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quinta-feira, abril 15, 2010

De Guimarães a África

Cartoon: http://miguelsalazar.blogs.sapo.pt

Publiquei este artigo no site da Associação Vitória Sempre.
O cartoon retrata precisamente os dois polos em análise.
Basilio produto da formação vitoriana e N´Dinga o melhor jogador africano que passou pelo Vitória na minha modesta opinião.

Creio que com o apuramento europeu apenas dependente de si próprio o Vitória pode equacionar, com alguma tranquilidade, a sua próxima época desportiva com base na participação na Liga Europa.
Que é um tipo de competição que traz prestigio, algum dinheiro, e visibilidade para as equipas e jogadores que consigam fazer uma carreira aceitável na competição.
Que é o que se espera do Vitória.
Deixando de lá as sempre apetecíveis conjecturas sobre plantel, treinador, reforços e dispensas na convicção de que alguém estará a tratar atempadamente disso proponho-me hoje reflectir sobre outras realidades porventura menos abordadas quando se fala do clube.
Nomeadamente o projecto desportivo a médio prazo.
Que do meu modesto ponto de vista deverá ser alicerçado na formação e numa prospecção altamente profissionalizada em mercados onde existam oportunidades reais de contratação de jogadores de bom nível e sem custos inflaccionados.
Em termos de formação apresenta-se-nos hoje uma realidade deveras agradável; os escalões de formação do clube apuraram-se para a fase final das respectivas competições e vão disputar os títulos nacionais.
E isso é extremamente positivo. Mas e depois ?
O que vai ser feito dos jovens que transitam para seniores ?
Se há realidade confrangedora no clube, em termos desportivos, é precisamente a falta de aproveitamento dos valores oriundos da formação e que uma vez chegados á idade sénior são desbaratados por completo.
A época transacta uma “fornada” de muito bom nível foi distribuía por Serzedelo, Maria da Fonte, Gondomar e afins na demonstração clara da ausência de uma verdadeira politica desportiva no clube.
Creio que, infelizmente, nem um estará na equipa principal na próxima temporada tal o eclipse de que foram alvo nesses clubes.
Quando o que faria todo o sentido seria colocá-los num só clube, no âmbito de um protocolo que servisse ambas as partes, de molde a poderem ter uma evolução acompanhada e jogando num escalão competitivo que nunca poderia ser abaixo da Liga Vitalis.
Mandar jovens em fase final de formação para equipas que disputam a III divisão é, pura e simplesmente, aniquilar qualquer possibilidade de eles evoluírem de forma aceitável e consequentemente deitar fora todo o investimento feito na sua formação.
Infelizmente tem sido essa a norma no nosso clube e de há muitos anos a esta parte.
Existem excepções a esta regra ?
Existem.
Mas são isso mesmo, excepções.
Quanto á prospecção creio que seria preciso começar do zero.
Porque isto de mandar o treinador adjunto to ao Brasil ver uns jogos é uma metodologia velha de trinta anos e que só por muita sorte pode dar algum resultado.
O defensável será escolher um director de prospecção competente que organize a nível nacional e internacional uma rede de olheiros devidamente habilitados para fornecerem informações concretas dos respectivos mercados.
Informações sobre a valia técnica dos jogadores, sobre a sua personalidade e conduta, inserção social e percurso desportivo, uma verdadeira radiografia do atleta e do homem.
Para depois, quando detectadas as necessidades do plantel, as pessoas que se deslocarem a esses mercados vão munidas de toda a informação sobre os jogadores que vão analisar e poderem decidir na hora as contratações.
De outra forma estas viagens servem apenas para inflacionar, e muito, a rubrica do orçamento do clube referente á prospecção. Com os risco, até, de se gastar mais dinheiro na prospecção do que na contratação de jogadores.
Uma palavra final para África.
O continente onde está o futuro do futebol.
Penso que é um mercado em que o Vitória tem que estar presente com grande interesse e capacidade de antecipar o futuro.
Temos razões de afinidades seculares com alguns países que já foram Portugal, a que nos une a língua e a História, mas temos também um espaço interessante noutro países da bacia mediterrânica muito por força de alguns jogadores que por cá passaram.
Refiro-me concretamente á Tunísia e Argélia.
Especialmente no primeiro onde o Vitória goza de enorme simpatia por força da bem sucedida passagem do Ziad por Guimarães.
Entendo que o clube deve procura parceiros nesses mercados de modo a ser interlocutor privilegiado na contratação de jovens valores emergentes desses países onde, por sorte, os grandes clubes não têm apostado.
Está aí um nicho de oportunidade que não temos o direito de desperdiçar.
Porque o Vitória tem alargar os seus horizontes.
Geográficos e de ambição.

6 comentários:

  1. Talvez redundante dizer que concordo em absoluto, até porque este acabou por ser um caminho aflorado aquando da campanha eleitoral, sendo também aquele que aponto como um dos rumos certos da política de contratações e de aproveitamento dos activos do Vitória.

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  2. No Brasil as comissões são maiores......daí virem os contentores.

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  3. Caro Vimaranes:
    Das boas ideias nunca devemos desistir. É o velho adágio da agua mole em preda dura.
    Claro que para isso é preciso ter as pessoas certas nos lugares certos.
    Mas isso já é outra conversa.
    Caro Pedro:
    Em muitos casos é exactamente isso.

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  4. VITÓRIASEMPRE1:22 da manhã

    Concordo em absoluto com o texto.Há que crescer e uma grande prospecção é fundamental. Eu até tenho um plano: ir ao nosso rival e «roubar-lhes» o director da propecção (não sei o nome). Era aquilo que se costuma dizer de «matar dois coelhos com uma cajadada»

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  5. Obviamente que concordo em absoluto com as palavras de Luís Cirilo, quer na política de continuidade das escalas de formação, quer nas contratações.
    Relativamente às camadas jovens, nomeadamente os juvenis, juniores, porque não, em substituição de um protocolo, a criação de uma equipa B para que possam seguir a carreira em conjunto, como equipa, mas também nas infraestruturas do Vitória, e acima de tudo com o emblema do Rei ao peito, para que continuem a sentir a "peso" da camisola.

    Relativamente à política de contratações, não só África, mas também os países de leste, com cartas dadas no futebol, com bons exemplos disso a nível nacional e internacional, não falando de que são sempre (ou quase sempre)jogadores comunitários...

    Mas infelizmente sou obrigado a concordar com as palavras do Pedro, a "comichão" é maior a comprar no Brasil do que aqui ao lado, onde os jogadores já mostraram as suas capacidades no futebol Português, e têm valores de passe muito baixos, ou mesmo de valor zero.

    Saudações Vitorianas

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  6. Caro Vitória Sempre:
    Sem mágoas nem lamentos só lhe digo que foi uma pena a Lista A ter perdido as eleições.
    Porque uma das componentes da estratégia passava,óbviamente,por "secar" o Braga.
    Caro César Fernandes:
    A equipa B é,de longe, a melhor solução.
    Por muitas razões.
    Para isso era necessário alterar alguns regulamentos e ,para isso,defendemos na campanha eleitoral a presença do Vitória em orgãos que decidem.
    Claro que a prospecção,tal como a defendo,seria complementar dessa equipa B.
    Sempre achei, e continuo a achar,que é nesse binómio formação/prospecção que está o nosso "ovo de colombo"em termos de crescimento.
    Não temos outra hipótese salvo o aparecimento,completamente improvável,de um Abramovich.
    E,para ser franco,não era por aí que eu gostava que o Vitória fosse.

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