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terça-feira, julho 04, 2017

Amizade

Por razões que se conhecem, algumas das quais imputáveis aos próprios políticos e outras ao típico ADN português, a actividade política tem em Portugal "mau nome" e os detentores de cargos, do presidente mais pequena junta de freguesia ao presidente da república, estão sempre sobre suspeita de serem uma quantidade de coisas pouco lisonjeiras.
Quando se fala de deputados, por razões que nunca percebi, então esse "mau nome" duplica.
O que na maioria dos casos, mas não todos, é profundamente injusto.
E a cada um dos 230 deputados , do presente ou do passado, atribuem-se mil motivações suspeitas para estarem na política, para se relacionarem uns com os outros e dentro dos respectivos partidos, e não se acredita que possa existir algo para lá do interesse puro e simples.
O exemplo que a seguir narro provará que não é bem assim.
Como é sabido a IX legislatura foi interrompida em 2004 por uma golpada patrocinada pelo então presidente da república (Jorge Sampaio) que dissolveu um parlamento onde existia uma maioria estável e coesa para provocar eleições antecipadas que devolvessem o seu partido ao poder.
Assim aconteceu e graças a Jorge Sampaio o país teve de aturar Sócrates durante seis anos e vai pagar os seus disparates durante décadas.
Talvez fruto da injustiça sofrida, talvez pelo bom relacionamento existente entre eles, talvez porque na política também há lugar à amizade desinteressada, um grupo dos deputados do PSD então "dissolvidos" resolveram manter.se em contacto (alguns continuaram como deputados nas legislaturas seguintes mas a maioria voltou à sua vida profissional) e juntarem-se uma ou duas vezes por ano em almoços ou jantares de confraternização.
E assim tem sido desde 2005.
Umas vezes aparecem vinte e poucos, outras trinta ou quarenta, outras ainda cinquenta ou sessenta, uma vez já estiveram mais de setenta,consoante as disponibilidades de cada um e as datas serem mais ou menos propícias.
O primeiro encontro foi em Lisboa mas depois consoante o "voluntário" ou a "voluntária" que se oferece para realizar o seguinte estenderam-se ao resto do país incluindo Madeira e Açores e assim continuará a ser.
Já estivemos em Gaia, Estremoz, Sangalhos (duas vezes) ,Viseu, Braga, Alcobaça, Covilhã, Alcochete, Viana do Castelo, Bragança, Maia, Golegã, Anadia, Funchal, Angra do Heroísmo e Vila Nova de Foz Coa onde quinze dias atrás se realizou mais uma confraternização que teve como anfitrião Gustavo Duarte actual presidente da câmara e deputado nessa legislatura interrompida.
No total, e até agora, dezoito encontros de confraternização.
Onde,naturalmente, são cada vez mais os ex deputados e cada vez menos os deputados ainda em funções porque a IX legislatura terminou em 2005 e nestes doze anos muitos dos que ainda continuaram nessa altura foram deixando funções.
Por exemplo neste encontro de Foz Coa não estava nenhum deputado em funções.
Em doze anos de encontros, com essa saudável dispersão geográfica atrás narrada, seria natural que já não houvesse participantes totalistas em todos os encontros.
Mas há!
O então líder parlamentar, Guilherme Silva, e a então chefe de gabinete do grupo parlamentar e grande organizadora destas confraternizações,Fátima Resende, que estiveram em todos os dezoito encontros.
Pela parte que me toca estive em onze dos dezoito mas com muita pena de por isto ou por aquilo não ter podido estar em todos.
E concluído o encontro de Foz Coa já está marcada nova confraternização para Estremoz (um regresso onze anos depois) lá para Novembro.
Como sempre em nome da amizade!
Depois Falamos.

P.S: A foto retrata o encontro de Foz Coa que teve a curiosidade, muito agradável, de se realizar a bordo de um barco que subiu o Douro de Pocinho até Barca de Alva acompanhando a antiga e lamentavelmente desactivada linha de caminho de ferro.
Uma paisagem belíssima e um percurso que vale a pena ser feito.

4 comentários:

  1. Caro Cirilo: Assim que vi a foto, pensei: E EU ?!
    Festança, passeatas e almoçaradas é comigo. Depois vi que era uma confraternização de antigos deputados, então está tudo bem -eu deputada, só de freguesia!

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  2. Cara il:
    Mas pode vir a ser deputada no Parlamento. Quem sabe...

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  3. Caro Cirilo:
    Nem que Cristo desça do céu -e eu não me chamo Marcelo

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  4. Cara il:
    Nunca diga desta água não beberei

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