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sábado, novembro 09, 2024

Sensatez e Vitorianismo

O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Uma das coisas que caracteriza desde sempre os adeptos vitorianos é a capacidade e o gosto de discutirem o futebol do clube em vários planos que vão desde treinadores a jogadores, tácticas a substituições, contratações a dispensas, bons e maus negócios.
Naturalmente que é torno dos jogadores que as discussões são mais acesas porque em termos de gostos cada um tem os seus e naturalmente acha que são os melhores e por isso defende que devem jogar estes e não aqueles consoante as respectivas preferências.
Sempre assim foi e sempre assim será.
Claro que as redes sociais aumentaram exponencialmente o âmbito das discussões que anteriormente se faziam á mesa do café ou nas tertúlias informais espalhadas pela cidade e pelo concelho, porque onde há dois vitorianos há conversa sobre o Vitória, e actualmente envolvem universos muito mais vastos.
Curiosamente um dos assuntos que sempre mereceu maior discussão, tanto quanto me lembro, foi o dos guarda redes do clube e as opinioes divergentes sempre foram muitas ao sabor da realidade de o Vitória sempre ter tido excelentes guarda redes ao longo da sua História ao ponto de não me lembrar de alguma vez não termos estado muito bem servidos na baliza.
Ricoca, Machado, Dionísio, Roldão, Gomes, Rodrigues, Sousa, Melo, Damas , Jesus, Silvino, Neno, Nuno, Pedro Espinha, Palatsi, Nilson, Douglas, Miguel Silva, Bruno Varela e Charles  são apenas vinte exemplos disso e muitos deles internacionais A por Portugal e campeões nacionais por outros clubes que não (infelizmente) o Vitória.
Era eu miúdo e lembro-me bem de na "Casa das Gravatas", uma conhecida tertúlia vitoriana durante meio século, ouvir animadas conversas sobre o Vitória que já referi noutros textos e dentro delas a inevitável discussão sobre guarda redes.
Ouvia falar do Ricoca e do Machado, que nunca vi jogar,  mas também dos guarda redes desses tempos (anos 60/70) nomes como Roldão, Rodrigues, Dionísio, Giesteira, etc,etc, com os participantes na conversa a defenderem que este era melhor que aquele e aquele melhor que aqueloutro.
E depois ao longo dos anos ouvi muito debate e muita discussão em que também fui participando  em que se discutia quem devia ser titular se Rodrigues ou Sousa, Damas ou Melo, Jesus ou Silvino, Neno ou Nuno, Douglas ou Miguel Silva e agora Bruno Varela ou Charles entre outros exemplos possíveis.
Com uma diferença que faz toda diferença.
É que na fase pré redes sociais as discussões faziam-se com outra elevação, com outro respeito por quem veste a nossa camisola, com a preocupação de defendendo um não denegrir o outro porque todos jogavam no Vitória e por isso todos mereciam a nossa consideração.
Com o advento das redes sociais o panorama mudou para muito pior.
Porque tendo toda a gente o legítimo direito de dar opinião pública, e as redes sociais permitem-no, isso também implicou que muitos dos utilizadores desses espaços quer por lamentável falta de educação quer por conceitos errados do que é ser vitoriano venham a público defender as suas opiniões sem qualquer respeito pelas opiniões alheias e menos ainda por jogadores que vestem honradamente a nossa camisola e em defesa dela dão tudo.
Neste capítulo específico dos guarda redes as coisas começaram a tomar mau rumo anos atrás com as discussões sobre se o titular devia ser Douglas ou Miguel Silva e continuam agora por esse lamentável caminho com a divisão de opiniões sobre Bruno Varela e Charles.
Não que cada adepto não tenha o inquestionável direito de preferir um ou outro porque cada cabeça cada sentença.
Mas preferindo um e para defender publicamente essa preferência não há nenhuma necessidade, é pura idiotice mesmo para lá de uma falta de vitorianismo lamentável, de criticar, denegrir e até rebaixar o outro como se de um inimigo do clube se tratasse.
Um bocado ao jeito daquela polémica mundial sobre Ronaldo e Messi.
O Vitória tem dois excelentes guarda redes feitos e mais dois ou três jovens que se estão a fazer.
Qualquer um dos dois está perfeitamente à altura de defender a baliza vitoriana e ambos tem correspondido quando chamados a jogar o que naturalmente dá uma enorme tranquilidade ao treinador e aos colegas de equipa.
Bruno Varela tem um curriculo e uma carreira superiores porque já foi vice campeão nacional pelo Benfica (a jogar a época toda e não entrando os ultimos dez minutos do último jogo) , é internacional A por Cabo Verde depois de ter chegado a estar num jogo da seleção A de Portugal como suplente não utilizado, tem feito excelentes épocas no Vitória, é "capitão" de equipa e tem demonstrado uma profunda ligação ao clube e à comunidade.
É o titular e foi opção clara dos quatro treinadores que trabalharam em simultâneo com ele e com Charles no clube.
Charles é também um excelente guarda redes, com uma carreira sólida no nosso futebol em especial ao serviço do Marítimo, que sempre que foi chamado correspondeu da melhor maneira e isso levou já a que o Vitória renovasse contrato com ele por mais duas épocas o que mostra bem o agrado com que as suas prestações são vistas no clube.
Será assim tão difícil, prefira-se qual se preferir, respeitar as opções do treinador (de Rui Borges e dos anteriores que foram da mesma opinião) e ficar acima de tudo satisfeito por o Vitória ter dois excelentes guarda redes?
É uma questão de sensatez.
E de vitorianismo já agora!

2 comentários:

  1. Caro Luís Cirilo,
    Importa corrigir uma imprecisão no seu texto: o Varela não chegou a ser campeão nacional pelo Benfica. Na época (2016/2017) em que mais jogou (foi o titular da baliza), o Benfica ficou em segundo lugar.
    Por outro lado, o Varela foi campeão nacional nos Países Baixos, com o Ajax, mas aqui praticamente não jogou.
    Não altera em nada a ideia geral da sua crónica, com a qual concordo, mas nestas questões é importante ser rigoroso.
    Cumprimentos,
    Carlos Freitas

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  2. Caro Carlos Freitas:
    Tem toda a razão.

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