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quarta-feira, outubro 23, 2024

Desprestígio

 O meu artigo desta semana no zerozero.pt
O futebol é  uma modalidade tão fácil, mas tão fácil mesmo que quaisquer crianças de tenra idade o conseguem jogar bastando para isso dar-lhes uma bola, que só abandona essa aura de facilidade que o caracteriza quando resolvem complica-lo e tornar difícil aquilo que nunca o devia ser.
E nessa matéria há que reconhecer que FIFA, UEFA, algumas federações nacionais e algumas ligas de clubes são absolutamente exímias.
Atentemos em três exemplos mais ou menos recentes.
O Mundial de clube a disputar no próximo ano nos Estados Unidos na sua edição inaugural é uma prova que assenta essencialmente na ganância por dinheiro da FIFA, de algumas confederações e federações e obviamente dos clubes que o vão disputar mas que não desperta qualquer entusiasmo nos adeptos e causa fundamentados receios em jogadores e treinadores porque é mais uma sobrecarga de jogos para atletas que já disputam jogos a mais com todos os riscos fisícos que isso acarreta.
Dando de barato que esse mundial vai ser disputado por alguns dos melhores clubes essencialmente da Europa e da América do Sul é sabido que os jogadores desses clubes já estão sobrecarregados com jogos das competições nacionais e intenacionais e muitos deles ainda tem também os jogos das respecticas seleções.
E por isso todos os receios existentes quanto ao perigo que mais essa competição representa para os jogadores.
A verdade é que ao contrário do que a FIFA esperava a competição não só não entusiasma os adeptos como também não entusiasma eventuais patrocinadores e muito em especial as cadeias televisivas que não estão dispostas a pagar aquilo que a organização pede para assegurarem os direitos de transmissão.
Face a isso que fez a FIFA?
Arranjou maneira de o Inter de Miami, um clube absolutamente irrelevante no futebol mundial, ser convidado para o torneio quando nem sequer campeão dos Estados Unidos é apenas e só porque lá joga Messi e Messi é o filho querido da FIFA como prémios forçados e titulos apadrinhados bem comprovam.
Se a FIFA queria desprestigiar ainda mais algo já sem prestígio está de parabéns porque conseguiu!
Passemos ao futebol nacional onde o “complicómetro” está permanentemente ligado.
Na bola indigena, por razões mais justas ou menos justas mas com bastantes razões isso é certo, a classe ligada ao futebol que suscita maiores desconfianças, maiores polémicas e maiores suspeitas é a dos árbitros.
Porque tem um poder importante dentro dos relvados, e agora também no VAR, que se mal usado pode decidir jogos, e campeonatos até, e porque a polémica em seu torno é diária fruto dos programas televisivos e das opiniões publicadas em jornais e redes sociais.
Mas também, lamento dizê-lo, porque muitas das suas decisões ao longo dos anos e com multiplos protagonistas tem sido erradas, às vezes muito erradas e pejudicando gravemente a verdade desportiva de muitos jogos e alguns campeonatos.
Com um padrão claro de benefício a Benfica, Porto e Sporting e prejuízo claro dos restantes clubes que os defrontam.
É pois num cenário desses que se assiste a algo que não se vê em mais nenhum outro país europeu e menos ainda em qualquer uma das principais ligas e federações.
Em Portugal temos um ex árbitro a presidir à Liga de clubes , onde tem pautado a sua acção por ser fraco com os fortes e forte com os fracos contribuindo para alargar as já de si grandes assimetrias entre os três clubes referidos e os restantes, mas que não contente com isso se prepara para presidir à FPF com o apoio inexplicável de associações e clubes.
E temos outro ex árbitro em plena campanha pré eleitoral para ascender à presidência da liga o que a ser realidade significará que os dois principais rostos da organização do futebol profissional em Portugal (Federação e Liga) serão dois ex árbitros.
O que, face à imagem que a arbitragem tem neste país, será um inevitável factor de desprestigío para o nosso futebol e uma raridade em termos europeus muito difícil de compreender e aceitar sem sequer tecer  considerações sobre méritos e deméritos de ambos.
Sem entrar em detalhes sobre as carreiras desses dois ex árbitros direi apenas que espero que jamais o meu clube, Vitória Sport Clube de seu nome, por respeito por si próprio apoie qualquer candidatura à LPFP de um deles.  Nem à Liga nem a nenhum cargo no mundo do futebol. Não merece!
Falo, para que não haja qualquer dúvida, de Artur Soares Dias.
Finalmente a taça da liga que tem mais uma edição à porta.
É uma prova sem prestígio, maquinada em termos de regulamento para ser sempre ganha por um dos três da vida airada (Moreirense, Braga e Vitória Futebol Clube foram as honrosas excepções) e que tem na edição deste ano uma agravamento do desprestígio quando a Liga decidiu, com a inexplicável cumplicidade da maioria dos clubes, que seria disputada apenas por oito deles ficando todos os restantes a verem passar navios.
Ou seja a taça da liga não é de toda a liga mas apenas de oito clubes. Sui generis!
Os seis prmeiros classificados da primeira liga da temporada passada mais os dois que subiram da II divisão mas com o habitual cuidado de antes da “Final Four” se terem tomado  todas as providências regulamentares  para que os três do costume mais o quarto joguem os quartos de final em casa.
Pode ser que tenham azar e a “Final Four” não seja bem o que esperam e desejam.
De qualquer forma como pode ser presidente da FPF quem à frente da LPFP já mostrou ter esta visão parcial e sectária do futebol?
E por isso termino elogiando, porque absolutamente justa, a posição tomada pelas claques de alguns clubes (que parece  gostarem mais do futebol que os dirigentes da liga e dos seus próprios clubes) ao decidirem boicotar a próximo edição da taça da liga como forma de protesto contra a forma como esta se disputa e muito em especial contra a anunciada intenção de no futuro a “Final Four” ser disputada no estrangeiro à revelia da defesa dos interesses dos adeptos que são a principal razão de ser do futebol.
“White Angels”, “Insane Guys” e “Grupo 1922” do Vitória Sport Clube, mais as claques de Porto (Superdragões e Colectivo 95), Moreirense (Green Devils), Sporting (Juve Leo, Torcida Verde, Directivo XXI e Brigada Ultras), Braga (Red Boys e Bracara Legion), Nacional (Armada Alvinegra), Santa Clara (Armada Vermelha) e Associação Portuguesa de Defesa do Adepto subscrevem o protesto.
Que ele,sim, prestigia o futebol português e contribui para a sua defesa ao contrário de muitos que nele andam e nem o servem nem o defendem como é sua obrigação face aos cargos para que foram eleitos.

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