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segunda-feira, maio 15, 2017

Vídeo Árbitro

O meu artigo de hoje no zerozero.

O futebol é uma modalidade simples.
Simples de praticar, simples de entender nas suas regras (embora umas mais que outras há que dizê-lo) , simples nos recintos onde pode ser praticado e simples no número de praticantes por equipa que pode ser perfeitamente variável.
Estou a falar do futebol na sua simplicidade maior e não de competições organizadas, bem entendido, em que o formalismo e as exigências já são de outra ordem.
E por isso quando se dá uma bola a um conjunto de crianças, desde a mais tenra idade, o mais natural é que desatem a jogar futebol e não qualquer outra modalidade como andebol, voleibol, basquetebol precisamente porque o futebol é simples de entender e praticar.
Não tenho qualquer dúvida que hoje o futebol é a modalidade desportiva de maior expressão a nível mundial, aquela que se pratica em mais países, que tem mais federações nacionais, que movimenta as maiores somas em seu redor e que naturalmente tem maior número de adeptos e seguidores.
Entre várias outras características que a tornam a modalidade número um.
Se considerarmos que o futebol, como o conhecemos hoje, já vem do século dezanove época em que em vários países (com Inglaterra à cabeça) já se disputavam campeonatos nacionais e troféus a eliminar como a Taça de Inglaterra por exemplo isso dá-nos a dimensão do sucesso da modalidade mas também leva a algumas reflexões sobre a razão para tamanho sucesso.
Jogadores talentosos? Sem dúvida.
Grandes treinadores? Claro que sim.
Clubes de profundo enraizamento popular que geram paixão dos adeptos pela modalidade? Inquestionavelmente.
Cobertura pela comunicação social, primeiro jornais, depois rádios e televisões, agora tudo isso mais os jornais digitais, os sites especializados (como o zerozero) , as redes sociais?
Sem duvida que foram,são e serão fundamentais.
Mas ,em minha opinião, a razão primeira está na acessibilidade do jogo, na facilidade de ser jogado em terra,relva,areia, cimento, madeira e essencialmente na simplicidade das regras.
Que são poucas e que tem mantido uma enorme estabilidade ao longo deste mais de um século de competições regulares de competições nacionais e internacionais o que permite a sua fácil apreensão por gerações sucessivas de praticantes e adeptos.
É claro que houve evolução nalgumas delas, como por exemplo no número de substituições permitidas ou no atraso de bolas para os guarda redes entre outras, mas foram poucas e nunca introduzindo modificações radicais na modalidade.
A questão é que esse conservadorismo do “International Board” se por um lado protegeu a modalidade de alterações radicais que a desvirtuassem por outro “atrasou-a” quer em relação à evolução dos tempos quer em relação a outras modalidades que aderiram com maior rapidez às novas tecnologias como factor de reforça da verdade desportiva das competições.
Foram os casos, por exemplo, do basquetebol e do ténis entre outros.
E por isso o espectador comum do futebol, sensível à paixão que a modalidade gera e ao inconformismo cada vez maior com que se enfrentam fenómenos, chamemos-lhes assim, de desvirtuamento da verdade desportiva começou a pressionar no sentido de também no futebol serem introduzidas tecnologias auxiliares dos árbitros que permitissem reforçar a verdade das decisões que estes tomam durante os jogos.
Foram anos de pressões quer dos adeptos,quer da comunicação social,quer de jogadores e treinadores e como “água mole em pedra dura...” estamos no tempo em que o futebol vai dar o passo decisivo na introdução dessas tecnologias auxiliares.
Em Portugal, onde a FPF foi uma das pioneiras a nível mundial, será já na próxima final de Taça de Portugal que pela primeira vez será utilizado o vídeo árbitro como auxiliar tecnológico do trio de arbitragem que no relvado vai dirigir a partida.
Independentemente do que se pense de começar este novo ciclo com uma final de Taça (pessoalmente discordo por achar muito arriscado introduzir uma revolução de procedimentos num jogo que decide um troféu) é sem duvida um momento importante e que importa saudar porque conduz,assim se espera, a uma muito maior verdade desportiva em competições nacionais que dela andam tão carentes.
Pessoalmente,e não conhecendo ainda em detalhe todas as situações que vão ser abrangidas, acho que existem três que são fundamentais para justificar a introdução do vídeo árbitro.
A tecnologia, chamada “olho de falcão” , que permite aferir se a bola entrou ou não na baliza.
A decisão sobre a marcação de grandes penalidades e que levará,assim se espera, ao desaparecimento dos “piscineiros” porque essa “arte” vai ser eliminada pelo recurso do árbitro à tecnologia.
E a indicação pelo vídeo árbitro de jogadores que tenham agredido adversários,sem o trio de arbitragem se aperceber, e que assim serão expulsos de imediato ao invés de continuarem em campo sem punição para o acto grave que cometeram.
Estas três são, do meu ponto de vista, fundamentais.
Ao que parece também os lances de fora de jogo serão abrangidos pelo vídeo árbitro mas como não sei exactamente em que enquadramento (é fácil anular uma jogada em que há fora de jogo não assinalado pelo árbitro auxiliar mas é muito mais difícil, para não dizer impossível, reatar uma jogada em que o fora de jogo foi mal assinalado) não me pronunciarei sobre ele por enquanto.
Seja como for há uma nova era, em termos de verdade desportiva, a começar.
E isso é excelente para o futebol.

P.S. É fácil de perceber que sou um defensor das novas tecnologias como auxiliares do árbitro.
Mas não sou ingénuo.
E espero para ver, com grande curiosidade, como é que alguns árbitros e ex árbitros vão ser mais competentes, mais sérios, mais rigorosos e mais isentos na função de vídeo árbitro do que o foram e são de apito na boca.

6 comentários:

  1. José Duarte2:32 da tarde


    Quanto a mim, os esforços que o homem faz para irradiar a injustiça através de novas invenções tecnológicas, acabam sempre por moralizar a imoralidade. Pois, a par do bem anda o mal, ao ponto de não conviver um sem o outro. Aqui, aparece Deus... e o Diabo! Para quê acreditar, se somos todos felizes sem o conhecimento?!

    O vídeo-árbitro não chega ao Natal. Quando muito ficar-se-há pelo Advento.

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  2. José Duarte3:05 da tarde


    O vídeo-árbitro é obra para a proliferação das discussões entre os "paineleiros", apenas, dos Três Estarolas. Ele é um contra-veneno para que os "grandes" não possam morrer das suas próprias mordeduras. Pelo que, vejo, o próximo campeonato vai arrasar as ínfimas hipóteses de um Braga ou Vitória chegar no fim em primeiro lugar. O povo já andava desconfiado, mas agora escusa de ter dúvidas; há o ladrão a ceifar no campo, como de costume, e o super-ladrão com a debulhadora, por causa delas.

    (Cá está o Evangelho, sempre presente no cérebro dos pobres mortais: algum milho cairá da mesa farta do rico para os pobrezinhos, debaixo dela... Se não fosse tal já tinham acabado os ricos! - coisa que a inteligência repugna, quando diz, não são estes que devem acabar, mas sim os indigentes).


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  3. Caro José Duarte:
    Gostei muito da sua abordagem ao assunto e devo dizer-lhe que o meu pensamento não anda longe do seu quanto a esta matéria.
    Penso que no geral vem ajudar o futebol mas temo que no caso português apenas sirva para ajudar os que já tem tantas ajudas desde sempre.
    A ver vamos. Mas sempre de pé atrás

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  4. O vídeo árbitro é uma evolução natural do aproveitamento da tecnologia, e que se segue a outras já utilizadas nos jogos, entre as quais a mais significativa é a utilização dos intercomunicadores entre os diversos árbitros.

    Mas a utilização do vídeo árbitro, aparentemente a solução milagrosa que tudo vai resolver, deixa-me muitas dúvidas.

    Primeiro, porque ainda está para ver a sua aplicação prática; os jogos serão interrompidos sistematicamente por acontecimentos que se verificaram alguns minutos atrás?
    Ou só há decisões em lances que tenham sido interrompidos? (como a marcação de um penalti, por exemplo).
    Há ainda muitas dúvidas neste aspeto....
    .
    Segundo, porque todos sabemos que muitas decisões não são consensuais, mesmo em fóruns de arbitragem (ex, o tribunal do jornal "o jogo"). Portanto, o que me parece é que o vídeo árbitro vai ser, também ele, objeto da contestação dos clubes envolvidos. Não vamos resolver as disputas, vamos sim elevar a fasquia da exigência, mas as disputas continuarão da mesma forma

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  5. O penalty marcado a favor do SLB, no último fim de semana, será sempre pénalty na área adversária do clube da Luz, com ou sem video-árbitro... Acho os video-árbitros ainda vão ser piores porque ninguém os questionará no decurso do jogo. Estou apenas de acordo com a tecnologia olho de falcão para a linha de golo e para o fora de jogo - que o fiscal de linha, em caso de dúvida, deveria deixar para o video-árbitro decidir.

    Miguel Leite

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  6. Caro luso:
    Sendo favorável às tecnologias como auxiliares dos árbitros também tenho muitas duvidas sobre como funcionarão em Portugal. E dou-lhe um exemplo: se se confirmar que no video árbitro do Jamor vai estar Soares Dias que confiança podem ter os vitorianos nas suas análises? Creio que a sua resposta será igual à minha.
    E pergunto-me? as decisões do video árbitro serão tornadas públicas ou serão a forma encapotada de ainda beneficiar mais quem já é muito beneficiado?
    Caro Miguel Leite:
    Por mim aplicava-se apenas ao "olho de falcão", às grandes penalidades e às agressões. mais nada.

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