Muito na lógica do "se não podes vencê-lo junta-te a ele..." !
Oriundas das famosas elites ,que depois da anunciada debandada parecem estar alegremente de regresso,essas teses mais não visam do que perpetuar numa década de poder todos os interesses,todos os negócios,todas as partilhas do que houver para partilhar.
Grandes escritórios de advogados,grandes empresas públicas e privadas,grandes grupos empresariais com tentáculos fortes na comunicaçãso social todos eles sonham com esse mirifico cenário de um poder longamente estável,sem a maçada de actos eleitorais poderem estragar a próspera tranquilidade dos negócios,em que um bloco central de interesses assegure a boa vida para todos os compinchas envolvidos.
Claro que o bloco central é completamente contrário á realidade do PSD,á sua marca genética,á sua experiência de vida.
Convém recordar que quando em 1983,num cenário diferente,Mario Soares e Mota Pinto celebraram o acordo que deu origem á constituição de um governo do então chamado...bloco central,essa politica foi ferozmente criticada dentro do PSD por vários protagonistas destacados.
O grupo "Nova Esperança" (Marcelo Rebelo de Sousa,Durão Barroso,Pedro Santana Lopes,Pinto Leite e Jose Miguel Judice) entre outros militantes como Eurico de Melo e Cavaco Silva.
Aliás este ultimo afirmou-se como lider precisamente rompendo o governo do bloco central,provocando eleições e ganhando-as !
Não deixa de ser uma deliciosa ironia que o tema bloco central venha a ser reintroduzido no partido por um conjunto de personalidades que faz questão de ser conhecido como o grupo "cavaquista" ,provavelmente á mingua de melhores galardões ,e que demonstra uma memória ideológica extremamente selectiva.
Sao "cavaquistas" sim,mas do "cavaquismo" só se lembram do que lhes interessa...
Uma coisa tenho como certa: no dia em que o PSD desistir de ser alternativo ao PS e se contentar em o complementar,em ser uma bengalinha do eng Sócrates,estará a escrever as suas ultimas páginas como grande partido de militantes,como grande partido de poder.
Passará a ser apenas (o legado de Francisco Sá Carneiro que se lixe...) um partido em que uma reduzida elite terá sempre poder,partilhará negócios e lucros,mas não decidirá politicas,não escolherá rumos,não servirá Portugal á altura da sua História de 34 anos de grande partido democrático.
Em Guimaraes,880 anos atrás,D.Afonso Henriques rejeitou o primeiro bloco central da nossa História e separou claramente as águas.
Já nesse tempo existiam os que achavam que era melhor entenderem-se todos á volta da "merenda".
Talvez seja uma feliz coincidência o congresso do PSD ser precisamente em Guimarães.
Talvez...
Depois Falamos
Caro Cirilo:
ResponderEliminarParte do exército dos que não quiseram 'sentar-se à merenda', eram tropas de antepassados meus e parece que estamos em tempo de novamente 'agarrar na espada' e correr com os 'galegos' (e depois os 'mouros').
Realmente nem o 'avô' Afonso com os amigos) fez tudo ao mesmo tempo. Por isso temos de:
1º - vencer S. Mamede, outra vez, ou seja, correr com os patetas 'armados ao pingarelho' (ou às élites). Élite eram os Travas e foram-se...
2º Vencer os 'mouros', em Ourique, ou seja em 2009.
Se não conseguirmos até lá, os dois itens, marco encontro para...2010?
Correremos com os 'galegos' e 'mouros' de uma vez...
Amém!
Tem razão quando diz que 'Centrões' são contra-natura no PSD; contra a sua genética. Mas se são a sepultura do PSD sê-lo-ão do regime -não tendo onde se alicerçar, as oposições irão para a rua, para o caos. Os Orientadores das 'élites' deviam pensar em 1926...
A minha ausência da Pátria desde há tantos anos, priva-me de um conhecimento suficiente dos actores políticos para poder analisar correctamente o seu comentário, que achei muito interessante no que ele comporta do conhecimento da sociedade Portuguesa.
ResponderEliminarMas mesmo assim tenho uma opinião que gostaria de exprimir.
Os dois grandes partidos políticos Portugueses fazem-me pensar na situação política americana.
Nos Estados Unidos, é o bipartismo que funciona. Há um partido conservador, querendo reduzir à sua expressão mínima o poder do Estado central e praticando o neo-liberalismo “ à outrance”, trata-se do Partido Republicano, e um partido progressista que quer que o Estado central ajude aqueles que têm necessidade de serem ajudados, que dá espaço à educação e à saúde e que quer que o Estado Federal tenha os meios de cumprir as suas funções, é o Partido Democrata.
Além disso, estes dois grandes partidos são financiados por “lobbies” poderosos e empresas privadas . A política de um grande partido americano é portanto determinada por um compromisso entre a sua linha política e os seus interesse financeiros.
Mesmo se a democracia americana tem necessidade de se aperfeiçoar, não é menos verdade que existe uma oposição forte entre una direita e uma esquerda e que a alternância se verificou várias vezes. Mas existem dois grandes partidos que se opõem.
A tentação do bloco central em Portugal, que faria desaparecer esta oposição entre dois grandes partidos, daria um dia o resultado que se verificou em França no passado da 4° República, ou o sonho recente de Bayrou e dos outros da direita como da esquerda.
Sonho impossível que esse de conjugar todos os talentos, porque estes existem à direita e à esquerda, onde todos os Homens seriam irmãos ! Só que o pais real é diferente do pais do sonho. Os homens de talento podem ter concepções radicalmente diferentes da sociedade. Alguns há, que pô-los no mesmo partido é como meter acido nítrico e glicerina no mesmo frasco : extremamente perigoso!
Cara Ines:
ResponderEliminarEstamos de acordo em que o Bloco Central será destrutivo não só para o PSD como para o próprio regime democrático.Importante é existir dentro do PSD quem se oponha firmemente a esse caminho.
Por várias razões,já explicitadas,mas também por isto:admitir o bloco centyral é admitior que já perdemos as eleições de 2009.
Ou alguem imagina o eng sócrates a vice primeiro ministro da dra Manuela ?
Caro freitas Pereira:
Creio que definiu magistralmente o problema nomeadamente ao referir-se ao exemplo americano que vive bem na dialéctica de confronto de dois modelos de sociedade espelhados nos dois grandes partidos.
Que quando é imperioso,por exemplo em tempos de guerra,sabem construir todas as pontes necessárias.
Acho que a conjugação de talentos se deve fazer na selecção nacional de futebol !
Ai sim devemos juntar os melhores.
Na politica é bom que façam caminhos diversos,ás vezes antagónicos,enriquecendo o sistema politico no confronto de posições diferentes.