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domingo, agosto 03, 2008

O Aviso

Assisti á comunicação televisiva do Presidente da República.
Tal como muitos portugueses interroguei-me, durante todo o dia ,sobre que razões tão urgentes levariam o Presidente a interromper férias e proferir uma comunicação com a pompa e circunstância que a hora e os meios escolhidos pressupunham.
Ouvido o discurso,conhecida aparentemente a razão e o tema que o tinham levado a falar aos portugueses,fiquei com a ideia de que a montanha tinha parido um rato.
Ou seja,nem o tema nem a expectativa criadas á volta da intervenção presidencial,pareciam ter a importância suficiente para tanto alarido.
Logo na altura comentei com quem comigo assistia ao discurso que parecia não ser o estatuto da autonomia regional do Açores motivo para uma comunicação ao país.
Posteriormente,em conversas várias tidas ainda nessa noite,reforçei a minha convicção de que houvera um excesso por parte de Cavaco.
Hoje penso de forma completamente diferente.
Analisando o perfil e a postura do Presidente,homem avesso ao espectáculo gratuito e á mera intriga politica que tanto divertiam(por exemplo) Mario Soares,entendo que se um homem cauteloso e ponderado como o Presidente resolveu fazer aquilo daquela maneira é porque teve fortissimas motivações para isso.
Não conheço,como é evidente,a esmagadora maioria das razões que estarão por detrás da atitude.
Mas não me custa admitir que o PS tenha usado este pretexto do estatuto regional para medir o pulso ao Presidente (tentando de forma enviesada mexer nos poderes presidenciais) e este tenha aproveitado a oportunidade para dar um enérgico murro na mesa !
Creio que o modo como Cavaco Silva estrutou a forma e o conteúdo da sua intervenção constituem um duro aviso ao PS e ao Governo.
O aviso de que não serão toleradas "habilidades" deste e doutros géneros.
O que á entrada de um tremendo ciclo eleitoral é sempre bom saber.
E acredito que Sócrates,por detrás do ar politica e plasticamente correcto que o caracteriza,terá passado a dormir pior.
Depois Falamos

1 comentário:

  1. Foi sem dúvida uma intervenção intrigante: inesperada, rodeada de uma desmesurada expectativa - sem dúvida manipulada - incompreensível para a maioria dos portugueses. Muitos, tal como eu, apressaram-se a correr para o televisor às 20 horas em ponto. Concordo consigo que não pode ser inocente. O Presidente da República é por demais experiente para embarcar numa manobra aparentemente inútil. Não o foi, certamente. Uma tentativa de redução de poderes do PR que deixaria a RA dos Açores em situação de privilégio face ao Continente é, sem margem para dúvida, arrogante e inaceitável. Fez, assim, muito bem o PR. Para aqueles que não apreciam o PS esta foi uma óptima oportunidade para um riso "fininho", de gozo, contentamento pequeno, é certo, mas saboroso. Boas férias Senhor PR!

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