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domingo, novembro 10, 2024

Desilusão

É inquestionável que o resultado do jogo de hoje nos Açores foi uma moderada desilusão porque a ilusão também nunca foi o forte de quem prefere viver com os pés bem assentes no chão e está consciente dos vários contextos que adiante se desenvolvem..
Mas antes de falarmos do jogo e do resultado há que reconhecer que para ele, resultado, existem algumas atenuantes.
A primeira tem a ver com alguma sobrecarga de jogos que se vai fazendo sentir numa equipa que esteve envolvida em quatro frentes e ainda está em três e deseja-se que assim continue por bastante tempo.
A segunda com a renovada constatação, que a liga conferência nunca iludiu, de que o plantel tem lacunas nomeadamente noo flanco esquerdo e no "matador" que não tem nos seus quadros e por isso o seu melhor marcador no campeonato tem apenas dois golos apontados.
A terceira com o facto de a Liga do senhor Proença permitir que uma equipa que jogou na quinta feira à noite numa competição europeia jogue para o campeonato num domingo à tarde, sem respeitar um minimo de 72 horas de distância entre as partidas, e ainda por cima envolvendo uma viagem de avião para os Açores com o desgaste que isso provoca.
Dito isto vamos ao jogo.
Em casa de um adversário que vem fazendo um bom campeonato mas que não seria de molde a assustar o Vitória de início de época mas que assustou e venceu este actual Vitória que nas cinco jornadas anteriores e depois de perder com o Porto empatara com Casa Pia , Boavista e Estrela da Amadora e vencera o Moreirense muito à "rasquinha" para sermos sinceros.
Como à "rasquinha" conseguira segurar a vantagem perante o Mladá Boleslav na quinta feira.
E hoje nos Açores, perante um Santa Clara que rematou dezasseis vezes contra apenas quatro do Vitória e que só não goleou porque Bruno Varela fez uma grande exibição, já se receava que as coisas pudessem não correr bem porque a equipa de facto não parece em grande momento.
Receios que se avolumaram quando se viu que no "onze" se voltava a insistir em três médios mais Nuno Santos a fazer de extremo fórmula que não tem resultado porque o jogador não é nem nunca foi extremo e tende a pisar terrenos interiores deixando João M. Mendes sozinho a fazer todo o corredor.
A primeira parte , muito fraca, conformou todos esses receios e depressa se percebeu que ou havia um "golpe de asa" ou as coisas podiam correr mal porque o adversário se estava a revelar claramente mais perigoso e ameaçava marcar a qualquer momento.
Não houve "golpe de asa"!
A equipa chegou ao intervalo e voltou dos balneários com a composição inicial (é a tal questão de não se tirar todo o partido das cinco substituições...) e o jogo no segundo tempo foi mais do mesmo com os açorianos a dominarem e o Vitória numa triste expectativa a ver em que paravam as modas.
Finalmente a 19 minutos do fim Rui Borges resolveu mexer e refrescar a equipa.
Começando por tirar dois dos jogadores mais frescos (Samu que nem jogara na quinta feira e Nuno Santos que jogara seis minutos mais as compensações) e Kaio César esse sim muito desgastado até porque é dos jogadores que tem mais minutos nas pernas esta época fazendo entrar João Mendes (que na quinta feira rubricara uma exibição muito abaixo do que lhe é normal) e os avançados Gustavo Silva e Telmo Arcanjo devolvendo a equipa ao 4-3-3 que normalmente lhe permite melhor rendimento.
Mas nem assim a equipa conseguiu elevar o seu padrão exibicional e menos ainda criar oportunidades de golo.
E como quem não marca...sofre o Santa Clara deu justa expressão ao seu domínio fazendo um golo aos 80 minutos o que já deixava relativamente pouco tempo ao Vitória para recuperar embora em dez minutos mais tempo de compensação ainda possam acontecer bastantes coisas.
Mas mais uma vez não houve "golpe de asa".
E Rui Borges demorou seis longos (atendendo ao tempo que faltava para terminar) minutos a lançar Ramirez em jogo para tentar o volte face num sistema de 3-3-4 com dois extremos e dois pontas de lança a que a equipa não está minimamente habituada mas que era o que havia a fazer naquelas circunstâncias.
Não resultou.
E o Santa Clara ainda desperdiçaria nos momentos finais uma grande penalidade que daria ao marcador uma expressão mais consentânea com o que se passara em campo.
Em suma uma derrota justa de uma equipa em clara perda de rendimento e que vai ter agora duas semanas antes do jogo de Taça com o União de Leiria para recuperar indices fisícos, recuperar psicologicamente e reflectir (especialmente a equipa técnica) naquilo que está mal para ser corrigido e se retomar a rota dos bons resultados.
Sabendo-se que pelo menos até Janeiro as lacunas no plantel se vão manter já para nem falar no receio de que nessa altura se agravem com a saída de jogadores importantes na equipa.
Mas não valendo a pena sofrer por antecipação há que dizer, que o texto já vai longo, que a arbitragem de Gustavo Correia e do VAR Hélder Malheiro deixou muitas dúvidas num lance com Nélson Oliveira na área do Santa Clara momentos antes da grande penalidade contra o Vitória.
Mas embora seja mais do mesmo, sendo chover no molhado falar dos prejuízos causados ao Vitória por árbitros e VAR, a verdade é que hoje  soaria a uma desculpa quase patética justificar uma justa derrota com um potencial erros do árbitro/VAR.
Não.
Perdemos por culpa própria.
Por responsabilidade de treinador, equipa técnica e jogadores porque no futebol ganham e perdem todos por mais jeito que às vezes dê globalizar triunfos e sectorializar derrotas.
Depois Falamos.

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