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segunda-feira, abril 03, 2017

Arrepiar Caminho

O meu artigo de hoje no zerozero

Gosto de futebol desde que me conheço.
E embora adepto ferrenho do Vitória gosto do futebol para lá do meu clube e das suas circunstâncias e aprecio ver um bom jogo independentemente dos clubes envolvidos ou das provas em disputa.
Ver futebol pelo futebol.
Talvez por isso vejo relativamente poucos jogos das nossas provas internas, para lá daqueles em que participam o Vitória e o Vitória B, por três razões de fundo e que são para mim cada vez mais inultrapassáveis.
A primeira, e essencial, é porque cada vez se vêem menos jogos com a qualidade necessária a prender a atenção durante os noventa minutos de jogo quer pela falta de espectacularidade do futebol praticado quer por um anti jogo que em desuso noutros campeonatos mais sérios e competitivos no nosso vem progressivamente ganhando terreno.
A segunda é porque infelizmente a verdade desportiva das competições é cada vez mais uma miragem face à escandalosa protecção que os poderes instituídos dão a três clubes e a secundarização de todos os outros o que leva a que na maioria dos jogos em que esses clubes intervêm só por pura sorte se possa assistir a um confronto em que o campo não seja habilidosamente inclinado.
A terceira, que se aplica especialmente aos clubes a quem se chama pomposamente “grandes”, é a tendência “suicida” que os seus dirigentes e porta vozes  televisivos têm para estragarem e denegrirem o produto futebol com quezílias sem sentido e profundamente irresponsáveis face à facilidade com que em questões de futebol se encaminham os adeptos para os maus caminhos da violência.
Por estas razões não vi o Benfica-Porto.
Achei absolutamente lamentável que nas semanas anteriores ao jogo, quando ainda havia outras competições em disputa e nomeadamente um jogo da selecção nacional muito importante para o apuramento para o mundial de 2018, já se andasse por alguma comunicação social a intoxicar os leitores e telespectadores como se um simples jogo de campeonato do qual nunca sairia nada de definitivo em termos de título tivesse a importância de uma final da liga dos campeões.
Era nos debates televisivos, era nas entrevistas e comentários nos jornais, era em alguns programas de rádio uma obsessão pelo jogo de sábado passado que apenas servia para demonstrar a pequenez do nosso futebol e a ainda menor pequenez de alguns dos que em volta dele gravitam.
Depois foi a rábula dos bilhetes.
Digna de um enredo de Agatha Christie ou de John le Carré envolvia o profundo mistério de quem compra bilhetes aonde, quem se infiltra no meio de quem, como se identificam os adeptos deste e daquele, quantos regimentos de polícia eram precisos para evitar a batalha tribal que se adivinhava, enfim todo um envolvimento de um simples jogo de futebol que nada tinha a ver com… futebol e que nos remetia para os piores cenários de algum futebol latino-americano da segunda metade do século passado.
A “ajudar “ a tudo isto acrescia a irresponsabilidade de alguns dirigentes do Benfica e do Porto que ao invés de fazerem alguma pedagogia, desdramatizarem a carga emocional do jogo e apelarem aos adeptos para um cenário de normalidade e desportivismo se entretiveram, como é seu infeliz hábito, a produzirem declarações e “sound  bytes” que apenas serviram para adensar as preocupações em volta do jogo.
A nomeação de Carlos Xistra foi a cereja em cima do bolo e o contributo decisivo para perder qualquer interesse em ver o jogo.
Não gosto que brinquem com o futebol e ainda menos de me sentir “gozado” enquanto adepto mesmo não o sendo de nenhum dos clubes em confronto e sendo-me indiferente o resultado da partida.
E a nomeação de Xistra foi brincar com o futebol.
Porque além de ser um árbitro fraco, de pouca categoria e continuamente envolto em polémicas, tem um longo historial de arbitragens “amigas” do Benfica da qual a mais escandalosa de todas foi o ano passado em Guimarães quando não marcou três (TRÊS) grandes penalidades a favor do Vitória e castigando o Benfica como a generalidade da comunicação social reconheceu.
E por isso a sua nomeação para um jogo desta importância foi o barómetro ideal para avaliar a seriedade e a verdade desportiva que envolvem as nossas competições e a isenção de quem nelas decide.
Uma vergonha.
E por isso nem vi o jogo nem me arrependi de não o ter visto!
Creio que o nosso futebol, o futebol campeão europeu de selecções (ironias…), vai por um caminho cada vez pior, mais degradante, mais susceptível de gerar mais fanatismo e de simultaneamente afastar dos estádios quem não se revê em tudo isto.
Há que arrepiar caminho.
E o tempo já não é muito…

P.S. Estritamente como vitoriano, e depois de ver um curto resumo do jogo, constatei que o mesmo Xistra que em Guimarães não viu os tais três penaltis (que existiram) contra o Benfica no sábado conseguiu ver um penalti que não existiu a favor do…Benfica.
Bem fiz eu em não ver o jogo!

4 comentários:

  1. Caro Luis Cirilo,
    Xistra também não viu o agarrão de Maxi a Samaris nomgolo do Porto...
    Mas isso o Senhor não fala entendo e compreendo...

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  2. Caro cards:
    Lá virá o dia em que um benfiquista admita que o seu clube é favorecido pelos árbitros.
    São sempre os outros não é?
    Não vi esse agarrão nem o vi referido no pouco que li sobre o jogo.
    Mas se existiu o árbitro devia ter marcado.

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  3. Caro Cirilo,

    Tenho que discordar de si pela imprecisão. O buraca não é (só) favorecido pelos árbitros; é empurrado, levado ao colo e até em ombros. No fundo, o que for necessário para os próprios intentos, em prejuízo dos adversários, da competição e da verdade desportiva.

    Cumprimentos,

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  4. Caro JRV:
    Mas nisso estamos de acordo.
    E devo dizer que tenho grande receio quanto ao árbitro para o Jamor se a final for com eles. "Cheira-me" a Xistra...

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