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quinta-feira, novembro 27, 2008

A Nossa Selecção ?



Publiquei hoje,no Correio do Minho,este artigo

A NOSSA SELECÇÃO ?

Não vou escrever nem uma linha sobre os últimos jogos da nossa selecção, em Braga e no Brasil, nem sobre o quanto eles desiludiram toda a legião de adeptos da equipa de todos nós.
Já basta o que basta nomeadamente nas oscilações entre oito e oitenta ou, na imortal teorização de Cândido de Oliveira, na rapidez com que em Portugal se passa de bestial a besta.
Há um assunto que me parece bem mais interessante e que é o da utilização de jogadores naturalizados na selecção nacional.
Depois de uma ou duas experiências num passado mais remoto, e que não deixou tradição, a questão volta a pôr-se com especial acuidade devido a dois factores.
Em primeiro lugar devido ao precedente aberto com as naturalizações de Deco e Pepe e a sua frequente utilização na selecção nacional.
Em segundo lugar com as pressões que vem aumentando para que o mesmo aconteça com Liedson (mais) e Paulo Assunção.
Devo dizer que sou completamente contra esta moda de á custa de naturalizações querer acrescentar mais valia á selecção nacional.
Posição que nada tem a ver com xenofobia, má vontade ou qualquer tipo de preconceito contra quem quer que seja.
Deco é um excepcional futebolista que muito tem dado á selecção e os outros três embora de bitola inferior são também futebolistas de alta qualidade.
A questão não está aí.
Está no facto de considerar que a selecção de Portugal deve ser constituída por portugueses, nascidos em Portugal ou filhos de pais portugueses e que representem ao seu melhor o real valor do nosso futebol.
Se por absurdo fosse possível naturalizar Messi, Káká, Lampard, Drogba e Ibrahimovic, por exemplo, e pô-los a jogar por Portugal teríamos certamente uma selecção fortíssima mas representaria ela o real valor do nosso futebol?
Se amanha um qualquer Dubai, Catar, Bahrein, Arábia Saudita contratar umas dezenas de jovens brasileiros, argentinos,ingleses, portugueses , alemães e os naturalizar construirá seguramente uma grande equipa mas que nada terá a ver com a realidade futebolística desses países.
Hoje, por força das conjunturas várias que também atingem o nosso futebol, é evidente que a grande tábua de salvação/sobrevivência dos nossos clubes está na formação.
O nosso futebol tem de ser essencialmente exportador.
A que realidade assistimos ?
Os nossos jovens vão fazendo excelentes figuras nas selecções das respectivas categorias, vão a fases finais, ganham competições e depois apenas uma ínfima parte deles alcança as principais equipas incluindo as dos clubes onde se formaram.
Porquê?
Porque muito simplesmente tem os lugares tapados por futebolistas estrangeiros que á custa da “Lei Bosman” e das duplas nacionalidades enxameiam os planteis dos clubes das Ligas profissionais.
Sem que muitas vezes demonstrem qualidade que o justifique ou, até, sejam melhores que os jovens futebolistas portugueses.
Se, fruto destas modas mais recentes (e que noutras modalidades atingem foros preocupantes) até a selecção nacional for permeável á entrada de estrangeiros naturalizados qualquer dia no onze nacional jogam nove brasileiros mais o Ronaldo e o Ricardo Carvalho.
Exagero?
Verão que não.
Agora fala-se do Liedson e do Assunção.
Amanha, quando toda a gente incluindo Queiroz perceber que Quim não é guarda-redes á altura de uma baliza que foi de Bento, Damas ou Vítor Baia vai pôr-se a questão do guarda-redes.
E é mais fácil ir buscar um qualquer brasileiro do que apostar em bons valores portugueses como Eduardo, Beto, Moreira ou Rui Patrício.
Porque infelizmente a margem de tolerância para quem vem de fora é sempre muito maior do que para quem é da casa.
E depois há outro factor a ter em linha de conta:
A selecção para nós, adeptos, é uma questão de afectividade.
É a equipa de todos nós, o “Clube Portugal”, onde jogaram todos os grandes vultos que povoam a nossa memória e que nos tem dado grandes momentos de exaltação e unidade nacional.
Para os dirigentes dos clubes, empresários e afins pode também ser isso mas é essencialmente uma excelente montra para colocar “produtos” que proporcionam excelentes negócios.
E é em nome dos negócios, precisamente, que temo o fim da selecção nacional como sempre a conhecemos.
A equipa onde tem a honra de actuar os melhores jogadores portugueses.

BOLA CHEIA
Leixões
Com um terço do campeonato decorrido a equipa de Matosinhos continua a assinar um percurso meritório na Liga Sagres.
Bem orientada, composta por um núcleo de jogadores muito interessante, tem ainda espaço para a afirmação de bons valores como Beto, Wesley e Braga.
Num campeonato qualitativamente pobre tem condições para ser um dos melhores.

BOLA VAZIA
Vitória e Braga
Nos antípodas do Leixões os grandes rivais do Minho, e as duas equipas com mais condições para disputarem o poleiro dos que sabemos, tem vindo a fazer provas muito abaixo das expectativas.
O Vitória por óbvias carências de plantel e o Braga, ele sim com excelente plantel, não tem sabido no plano interno corresponder á boa prestação europeia.
Ainda vão a tempo de corrigir o percurso, é certo, mas para já estão a desiludir.

7 comentários:

  1. Totalmente de acordo relativamente às naturalizações, como já tive ocasião de o escrever no meu blogue. É, sem dúvida, um mau caminho e que em vez de excepção pode tornar-se uma regra. E não me venham com exemplos de outras selecções. O mal não está nelas, mas na política desportiva mundial que é conservadora para algumas coisas e demasiado liberal para outras.

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  2. Concordo e discordo. Concordo quando se fala de jogadores em fim de carreira (por exemplo, Paulo Assunção e Liedson têm quase 30 anos e o Derley, de quem tambem se aventou essa possibilidade, com mais de 30 anos, pouco mais tempo poderão dar a um nível elevado e dificilmente seriam seleccionáveis para o próximo Euro2012) mas discordo quando se fala de jogadores que chegaram com idades entre os 15 e os 19 anos a Portugal, em que a sua formação futebolistica foi cá concluída e em que são, por isso mesmo, representantes da realidade futebolistica do país, como foi o caso do Deco, do Pepe e tambem do Makukula, por exemplo. Mas cumulativamente deverão começar a jogar na selecção tão cedo quanto possível. Porque senão fica mesmo a ideia que é um tapar de buraco que em nada ajuda Portugal.
    Por principio gostaria que apenas nascidos em Portugal cá jogassem, mas não me choca ver um Deco ou um Pepe, dois dos melhores do mundo nas suas posições, formados em Portugal e clubes portugueses, na nossa Selecção.

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  3. Caro Vimaranes:
    O problema,para além do principio,pode ser precisamente o tornar excepção em regra.
    Que é o que vai acontecer infelizmente.
    Caro Nuno:
    Não deixo de achar que toda a regra pode ter excepção e os casos citados podem,no limite,ser as tais excepções.
    De facto são dois jogadores "feitos" em Portugal.
    Mas,reconhcendo a imensa categoria de ambos,o ideal seria mesmo não abrir excepçoes.

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  4. www.abaixocristiano.blogspot.com

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  5. Estou de acordo. Corremos o risco de descaracterizar a selecção NACIONAL.
    Quanto à formação, urge criar um Campeonato Nacional competitivo para os sub-21 para fazer a ponte dos júniores para os seniores, garantindo-lhes competição e visibilidade. No entanto, com o Madaíl isso nunca acontecerá, porque ele SÓ vê a selecção principal (e ás vezes nem isso: não lhe convém e dá corda aos sapatos!).

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  6. Caro Amigo Luis Cirilo

    Eu corro certos riscos de vir aqui falar de futebol e creio que vai ficar admirado de eu o fazer. Mas tendo lido o seu “post” achei muito justa a sua critica sobre a composição dos clubes de futebol quando disputam desafios internacionais. Já o constatei com a equipa francesa mas também com a portuguesa. Os nomes dos jogadores “falam-me” muito pouco de Portugal ; claro que ainda me vem à memória os famosos “ Machado, Lino e João, e por ai adiante “ Sabia-se logo que era ‘prata da casa’ !
    Mas o mundo deu muitas voltas e tudo o que escrevo é do passado. Mas constato que em muitas equipas estrangeiras as “misturas” de nacionais e estrangeiros não são tão “espectaculares”!

    Outro aspecto que me parece interessante é a situação financeira dos clubes de futebol que por vezes andam à procura do “fôlego” necessário. O problema põe-se também no estrangeiro, claro está, e achei interessante de lhe passar o texto de um artigo do “Courrier International” sobre este problema na Rússia e a solução que foi aplicada para resolver o problema do financeiro .

    Está em Francês mas sei que a língua de Victor Hugo não lhe põe problemas.

    Cumprimentos.

    Freitas Pereira

    >>>
    FOOTBALL • Face à la crise, deux clubs fusionnent

    Khimki et Saturn, deux clubs de l'élite du championnat russe de football, ne feront désormais plus qu'un. Les autorités de la région de Moscou, qui les finance tous les deux, viennent de l'annoncer. "Ce sont les premières victimes de la crise financière dans le football russe", note Vremia Novostieï. Ce n'est pas une véritable fusion, d'après ce journal moscovite. En fait, le club Khimki devra se retirer de la Première Ligue et transférer tous ses actifs sportifs et obligations contractuelles à Saturn. Ce dernier conservera tous ses attributs, dont son nom, mais verra peut-être un changement de son conseil d'administration. D'après les experts, le budget annuel de Saturn s'élève à 40 millions de dollars et celui de Khimki à 25 millions. Le club Khimki "cesse d'exister" pour devenir "un satellite de Saturn", note Vremia Novostieï.

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  7. Caro Rui Miguel:
    O Madail é hoje um dos principais problemas do futebol português.
    E sem o guarda chuva Scolari parece-me que vai ter um final de mandato penoso.
    Caro Freitas Pereira:
    É precisamente essa a abordagem que entendo mais correcta ao assunto.
    Ou a selecção,e os seus jogadores como é evidente,nos dizem algo ou então deixam de fazer sentido.
    Por mim ,que nos ultimos anos tenho visto ao vivo práticamente todos os jogos da selecção em casa,estou firmemente decidido a suspender essa presença nos nossos estádios se for naturalizado mais um jogador que seja.
    Chame-se Liedson,Paulo Assunção,Hulk ou David Luis.
    Porque não quero ver uma selecção de Portugal enxameada de brasileiros.
    Quanto á "solução russa" ela parece-me impossivel de ser aplicada por cá.
    Veja que se Sporting e Benfica em Lisboa e Porto e Boavista no Porto não se puseram de acordo para jogarem em estádios municipais aquando do Euro 2004 (evitando construir 3 novos estádios e remodelar um) como seria possivel proceder á fusão de clubes ?
    Mais depressa alguns preferirão acabar do que serem sujeitos a "misturas" !
    Agora uma coisa é certa:os clubes sem viabilidade para as competições profissionais ou vão para as amadoras ou acabam.
    É inaceitável que o panorama actual se mantenha

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