Marcelo ,a boca e o peixe...

A vida está repleta de ironias mas vai-nos retirando o direito de nos admirarmos com algumas delas.

Como por exemplo com Marcelo Rebelo de Sousa com quem já só se admira quem quiser admirar-se ou quem andar muito distraido.

Em 2004 o ilustre comentador ia-se entretendo semana após semana a dizimar o governo PSD/CDS com uma sanha e uma "ferocidade" que ás vezes nem na oposição se encontrava.

Um dia, o então ministro, Rui Gomes da Silva farto como a esmagadora maioria dos militantes do partido daquela barragem de criticas veio públicamente insurgir-se contra aquela modalidade de comentário politico que mais não era do que uma tribuna de permanente ataque ao governo.

Ficando contudo claro que a motivação das criticas não era o programa em si mas sim a total ausência de contraditório.

Caiu o "Carmo e a Trindade" !

A imagem que encabeça este post é apenas uma pequena amostra do que foram esses tempos.

Até o então Presidente da República,seguramente por falta de coisa mais útil para fazer,veio engrossar o dramalhão de "faca e alguidar" construido á volta do distinto Professor vitima de atroz censura.

Um horror.

Nunca á esquerda do PSD Marcelo fora tão popular.

Porque, diziam esses "crocodilos lacrimejantes",era a liberdade de expressão que estava em causa.

E Marcelo era não um militante do PSD a falar do PSD,mas sim um ilustre,culto,douto e sábio comentador a falar do país !

Saiu da TVI em glória e transferiu-se rápidamente para a RTP.

Onde continuou,feliz e satisfeito,a tentar desfazer lideranças do PSD.

O tempo andou.

Uns dias atrás a Entidade Reguladora para a Comunicação Social veio,preto no branco,no âmbito de uma análise ao pluralismo nos orgãos de comunicação dizer que Marcelo era um comentador do PSD e que o prograama na RTP tinha tempo excessivo em relação ao de António Vitorino do PS.

Para além de mais umas considerações sobre a necessidade de alargar o pluralismo no serviço público de televisão.

E o que fez Marcelo ?

Armou outra "peixeirada" ?

Foi queixar-se ao Presidente da República (embora duvide que o actual lhe desse margem para essas brincadeiras ) ?

Abandonou a RTP de imediato como fizera com a TVI ?

Nada disso.

Disse duas ou três banalidades sobre o assunto apenas para não ficar calado,aceitou a redução de 15 m no programa,aceitou ser "catalogado" como comentador do PSD e seguiu em frente como se nada se tivesse passado.

É o que se chama uma linha de coerência inatacável.

Não tarda nada também anda a escrever livros para ensinar ética aos outros...

Depois Falamos