarem votos nas eleições é uma vergonha e uma razão mais para a um de Outubro o PS ser enviado para um mais que preciso descanso dando lugar a quem tem ideias, projectos e novos protagonistas.
É tempo de mudar!
Caro Cirilo:
ResponderEliminarConto-lhe uma nova forma de fazer campanha. Claro que foi na Mouraria.
Um tipo, a quem saiu na rifa uma junta, saiu a fazer campanha. Entrava em todas as lojas da freguesia, apresentava-se em vez de convencer o dono que era o melhor futuro autarca dizia:
-Tem aqui um boa loja
-Nem tanto, com a crise isto está fraco
-Bem, bem, para não ter problemas, dá-me X, que não terá chatices com o Estado.
E, assim num sítio onde o PSD deveria ter 40% mínimo -teve 20.
Já agora: um tipo a quem saiu um prémio da «Farinha Amparo»-é candidato a vereador-, teve 19% de votos, onde um estúpido militante teve 33%.
PSD/Mouraria-um case study
Cara il:
ResponderEliminarDe facto na Mouraria a realidade ultrapassa largamente a ficção.
E quantos mais casos como esse haverá...