Publiquei, hoje,este artigo no Correio do Minho.
O futebol, a paixão clubista, a dedicação a um clube faz-se muito em função de sentimentos, de emoções e afinidades que ás vezes não tem explicação racional mas que existem e isso é o que interessa.
Creio que, depois de quarenta anos a ver futebol por esse país fora, posso concluir que uma das razões que mais contribui para essa afectividade são os estádios.
Que são os templos onde jogam os detentores da nossa “fé”.
Existem em todo o mundo alguns estádios cujo simples nome nos remete para a lenda do futebol, para os grandes momentos que esse desporto nos proporciona, para a razão de ser a modalidade mais praticada em todo o planeta.
Lembro dois: Wembley e Maracanã.
E quantas memórias nos ocorrem de imediato.
Em Portugal vivemos hoje, nessa matéria, uma situação paradoxal.
Temos um futebol de nível muito mediano, com a credibilidade pelas ruas da amargura e um dirigismo clubistico quase todo importado da Idade da Pedra, mas temos uma dúzia de excelentes estádios.
Diria até que nessa matéria somos um dos países europeus mais desenvolvidos.
Claro que tal se deve ao Euro 2004 que “á portuguesa”, e como tem acontecido ciclicamente ao longo da nossa História, criou manias de grandeza que gerações futuras vão pagar durante muitos e bons anos.
Só em Lisboa demoliram-se dois estádios e fizeram-se dois novos exactamente no mesmo sítio.
No Algarve fez-se um estádio onde quase nunca se joga porque ninguém quer lá jogar.
No Porto demoliu-se um e fez-se um novo 100 metros abaixo e reconstruiu-se totalmente outro com os resultados devastadores para o clube proprietário que bem se conhecem.
Em Braga ainda “fomos” mais originais; construí-se um novo estádio e manteve-se o antigo.
Em Aveiro a mesma coisa.
Com uma brutal perda da média de espectadores.
Guimarães, Coimbra e Leiria terão sido, apesar de tudo, os municípios onde reinou mais bom senso e limitaram-se a modernizar as estruturas já existentes.
Com bons resultados nos dois primeiros casos mas já não se podendo dizer o mesmo quanto a Leiria que ficou com uma obra inacabada feiíssima.
Tudo isto para dizer o seguinte.
Não me parece que a generalidade dos novos estádios, apesar da modernidade e funcionalidade inegáveis, venham substituir os antigos no imaginário e nos afectos dos adeptos.
A nova “Luz” é um estádio excelente mas falta-lhe a mística do velho estádio, do mítico terceiro anel, a memória das grandes tardes e noites de um Benfica que já não “existe”.
Com o novo Alvalade passa-se mais ou menos o mesmo com a agravante de ao contrário da Luz ser um estádio a puxar para o feio.
O “Dragão”, porventura o mais bonito dos estádios construídos para o Euro, pese embora a modernidade e a s linhas é um estádio que está longe das velhas Antas onde o FCP construiu os alicerces dos triunfos dos últimos anos e onde se respirava um verdadeiro ambiente “tripeiro”.
E os nossos?
Os do Minho?
Começo por Braga.
Que tem um novo estádio de linhas arquitectonicamente espectaculares, conceptualmente inovador, mas frio e pouco confortável.
Bonito de ver mas pouco atraente para ver…futebol.
E depois falta-lhe a “alma” do velho 1º de Maio.
Um belo estádio, no qual se via bem futebol de qualquer bancada, com um enquadramento excelente em termos do parque da Ponte.
É seguramente o estádio onde vi mais jogos de futebol na minha vida depois do estádio do Vitória.
Recordo bem as romarias ao domingo, nos dias de grandes jogos, pela avenida abaixo rumo ao estádio compostas por milhares de adeptos que davam uma vida muito própria á cidade.
Tudo isso acabou.
Hoje Braga tem um estádio moderno mas sem “alma”.
E cuja distância da cidade se nota.
Guimarães é um caso á parte neste panorama.
Teve durante vinte anos um estádio horrível para ser simpático.
Feio, mal construído, com uma distância inacreditável entre terreno de jogo e bancadas.
Uma aberração.
Nos anos 80 iniciaram-se uma série de obras de beneficiação que culminaram com a remodelação para o Euro 2004.
Entretanto já o nome tinha sido alterado de “Estádio Municipal” para “Estádio D.Afonso Henriques” um nome no qual os vitorianos e vimaranenses se revêem profundamente.
A própria decoração interior tem muito a ver com a nossa História.
Hoje, sem qualquer perda de identidade, é um dos melhores estádios de Portugal.
No mesmo sitio de sempre.
No meio da cidade.
O que também se nota.
Os estádios são, para concluir, fundamentais na captação de adeptos e na construção da mitologia dos clubes.
Fico contente por em Guimarães, desde o Bem lhe Vai ao D.Afonso Henriques passando pela Amorosa, isso ter sido sempre compreendido.
E ajuda a explicar os mais de 30.000 sócios pagantes e os mais de 20.000 lugares anuais vendidos.
BOLA CHEIA
Lugares UEFA
É o mais competitivo dos campeonatos dentro da liga sagres.
O que vai apurar equipas para as competições da UEFA.
Nacional, Braga, Marítimo, Leixões, Académica e Vitória estão na luta.
Veremos quem é mais capaz.
BOLA VAZIA
Sporting
Tanto ruído e tanta falta de razão.
Compreendo a preocupação face ao que falta de Liga.
Mas não façam do jogo de Guimarães bode expiatório.
Já algum “leão” pensou que se aos 57 minutos Derlei tivesse sido expulso, como merecia, toda a história seria bem diferente?
Creio que, depois de quarenta anos a ver futebol por esse país fora, posso concluir que uma das razões que mais contribui para essa afectividade são os estádios.
Que são os templos onde jogam os detentores da nossa “fé”.
Existem em todo o mundo alguns estádios cujo simples nome nos remete para a lenda do futebol, para os grandes momentos que esse desporto nos proporciona, para a razão de ser a modalidade mais praticada em todo o planeta.
Lembro dois: Wembley e Maracanã.
E quantas memórias nos ocorrem de imediato.
Em Portugal vivemos hoje, nessa matéria, uma situação paradoxal.
Temos um futebol de nível muito mediano, com a credibilidade pelas ruas da amargura e um dirigismo clubistico quase todo importado da Idade da Pedra, mas temos uma dúzia de excelentes estádios.
Diria até que nessa matéria somos um dos países europeus mais desenvolvidos.
Claro que tal se deve ao Euro 2004 que “á portuguesa”, e como tem acontecido ciclicamente ao longo da nossa História, criou manias de grandeza que gerações futuras vão pagar durante muitos e bons anos.
Só em Lisboa demoliram-se dois estádios e fizeram-se dois novos exactamente no mesmo sítio.
No Algarve fez-se um estádio onde quase nunca se joga porque ninguém quer lá jogar.
No Porto demoliu-se um e fez-se um novo 100 metros abaixo e reconstruiu-se totalmente outro com os resultados devastadores para o clube proprietário que bem se conhecem.
Em Braga ainda “fomos” mais originais; construí-se um novo estádio e manteve-se o antigo.
Em Aveiro a mesma coisa.
Com uma brutal perda da média de espectadores.
Guimarães, Coimbra e Leiria terão sido, apesar de tudo, os municípios onde reinou mais bom senso e limitaram-se a modernizar as estruturas já existentes.
Com bons resultados nos dois primeiros casos mas já não se podendo dizer o mesmo quanto a Leiria que ficou com uma obra inacabada feiíssima.
Tudo isto para dizer o seguinte.
Não me parece que a generalidade dos novos estádios, apesar da modernidade e funcionalidade inegáveis, venham substituir os antigos no imaginário e nos afectos dos adeptos.
A nova “Luz” é um estádio excelente mas falta-lhe a mística do velho estádio, do mítico terceiro anel, a memória das grandes tardes e noites de um Benfica que já não “existe”.
Com o novo Alvalade passa-se mais ou menos o mesmo com a agravante de ao contrário da Luz ser um estádio a puxar para o feio.
O “Dragão”, porventura o mais bonito dos estádios construídos para o Euro, pese embora a modernidade e a s linhas é um estádio que está longe das velhas Antas onde o FCP construiu os alicerces dos triunfos dos últimos anos e onde se respirava um verdadeiro ambiente “tripeiro”.
E os nossos?
Os do Minho?
Começo por Braga.
Que tem um novo estádio de linhas arquitectonicamente espectaculares, conceptualmente inovador, mas frio e pouco confortável.
Bonito de ver mas pouco atraente para ver…futebol.
E depois falta-lhe a “alma” do velho 1º de Maio.
Um belo estádio, no qual se via bem futebol de qualquer bancada, com um enquadramento excelente em termos do parque da Ponte.
É seguramente o estádio onde vi mais jogos de futebol na minha vida depois do estádio do Vitória.
Recordo bem as romarias ao domingo, nos dias de grandes jogos, pela avenida abaixo rumo ao estádio compostas por milhares de adeptos que davam uma vida muito própria á cidade.
Tudo isso acabou.
Hoje Braga tem um estádio moderno mas sem “alma”.
E cuja distância da cidade se nota.
Guimarães é um caso á parte neste panorama.
Teve durante vinte anos um estádio horrível para ser simpático.
Feio, mal construído, com uma distância inacreditável entre terreno de jogo e bancadas.
Uma aberração.
Nos anos 80 iniciaram-se uma série de obras de beneficiação que culminaram com a remodelação para o Euro 2004.
Entretanto já o nome tinha sido alterado de “Estádio Municipal” para “Estádio D.Afonso Henriques” um nome no qual os vitorianos e vimaranenses se revêem profundamente.
A própria decoração interior tem muito a ver com a nossa História.
Hoje, sem qualquer perda de identidade, é um dos melhores estádios de Portugal.
No mesmo sitio de sempre.
No meio da cidade.
O que também se nota.
Os estádios são, para concluir, fundamentais na captação de adeptos e na construção da mitologia dos clubes.
Fico contente por em Guimarães, desde o Bem lhe Vai ao D.Afonso Henriques passando pela Amorosa, isso ter sido sempre compreendido.
E ajuda a explicar os mais de 30.000 sócios pagantes e os mais de 20.000 lugares anuais vendidos.
BOLA CHEIA
Lugares UEFA
É o mais competitivo dos campeonatos dentro da liga sagres.
O que vai apurar equipas para as competições da UEFA.
Nacional, Braga, Marítimo, Leixões, Académica e Vitória estão na luta.
Veremos quem é mais capaz.
BOLA VAZIA
Sporting
Tanto ruído e tanta falta de razão.
Compreendo a preocupação face ao que falta de Liga.
Mas não façam do jogo de Guimarães bode expiatório.
Já algum “leão” pensou que se aos 57 minutos Derlei tivesse sido expulso, como merecia, toda a história seria bem diferente?
Megalomanias que os nossos filhos têm de pagar um dia.
ResponderEliminarD.Afonso Henriques.
Está tudo dito.
A palavra por si só,diz tudo.
Fala do nascimento de um povo,há 880 anos,e fala de um povo orgulhosamente fiel ás suas origens,por maior que seja o incómodo.
Fazemos a diferênça.
Temos ideais.
Temos principios.
Somos fieis.
Sempre.
Caro Cirilo, deixe-me contrariar em relação ao Dragão, cuja força do velhinho Estádio das Antas foi tambem transmitida ao novo Dragão, com as claques distribuidas por ambos os topos e com uma visibilidade para o campo que antes não havia, uma iluminação excelente e uma pala que de facto cobre grande parte dos lugares sentados.
ResponderEliminarPara além disso, é um orgulho pois também nós o consideramos o mais bonito de todos os estádios. Se perguntar a 100 adeptos do FC Porto, verá que 80 ou mais estão mais satisfeitos na nova casa por todos os motivos...
Driblando o Destino
ResponderEliminar(Bend it Like Beckham, 2002)
Quanto a filmes não sei(não tenho a certeza mas acho que já se fez filmes sobre o Wembley e Maracana), mas há uma música, mais uma que canto todos os dias eheheh!, que se adequa a tudo ´´isto`` em termos do que já está a ser o futebol nacional, que é assim: -´´o manel tinha uma bola, que rolava pelo chão...olha a bola manel, olha a bola manel, olha a bola fugiu...olha a bola manel nunca mais ninguem a viu!``.
ResponderEliminarSó tenho pena que o nosso estádio não seja mais rentabilizado. Tem imensos sítios que poderiam ser alugados. É um estádio que fica no centro da cidade, logo poderia ter mais lojas, um restaurante e o aumento da loja do Vitória. O Vitória poderia igualmente homenagear os grandes símbolos do clube dando o seu nome a salas do clube ou entradas do estádio.
ResponderEliminarNão vi o filme de Gurinder Chadha, mas....mais uma produção bollywoodesca? Será? Não, obrigada, já bastou o pequeno oscarizado que, ao que sei, conseguiu convencer muito boa gente...
ResponderEliminarO problema de que aqui fala o Pantic foi muito bem resolvido num estádio como o de Coimbra (E falo do de Coimbra por ser de um clube que não é dos 3 grandes...).
ResponderEliminarÉ um estádio que está numa zona central da cidade, bem enquadrado e que mantém o espírito do velho "Calhabé"!
Além disso, todas as áreas disponíveis foram aproveitadas, estando o estádio dotado de uma galeria comercial, um espaço vivo e muito interessante e atractivo.
E porque não fazer isso no D. Afonso Henriques? Afinal de contas, espaço é o que não falta!
O que me parece que falta é esperteza finaceira para por aquele espaço a dar dinheiro, bom dinheiro!
Enfim, mais uma falha desta Direcção, a juntar a muitas outras que infelizmente aconteceram este ano!!!
Caro Jose Alves:
ResponderEliminarNa questão das megalomanias felizmente Guimarães passou ao lado.
No resto partilhamos o orgulho no nome do nosso estádio.
Caro Nuno:
Não me custa nada estar de acordo contigo. Porque o "Dragão" de facto é um belo estádio. Mas as Antas tinham qualquer coisa de diferente.
Caqro Vertigo:
É um bocado isso.
Caro cb:
Você está mesmo com piada.
Caros Pantic e Sic Gloria:
É verdade que o nosso estádio podia ser melhor rentabilizado a exemplo do "Cidade de Coimbra" que é exemplar no aproveitamento de todos os espaços.
Gosto particularmente da ideia de dar o nome de "Velhas Glórias" a espaços e portões do estádio.
Seria mais uma forma de sabermos agradecer quem nos serviu exemplarmente.
Alias o primeiro passo nesse sentido já foi dado com a sala de troféus "Edmur".
Salas e portões com nomes como "Paulinho Cascavel", "Daniel Barreto","Ernesto Paraiso", "Manuel Pinto", "Abreu", etc ,etc seria optima opção.
Cara Mimi:
Também não vi.
E quanto ao òscar para melhor filme de 2008 é melhor nem falarmos...
Eu concordo com o texto e realmente no meu ponto de vista, o estádio do VSC será o que actualmente não se pode dizer que foi melhorado e que não está a ser utilizado já que a média de assistencia fala por si.
ResponderEliminarComparando com todos os outros estádios que foram construidos, devemos dizer que GUIMARÃES está de parabéns!
Depois falamos...
Caro Diogo:
ResponderEliminarTambém nisso Guimarães e o Vitória são exemplares
Ao nosso belo/magestoso D.Afonso Henriques, falta apenas uma coisa:
ResponderEliminarÉ o único que não tem o nome "escarrapachado" no edificio!
Podem andar em redor do estádio e nada...apenas o emblema (como qualquer café da cidade).É urgente pensar nisso -por exemplo- para o edificio da Av.SGonçalo.A imagem visual do estádio melhorava, e muito, que acham?
Chamar estádio á pedreira, é um verdadeiro atentado aos espaços de futebol no país...
ResponderEliminarPessoas há em Braga que lhe chamam
Sambódromo...
Caro Tony:
ResponderEliminarAcho que tem toda a razão.
E não é por falta de espaço.
Bem como no complexo desportivo onde nada o identifica como sendo do Vitória.
Caro Anónimo:
O melhor é chamar-lhe mesmo estádio AXA. É o nome dele