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quarta-feira, setembro 11, 2024

Vitória

Nas sociedades modernas, cultas, democráticas, responsáveis, o debate de ideias e de opções faz parte do dia a dia e é considerado como algo de estruturante e indispensável à saúde da democraticidade dessas sociedades.
E quem fala em sociedades fala em associações, instituições, partidos políticos e clubes desportivos entre outras possibilidades.
Com a natural noção de que os clubes sendo vividos pelos adeptos  muito na base da emoção e bastas vezes a necessitarem de razão tornam mais efervescente o confronto de ideias e de pontos de vista sobre questões que vão do trivial ao essencial mas efervescência essa que nunca justifica a má educação, o insulto, a calunia, mentira e a mais reles intrujice como "argumento" e que são usados apenas por aqueles que não tem a inteligência e a capacidade de raciocínio ( e já agora a boa educação e a decência) capazes de os conduzirem a  argumentos no verdadeiro sentido do termo.
Infelizmente esse tipo de gente existe e sua participação em qualquer debate de ideias resume-se a fazerem ruido malcriado com a intenção de os outros não serem ouvidos ou até desistirem de  partilharem opiniões porque incomodam esse tipo de acéfalos e contradiz aquilo que acham serem as suas indiscutíveis verdades.
Que muitas vezes são verdades que nem vem dos seus raciocínios, porque nem capacidade para isso tem, mas que lhes são induzidas por quem os influencia ou por quem nutrem inexplicáveis admirações.
Vulgarmente são conhecidos como cartilheiros mas em boa verdade não passam de uns idiotas porque até para ser cartilheiro eficaz é precisa alguma qualidade.
Ns redes sociais, essse espaço que dá para tudo desde conhecermos pessoas fascinantes a depararmo-nos com biltres da pior espécie, esse fenómeno do ruído floresce quer através daqueles que dão a cara (ao menos isso) pelas barbaridades que dizem quer através da cobardia tipica de quem não presta e patente em perfis falsos , nick names e outras vigarices do género.
No caso específico do Vitória Sport Clube, uma instituição vivida com raro entusiasmo e uma paixão única pelos seus adeptos, existe como é normal uma enorme participação nas redes sociais com apaixonadas discussões sobre tudo e uma ou outra vez sobre nada mas também existem essses espécimes (muitos nem se sabe se associados são porque se escondem atrás dos tais perfis falsos e de fotos de caezinhos, gatinhos ou o emblema do próprio clube) que cultivam a ignorância, a má educação e se acham no direito absurdo (mas já se sabe que há ali sérios problemas no funcionamento dos neurónios) de definirem o que cada um pode dizer, quem cada um deve apoiar, quem é ou não é um bom vitoriano.
A panóplia de "argumentos" que usam nas discussões em que entram raramente passa da brejeirice idiota, quando não da pura má educação, e são sempre os mesmos porque até em imaginação são realmente muito fracos.
"Deixar trabalhar"..." Quem critica é vitorino"..."críticas é na Assembleia Geral"... " Estão a trabalhar bem"... "Temos de estar unidos"... "Não se pode criticar a direção porque o no fim é que se avalia" e mais alguns chavões que definem bem quem os utiliza como único e constante "argumento".
Mas há um que é especialmente deprimente.
Porque intelectualmente pobre, democraticamente restritivo, racionalmente oco e na prática um disparate.
É aquele que é usado em desespero de causa, e perante a habitual falta de argumentos inteligentes e  racionais face ao  que se discute, e em que os utilizadores no pior estilo da Inquisição apontam os dedos aos "herejes" com quem não concordam e vociferam que "quem critica tem de se candidatar nas próximas eleições".
Patético.
Como se porventura algum deles quando critica uma decisão da junta de freguesia, da câmara municipal, do governo ou do presidente da república anunciasse de imediato a sua disposição para em próximas eleições se candidatar a presidente junta, de câmara, primeiro ministro ou presidente da república!
Claro que não o fazem nem nunca pensarão em fazer, por várias razões alguma das quais me recuso a enunciar por uma questão de caridade humana, porque a "receita" do "quem critica deve candidatar-se" se aplica apenas aos outros na velha máxima de Frei Tomás "olha para o que eu digo e não para o que eu faço".
É pena que assim seja mas cada um escolhe o caminho que quer trilhar e os argumentos que quer usar na prossecução do caminho mesmo que esses  "argumentos" passem por quererem cercear o direito do livre opinar garantido pela Constituição da República e pelos estatutos do clube.
Pena maior, mas duvido que haja alguma coisa a fazer face ao atrás exposto, é que não consigam perceber que todos os vitorianos desejam o sucesso do Vitória ainda que tendo diferentes opiniões e pontos de vista sobre a forma de o conseguir como é normal em sociedades democráticas, cultas e orientadas por valores racionais.
E quem conhecer a História centenária do clube e não apenas os anos mais recentes sabe bem que assim é.
Porque o Vitória é um clube vivo, de gente com opinião, com adeptos profundamente interessados na vida do seu clube e que divergindo nisto, naquilo ou naqueloutro sabem estar todos juntos nas bancadas dos estádios, pavilhões, piscinas ou qualquer outro recinto onde a nossa camisola vá a jogo.
Foi assim, é assim e vai continuar a ser assim. Felizmente!
E como associado com 52 anos de casa e mais alguns a acompanhar o Vitória sou daqueles, e muitos são, que não prescindo do direito de opinar sobre o "meu" clube com absoluta liberdade, sentido de responsabilidade e havendo discordâncias, por maiores que sejam, com quem lá está a cada momento respeitando quem foi eleito para dirigir os destinos do clube.
Confrontando ideias e opções mas respeitando as pessoas.
Criticando o que é criticável e elogiando o que é elogiável.
Porque também já por lá passei e sei bem que não é fácil.
É a minha linha de rumo desde que há quarenta anos comecei a opinar publicamente sobre o Vitória nas páginas do "Comércio de Guimarães".
É e vai continuar a ser!
Depois Falamos

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