Nos tempos em que fui deputado existiu sempre um hábito parlamentar que me pareceu muito mal definido e susceptivel de provocar alguns embaraços e confusões.
Os votos de pesar !
Compreendendo aqueles que reportavam a dignatários do Estado,em funções ou que por elas tivessem passado,sempre achei que todos os outros acarretavam uma enorme margem de subjectividade que os tornava potenciais armas de arremesso politico e partidário.
Mas enfim era e é um hábito da casa.
Esta semana,a propósito de um voto de pesar apresentado pelo CDS relativo ao falecimento do cónego Eduardo Melo,a instituição parlamentar bateu no fundo.
Pelo menos,sejamos justos,a esquerda parlamentar com honrosas excepções.
Primeiro com a inimaginável atitude de votarem (PC,BE, a aberração "Os Verdes"e alguns socialistas)contra.
Contra um voto de pesar pelo falecimento de um ser humano !
A isto se chama canalhice no pior sentido do termo.
Depois com o abandono da sala durante o minuto de silêncio no que,infelizmente,foram acompanhados por alguns deputados do PSD.
Não cabe aqui discutir os méritos e deméritos que o cónego Melo acumulou durante a sua vida e que o levariam,ou não,a merecer um voto do Parlamento.
Eduardo Melo Peixoto foi um homem de bem,que serviu a Igreja e as muitas instituições a ela ligadas com total entrega,dedicação e empenho.
Não cometeu crimes,não foi deles acusado,não deu motivos a que se pusesse em causa a sua honradez e seriedade.
Em determinada fase muito conturbada do país terá defendido aquilo em que acreditou.
O que muitos fizeram de um e outro lado da barricada.
Os votos de pesar são intrinsecamente dirigidos ao ser humano que parte e não ás causas ou ideologias que professou.
Perante a morte todos merecem o respeito e a solidariedade devidas a alguém que termina o seu percurso de vida.
Num Parlamento em que a esquerda está farta de apresentar e votar favorávelmente votos de pesar pelo falecimento de ditadores dos PALOP ou do antigo Leste europeu,não teve a mesma esquerda o gesto digno de votar no mesmo sentido pelo falecimento do cónego Melo.
Que não matou,não torturou,não fez desaparecer opositores.
Não construiu prisões politicas ou campos de concentração.
Não mandou ninguém para o exilio nem privou ninguém da liberdade.
Repito:
O voto do PC,BE,Verdes e alguns socialistas foi um voto imbuido da mais pura canalhice.
Que envergonha o Parlamento.
Mas não atinge a memória de quem partiu.
Porque felizmente o cónego Melo,como a generalidade dos portugues,acreditava noutros valores,noutra elevação,noutra postura perante a vida.
E a morte.
Depois Falamos.
Gostava de ler na bola de cristal o que fará a esquerda quando o Otelo morrer, esse sim um bombista.
ResponderEliminarO sr. está a falar de quem? A ua memória está a trair a memória histórica e objectiva. Lembra-e, por exemplo, dos "corrécios"?
ResponderEliminarPermita-me discordar em parte. Incoerência sim, da esquerda que já pediu votos de pesar a Cunhais e outros que tais e não respeitou Conégo Melo. Hipocrisia sim, a da direito que concordou com votos de pesar a Cunhais e outros que tais e não teve a coragem que a esquerda teve desta vez. Censuro a esquerda não pela falta de respeito mas pela incoerência, tal como critico a direita em momentos similares pela hipocrisia. Votos de pesar por gente que sempre se odiou e/ou repugnou porque matou ou mandou matar apenas escondido pela habitual capa do "ah, é um ser humano" não cola. Haja coragem de não se fazer "santos" em morte aqueles que consideramos "diabos" enquanto vivos.
ResponderEliminarComo o cónego Melo não era republicano, socialista e laico; e tb porque não usava avental, fora da cozinha, teve este respeito. Se fossse dos outros...
ResponderEliminarPelo contrário, eu ficaria espantado era se a esquerda apoiasse esse voto de pesar...
ResponderEliminarCoerencia é isso mesmo! Espantava-me que a direita votasse favoravelmente um voto de pesar, por ex., por Otelo ou outros que tais...
Não se trata de um ser humano que pereceu, trata-se de 1 "inimigo" puro, 1 ódio visceral, 1 repugnância que a esquerda tem por essa criatura, que por muito que se queira, nem a morte os separa.